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Campeonato perdido. Taça de Portugal perdida. Liga Europa perdida. Fica difícil escrever sobre esta temporada e sobre o FC Porto. Sim, porque este é o FC Porto. O mesmo de sempre. Nas vitórias e nas derrotas, clube só há um: é este, o nosso. Por isso discordo daqueles que pedem a devolução do FC Porto, que isto não é o FC Porto, que o Porto não é isto, entre outras alarvidades.
O Porto é isto, sim. Perder, ser derrotado, sentir esse travo amargo que nos remexe nas entranhas e nos cria um nó na garganta. Ser Porto nas vitórias é fácil. Entrar no local de trabalho depois de mais um campeonato e de mais uma taça europeia, é fácil, todos querem. Difícil é enfrentar os colegas e os amigos depois de uma temporada desastrosa, depois da humilhação de Sevilha e da ainda mais traumatizante e inconcebível eliminação da Taça de Portugal.
O FC Porto não nasceu em meados dos anos 80. Nasceu, sim, em 1893. O trajecto até aos dias de hoje não se fez sem derrotas nem sem exibições sofríveis. Era o tempo de começar a perder mal se atravessava a ponte, dos Inocêncios Calabotes, das vitórias morais, das derrotas ao cair do pano, dos segundos lugares, dos campeonatos perdidos.
Com o 25 de Abril que hoje se comemora, muita coisa mudou. Passados quarenta anos o FC Porto é o clube com mais títulos em Portugal. Hoje, como ontem, de azul e branco vestido e de Dragão ao peito. O mesmo Porto, a mesma camisola, a mesma mística, a mesma história. É este o meu FC Porto. Dos dias bons e dos dias maus.
Um clube de futebol é muito mais que vitórias e taças. Não que “o importante seja participar”. Nada disso. Neste clube habituamo-nos a lutar pelas vitórias até ao fim do apito. Mas um ano em que se vence a Supertaça Cândido de Oliveira e quiçá a Taça da Liga (veremos o que acontece Domingo) não pode ser um ano de tragédia. Aliás, quem dera muitos ganhar isso todos os anos! É um ano mau, atípico, onde não mostramos essencialmente aquilo que nos distingue: querer ganhar mais que os outros.
Assumamos de uma vez por todas que o nível de exigência neste clube é incomparavelmente superior ao de outros. Razão tem Lucho Gonzalez quando afirma que “um ano no FC Porto equivale a três anos noutro clube” ou que “se Jesus tivesse perdido o que perdeu no FC Porto já não seria treinador há muito tempo”. Isto diz bem dos patamares de exigência de cada clube e aponta também directamente às razões do nosso declínio nos últimos anos: achar que nenhum jogador tem categoria para jogar no FC Porto; achar que ninguém tem estaleca para treinar o nosso clube (vide críticas a Vítor Pereira); achar que no FC Porto qualquer macaco é campeão nacional (como me dizia um amigo meu “se formos campeões com o Vítor Pereira acho que para o ano devíamos tentar com um macaco”); achar que quando se perde um campeonato é necessário uma limpeza e colocar tudo em causa, desde jogadores a Presidente, passando pelo treinador; achar que se tem o direito a assobiar logo aos 5 minutos de jogo; achar que não é preciso apoiar a equipa nos jogos em casa e que ela é que nos tem que motivar e pôr a ver bom futebol; achar que se deve fazer esperas aos jogadores logo ao primeiro empate ou derrota.
De certa foma, é essa cultura de trabalho, exigência e sacrifício que nos distingue. Nos anos 80 e 90, aliás, o FC Porto raras vezes teve melhores plantéis que os seus rivais directos. Havia trabalho, havia amizade, havia mística, havia História, havia “comer a relva”. É notório que falta esse espírito de conquista e de superação no actual balneário azul e branco, mas nunca me hão-de ouvir dizer que este não é o meu FC Porto. O meu clube fez-se nos desaires, nas derrotas, nas adversidades, no roubo de Basileia, nos campeonatos perdidos, nos 19 anos sem ganhar. São esses momentos que desenham a alma e a cultura de um clube, que se galvaniza e catapulta para a vitória após as sucessivas derrotas. Cair ao chão não é sinal de tragédia ou de desgraça. Só o é se lá ficarmos e não nos conseguirmos levantar.
Como disse António Folha logo após a eliminação da Taça de Portugal: “este clube não morre aqui hoje”. Não morre hoje nem nunca. Ser do FC Porto é como um casamento. Na saúde e na doença. Na alegria e na tristeza. Nas vitória e na derrota. Até que a morte nos separe. É por isso que digo com orgulho: este também é o meu FC Porto.
PS: Morreu Hêrnani Gonçalves. Grande portista. Um homem marcante, diferente, sempre com algo especial para dizer. O Senhor Bitaites. Com José Maria Pedroto e António Morais iniciou a inversão do tabuleiro do futebol português em direcção ao Norte. O FC Porto deve muito a Hernâni Gonçalves. Que descanse em paz.
Rodrigo de Almada Martins
O Porto é isto, sim. Perder, ser derrotado, sentir esse travo amargo que nos remexe nas entranhas e nos cria um nó na garganta. Ser Porto nas vitórias é fácil. Entrar no local de trabalho depois de mais um campeonato e de mais uma taça europeia, é fácil, todos querem. Difícil é enfrentar os colegas e os amigos depois de uma temporada desastrosa, depois da humilhação de Sevilha e da ainda mais traumatizante e inconcebível eliminação da Taça de Portugal.
O FC Porto não nasceu em meados dos anos 80. Nasceu, sim, em 1893. O trajecto até aos dias de hoje não se fez sem derrotas nem sem exibições sofríveis. Era o tempo de começar a perder mal se atravessava a ponte, dos Inocêncios Calabotes, das vitórias morais, das derrotas ao cair do pano, dos segundos lugares, dos campeonatos perdidos.
Com o 25 de Abril que hoje se comemora, muita coisa mudou. Passados quarenta anos o FC Porto é o clube com mais títulos em Portugal. Hoje, como ontem, de azul e branco vestido e de Dragão ao peito. O mesmo Porto, a mesma camisola, a mesma mística, a mesma história. É este o meu FC Porto. Dos dias bons e dos dias maus.
Um clube de futebol é muito mais que vitórias e taças. Não que “o importante seja participar”. Nada disso. Neste clube habituamo-nos a lutar pelas vitórias até ao fim do apito. Mas um ano em que se vence a Supertaça Cândido de Oliveira e quiçá a Taça da Liga (veremos o que acontece Domingo) não pode ser um ano de tragédia. Aliás, quem dera muitos ganhar isso todos os anos! É um ano mau, atípico, onde não mostramos essencialmente aquilo que nos distingue: querer ganhar mais que os outros.
Assumamos de uma vez por todas que o nível de exigência neste clube é incomparavelmente superior ao de outros. Razão tem Lucho Gonzalez quando afirma que “um ano no FC Porto equivale a três anos noutro clube” ou que “se Jesus tivesse perdido o que perdeu no FC Porto já não seria treinador há muito tempo”. Isto diz bem dos patamares de exigência de cada clube e aponta também directamente às razões do nosso declínio nos últimos anos: achar que nenhum jogador tem categoria para jogar no FC Porto; achar que ninguém tem estaleca para treinar o nosso clube (vide críticas a Vítor Pereira); achar que no FC Porto qualquer macaco é campeão nacional (como me dizia um amigo meu “se formos campeões com o Vítor Pereira acho que para o ano devíamos tentar com um macaco”); achar que quando se perde um campeonato é necessário uma limpeza e colocar tudo em causa, desde jogadores a Presidente, passando pelo treinador; achar que se tem o direito a assobiar logo aos 5 minutos de jogo; achar que não é preciso apoiar a equipa nos jogos em casa e que ela é que nos tem que motivar e pôr a ver bom futebol; achar que se deve fazer esperas aos jogadores logo ao primeiro empate ou derrota.
De certa foma, é essa cultura de trabalho, exigência e sacrifício que nos distingue. Nos anos 80 e 90, aliás, o FC Porto raras vezes teve melhores plantéis que os seus rivais directos. Havia trabalho, havia amizade, havia mística, havia História, havia “comer a relva”. É notório que falta esse espírito de conquista e de superação no actual balneário azul e branco, mas nunca me hão-de ouvir dizer que este não é o meu FC Porto. O meu clube fez-se nos desaires, nas derrotas, nas adversidades, no roubo de Basileia, nos campeonatos perdidos, nos 19 anos sem ganhar. São esses momentos que desenham a alma e a cultura de um clube, que se galvaniza e catapulta para a vitória após as sucessivas derrotas. Cair ao chão não é sinal de tragédia ou de desgraça. Só o é se lá ficarmos e não nos conseguirmos levantar.
Como disse António Folha logo após a eliminação da Taça de Portugal: “este clube não morre aqui hoje”. Não morre hoje nem nunca. Ser do FC Porto é como um casamento. Na saúde e na doença. Na alegria e na tristeza. Nas vitória e na derrota. Até que a morte nos separe. É por isso que digo com orgulho: este também é o meu FC Porto.
PS: Morreu Hêrnani Gonçalves. Grande portista. Um homem marcante, diferente, sempre com algo especial para dizer. O Senhor Bitaites. Com José Maria Pedroto e António Morais iniciou a inversão do tabuleiro do futebol português em direcção ao Norte. O FC Porto deve muito a Hernâni Gonçalves. Que descanse em paz.
Rodrigo de Almada Martins
Mais uma crónica muito boa.Será que até o Porto já está a ficar tão moderno como os casamentos de hoje em dia.Tudo é descartável.Porto,Jogadores e Casamentos.
ResponderEliminarViva o nosso Porto e Viva....Para toda a Vida.
http://www.reflexaoportista.pt/2014/04/azul-ao-fundo-do-tunel.html
ResponderEliminarArtigo de opinião a não perder.
Entrevista de Manuel Machado ao jornal OJOGO de leitura obrigatória.
ResponderEliminarBoas amigos portistas,sou novo por aqui,mas Partilho o mesmo amor,o nosso grande porto.hoje perdemos por culpa própria,falham os tanto na finalização,o Jackson custou nos a vitoria,tanto no jogo como nos penaltis,incrível.fiquei pasmado,chorei muito como um menino,como a muito não o fazia,a minha alma ta doente,mas sempre te amarei meu porto,forca,vamos levantar a cabeca
ResponderEliminarMais uma tristeza ontem.O meu Porto já não é o que era.Sim está tudo dito na crónica.Só que os tempos mudaram.Já nada é para sempre.....Nada.
ResponderEliminarSaudades de um passado em que o amor era para toda a vida.......Será que já nada nos resta??????????Nem este Porto???'