16 fevereiro, 2013

Cha Cha Cha em Terras do Vouga

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

Beira-Mar 0-2 FC Porto

Liga 2012/13, 19.ª jornada
15 de Fevereiro de 2013
Estádio Municipal de Aveiro.


Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco).
Assistentes: Luís Marcelino e Jorge Cruz.
Quarto árbitro: Renato Gonçalves.

BEIRA-MAR: Rui Rego; Nuno Lopes, Hugo (cap.), Jaime e Hélder Lopes; Ricardo Dias, Fleurival e Rui Sampaio; Rúben Ribeiro, Yazalde e Nildo.
Substituições: Rui Sampaio por Serginho (37m), Rúben Ribeiro por Abel Camará (61m) e Nuno Lopes por Bura (77m).
Não utilizados: Jonas, Dani Abalo, Pedro Moreira e Tozé.
Treinador: Ulisses Morais.

FC PORTO: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro; Fernando, João Moutinho e Lucho (cap.); Izmaylov, Jackson e Atsu.
Substituições: Atsu por Maicon (65m), Lucho por James (72m) e João Moutinho por Castro (81m).
Não utilizados: Fabiano, Liedson, Kelvin e Sebá.
Treinador: Vítor Pereira.

Ao intervalo: 0-1.
Marcadores: Atsu (34m) e Jackson (73m).

Cartões amarelos: Nuno Lopes (27m), Mangala (31m e 88m), Alex Sandro (44m) e Hugo (51m).
Cartões vermelhos: Mangala (88m, por acumulação de amarelos).

Depois do deslize frente ao Olhanense, importava acabar com as dúvidas e mostrar a todo o país de que matéria é feito este FC Porto de Vítor Pereira. E se dúvidas existiam, elas foram de facto desfeitas. Apesar de na primeira parte os ovos não terem sido nada moles, os dragões venceram de forma categórica os comandados de Ulisses Morais, dando a estabilidade necessária para a recepção ao Málaga.

O tão falado futebol de posse voltou a ser posto em prática, nomeadamente na segunda parte, aproveitando quer a subida de rendimento de elementos nucleares da equipa, quer alguma quebra física por parte dos aveirenses.

Claro que esta equipa não se trata de maneira nenhuma de um mini-Barça, como por aí se vai dizendo, servindo esse argumento como elogio sob a forma de pressão encapotada. Mais a mais, embora descortine características comuns em nomes como Guardiola, De La Peña, Iniesta, Busquets ou Fabregas, a verdade é que este Barcelona demolidor da última década só é possível graças a uma feliz coincidência: a presença de dois jogadores como Xavi e Messi no mesmo tempo histórico. São esses os verdadeiros obreiros da tremenda superioridade catalã no futebol mundial. Querer pegar nesse modelo e fazer disso vida, sem dispor desses dois atletas, é tarefa apenas teoricamente possível.

É por isso que julgo não ter sido à toa o desperdício de pontos frente ao Olhanense. Foi o resultado, entre outros factores (como o falhanço da grande penalidade por parte de Jackson), de algum endeusamento do tal "futebol de posse" e de alguma euforia após as palavras de certos jornalistas e jogadores ao compararem o FC Porto ao Barcelona após a grande exibição em Guimarães. Importa ter os pés assentes na terra, cerrar fileiras e nunca perder de vista os objectivos, que passam necessariamente pela revalidação do Campeonato Nacional e pelo alimentar do sonho que é a Champions League. Tudo o resto é folclore.

Mas voltemos a Aveiro. Parece consensual que os azuis e brancos enfrentam mais problemas quando jogam contra os denominados "autocarros" de bloco baixo que efectuam pressão logo na primeira zona de construção. Vimos isso durante quase toda a primeira parte, quando se usou e abusou das bolas colocadas em Jackson Martínez, que invariavelmente recebia a bola de costas, rodeado por defesas contrários.

Aliás, a grande categoria de Jackson - e não me envergonha dizer que já o considero um dos melhores pontas-de-lança mundiais - leva muitas vezes a que a equipa lhe endosse a bola mais cedo do que devia, sem uma necessária construção de jogo prévia. É verdade que o colombiano procura sempre espaços para receber a bola, apoiando a equipa na progressão no terreno, ora com surpreendentes toques de calcanhar, ora com tabelas bem desenhadas. Por outro lado, essas movimentações fazem com que os médios optem por "atalhar" e colocar a bola nos seus pés para que este resolva. O ideal, a meu ver, será fazer com que os médios "trabalhem" mais a bola entre si, criando espaços na linha intermédia, para depois, aí sim, libertarem a bola para Jackson fazer a diferença na zona onde não costuma perdoar. Foi isso que o nueve fez aos 73 minutos da partida, após excelente passe de Danilo, sentando o central adversário e, com toda a classe do mundo, desferindo um remate em arco a meia altura ao poste mais distante. E vão 20 golos!

Antes, na primeira parte, foi Atsu a destruir o autocarro à lei da bomba, num regresso da CAN que se saúda. O ganês ganha asas quando encostado à linha, aproveitando a sua verticalidade e irreverência - Nuno Lopes que o diga! Se Varela parece mais forte nos movimentos interiores, Atsu parece sem dúvida estar mais talhado para jogar pela banda. No entanto, desta vez, foi na zona interior que fez a diferença e é nestes feudos que o seu futebol terá obrigatoriamente que crescer.

A segunda parte foi um regalo para os olhos de qualquer portista. Danilo, Izmailov e Lucho (30 passes, 75% certos) subiram de produção e foram protagonistas das melhores jogadas do desafio. Fernando e Moutinho exibiram-se, também eles, em bom plano. O destaque maior vai para o russo, que jogou os 90m, percorrendo mais de 11 quilómetros em campo. Cada vez mais se assume como uma contratação de grande visão por parte da SAD portista.

Mas nem tudo foram rosas. Além de dois foras-de-jogo mal assinalados na primeira parte, parece que há sempre homens dispostos a deixar um "X" no local das cartolinas. Mangala e Alex Sandro, antes do apito inicial, eram curiosamente os únicos jogadores do FC Porto em risco de exclusão. Coincidência ou nem tanto, foram brindados com acção disciplinar. O francês, perto do fim, ainda foi a tempo de receber ordem de expulsão. Apenas por ter saltado mais 1 metro que o seu opositor, como muito bem disse o nosso timoneiro na flash interview. Infelizmente, a campanha contra Mangala já começou e começa a dar os seus frutos. Já conhecemos esta estratégia de outras alturas, tendo sido usada, por exemplo, contra Pepe e Bruno Alves. Temos obrigação, por isso, de estar avisados. Afinal de contas, é este o Xistrema.



DECLARAÇÕES

VÍTOR PEREIRA

“Foi uma vitória segura. Fizemos dois golos e poderíamos ter feito mais um ou outro, sem permitir qualquer oportunidade ao adversário e mantendo-nos consistentes. Não fizemos um jogo exuberante, mas estou satisfeito com o comportamento da equipa em termos gerais. Fundamentalmente, fizemos um jogo sério. Sabíamos que era importante sair daqui com os três pontos e foi isso que fizemos. Lamento a expulsão do Mangala, porque foi ridícula, na minha opinião. Se ele tem aquela capacidade de impulsão, se a cada vez que subir um metro mais alto do que os adversários for expulso… Não pode ser penalizado por conseguir saltar mais do que os outros.”

ATSU

“O golo que marquei foi muito importante para a equipa e para mim também, porque foi o meu primeiro jogo depois da CAN e eu quero dar mais pelo FC Porto. Cheguei um pouco cansado e estarei bem para o próximo jogo da Liga dos Campeões.”



RESUMO DO JOGO

7 comentários:

  1. Frente a uma equipa que jogou como se previa, muito fechada e apenas com Yazalde na frente, o conjunto treinado por Vítor Pereira entrou bem, dominador, a controlar totalmente o jogo, mas em ritmo baixo, pouca intensidade, pouca pressão, pouca gente junto dos avançados, pouca profundidade e pouca contundência, com Jackson algo complicativo. Valeu o golo de Atsu e pouco mais digno de registo se passou, com a equipa portista a ir para o intervalo com uma vantagem justa, frente a uma equipa aveirense totalmente inofensiva.

    Na segunda-parte, foi bem diferente, para melhor, a exibição do conjunto azul e branco. Mesmo sem ter aumentado muito a velocidade e intensidade, o F.C.Porto pressionou mais, circulou melhor, meteu mais gente na zona ofensiva, teve mais largura e profundidade, foi criando lances de perigo, marcou o segundo golo, por Jackson - magnífica jogada e conclusão, com pormenor de classe, de Cha Cha Cha - e daí até final, com o adversário vencido e convencido, quase se limitou a deixar passar o tempo.

    Resumindo, foi uma vitória tranquila, sem discussão, embora, pelo domínio absoluto, pela superioridade em todos os capítulos de jogo e até pela qualidade, nomeadamente na etapa complementar, a equipa portista devia ter marcado mais golos. Não marcou, é pena, mas paciência, o fundamental, a conquista dos 3 pontos, foi conseguido.

    Notas finais:
    Em vésperas de um jogo muito importante e já com o pensamento no Málaga, Vítor Pereira a teve possibilidades para gerir, fazendo sair Atsu, Lucho e Moutinho, dando minutos a Maicon, James e Castro.
    De destacar os 90 minutos e de qualidade, de Izmaylov.

    O jogo não podia ter terminar sem uma Xistralhada, com uma expulsão incrível de Mangala. Está visto, neste futebolzinho, um jogador que salte muito, que tenha uma grande capacidade física, tem que ter cuidado. Só faltava agora darem dois jogos de castigo ao francês do F.C.Porto...
    Se tivessemos a mania da perseguição até podíamos dizer que os cartões foram mesmo para os jogadores que estavam em risco.

    Abraço

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  2. Jogo seguro e tranquilo frente a uma equipa sem ambição, propício pois para quem tem de disputar um jogo de grande responsabilidade, já na próxima Terça-feira, para a CL.

    O jogo deu para gerir, para descansar com bola e somar os três pontos.

    Claro que não podia faltar a "xistralhada» do costume, desta vez com prejuízo injusto para Mangala.

    Enfim, mais do mesmo.

    Um abraço

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  3. Vitória tranquila num jogo totalmente dominado pelo FC Porto, com mais uma percentagem de posse de bola elevadíssima.

    A imagem de marca deste FC Porto é mesmo a posse de bola, com passes curtos e um futebol apoiado que dá gosto ver. Depois ter um génio como Jackson Martinez também dá um grande jeito.

    Gostei bastante de Atsu, muito enérgico, sempre ativo e com um grande golo a abrir o caminho da vitória.

    Destaco também Lucho… É um jogador que jogue com que velocidade jogar tem uma classe tremenda. A inteligência de Lucho, o seu posicionamento e a forma como pauta o jogo é verdadeiramente de alguém com muita classe. Claramente um dos melhores médios europeus que poderia perfeitamente jogar em Itália, Espanha ou Inglaterra numa das equipas de topo desses campeonatos. Grande jogador!

    No entanto, mais que elogiar individualmente, destaco o coletivo do FC Porto. Agora é direcionar forças para o importantíssimo jogo de 3ªF! E esta vitória serviu para aumentar ainda mais os índices de confiança.

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  4. Ah, já me esquecia da referência à arbitragem… Mais uma vez 2 ou 3 foras-de-jogo mal assinalados ao ataque do FC Porto… Alex Sandro e Mangala amarelados (os únicos que estavam em risco)… E uma expulsão ridícula de Mangala a corolar a nojenta e inventada campanha de perseguição ao central francês por parte de muitos porquinhos vermelhos da nossa praça.

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  5. Vitória escassa para tamanho domínio do FC Porto. Jogo muito bem urdido, de acordo com aquilo a que nos tem habituado esta excelente equipa. Em ritmos de jogo variáveis, em cadências determinadas para cada circunstância e momento, a equipa portista dá sempre o mote para a vitória no encontro, confere-lhe nexo, sentencia-o com saber, qualidade, oportunidade. E com muita classe!
    Dois golos, duas obras-primas de jogadores de grande craveira técnica. Atsu e Jackson Martinez são pérolas de um tesouro que é esta equipa. Bom jogo também de Otamendi, Mangala, Alex, Moutinho, Lucho e Fernando (sempre discreto, sempre eficiente!). Ismaylov: foi à bruxa ou o bruxedo morava em Alvalade?! Vítor Pereira: mais uma vez, PARABÉNS pelo excelente trabalho.
    Uma nota para um verdadeiro atentado ao futebol, o segundo amarelo a Mangala: se o lance protagonizado pelo central francês merece a repreensão, então o que valeria uma agressão e um puxão da camisola do árbitro em recente jogo na Madeira?!!! Toda a gente sabe a resposta, mas ninguém, de direito, a quer dar… Uma vergonha!

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  6. Muito bem analisado.Parabéns

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  7. jogo tranquilo, controlado, aqui e acolá espicaçado com algumas correrias, mas sempre num tom de serviços minimos, próprio dos jogos que antecedem outras lutas de maior importância... europeia.

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