21 agosto, 2012

Falsa partida

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Como sou uma pessoa tendencialmente positiva, vou começar esta crónica referindo os aspectos que mais me agradaram no jogo Porto-Gil Vicente. Não há dúvidas que melhorámos em relação à época passada. Em primeiro lugar, o Álvaro Pereira não tentou espancar nenhum adepto Portista à saída do Estádio Municipal de Barcelos. Um progresso civilizacional que deve ser registado. Em segundo lugar, a temporada transacta tínhamos perdido naquele campo e agora conseguimos empatar. Com muito boa vontade, isto são dois pontos positivos - especialmente o primeiro ponto.

Vamos agora à parte mais desagradável. No final do jogo de Barcelos, Vítor Pereira veio dizer que a equipa não teve a atitude certa na primeira parte. Ora ouvir Vítor Pereira dizer isto é o equivalente a um jardineiro responsável por um determinado jardim vir dizer que a relva está mal aparada e que as flores estão a murchar. Ou seja, como comentador do jogo, Vítor Pereira esteve impecável na sua análise - foi exactamente isso que se passou. Como treinador do FC Porto, que é pago para resolver o que está mal e não se limitar a olhar para equipa como se de um elemento externo se tratasse, Vítor Pereira começa da pior maneira a nova época. Uma coisa é uma equipa a jogar com o piloto automático. Outra coisa é jogar sem piloto nenhum.

Este futebol (que já vem da última época) com sucessivas e prolongadas trocas bola a meio-campo com passes para o lado e para trás é como ter um Ferrari e não o tirar da garagem. Hulk disse que o Gil Vicente fez antijogo. Infelizmente, caro Hulk, no futebol, ao contrário de outros desportos, não existe essa mariquice do “antijogo” ou do “jogo passivo”. Como tal, não vale a pena andar com este tipo de choradinhos. Num jogo de futebol, o golo é um metal raro e há que valorizar quem o descobre. É essa a magia do futebol. Vale a pena tentar desculpar uma primeira parte em que alguns jogadores andaram no relvado a pensar mais nos contratos e no mercado do que em marcar golo.

É-me sempre difícil escrever depois de um mau jogo. É como estar a recordar o local de um crime de que fui vítima. Nesse sentido, a sensação que tive em Barcelos foi a de alguém que vai jantar a um restaurante na expectativa de reencontrar alguém que não vê há muito tempo, comer uma boa refeição, beber um bom vinho, mas vai-se a ver e acaba servido por um empregado macambúzio que me serviu a contra-gosto (apesar de ser pago para estar ali) uma dose de comida deslavada que não deu prazer nenhum para além de me matar alguma fome de bola que já vinha acumulando desde Maio.

Como já tive oportunidade de defender, em tempos de crise e contenção, cortar no tempo de jogo de futebol até me parece uma boa ideia. É pena que na bilheteira do Dragão não se possa também pagar "meio-bilhete". Se os nossos jogadores continuarem a jogar só metade dos 90 minutos, talvez não seja mais justo que só recebam metade dos seus milionários salários?

Bom, nem tudo foi mau neste fim-de-semana. Felizmente, os encornados tiveram a feliz ideia de jogar sem lateral esquerdo e isso ajudou a minorar os danos da nossa péssima exibição em Barcelos. Temos que pensar que o campeonato é como se começasse agora - isto assumindo que a Olhanense, actual líder isolado do campeonato, ainda vai perder alguns pontos até ao final da época. Espero que já no próximo jogo com o V.Guimarães a equipa possa deixar outra imagem. Até lá é esperar que o mercado feche para sabermos ao certo aqueles com que podemos contar para as duras batalhas que nos esperam.

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