Faltam 30 dias para ganhar a Supertaça

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Não gosto daquilo a que no futebol chamam o defeso. Precisamente porque falta… futebol. Mais do que isso: falta Porto. Faz-me falta ir ao Dragão, faz-me falta a adrenalina dos jogos, faz-me falta cantar até ficar sem voz no meio dos “Dragões”, fazem-me falta as viagens pelo país e pela Europa, fazem-me falta ter os fins-de-semana verdadeiramente ocupados. E, claro, conto os dias para que tudo volte à normalidade. Hoje, faltam precisamente 30 para chegarmos a 7 de Agosto. Faltam 30 dias para levantarmos mais uma Supertaça.

Verão é, para a maioria, sinónimo de praia, de férias, de descanso e lazer. Para mim, é sinónimo de trabalho – exceptuando os fins-de-semana na piscina ou nos areais de Gaia -, porque as férias, essas, só chegam lá para Setembro quando a Champions voltar. Não me queixo, não invejo os outros, porque a escolha é minha, embora contestada e muitas vezes incompreendida pelos que me são próximos.

É verdade que este ano de falta de bola não me posso queixar muito - o Torneio de Toulon, o Mundial de Sub-20, a Copa América ou até o Mundial de futebol feminino não deixaram ter saudades de futebol. Mas confesso que este período do ano é-me tremendamente sofrido e fastidioso: temos que os ouvir dizer que agora é que é, que querem ganhar isto e aquilo (aquilo que no fim somos nós a ganhar); os jornais desportivos entram em delírio com os potenciais reforços – cuja maioria não passará disso mesmo, potenciais -, ouvem-se e lêem-se coisas extraordinárias, hilariantes, anedóticas mesmo, mas reais:

“Queria-o desde pequeno, imaginava-me a jogar nesta equipa. Era o meu objectivo. É um sonho que se tornou realidade”, disse o parolo de Caxinas, no dia em que assinou pela equipa que no ano passado também levou cinco da melhor equipa espanhola – nada de novo para caxineiro também habituado a humilhações do género. Este é o mesmo que dizia que ia às Antas com o cachecol do Sporting, depois que amava o Benfica e que agora, desde menino, sonhava com o Real Madrid. Enfim...

“Eu gosto é de marcar golos”, disse um avançado que agora chegou a Alvalade. Se não gostasse de marcar golos, aí, sim, era de estranhar. É preciso talento, é verdade, e isso é coisa que não tem havido muito para aqueles lados nos últimos anos – quando há, eles mandam, quais maçãs podres, para o Porto, para serem campeões.

“Benfica vai criar um gabinete de inteligência para ajudar Jesus”. Quando alguém não a tem, é mesmo preciso pedir emprestada. Já agora, porque não arranjam também um tradutor? Estou para ver como mestre da táctica se vai entender com o sueco e o sérvio que foram buscar – se o português de Jesus já é mau, calculo como (não) seja o seu inglês…

Enfim, três pequenos exemplos daquilo que é esta altura do ano, em que os jornais desportivos (ainda) vendem que nem pãezinhos quentes com as suas capas cheias de boas novas para os clubes da capital. Mais um jogador para os lagartos que têm sido apresentado dois a dois a cada dia que passa, numa competição feroz com o vizinho do lado. Mais um avançado para a agremiação de Carnide, onde já quase pode formar uma equipa só com avançados para assim fazer jus ao futebol diabólico do treinador que mais percebe de táctica em Portugal. Enquanto isso, pelo nosso burgo, as novidades, felizmente, não são muitas. Eles continuam cá todos, à excepção de um traidor mercenário, cuja saída continua ser festejada pelo país inteiro como se de uma derrota do nosso clube se tratasse. Pois, esquecem-se que neste casa até o Jesualdo conseguiu ganhar três campeonatos seguidos... Eu, cá por mim, já ando a cantarolar a nova música:

Venceremos, venceremos,
Venceremos outra vez,
Isto não é brincadeira,
O Porto vai ser campeão
Com o Vítor Pereira!