Nacional no Dragão… vitória e o penta como ambição!

Enquanto o X, do empate, (ou outro), ainda ecoa nos diálogos, entre a Praça Velásquez e a Alameda do Dragão, os azul-e-brancos concentram máximas atenções no regresso do Nacional ao anfiteatro Portista.

Parece-me mais ou menos consensual o conflito de emoções que o conjunto Alvi-negro, provoca em nós adeptos a cada visita à Cidade Invicta.

Até há bem pouco tempo, pairava o espectro das goleadas infligidas, hoje, quem não se arrepia e exulta ao rever o golo do TETRA, espelho ainda que de forma redutora, que a época em curso não fugirá a ideologia de trabalho e reconstrução operada em 2008/09, como linha condutora do sucesso.

A equipa da pérola do Atlântico chega ao Dragão envolta num ciclo competitivo feroz, ainda que feito de resultados positivos, pelo que Manuel Machado não veste o fato de falsas modéstias, por entre as limitações próprias e favoritismo caseiro do adversário, a tónica do seu discurso versa ambição de causar novo tropeção.

Os Nacionalistas, sabia-os globalmente inferiores, até por força das perdas no mercado, sem o seu tridente de figuras importantes, (Nené, Maicon, Alonso); depois da jornada na Liga Europa, equaciono-me sobre o real valor.

O estratega professor do conjunto Madeirense, tem como fio condutor a simplicidade de processos, ideias de jogo assentes em defesas competentes, zona média trabalhadora e abordagem ofensiva eficaz feita de ataques pelas alas e finalização na zona frontal.

Estrategicamente, dissimulam e confundem os desenhos no terreno, não raramente utilizam falsos laterais que permitem mesclar o 5x3x2, com o 3x5x2, originando consoante as conjecturas da partida, o encaixe posicional tão ao jeito do seu técnico.

Às diferenças no plano teórico, contrapõem com qualidade técnica de alguns dos seus artistas. Último reduto guardado por Bracalli, guardião de boa valia e atributos elásticos, tornam o golo adversário momento raro.

Os laterais, já o afirmei, são uma das pedras de toque do modelo, Wellington, é o sucessor directo de Alonso no tocante aos desequilíbrios ofensivos na faixa esquerda, a quem também se observam a precisão dos cruzamentos como arma.

No centro do terreno, Cléber pode juntar-se à dupla de centrais Halliche/Felipe Lopes ou Clebão, e onde depois Luiz Alberto e Leandro Salino são complementos e filtros tácticos dos momentos ataque/defesa, ficando a cargo do pivôt atacante, Ruben Micael, a capacidade do passe curto e a imprevisibilidade das variações de flanco.

À primeira vista, se nos sectores mais recuados as diferenças até não são de monta, o sector ofensivo parece notoriamente o mais fragilizado a que não será alheia a orfandade do melhor marcador da época passada.

João Aurélio, jovem internacional sub-21, tem com a sua veia goleadora suprido e atenuado algumas dessas carências ofensivas, a que se devem juntar a velocidade de Mateus e Amuneke, como factores a ter em conta.

Jesualdo e equipa técnica, reconhecem e transmitem um conjunto de princípios que regem uma orientação organizacional, feita de alinhamentos tácticos onde se aproveitam as qualidades intrínsecas dos jogadores como factores integrantes no encaixar do modelo preconizado, esperando depois que as sinergias e dinâmicas próprias lhes transmitam vida suficiente.

Meireles é aquele em que se advoga maior capacidade de ser o fio condutor do processo de construção, contudo, a sua deficitária condição física, transmite um conjunto amorfo e abúlico, obrigando a uma interiorização de dependência colectiva onde o factor Hulk é visto como solução única para saídas em transição.

Ora pois, hoje não há super herói, existe a necessidade premente do colectivo Azul, posto à prova na última meia hora na Capital do Móvel, não reflectir maus equilíbrios nem défices de posicionamento. Favorecer o rendimento eficaz de Belluschi sempre que mais próximo da área, é no meu ver, mais vital que a necessidade processual de o mesmo participar na 1ª fase de construção.

O argentino é forte no atacar das zonas quentes de finalização, por antítese ao recorrente eclipsar do jogo quando deslocado para outras zonas de acção.

Insofismável verdade do futebol moderno é que o jogo se faz de futebolistas criteriosos na posse, mas também tacticamente cultos sem bola, que não alérgicos a ocupação de espaços a defender.

A contenda de hoje terá forçosamente que passar por mostrar alternativas a Fernando como primeiro fornecedor do processo ofensivo. Ainda que o Professor alvitre um distanciamento para melhor quando comparados os mesmo momentos em relação à época anterior, a verdade é que se nota a dificuldade na alternância entre as transições e o jogo lento, ou o mesclar da profundidade nas laterais com a imposição do processo ofensivo.

O sector defensivo ainda que mostre a normal zona do eixo central bem definido, onde impera a marcação à zona, a visita dos Alvi-negros confere cuidados com o bom aproveitamento das bolas paradas por parte destes, sobretudo nos pontapés de canto, que são batidos quase sempre para fora da zona do guarda-redes.

Combater a permissividade nas faixas laterais, bem como corrigir as acções técnico/tácticas como forma de fugir às zonas de pressão, é obrigatório como parte da fórmula resolvente para obstar a alguns golos bizarros.

Com a equipa ainda a meio gás, este jogo trás à baila um indissociável factor de dúvida, os azuis e brancos vão muito provavelmente subir ao relvado alicerçados num tridente ofensivo renovado.

Para ajudar a diluir o nervosismo que esta ideia pode causar, Jesualdo surpreendeu com a inclusão de Rodriguez nos eleitos. Em boa verdade dos factos, não acredito na sua titularidade, ainda que o “Cebola” seja determinante no acrescentar de velocidade nas saídas para o ataque, bem como o seu repentismo e capacidade de luta sejam futuramente determinantes no elevar dos patamares de jogo portista.

No regresso do Dragão a casa, sobra ainda a incógnita sobre quem ocupará o espaço central do ataque. Farias começou por sair na frente, mas a inquietude de Falcao viu abrirem-se-lhe as portas do onze. Quer um, quer outro, serão emparedados na defensiva forasteira, pelo que a missão será árdua na busca do golo.

Novo avaliar das competências, com mais uma semana de trabalho, prevejo que se note o burilar laborioso no conjunto azul.

Depois de passos erróneos na 1ª jornada, os Dragões procuram o caminho da vitória. Na convocatória, salta à vista a exclusão de Tomas Costa, registando-se os regressos de Sapunaru e Maicon, bem como do já enfatizado, Rodriguez. Beto mantêm-se aposta nº2, na guarda das redes.

A Mata Real foi como que uma falsa partida, e parte dos 90 minutos, foram imagem de um arranque soluçante na Liga. O relvado do Dragão, promete pois uma atmosfera híbrida de sentimentos e emoções num propósito único de garantir os primeiros três pontos.

LISTA DE CONVOCADOS:
Guarda-redes: Helton e Beto.
Defesas: Bruno Alves , Fucile, Rolando, Álvaro Pereira, Maicon e Sapunaru.
Médios: Raul Meireles, Guarín, Belluschi, Valeri e Fernando.
Avançados: Falcão, Rodríguez, Mariano, Varela e Farías.