Voltar a ser Dragão à antiga!

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Pois é, a Calçada iniciou o novo ano, felizmente e ainda que com a dificuldades impostas pelos do Mar, o susto dos leirienses e a pasmaceira dos academistas, sem derrotas e com resultados positivos.

Num total de quatro jogos, contabilizando também o jogo em atraso da Taça de Portugal, os azuis e brancos obtiveram um somatório de três vitórias e um empate, com as demais pedras no seu encalço.

Passada e concluída que está metade da agenda da liga Sagres, o FCP, na questão somatória, até está melhor que o ano passado, só que a concorrência também, o que os deixa para já a quatro pontos da liderança. O problema deste FCP vai, portanto, muito mais além do que conquistar os três pontos em cada jogo; passa essencialmente pela maneira como aborda o jogo na totalidade e nos vários momentos dos 90m com que cada partida é constituída.

Não querendo sendo exagerado e dizer que os portistas passam por um género de perda de identidade, até porque não acho que também seja esta a situação, penso no entanto que este Porto passa sim por um problema de dupla personalidade, em que o discurso semanal não se reflecte na exibição do fim-de-semana.

Nas últimas semanas o discurso forte e incisivo de Jorge Nuno Pinto da Costa, quebrando uma época silêncio, por motivos que todos conhecem, e dos quais todos os adeptos portistas já estavam ávidos por ouvir. Pinto da Costa regressou com as palavras, que reúnem as tropas, e que nos anos noventa serviam para chegar aos corações dos jogadores com o intuito de os “enraivecer” e motivar e mostrar em campo a raça de que o portista é feito. A missão era cumprida! Hoje, não vejo isso, vejo antes uma mente a crer lutar contra as adversidades de que somos alvo, nos seus vários campos, mas vejo também um corpo que não executa e usa tais palavras em campo, salvo um ou dois exemplos. Quantos de nós, já não se deram a pensar que não é este o FCP que conhecem, ainda que a ganhar, não joga com a alegria, clarividência, inteligência e atitude, que nos habitamos a ver em qualquer equipa portista ao longo destes anos, mortífera e controladora.

A modernidade, financeira, do futebol trouxe com ela novos ensinamentos, novas jogadas, novas tácticas e novas fantasias, mas trouxe também novos adjectivos, trouxe com ela um conceito novo de individualismo, aquele que e transforma as equipas em montras e destrói os colectivos.

O calceteiro talvez por ter nascido numa época importante, no que à mudança de futebol em Portugal diz respeito, um ano e um mês antes do grande “Zé do Boné” nos ter deixado; habituou-se a crescer e a ver um FCP forte em todos os seus aspectos, em que a cabeça o corpo dos jogadores estavam e resultavam em perfeita sintonia em cada jogo, e o ódio de que eram alvo, tornava-se num ódio ainda maior e numa maior vontade de querer ganhar, dentro de campo, como sempre o fez e como os resultados o demonstram com clareza, ainda que os queiram, assim, tornar obscuros.

Hoje já não chega que o nosso Presidente venha a terreiro falar, que nos venha sim defender, como tão bem o fez e faz e nos enche o corpo de um colete à prova de qualquer tipo de fogo, é preciso também passar aos actos. Este Porto precisa, novamente, que o seu Presidente não se aburguese apenas no seu camarote mas desça até ao balneário dando ele o murro na mesa e exija a estes aquilo que todos outros que por ali passaram alcançaram com suor, sangue e lágrimas e com obstáculos piores mas sempre ultrapassáveis. Estou certo que assim será, pois o FCP que conhecemos, nunca nos decepcionou.

Aprendemos, ganhamos e inovamos com os “Zés” e com o Robson, a ganhar com a experiencia do Oliveira com a estrelinha do Santos, conquistamos o Tetra e o primeiro Penta, tornamo-nos respeitados com a irreverência do Jorge Nuno, sejam novamente o FCP e aquilo que ele sempre foi…

Um Dragão com uma face só, a única que conhecemos: a da Glória!

Abraço e fiquem por aí… que eu fico!