29 janeiro, 2010

6 comentários:

  1. Kléber, a ser aquele avançado raçudo que se vê nalguns vídeos no youtube, é muito bem vindo, pois falta no plantel actual, um avançado com essas caracteristicas... espera-se é qie chegue cá com menos stress emocional, senão, com esta (des)Liga, tamos quilhados, porque lhe fazem a folha num piscar de olhos.

    Quanto à BOLA, pois, até me assustei... pensei que era um sonho apenas... afinal, uma "bonita" realidade. Quanto lhes deve ter custado fazer aquela preparação da 1ª página, quanto terá custado...

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  2. Incendiários

    O autocarro do FC Porto e o carro de Pinto da Costa foram apedrejados no último fim-de-semana quando se dirigiam para o Estoril. Ninguém tomou posição sobre o assunto. Nem a Liga, nem a Federação, nem gente que tem opinião sobre quase tudo, ninguém repudiou a cobardia de tais actos, nem o risco que implicaram para a integridade física de jogadores, técnicos e dirigentes, nem as sementes de violência que os mesmos terão semeado num terreno fertilizado pela quantidade de porcaria que tem sido atirada para cima do futebol português nos últimos tempos. A Comissão Disciplinar da Liga entretém-se a regar o cenário com gasolina enquanto a Comissão de Arbitragem brinca alegremente com todos os fósforos que, inconsciente, consegue tirar da caixa de Pandora que lhe puseram nas mãos. E andamos nisto, agradecendo aos deuses ou ao frigorífico que o sorteio da Taça da Liga não tenha colocado FC Porto e Benfica na mesma meia-final para não termos de antecipar o início da época de incêndios para o dia de um clássico qualquer. E esperando que alguém ponha a mão a isto, antes que isto acabe mal.

    Jorge Maia n' O Jogo.

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  3. Ainda o túnel da Luz

    SOBRE o que aqui escrevi em relação ao túnel da Luz, apareceram as carpideiras dos novos costumes a verberar por eu ter invocado as provocações que terão antecedido as eventuais agressões. Alguns não se coibiram de suscitar o mas populista e demagógico dos argumentos, retratando os stewards como pobres coitados, que teriam sido agredidos, imagine-se, por um bando de milionários. Pois a nota de culpa, agora conhecida, confirma que houve uma conduta provocatória desses coitadinhos. Não me comovo com os pseudo-moralistas, que usam as técnicas do beatério para as suas causas fracturantes e gostam de invocar a liberdade em seu benefício exclusivo, mas que a detestam logo que alguém não se conforma com as suas epístolas. Reafirmo o que então escrevi: se houve uma ou mais agressões, trata-se de um caso de polícia. Naturalmente, as provocações são meras atenuantes que não desculpam comportamentos violentos.

    Ora, viu-se agora o que se passou no túnel da Luz, em 2007/2008, com a agressão ao team manager do FC Porto. O episódio foi presenciado pelo delegado da Liga e por agentes da PSP, cuja Direcção Nacional confirmou que foi elaborado relatório e enviado à Liga, mas esta diz que não lhe chegou «qualquer participação ou queixa que implicasse averiguar factos». Não se colocando a hipótese de a PSP estar a mentir, a versão mais plausível é a de que o CD da Liga desvalorizou a agressão, não porque o FC Porto não tenha apresentado queixa — o que é razoável em função da desconfiança que o CD da Liga lhe merece — mas porque terá considerado o episódio alheio e estranho ao jogo e, por isso, um mero caso de polícia, o que coincide com a minha interpretação sobre o enquadramento do caso presente.

    É óbvio que, tendo havido a exibição de cartões vermelhos a Hulk e Sapunaru, se justifica o processo disciplinar desportivo, mas isso não cauciona a morosidade do processo e muito menos a acusação proferida. Se a moldura penal máxima para uma agressão a outro jogador, seja no campo ou no túnel e mesmo sem atenuantes é de 5 jogos de suspensão, o art.º 115 com a sua moldura penal mais severa não se pode aplicar no caso dos stewards, que não podem estar no túnel, que são contratados pelo organizador para controlar os espectadores e que não são delegados ou intervenientes no jogo. Estes sim, e ao contrário dos stewards, estão também sob a alçada dos regulamentos desportivos, e justificam que estes lhes concedam a devida protecção. Aliás, a pena não tem, por definição, apenas um carácter expiatório, mas interessa também para a protecção das potenciais vítimas e prevenção de casos semelhantes.

    Sei que os pseudo-moralistas querem sangue e não vão ler a parte da nota de culpa, onde o instrutor lembra que o Benfica é reincidente, e assinala «a intensidade do dolo revelada pelos stewards» nos incidentes. Tudo porque a hipocrisia e o proselitismo venal os obrigam a essa cegueira.

    (continua)

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  4. (continuação)

    Os exemplos

    A propósito do sucedido no túnel, reclama-se mão pesada para os atletas e invoca-se, como precedente, o caso Cantona, que agrediu um espectador nas bancadas. Curiosamente, o CJ da FPF confirmou a pena de dois jogos de suspensão que a CD da Liga aplicara a Lisandro, por este ter simulado um penalty, iludindo o árbitro e influenciando o desfecho de um jogo, mas já não se invocam semelhanças com o caso do francês Henry, que também iludiu o árbitro e influenciou o desfecho do jogo, no logro mais evidente e mediático da história desde a mão de Maradona, sem que tenha merecido qualquer punição disciplinar por parte das altas esferas do futebol.

    Em polvorosa

    O secretário de Estado não comenta o actual momento do futebol português mas, em função dos últimos acontecimentos extra-desportivos, alguém terá de intervir. Os dirigentes desportivos estão a deixar que o futebol português entre numa perigosa vertigem. A suspeita, a insídia, a decadência das instituições do futebol, o ambiente bandoleiro, os dinheiros desconhecidos, a violação das leis e dos direitos individuais e colectivos e os fretes jornalísticos deram lugar à intimidação, à violência e a apedrejamentos. Perante esta guerra civil sem trégua à vista, o que faltará para que os poderes instituídos demonstrem sentido de Estado, e assumam a sua autoridade e responsabilidade?

    Uma hipótese

    DE acordo com o processo disciplinar, e apesar da reincidência, o Benfica pagará, no máximo, 2500 euros de multa e nada acontecerá aos coitadinhos. Imagine-se, então, que um clube contrata um grupo de meliantes, atribui-lhes a função de steward e coloca-os no túnel, onde as câmaras de filmagem são convenientemente desviadas. Antes de entrar em campo, a equipa adversária é selvaticamente agredida. Para não serem suspensos, os atletas não reagem mas, por causa das agressões, não podem disputar a partida. Assim, e a troco de uns míseros cobres, a equipa da casa vence por falta de comparência do adversário. Claro, trata-se de uma hipótese académica. Em Portugal essas coisas nunca acontecem.

    'No pasa nada'

    IMAGINE-SE que o ataque tinha sucedido no Porto e na VCI e não na A5, e que o alvo tinha sido uma qualquer equipa que não fosse o FC Porto. Os jornais teriam dedicado as suas capas às imagens dos veículos apedrejados, os jogadores seriam elevados a heróis por não terem desistido de disputar o jogo, o Ministro da Administração Interna já teria aberto um inquérito, a PSP estaria a ser acusada de passividade e conivência. Os gatos fedorentos escreveriam crónicas humorísticas encimadas por um cartoon de Pinto da Costa a atirar um calhau e não faltaria quem garantisse que o Porto é um território sem lei, controlado pela máfia portista, e pelos gangs da noite, e mais perigoso que Palermo.

    Rui Moreira n' A Bola.

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  5. Conveniências e interesses

    TAL como no desajustado mundo da política, o do futebol tem os seus rabos de palha, as suas conveniências, dislates, coincidências, interesses comerciais e palermices — tudo junto também é possível arranjar-se. Num mundo ideal, estas coisas diluíam-se dentro das quatro linhas, a jogar à bola, com laterais rápidos, centrais portentosos e pontas-de-lança, digamos, com sentido de oportunidade. Ai de nós; o futebol só a espaços se joga nos relvados. Não porque haja falta deles (somos, provavelmente, um dos países com mais concentração de estádios de futebol da União Europeia), mas porque conveniências, dislates, coincidências e interesses comerciais se unem em conciliábulo para promover patetas e canalhas a «uma espécie de gente». Esta «espécie de gente» tomou conta do futebol por causa do poder que ele transporta para todo o lado. Um dia, havemos de festejar os jogos das distritais — e mesmo esses, olha lá.

    Tudo se havia de harmonizar se houvesse justiça desportiva a sério e não um arremedo de «tribo disciplinar» muito entretida a negociar favores, promovendo conveniências, dislates, coincidências, interesses comerciais e palermices.

    Não, não me assusta o clima de guerra aberta instalado na bola. É normal e faz parte do cenário. O país não merece mais — e não me consta que haja países subdesenvolvidos em que a tentativa de transformar o futebol em merda não resulta. Resulta sempre. Bom proveito é o que lhes desejo. Lá se arranjem.

    A bola, finalmente. A bola, bola: o meu FC Porto desenvencilhou-se contra um Estoril aguerrido e decente. Não sei se se desenvencilhará na próximas partidas, enquanto a equipa não apresentar armas à chamada. Ilibo Jesualdo, à partida – e não peciso de citar Freud nem Clausevitz ou Maquiavel. Há momentos em que a guerra é a guerra e só essa me interessa. Jogo, jogo puro, golos, laterais rápidos, avançados oportunos e centrais portentosos. Quem gosta de futebol, gosta desse jogo. Estou à espera, de cachecol na mão.

    Francisco José Viegas n'A Bola.

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  6. 3 crónicas de hoje, simplesmente... soberbas!!!

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