http://bibo-porto-carago.blogspot.com/
A profecia barata que o titulo se poderia decidir (formalmente) no Dragon, verificou-se mesmo, criando à volta de um FCPorto vs SLBenfica de final de (malfadada) época, um interesse suplementar por todos e mais alguns motivos que já foram amplamente discutidos. Não há mais a nada a acrescentar da minha parte a não ser que a bola role e bem, e que não seja necessário ligar os mecanismos de rega, como vimos muito "recentemente", num estádio grande, velhinho e histórico.
A poucas horas/dias do embate, sinto-me em estágio: mas atenção, os velhos ditos, que aconteciam de quinta a domingo, alguns deles à frente da minha janela, na Baltazar do Couto, de Vila do Conde. Um dos desportos favoritos dos jogadores do FCPorto da época, era a tentativa de engate de algumas das minhas vizinhas, que pelo que sei, nunca foram coroadas de êxito. Valdemar, Pavão, Atraca e outros, bem mandavam piropos, às escondidas do grande Zé do Boné que e para o delírio da criançada da época, lá aparecia nos jardins circundantes, para alguma partidas e, "magias" de bolso confirmando que nem a feijões, leia-se às cartas, ou a jogos lúdicos gostava de perder... os antigos deste local de "cumbibio" digital, pelos nomes que escolhi mais a referência ao Mestre, captam que se trata da histórica época de 1968/1969, a que ditou a sua "expulsão" do clube, e a perca do título a 3 jornadas do fim: os 2 pontos de avanço, transformaram-se num ponto de atraso, após os bizarros jogos caseiros com o União de Tomar e com a Académica, para depois tudo ficar selado com o empate a 0 na Luz, já sem Pedroto no banco e com uma invasão de cerca de 20.000 portistas que não chegou para, e após mais uma trapalhada (a repetição do Sanjoanense-Benfica), vencer o título que já escapava há 10 anos, aos quais se juntaram mais 8, como todos bem sabem..
Era onde queria chegar, ao meu Porto-Benfica de sempre. O de 1978. O dos 80.000 em oração, em comunhão, em delírio, unidos num grito de revolta que nunca mais escutei, fosse onde fosse, mesmo nos grandes concertos de rock e pop a que tenho assistido por esse mundo fora. Era Maio, mais um Maio maduro como diz o poeta. O calor era febril, o céu azul e mais azul, azul que ia desbotando à medida que o relógio avançava para o ponto final: Shéu ganha uma bola a meio campo, abre para Diamantino (o louro, não o de Sarilhos Pequenos) que, e na, linguagem actual, assiste em diagonal para o espaço vazio, que Humberto Coelho ocupa; como um autêntico comboio, em linha recta, o Homem de Ramalde, dirige-se para a "estação" de Campanha, leia-se para as redes defendidas pelo Fonseca...
Creio que o "Tribunal" inteiro ocupou as redes, e que se fizeram magias, e se rogaram pragas durante os infernais segundos que nos condenavam a mais uma desgraça. Da minha parte, apertado à saída de um dos Túneis de acesso, fiz o que pude: chamei-lhe todos os nomes, fechei os olhos, implorei a Deus e ao Diabo e devo ter mandado o bom do Humberto um milhão de vezes para o c******... tudo, francamente tudo o que coube nos segundos que pareciam minutos, à beira do precipício. Uma vez mais...
Isolado, Humberto prepara o tiro de misericórdia, tal e qual um carrasco de Louis XIV: milagrosamente, até porque o número 3 raramente falhava em momentos como este, mas desta vez a bola embateu na base da trave, saltou para o coração da pequena área onde apareceu o Enorme Rodolfo: não sei ainda hoje como foi possível, e o próprio capitão ainda não me conseguiu explicar como resolveu um lance que parecia "infernal"; quem sabe levará o segredo para a eternidade, ou e mais provavelmente, como todos os outros 80.000 não faz a mínima ideia como foi possível um milagre deste quilate, e desculpem-me os católicos a semi blasfémia, de recorte Mariano, no seu respectivo mês...
Só sei que uns minutos depois, o golo de Ademir, alterou a História, e como Portistas, as nossas vidas. 22 anos depois, um outro Maio, um outro FCPorto vs SLBenfica, talvez menos importante, mas não menos simbólico. Lembrei-me desta história e dos 80.025 heróis dessa tarde, e ainda do repenicado beijo que dei num policia que era quem estava ao lado naquele minuto 83. Em respeito por eles, não estou a ver o nosso adversário a celebrar o que quer que seja em território sagrado. Que o façam na sua casa: nada contra, com ou sem túneis, respeitemos os campeões, algo que pequenamente não têm feito, mas na nossa casa... NÃO!!
p.s. Momentos de vida de um simples Portista como eu, dedicados à memoria do meu Pai.
A poucas horas/dias do embate, sinto-me em estágio: mas atenção, os velhos ditos, que aconteciam de quinta a domingo, alguns deles à frente da minha janela, na Baltazar do Couto, de Vila do Conde. Um dos desportos favoritos dos jogadores do FCPorto da época, era a tentativa de engate de algumas das minhas vizinhas, que pelo que sei, nunca foram coroadas de êxito. Valdemar, Pavão, Atraca e outros, bem mandavam piropos, às escondidas do grande Zé do Boné que e para o delírio da criançada da época, lá aparecia nos jardins circundantes, para alguma partidas e, "magias" de bolso confirmando que nem a feijões, leia-se às cartas, ou a jogos lúdicos gostava de perder... os antigos deste local de "cumbibio" digital, pelos nomes que escolhi mais a referência ao Mestre, captam que se trata da histórica época de 1968/1969, a que ditou a sua "expulsão" do clube, e a perca do título a 3 jornadas do fim: os 2 pontos de avanço, transformaram-se num ponto de atraso, após os bizarros jogos caseiros com o União de Tomar e com a Académica, para depois tudo ficar selado com o empate a 0 na Luz, já sem Pedroto no banco e com uma invasão de cerca de 20.000 portistas que não chegou para, e após mais uma trapalhada (a repetição do Sanjoanense-Benfica), vencer o título que já escapava há 10 anos, aos quais se juntaram mais 8, como todos bem sabem..
Era onde queria chegar, ao meu Porto-Benfica de sempre. O de 1978. O dos 80.000 em oração, em comunhão, em delírio, unidos num grito de revolta que nunca mais escutei, fosse onde fosse, mesmo nos grandes concertos de rock e pop a que tenho assistido por esse mundo fora. Era Maio, mais um Maio maduro como diz o poeta. O calor era febril, o céu azul e mais azul, azul que ia desbotando à medida que o relógio avançava para o ponto final: Shéu ganha uma bola a meio campo, abre para Diamantino (o louro, não o de Sarilhos Pequenos) que, e na, linguagem actual, assiste em diagonal para o espaço vazio, que Humberto Coelho ocupa; como um autêntico comboio, em linha recta, o Homem de Ramalde, dirige-se para a "estação" de Campanha, leia-se para as redes defendidas pelo Fonseca...
Creio que o "Tribunal" inteiro ocupou as redes, e que se fizeram magias, e se rogaram pragas durante os infernais segundos que nos condenavam a mais uma desgraça. Da minha parte, apertado à saída de um dos Túneis de acesso, fiz o que pude: chamei-lhe todos os nomes, fechei os olhos, implorei a Deus e ao Diabo e devo ter mandado o bom do Humberto um milhão de vezes para o c******... tudo, francamente tudo o que coube nos segundos que pareciam minutos, à beira do precipício. Uma vez mais...
Isolado, Humberto prepara o tiro de misericórdia, tal e qual um carrasco de Louis XIV: milagrosamente, até porque o número 3 raramente falhava em momentos como este, mas desta vez a bola embateu na base da trave, saltou para o coração da pequena área onde apareceu o Enorme Rodolfo: não sei ainda hoje como foi possível, e o próprio capitão ainda não me conseguiu explicar como resolveu um lance que parecia "infernal"; quem sabe levará o segredo para a eternidade, ou e mais provavelmente, como todos os outros 80.000 não faz a mínima ideia como foi possível um milagre deste quilate, e desculpem-me os católicos a semi blasfémia, de recorte Mariano, no seu respectivo mês...
Só sei que uns minutos depois, o golo de Ademir, alterou a História, e como Portistas, as nossas vidas. 22 anos depois, um outro Maio, um outro FCPorto vs SLBenfica, talvez menos importante, mas não menos simbólico. Lembrei-me desta história e dos 80.025 heróis dessa tarde, e ainda do repenicado beijo que dei num policia que era quem estava ao lado naquele minuto 83. Em respeito por eles, não estou a ver o nosso adversário a celebrar o que quer que seja em território sagrado. Que o façam na sua casa: nada contra, com ou sem túneis, respeitemos os campeões, algo que pequenamente não têm feito, mas na nossa casa... NÃO!!
p.s. Momentos de vida de um simples Portista como eu, dedicados à memoria do meu Pai.
Já são 32 anos desde esse Maio de 1978. Mas por mais que repitam pomenores desta história bonita NÃO ME CANSO nunca de ler e me deliciar com cada palavra cheia de sentimento que o nosso AC aqui nos traz. Esse jogo foi especial, foi um virar de página no desporto Nacional.
ResponderEliminarPS- e sei tb que foi um jogo especial para o pai do AC. ABRAÇO.
Caríssimo Álvaro, eu fui dos que rezei e pensava que tinha sido graças a mim, mas depois olhei para o lado e todos tinham rezado...Valeu o egoísmo do Humberto, pois o Nené estava melhor colocado para fazer o golo...Bem depois e quando muitos, de cabeça sobre os joelhos, já não acreditavam, surgiu o golo de Ademir, o golo como dizes, que mudou a história e eu e tu e muitos como nós, puderam finalmente beber água...que atravessar um deserto de 19 anos não é fácil.
ResponderEliminarUm abraço
Sim senhôre,
ResponderEliminarSó não tenho pena de não ter memória deste jogo, Sr. Antas, porque isso quer, inevitavelmente, dizer que sou ligeiramente mais novo.
Mas também já rezei. E lembro, entre outras, aquela bola rematada pelo Madjer, na Intercontinental, em pleno gelo em que rezei, bufei, empurrei e não é que o raio da bola lá passou a linha de meta.
Abraços PORTISTAS
Meu caro Álvaro,
ResponderEliminarNesse jogo, no mês de Maio de 1978, sob um calor tórrido, cheguei à Antas com mais de 2 horas de antecedência e já fiquei numa das últimas filas tal era a loucura. Todos acreditávamos que, finalmente, seríamos campeões mas, aquele autogolo de Simões e o desenrolar do jogo com especial destaque para essa perdida do Humberto Coelho, começaram a minar a nossa confiança que explodiu a 7 minutos do fim.
Nunca me esquecerei desse campeonato que vencemos (o primeiro a que assisti até porque o Porto ainda não tinha sido campeão desde o meu nascimento) que foi aquele em que mais sofri uma vez que esse jogo só tem comparação com a Final de Sevilha ou a Taça dos Campeões em 85. Além disso, nunca tinha visto uma festa como aquela. Foi a verdadeira loucura 2 semanas depois quando o Porto se sagrou efectivamente campeão. A festa no estádio estendeu-se a toda a cidade e foi celebrar durante toda a noite.
No domingo, apesar de nada ter a ver com esse jogo de 78, era muito importante ganhar independentemente de sabermos que, para os gayvotas não festejarem o título, nós estaremos automaticamente fora da Champions do próximo ano.
Apesar do meu ódio de estimação a tudo o que seja gayvota (seja em futebol, andebol ou sameirinha em pista coberta) o que eu espero é que seja um jogo limpo e que o Porto ganhe.
O meu pai era um doente, mas na familia ainda existe outro, felizmente vivo, o meu tio anotnio frade da costa, um dos responsaveis pela vinda para o fcp do malagueta, chico gordo, helder e rui ernesto, seninho, entre outros , vindos ou do fc benguela ou do fc lobito, de que ele foi presidente..
ResponderEliminarmas nessa tarde , ao " pior" estilo transmontano, decidiu que eu nao tinha ainda estalec apara um jogo destes, e resolveu proibir me de ir as antas: felizmente aminha avò , vivia perto e claro fugi de casa, e concentrei me na zona do tribunal, apesar de ser socio de bancada..a ideia era que seria mais facil deixarem me entrar, o que aconteceu, ja durante a segunda parte..a multidao era de tal ordem , que acredito que 80.000 é um numero modesto: se a lotaçao oficial das antas, andava a volta dos 50.000, e se 2 ocupavam 1 lugar, pelo menos era assim que me recordo no tribunal, nao andaremos longe dos 90. e tal mil ....se recordo esta tarde no meu post, é porque acho importante que os mais novos conhecam a historia do clube e o seus momentos misticos.como este, que iniciou a caminhada actual...
ac
Meus caros,
ResponderEliminarAqui está o golo da viragem, o golo de Ademir, nesse jogo nas Antas.
http://www.dailymotion.com/video/xb91l3_fcporto-1977-78-golo-de-ademir-cont_sport
Arrepia ver e ouvir o som dos adeptos nas bancadas!
Penso até que se consegue ver o Álvaro Costa e o Vila Pouca por lá...
Porventura alguém terá um resumo deste jogo e de outros dessa época de 1977/78 e da seguinte, e, já agora, da Taça de Portugal conquistada em 1977, nas Antas, frente ao Braga, que nos possa facultar?
Um abraço