06 agosto, 2011

As vitórias é uma cena que... a eles não lhes assiste

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/


Já é uma velha tradição. Nestes dias quentes de Agosto, os clubes do regime aproveitam o verão para encher o bojo com vitórias a feijões. Má opção para quem, quando começar a competição a sério, se irá fartar de levar " murros " no estômago. Gastam os milhões que têm e os que não têm em contratações iníquas. Tudo serve para criar uma falsa expectativa nas tacanhas mentes dos seus adeptos. Contratam jogadores que ninguém conhece e como ninguém os conhece podem ir dizendo que são isto e aquilo. Aparentemente, ganhar amigáveis contra equipas da 2ª B é justificação para tanto milhão mal-baratado. São os melhores do mundo até que a bola comece a rolar. Aí é que o diabo! Afinal o ponta-de-lança letal não sabe onde fica a baliza e o médio fantasista não tinha sequer lugar nos infantis do AD Marco.

A história repete-se todos os anos. Sempre o mesmo fenómeno de metamorfose. É ver os craques a transformarem-se em bazófia em menos de um instante. Afinal, as vedetas da pré-época não passam de um bando de pernetas que foram desenterrados para que dirigentes incompetentes possam mostrar frenesim e trabalho às suas acéfalas massas associativas. Os adeptos normais passam o defeso à espera que comece a nova época. Os adeptos de Benfica e Sporting passam a época à espera que comece o defeso. Quando somos nós a escolher os nossos adversários torna-se fácil ganhar.

Em Julho e Agosto, quando não há competição, eles são os maiores do mundo. Enchem capas de jornais, dão entrevistas, fazem apresentações de jogadores todos os dias (às vezes, mais do que uma vez por dia). É uma festa pegada. Na pré-época, ganham Torneios Guadiana e mais torneios com nomes de rios e afluentes houvesse e mais taças de latão eles teriam.

Tudo corre bem para lagartos e lampisgas até que se inicia a competição. " Isto de haver jogos a sério só foi inventado para nos tramar e tirar a alegria à malta", desabafava comigo um mouro ressabiado. A verdade é que quando se iniciam os jogos a sério, puff!, tudo se evapora num ápice. A partir desse instante, as vitórias é uma cena que realmente não lhes assiste.

Verão Azul

Para os lados da Alameda das Antas, o Nosso Defeso corre bem e tranquilo - como também já é costume. Aliás, as coisas correm-nos tão bem que, por vezes, fico com a sensação que vivemos num mundo à parte. Os nossos melhores jogadores insistem em querem vestir a Nossa camisola. Por cá, não há capitães ressabiados a dizer que a braçadeira pouco importa, nem fomos goleados no jogo de apresentação. A menos de um mês do fecho do mercado de verão, os jogadores que tiveram importância nas conquistas recentes continuam cá todos. Aliás, com contratações certeiras e bem ponderadas, conseguimos - vejam bem! - ter um plantel ainda mais forte e competitivo do que na época passada.

Quando olho para o lado (ou melhor, para baixo), vejo tudo tão turbulento e agitado que até me sinto mal por o verão nos estar a correr tão bem. É por isso que percebo quando alguns portistas tentam dramatizar a Nossa derrota com o Lyon. Perder é doloroso. Perder depois de um domínio avassalador é ainda mais doloroso. Perder nos últimos minutos depois de um domínio avassalador são umas dores que não se aguenta. Bem sei que os mais masoquistas não perdem uma oportunidade para se auto-flagelarem. O facto de o Nosso Clube, há muito tempo, não nos dar razão de queixa, agudiza essa sede de dor. No entanto, eu que em termos de masoquismo me considero um expert, devo dizer que não senti nada de especial. Perder um amigável não é o fim do mundo. O ano passado, o Porto perdeu no Torneio de Paris e depois foi o que se se viu. O ano passado, os lampiões ganharam o Torneio do Guadiana e depois... foi o que se viu.

Devo dizer que, sendo um jogo de preparação, até me parece lúdico que se perca. Antes que chamem hereje, deixem-me explicar por que digo tal coisa. Os jogos de preparação servem para - lá está! - "preparar" a equipa para a competição. E, em competição, ganhasse, empatasse e perdesse. E os jogadores têm de estar preparados para tudo e não se deixarem abater quando eventualmente surgir uma derrota em jogos oficiais. Acredito que uma derrota esporádica e isolada na pré-época pode ser positiva para preparar psicologicamente os jogadores para a adversidade. É preferível perder agora do que iniciar a temporada com a ilusão que tudo está a 100% e depois andar a emendar as coisas em plena competição. É por isso que a derrota frente ao Lyon não me chateou absolutamente nada. Pelo contrário.

É certo que podiamos fazer como Benfica e Sporting e escolher adversários de 3ª categoria só para pudermos ganhar e dar uma falsa ilusão aos adeptos. Mas, na verdade, só as equipas que não vão jogar a Champions se podem dar ao luxo de passar a pré-época a defrontar equipas amadoras. E nem lagartos nem lampiões vão estar na Champions - felizmente!

Estaria mais preocupado se a Nossa equipa ganhasse, mas não conseguisse construir jogo . Felizmente, não foi isso que vi no jogo com o Lyon. O que eu assisti foi a uma equipa com personalidade, com posse de bola, capaz de construir jogadas de ataque e situações de finalização, que dominou todo o jogo mas perdeu ao cair do pano, após um erro individual.

Recuso-me, porém, a alinhar no coro de invectivas que, através dos murais do Facebook, muitos dirigiram ao Fernando. As críticas que foram feitas - e da forma como foram feitas - parecem-me injustas e inoportunas. Fernando já deu provas de ser um jogador de enorme talento e incansável na defesa da Nossas cores. Nas últimas épocas, Fernando tem funcionado no nosso meio-campo como uma espécie de pêndulo, um relógio suíço, um pivot que dá grande segurança aos nossos defesas. Sempre fui um incondicional apreciador das suas qualidade futebolísticas. Bem sei que alguns gostariam que Fernando fosse um jogador diferente. Mais ofensivo, porventura.Talvez um box-to-box como o Moutinho. Mas passa-se que a equipa não precisa que ele seja um box-to-box como o Moutinho - precisamente porque já tem o Moutinho. Errar é humano e, por estes dias, até os melhores tem direito a falhar.

Não devemos perder tempo e gastar energias com queixumes desnecessários. Criticar só por criticar é um exercício inútil, principalmente quando a equipa está forte.

Só nos resta, pois, concentrar no apoio aos nossos Heróis. O mister Vítor Pereira cumpriu exemplarmente com a difícil missão de reabilitar psicologicamente uma equipa que foi deixada orfã a poucos dias do início dos trabalhos. Vítor Pereira não caiu na tentação de alterar um sistema de jogo ao qual os jogadores já estavam ambientados. Manter um sistema táctico similar ao da época passada (4x3x2x1) foi, sem dúvida, uma atitude inteligente. Vítor Pereira é um treinador maduro e não precisa de andar a mudar sistemas para se afirmar enquanto treinador. Até porque o Mister sabe que, regra geral, quem o faz costuma dar-se mal.

A próxima época será, acredito, de grande sucesso. Temos todas as condições para triunfar. Depois de uma época em conquistámos a Europa. Vamos agora conquistar o Mundo!

2 comentários:

  1. *ganha-se, empata-se e perde-se...
    seja como for: 5 estrelas, exactamente o que eu penso!!

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  2. Concordo plenamente :)
    Mas atitudes como a do Fernando quando disse que queria sair e o posterior "eclipse" das qualidades que lhe são reconhecidas (não acredito em coincidencias) são impensaveis num clube com a grandeza do FcPorto...

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