08 março, 2013

Há crise no Dragão

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

Confesso que não me apetecia nada escrever sobre coisas más, até porque bastaram as péssimas que nos trouxe a jornada do último-fim-de-semana. Mas há um assunto que há algum tempo me anda a inquietar e que é digno de uma profunda reflexão: as fracas assistências que o Estádio do Dragão tem vindo a registar ao longo deste ano.

Se a tendência se mantiver, logo, contra o Estoril, a fasquia dos 30 mil expectadores voltará a não ser superada, pela nova vez nos 15 jogos disputados esta temporada, entre campeonato e Liga dos Campeões. A média até tem sido essa (mais precisamente 30.098) graças aos cinco jogos em que ela foi ultrapassada: Guimarães, o primeiro jogo do campeonato em casa, PSG, Sporting, Académica e Málaga, que bateu o recorde desta época (42.209).

Até agora, o Dragão recebeu 451.470 espectadores, menos 50 mil do que nos 15 jogos disputados por esta altura, em 2011/2012. Na época passada, no total das 19 partidas realizadas no mais bonito estádio do mundo, marcaram presença 652.185 pessoas. O que significa que, para que essa meta seja atingida este ano, é necessário que a assistência seja superior a 50 mil nos quatro jogos que restam do calendário. É verdade que um deles é o da festa do título com o 5LB e que, à partida, haverá “quartos” da Champions, mas é impossível que todos os jogos até ao fim da época, o Dragão seja capaz de encher e assim igualar a média de 33 mil espectadores registada na época anterior. E fora destas contas ficaram os dois jogos da Taça da Liga do ano passado e o da edição deste ano, porque os números são irrelevantes de tão minúsculos que foram.

Não surpreende, portanto, que as receitas com bilheteira tenham sofrido uma queda brutal de 6,4 para 3,3 milhões de euros, tal como consta do relatório e contas da SAD relativo ao primeiro semestre desta época. E para isso não contribuíram apenas os bilhetes que não se vendem, mas também os lugares anuais que de ano para ano ficam cada vez mais por ocupar.

Esta crise de assistências é, por norma, consequência de uma crise de resultados, o que não é, de todo, o caso. Basta lembrar que na época passada nem as sofríveis exibições da equipa nem o facto de termos estado a uma distância de cinco pontos do primeiro lugar se reflectiram, de forma substancial, no número de espectadores. Este fenómeno encontra, por isso, uma explicação externa ao clube. A culpa nem sequer é do aumento do IVA no preço dos bilhetes para espectáculos desportivos, porque a maior parte dos clubes acabou por assumir os custos para evitar ter menos gente nos estádios. A culpa é, infelizmente, da crise da região Norte, que por ser muito anterior à do País, é hoje ainda mais grave e profunda. É aqui que os salários são mais baixos, é aqui que há mais desempregados, é aqui que há menos dinheiro do que no resto do país, é aqui que há mais miséria. E se as famílias hoje se confrontam com cada vez mais dificuldades até para pôr a comida na mesa todos os dias, já não podem dar-se a esse pequeno luxo que é ir ao futebol ao fim-de-semana.

Urge, portanto, que se tomem medidas drásticas para estancar esta perda de espectadores, porque a tendência é para esta crise do Norte piorar e acima de tudo porque um jogo de futebol precisa tanto de golos como de pessoas na bancada a festejá-los. Confesso que tenho saudades de ver o Dragão cheio. E a verdade é que é também por aí que passa o “tri”…

7 comentários:

  1. Excelente análise, nada a acrescentar.
    Abraço.

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  2. Para além da falta de €, não podemos esconder a falta de qualidade e competitividade da esmagadora maioria dos jogos do nosso campeonato, que ano após ano, têm vindo a decair de uma maneira assustadora. É miserável e doloroso assistir a jogos onde os nossos adversários se limitam a chutar a bola para o sítio onde estão virados, sem critério nenhum.

    Por isso, tendo em conta a crise, é normal que as pessoas pensem 2 ou 3 vezes antes de irem ver um FCP contra um qualquer moreirense desta vida. Basta ver a fraquissíma qualidade de jogo que foi o desafio contra o actual 3º classificado, ainda há bem pouco tempo.

    Eu gosto que o FCP ganhe sempre mas porra gosto de pagar o bilhete e ver o adversário a jogar futebol e a obrigar-nos a mostrar quem manda. E ano após ano, vêm-se cada vez mais equipas a abdicar de jogar futebol,inclusivé nos jogos no seu próprio estádio.

    Muito embora por essa Europa fora os candidatos ao título sejam quase sempre os mesmos, e a diferença entre os primeiros e os restantes seja, tal como por cá, significativa, não se pode comparar a competitivade que os jogos têm. Infelizmente na nossa Liga, e com a falta de € cada vez mais recorrente nos clubes, a capacidade para atrair jogadores de qualidade é muito baixa e os jogos estão competitivamente nivelados por baixo. Enquanto isso suceder, as fracas assistências irão continuar a ser uma realidade.

    Abraço

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  3. "A culpa nem sequer é do aumento do IVA"

    Isto já não está correcto pois mesmo que os números de assistência fossem iguais, mantendo os preços, as receitas seriam sempre menores.

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  4. A análise é correcta, mas enquanto a crise persistir, vai ser difícil aumentar o número de espectadores. O clube pode fazer mais qualquer coisa? Não sei, mas se a tabela de preços para quem não tem lugar anual, fizer com que quem tem, não compense ter, na próxima época ainda teremos menos.
    Independentemente de tudo, horários dos jogos, mais ofertas para as pessoas se distraírem, jogos televisionados, também acho que há muito comodismo, são muitos anos a ganhar e as pessoas cansam-se. Conheço quem tem lugar pago e raramente vai ao Dragão.

    Abraço

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  5. Tendo em conta a muita impaciência que vou vendo em algumas pessoas sempre que os resultados oscilam, temo de facto que quando isto correr menos bem, alguns portistas da moda se dediquem mais a outras coisas que não irem apoiar o seu clube.
    Temo que isso possa acontecer genericamente e não localizadamente em alguma franja de adeptos.
    Quanto a mim, no período de 99 a 2003, estivemos 3 anos "a seco" (o maior período desde o início da década de 80), e bem me lembro da redução drástica de número de presenças nas deslocações...período bem difícil e que lamentavelmente um dia destes vai voltar a acontecer...só espero que desta vez com outra postura dos adeptos.

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  6. tudo muito bem dito e analisado sumariamente, mas queiramos ou não, não é só Dragão que se sente a crise... essa, está instalada em todos os sectores da nossa vida pessoal e profissional... só não vê quem não quer.

    portanto, dizendo, e no que ao (nosso) Dragão diz respeito, cada vez são menos os que estão por muitas e variadas razões, uma delas, goste-se ou não, e eu não gosto de todo, é que o futebol cada vez mais, é menos paixão para ser mais números, mais negócio... e infelizmente, o dirigismo desportivo, cada vez mais se está a marimbar para os adeptos.

    alguém ouve falar nisto na imprensa?
    ou mesmo na boca dos dirigentes?
    zero, nada, é passar a esponja!
    eles, só querem saber dos milhões...

    o futebol, hoje por hoje, e provavelmente com tendência para piorar, pouco mais é do que para os que ainda resistem apesar de todas as dificuldades, mas mesmo esses, cada vez são menos, porque a manta é curta... e cada vez está mais curta.

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  7. PEDRO GOMES S1208 março, 2013

    Boas sou seguidor assiduo deste blog e queria dar os parabéns a esta excelente equipa.

    Passando ao assunto descrito aqui vai, será que baixando os preços dos bilhetes não traria mais sócios/simpatizantes ao estádio todos os jogos?

    Fica aqui está dúvida..

    Cumprimentos á La Familia Portista

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