14 junho, 2013

Obrigado, Jesus

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Nunca gostei de Jesus. Não, não é um sacrilégio, porque não falo do de lá de cima, mas do de cá de baixo. O Jesus a quem espetámos cinco pregos no Dragão, o Jesus que nos ajudou a comemorar um título no salão e a levantar uma Taça de Portugal, o Jesus que conseguiu o milagre de nos dar este campeonato. O Jesus que é endeusado neste país, quando em mais de 20 anos de carreira, ganha um campeonato, abençoado por um túnel, e três taças da liga.

Mesmo que dê graças por Jesus estar entre nós, não consigo gostar dele, apesar da boa imprensa que tem e que faz alguém que não é, porque nunca chegará ao nível de Villas-Boas ou Mourinho. Não gosto do estilo, da imagem parola - do cabelo, dos tiques com a língua, do mascar da chiclete de boca aberta, da peixeirada que faz no banco -, que combina, aliás, com a do clube que lhe paga principescamente. Detesto a postura arrogante e sobranceira, dona única da verdade, do “eu é que sou bom, vocês não percebem nada disto”. E abomino o discurso boçal, pobre, ao nível do ensino primário, de bradar aos céus, a assassinar a cada palavra, a um ritmo alucinante e sofrível, a língua de Camões.

Nunca acreditei que ele este ano viesse pregar para cá, ao contrário do que esteve para acontecer, mas felizmente não aconteceu, num passado não muito distante. Jesus ficava no inferno ou ia pregar para o estrangeiro. E a indefinição e a hesitação que se viveu entorno da renovação do seu o contrato casou na perfeição com o tabu que por cá se alimentou, propositadamente, com o nome do treinador. Assombrados por nós, cheios de medo de ver Jesus ressuscitar no Dragão e ganhar mais do que o que o pouco que ganhou no salão, perderam a cabeça e deram-lhe a assinar um contrato milionário. O homem, que parecia estar numa posição mais frágil depois do pesadelo em que se tornou esta época, consegue continuar a meter ao bolso quatro milhões de euros e ainda tem direito a um prémio de um milhão de euros se ganhasse a Liga dos Campeões e outro milhão, pasme-se, se fosse campeão! Como se um treinador daquele clube não estivesse obrigado a ganhar o campeonato, com o investimento brutal no plantel que lá tem sido feito na última década.

Jogada de mestre. Como por cá os tempos são austeros (os reforços anunciados são prova disso) e a hora é de cortar na folha salarial, a mais pesada de todos os clubes portugueses, consegue-se que o clube rival invista um balúrdio num treinador, perdendo, assim, mais alguma capacidade financeira para investir no resto do plantel, que continua a ser inundado de avançados, como se eles tivessem poucos.

2013/2014 já começou, e nós, com a ajuda preciosa deles, já começámos a ganhar. Obrigado, Orelhas, Obrigado, Jesus.

5 comentários:

  1. Tal como tu tb detesto essa personagem!

    Para já Jesus 1, Porto 3.
    O 4-1 arruma de vez com ele! Vamos Porto!

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  2. Uma dissertação fantástica eu nunca escreveria melhor, só uma pequena proposta vamos ser como o nosso presidente muito maios que o benfica e passar a tratar o presidente deles por DR Filipe Vieira, essas alcunhas foleiras popularizadas pela carolina fazem-nos descer quase ao nível deles e nos somos tao maiores.
    Saudações Portistas.
    PGA

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  3. Nuno Sousa14 junho, 2013

    Também pertenço ao clube do anti-Jesus. Felizmente não veio para cá, mas se viesse vinha ganhar, como tantos outros. É uma falácia atribuir-se o crescimento do 5lb nos últimos quatro anos aos "poderes" de Jesus. Atribua-se sim ao poder do dinheiro que eles têm vindo a investir que nem loucos no plantel futebol e das restantes modalidades.
    Parabéns pelo post.

    Um abraço azul e branco

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  4. Grande post,excelente e assertivo.
    Também detesto o jorge jejum

    Saudações

    eidapi

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  5. António Santos16 junho, 2013

    Na mouche, Farpas! Inteiramente de acordo. Rumo ao tetra!

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