12 abril, 2010

Algumas reflexões…

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

Grande parte da comunicação social portuguesa (há sempre bons e raros exemplos!) constitui um fenómeno que muito bem poderia ser a base de um trabalho de investigação científica que teria como título: “Mandar a isenção (um dos principios fundamentais do jornalismo) às urtigas!”.

O alarido feito à volta da arbitragem do Braga vs Guimarães da passada jornada é bem contrastante com os pouquíssimos elogios feitos à excelente prestação do Braga neste campeonato nacional. Se calhar o facto do Braga ainda lutar com o pré-anunciado campeão nacional ajuda à triste campanha de desvalorização e retirada de mérito de tudo o que de bom o Braga tem feito este ano. Parece que a comunicação social só se lembrou do Braga aquando da arbitragem do derby do Minho, porque o mérito dos bracarenses em ainda lutarem pelo título de campeão nacional, este tem sido muito pouco.

O problema é que o Braga adquiriu humildemente jogadores como Miguel Garcia e tem um orçamento de 8M€ e o seu adversário adquiriu grandes estrelas mundiais e tem um orçamento de várias dezenas de milhões de €. Se calhar o grande problema é que o Braga ainda luta pelo título, pelo que é o único pormenor que está a falhar no guião predefinido que a época 09-10 há muito parece ter: Campeão predefinido a bem da produtividade do país e do bem-estar do Zé-povinho, tão frustrado com as muitas agruras do seu clube nas ultimas décadas. O Braga é mesmo a última espinha na garganta de muita gente.

Igualmente ridículo e triste foi ver a forma desesperante e deprimente como a comunicação social tratou da última jornada europeia do futebol português. Se uma derrota por 5 golos em Londres frente a um Arsenal que luta pelo título e numa competição tão difícil como a Liga dos Campeões (a 1ª divisão europeia!) é considerada uma “humilhação” e “vergonha nacional”, alvo do falatório nacional durante muitas semanas, sempre pensei que fosse dado o mesmo relevo àquilo que aconteceu na ultima 5ª feira europeia.

Então não é que o melhor Benfica dos últimos 20 anos (não é o que todos dizem?) foi goleado pelo pior Liverpool dos últimos 15 anos numa competição que constitui a 2ª divisão europeia, e o que disseram os jornais? Pois, foi uma “lição para o futuro”, um simples “traumatismo” ou apenas uma “noite menos boa”. Esta constante intoxicação da comunicação social é frequente e cada vez mais uma realidade. O pior é que muita gente cai no “engodo”...

Ao ver o jogo do Leiria vs Braga, dei por mim a pensar: Mas este Alan, o grande motor ofensivo de um Braga que caminha a passos largos para um lugar na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, e que tem feito uma excelente época será pior jogador que por exemplo o Mariano Gonzalez? De seguida, pensei noutros dois nomes; Vieirinha e Paulo Machado. Logo questionei o seguinte, será que estes dois jogadores, formados no FC Porto, fariam pior figura que um Valeri, um Guarin, um Prediger ou um Beluschi? Por fim, pensei: mas que aproveitamento será dado à excelente época que Castro e Ukra têm feito no Olhanense? Para o ano terão as mesmas oportunidades no onze inicial que a maioria dos estrangeiros que todos os anos contratamos aos “caixotes”?

Estas minhas últimas questões estão intimamente ligadas com uma situação que mais cedo ou mais tarde terá de ser resolvida. A escolha do treinador das próximas épocas. Jesualdo já fez o seu bom percurso e devemos-lhe muito, mas penso ser a altura de dar lugar a sangue novo, a novas ideias e sobretudo ao corte de algumas práticas que não têm sido boas do ponto de vista da escolha dos jogadores. A aposta terá de ser em alguém arrojado, sem medos e, MUITO IMPORTANTE, que não olhe a nomes, nem a nacionalidades na escolha do onze inicial. No fundo, uma escolha de ruptura com o que de mau tem sido feito, e de continuidade com a hegemonia que o FC Porto detém nas últimas décadas. Tem a palavra quem decide...

5 comentários:

  1. "A aposta terá de ser em alguém arrojado, sem medos e, MUITO IMPORTANTE, que não olhe a nomes, nem a nacionalidades na escolha do onze inicial"

    De acordo.

    Um abraço.

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  2. Excelente post. Parabéns.

    http://misticadodragao.blogspot.com/

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  3. Mas devemos alguma coisa ao Jesualdo?

    Francamente, fiquei preocupado com o que li aqui! Será que devemos alguma coisa a Jesualdo Ferreira? Será que a FC Porto Futebol SAD não tem pago ao seu treinador principal os ordenados e prémios de jogo que acordou e de acordo com o seu contrato?
    Não brinquem! Se tem pago pontualmente o que está acordado não devemos nada! Jesualdo Ferreira numa longa carreira de treinador jamais havia conquistado qualquer título! No FC Porto, entre outros, foi três vezes campeão nacional! Cumpriu o seu trabalho o melhor que sabia (não muito!) e o clube cumpriu com o que tinha acordado! Ninguém ficou a dever nada creio!

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  4. Dragão 13

    Parece que há uma pequena confusão entre o espírito daquilo que eu escrevi e aquilo que você interpretou.
    Quando referi que devemos muito a Jesualdo, referia-me à gratidão (é um sentimento que eu prezo muito) que todos os portistas devem ter acerca do bom trabalho que o tecnico realizou ao longo destes 4 anos de trabalho no FCP.
    Gratidão por 3 títulos nacionais ganhos, por uma supertaça, por uma Taça (podem ser duas com a deste ano) e por uma hegemonia interna significativa... Gratidão por termos sempre passado a fase de grupos da Champions League, inclusivé atingindo os quartos-final na época 08-09, sendo apenas batidos por um golo do outro mundo de Cristiano Ronaldo!
    Jesualdo trabalhou sempre de forma séria e racional, com tudo aquilo que lhe possamos apontar, mas sempre com imensa seriedade e também educação (há os que a tem, e depois há aqueles que não tiveram...porque educação adquire-se em casa desde cedo)...

    "Jesualdo Ferreira numa longa carreira de treinador jamais havia conquistado qualquer título!"

    E pergunto-lhe: Que títulos tinham Mourinho, Antonio Oliveira, Adrianse, Fernando Santos ou Artur Jorge antes de ir para o FCP?

    A mim, não me faz confusão nenhuma reconhecer o trabalho meritório de quem tanto ganhou no nosso clube, mesmo que volte a insistir que o ciclo de trabalho de Jesualdo no FCP tenha acabado.

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  5. @ RCBC

    concordo com as ideias explanadas no 'post', mas principalmente com as explicações no comentário anterior.
    penso exactamente da mesma forma.

    de facto e apesar de toda a gratidão para com o Professor Jesualdo Ferreira, há três "situações" que tenho que lhe apontar:
    1) a "casmurrice", patente, por exemplo, na utilização rígida de um esquema táctico que, por vezes, não se coaduna com o plantel à disposição;
    2) a teimosia e persistência em fazer substituições a partir dos 60' de jogo;
    3) o sub-aproveitamento do projecto "Visão 6/11", cujos nomes que identificou são alguns dos vários exemplos espalhados por essa Europa do futebol fora.

    saudações PENTACAMPEÃS!

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