12 agosto, 2010

Capítulo 2: 1911 a 1920 – Auspiciosas vitórias (Parte I)

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FCPorto – Dragões de Azul Forte
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do F. C. do Porto


Capítulo 2: 1911 a 1920 – Auspiciosas vitórias (Parte I)


Em 30 de Janeiro de 1911, morre José Monteiro da Costa, com 30 anos, no dia em que o seu clube de coração recebia, mais uma vez, o Real Fortuna de Vigo, ainda no Campo da Rua Antero de Quental (antiga Rua da Rainha).

José Monteiro da Costa (n. 1880 – m. Porto, 30 Jan.1911) presidente do FC Porto desde a refundação.
• Coube a José Monteiro da Costa, grande mentor e timoneiro do FC Porto, dar novo impulso ao clube. Havia sido fundado, em 28 de Setembro de 1893, por António Nicolau d’Almeida. Depois, prolongado torpor, até que…
• Em 1906, Monteiro da Costa regressou de Inglaterra fascinado pelo mesmo desporto que encantara, há mais de uma década, o seu amigo Nicolau d’Almeida. Este falou-lhe do projecto que iniciara em 1893 e José Monteiro da Costa não hesitou: membro de uma agremiação denominada "Grupo do Destino", sugeriu aos seus colegas que o acompanhassem na aventura, ao que a maioria acedeu.
• Em 2 de Agosto de 1906 terminava o "Grupo do Destino" e renascia o FC Porto, assumindo desde logo uma faceta de clube eclético. O novato FC Porto caminhou, a passos largos, pela mão do preceptor Monteiro da Costa.
• Deu-lhe uma sede, campo de jogos na Rua da Rainha (actualmente Rua Antero de Quental) com instalações modelares para a época: primeiro campo relvado do país, vestiário, balneário, bufete, ginásio, bancos para o público, tribuna. E deu-lhe emblema, equipamento e estatutos para a fundação oficial. Para além do Futebol começaram a ser praticadas outras modalidades tais como Atletismo, Boxe, Cricket, Ginástica, Halterofilismo, Natação, Patinagem, Pólo Aquático e Ténis.
• Eram já os frutos do génio de Monteiro de Costa. Líder. Carismático. Revolucionário. Aventureiro. Republicano. Liberal. …Ditador. Ivo de Lemos, certamente o seu braço direito no lançamento do FC Porto, em artigo carregado de sentimentalismo e saudade, publicado no "Jornal de Sports", em Novembro de 1933, traçou-lhe poético retrato:
"José Monteiro da Costa, liberal e... ditador – José Monteiro da Costa foi não só o idealista (re)fundador e propulsor desse enorme edifício que é o F. C. Porto, como o organizador impecável de tudo que dizia respeito à sua agremiação, quer no campo material ou associativo. Soube lançar á terra, e cultivá-la como mestre que era em floricultura, a semente que produziu uma das mais belas flores desportivas do nosso país. Apesar de ideias liberais, ele, como dirigente, era ditador, e todos lhe obedeciam sem restrições, porque a sua energia, o seu sacrifício, os seus conhecimentos e a sua isenção, eram postos à prova a todo o momento. Dedicava-se a tudo que fosse para engrandecer o seu clube, e a Fé que dimanava da sua Alma foi tanta que ainda hoje perdura em todos os que sinceramente continuavam a sua obra. Vimo-lo praticar o futebol e dirigir desafios, treinar os grupos, organizar festas desportivas, gincanas, corridas pedestres, provas atléticas, torneios de ténis, sessões de boxe, luta greco-romana, pesos, ginástica, tudo enfim que dissesse respeito a exercícios físicos e que se praticavam no clube..."

• Antes de refundar o FC Porto, foi José Monteiro da Costa dirigente da União dos Jardineiros do Porto, onde demonstrou como era "um homem vigoroso e de longa visão", criando, imediatamente, escolas, bibliotecas, gabinetes de leitura e uma caixa de socorros para associados, para além de exposições e conferências hortícola-agrícolas.
• Enquanto liderou os destinos do clube, nunca em qualquer momento refreou a inspiração, o entusiasmo, o vigor, a vontade indómita de edificar a obra que "O Destino" lhe colocara nas mãos. Na cidade, o eclectismo do FC Porto e o parque de jogos da Rua da Rainha, tornaram-se o centro das atenções desportivas do burgo. Ao Porto começaram a deslocar-se equipas de futebol estrangeiras como Real Fortuna de Vigo, Real Madrid, Europa de Barcelona ou Médoc de Bordéus – vieram jogar com equipas portistas. E o FC Porto entrava na antecâmara do desporto internacional.
• Republicano convicto, exultante em 5 de Outubro de 1910. Viva a República! Monteiro da Costa, repassado de esperança. Breve o seu ardor, o ímpeto abruptamente interrompido…
• Em 30 de Janeiro de 1911 morre, só com 30 anos. Logo no dia em que o seu querido clube, o FC Porto, recebia, mais uma vez, o Real Fortuna de Vigo.
• António Nicolau d'Almeida lançou as sementes. José Monteiro da Costa retomou a utopia. Não deixou esmorecer o sonho. Ressuscitou a agremiação de uma efémera existência. Visionário, imaginoso, arrojado, lutador, organizador nato, é a imagem do FC Porto do nosso tempo.
• Nunca é demais enaltecer o bairrismo, o entusiasmo e a capacidade dirigente de José Monteiro da Costa, o primeiro Presidente eleito do FC Porto.



A Monteiro da Costa sucedeu, na presidência do FC Porto, o Dr. Guilherme Carmo Pacheco.
Nota: Rodrigues Teles, em “A História do Futebol Clube do Porto”, alude à escolha do Tenente Júlio Garcez de Lencastre para a presidência da Direcção. Contudo a “Galeria de Presidentes”, do sítio do clube, não o menciona e, sucedendo a José Monteiro da Costa, consta o nome do Dr. Carmo Pacheco. Adoptámos o parecer oficial.


José Bacelar – Figura de relevo deixou o nome ligado ao clube, primeiro como futebolista nas primeiras equipas; depois, pela sua acção em vários actos como dirigente, entre os quais o da instituição da Taça José Monteiro da Costa, a nível regional, em homenagem ao ex-presidente da direcção. Foi presidente da Assembleia-geral.

2 Abr.1911 – Primeiro triunfo numa competição
A equipa do FC Porto venceu a primeira edição da Taça Monteiro da Costa (1910-11), batendo na final o Boavista por 3-1. A prova iria ter mais cinco edições e, pelo menos inicialmente, as equipas em competição eram formadas apenas por jogadores portugueses. O troféu em disputa ficaria na posse do clube cuja equipa ganhasse em 5 épocas consecutivas ou não.
Eis uma curiosa crónica, publicada num dos jornais do Porto, a propósito do encontro: “Do princípio ao fim, o jogo carregou sobre o campo do Boavista. Os jogadores deste Clube tinham uma predilecção sobre os ‘marretas’ e, pelos inúmeros trambolhões que davam, mais parecia assistir-se a um ensaio de acrobacia, que a um match oficial de futebol. Backs, half-backs e forwards entendem (lá devem ter as suas razões) que jogar football é atirar continuamente com a bola ao ar. A fazerem excepção à regra, contam-se os portistas Elísio Bessa, que esteve soberbo, revelando-se um admirável back e teve passagens magistrais; Maçãs, o incansável e valente half-back, Bacelar e Cal; Megre tem um shoot muito calculado e bom, marcando os goals com muita precisão. Causou-nos decepção o jogo de Ivo Lemos; habituados a vê-lo jogar bem e a quase ser um Messias na hora do perigo, no domingo nem parecia o Ivo.”

A equipa que alinhou contra o Boavista - A partir de cima, o guarda-redes Manuel Valença, ladeado pelos defesas laterais Elísio Bessa e Vitorino Pinto; Mário Maçãs, Adelino Costa e Magalhães Bastos; José Bacelar, Camilo Moniz, Carlos Megre, João Cal e Ivo Lemos.


23 Abr.1911 – Médoc, a primeira equipa francesa a jogar em Portugal
A internacionalização, os jogos com equipas de além-fronteiras, eram um expediente para assimilar tácticas e estratégias que servissem de mais-valia para a competição interna. A avidez de ensinamentos removia obstáculos e nem os chorudos “cachets” das importantes e valiosas equipas da Europa impediam que o FC Porto as defrontasse; até os sócios se quotizavam para custear a sua vinda ao campo da Rua Antero de Quental! E, assim, o FC Porto recebeu a primeira equipa gaulesa a jogar em solo português, o Vie au Grand Air du Médoc, de Mérignac (Bordéus). O campeão de França (de 1912 a 1914), fortíssimo conjunto, jogou no Porto a troco de 500 francos, um valor elevado para a época. O resultado do encontro (1-0 para o Médoc) dignificou os portistas que mereceram dos franceses encómios rasgados.


O “team inglês”, como chamavam a esta equipa do FC Porto constituída só por estrangeiros (não apenas ingleses), no campo da Rainha, em 23 de Abril de 1911, quando jogou contra o Médoc. De pé: Webber, Watson, Kendal, Albert d’Almeida, Burgmann e Stamby Charlles. Sentados: Haary Dutton, John Jones, Janson, Alex Caw e Harrison.


18 Jun.1911 – Jogos atléticos
O FC Porto organizou, no Campo da Rainha, na Rua Antero de Quental, um concurso atlético, com provas de 100 metros, 110 metros barreiras, 800 metros, salto em comprimento, salto em altura, salto à vara, lançamento do peso, lançamento do disco e pesos e halteres.


A equipa principal do FC Porto em 1911: atrás, a partir da esquerda, Vitorino Pinto, Cap e Jansen; ao meio, Dutton, Allwood e Magalhães Bastos; à frente, José Bacelar, Webber, Carlos Megre, Harrison e Ivo Lemos.

- No próximo post.: Capítulo 2 (Continuação) – Vitória concludente; empate com o Campeão de França; primeiro jogo e visita do Benfica; primeira vitória em Lisboa; a criação da APF; o Campo da Constituição; primeiro torneio internacional em Portugal; Académica de Coimbra deixa Porto em estado de choque.

6 comentários:

  1. Mais um post 5 estrelas sobre a história do nosso querido clube. Fica-se a saber tudo sobre o 1º presidente ELEITO no FCPorto, Monteiro da Costa.

    Para a semana vamos ter entre muitas outras histórias, a 1ª vitória em Lisboa. Começamos cedo a estragar as capas dos jornais da Capital. :)

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  2. Como diz o lucho mais um post de 5 estrelas sobre a história do nosso clube. parabéns ;D

    Novo post no meu blogue, por favor comentem ( obrigado )


    http://campeoesfcporto.blogspot.com/2010/08/tentamos.html

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  3. Post de ***** ( 5 estrelas )
    ESPECTACULAR!

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  4. Meu caro, não há muito para dizer sem me repetir: continue a prestar este serviço público portista, para memória futura.

    Um abraço

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  5. Fiquei a saber agora. As melhoras, rápida recuperação para o bom amigo Armando Pinto. E um grande abraço.

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  6. Monteiro da Costa refundou e relançou o FC Porto; Pinto da Costa revigorou-o e projectou-o no Mundo do desporto.
    Dois grandes Homens, dois grandes Portistas. Dois Presidentes de que muito nos orgulhamos e que ficarão indelevelmente ligados à história do nosso Clube.
    Mais um excelente post; não há... pai! Fico à espera do próximo.
    Um beijo.
    Bibó Porto!

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