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26-07-2012
Eu sou do tempo em que o futebol era um divertimento barato. Jogava-se aos domingos à tarde, o único dia da semana livre de trabalho. Os sócios não pagavam para ir aos jogos. Os campos, tal como os comboios, dividiam-se em três classes - o peão (a pé), as superiores (a segunda classe, atrás das balizas) e as bancadas - todas com lugares expostos ao sol, ao vento e à chuva.
O futebol cresceu como uma espécie de novo ópio do povo e era o desporto favorito dos operários até que a televisão se meteu no assunto e lhe mudou a alma.
A televisão começou por aproveitar a bela campanha dos Magriços no Mundial 66 para se massificar. Milhares de famílias portuguesas aproveitaram a ocasião para comprarem o seu primeiro televisor.
Mais tarde, a explosão, um pouco por toda a Europa, de canais privados de televisão, que na sua voracidade por audiências e novas estrelas se apoderaram deste desporto, fez-se sentir em Portugal quando, em 1991, a SIC usou o futebol na campanha para que os portugueses sintonizassem o terceiro canal nos seus televisores, ao comprar os direitos para a transmissão de jogos entre F.C. Porto, Benfica e Sporting.
O futebol deixou de ser o jogo de domingo à tarde. Uma jornada em que todos os desafios se jogam ao mesmo tempo é um enorme desperdício. Por causa da televisão, passou a haver futebol à sexta à noite, ao sábado à tarde, ao sábado à noite, ao domingo ao fim da tarde, ao domingo à noite e à segunda à noite.
Ao inundarem-no de dinheiro, transformaram o futebol num negócio. O futebol ao vivo deixou de ser um espetáculo barato. Os antigos utentes do peão e da superior foram atirados para o sofá de sua casa ou a mesa de um café com Sport TV.
Agora, o futebol joga-se em estádios modernos, com lugares marcados e protegidos dos rigores dos elementos, onde as empresas alugam camarotes, ao preço de T3 com vistas para o mar, onde os convidados beberricam um copo de vinho branco enquanto apreciam a partida.
A caixa que mudou o Mundo foi a gasolina que alimentou a inflação louca que se apoderou do futebol.
Em 1980, Laurie Cunningham, a vedeta número 1 do Real Madrid, ganhava 55 salários mínimos. Hoje, Ronaldo recebe mensalmente o equivalente a 168 salários mínimos.
O futebol viciou-se nas receitas extraordinárias, em particular nas provenientes da venda dos direitos televisivos. É isso que explica a teimosa irracionalidade do Benfica em pedir 40 milhões de euros pela transmissão de 14 jogos.
O problema é que o dinheiro passou a ser um fator escasso, a publicidade está a mirrar, os patrocinadores a falir ou a apertar o cinto, os canais de televisão estão com os bolsos vazios e os Al Mansour e Abramovich já não chegam para disfarçar a crise, que inevitavelmente acabaria por chegar ao futebol. A bolha começou a rebentar. A maré começou a descer - e é só quando a maré desce que se vê quem anda a nadar nu.
fonte: jn.pt, por jorge fiel
Eu sou do tempo em que o futebol era um divertimento barato. Jogava-se aos domingos à tarde, o único dia da semana livre de trabalho. Os sócios não pagavam para ir aos jogos. Os campos, tal como os comboios, dividiam-se em três classes - o peão (a pé), as superiores (a segunda classe, atrás das balizas) e as bancadas - todas com lugares expostos ao sol, ao vento e à chuva.
O futebol cresceu como uma espécie de novo ópio do povo e era o desporto favorito dos operários até que a televisão se meteu no assunto e lhe mudou a alma.
A televisão começou por aproveitar a bela campanha dos Magriços no Mundial 66 para se massificar. Milhares de famílias portuguesas aproveitaram a ocasião para comprarem o seu primeiro televisor.
Mais tarde, a explosão, um pouco por toda a Europa, de canais privados de televisão, que na sua voracidade por audiências e novas estrelas se apoderaram deste desporto, fez-se sentir em Portugal quando, em 1991, a SIC usou o futebol na campanha para que os portugueses sintonizassem o terceiro canal nos seus televisores, ao comprar os direitos para a transmissão de jogos entre F.C. Porto, Benfica e Sporting.
O futebol deixou de ser o jogo de domingo à tarde. Uma jornada em que todos os desafios se jogam ao mesmo tempo é um enorme desperdício. Por causa da televisão, passou a haver futebol à sexta à noite, ao sábado à tarde, ao sábado à noite, ao domingo ao fim da tarde, ao domingo à noite e à segunda à noite.
Ao inundarem-no de dinheiro, transformaram o futebol num negócio. O futebol ao vivo deixou de ser um espetáculo barato. Os antigos utentes do peão e da superior foram atirados para o sofá de sua casa ou a mesa de um café com Sport TV.
Agora, o futebol joga-se em estádios modernos, com lugares marcados e protegidos dos rigores dos elementos, onde as empresas alugam camarotes, ao preço de T3 com vistas para o mar, onde os convidados beberricam um copo de vinho branco enquanto apreciam a partida.
A caixa que mudou o Mundo foi a gasolina que alimentou a inflação louca que se apoderou do futebol.
Em 1980, Laurie Cunningham, a vedeta número 1 do Real Madrid, ganhava 55 salários mínimos. Hoje, Ronaldo recebe mensalmente o equivalente a 168 salários mínimos.
O futebol viciou-se nas receitas extraordinárias, em particular nas provenientes da venda dos direitos televisivos. É isso que explica a teimosa irracionalidade do Benfica em pedir 40 milhões de euros pela transmissão de 14 jogos.
O problema é que o dinheiro passou a ser um fator escasso, a publicidade está a mirrar, os patrocinadores a falir ou a apertar o cinto, os canais de televisão estão com os bolsos vazios e os Al Mansour e Abramovich já não chegam para disfarçar a crise, que inevitavelmente acabaria por chegar ao futebol. A bolha começou a rebentar. A maré começou a descer - e é só quando a maré desce que se vê quem anda a nadar nu.
fonte: jn.pt, por jorge fiel
Muito bem escrito.. apesar de ser o meu desporto de eleição não gosto desse lado do futebol.. que infelizmente aumenta de dia para dia.
ResponderEliminarBoa tarde,
ResponderEliminarJá é Dejà vu , mas parece que para certos portistas entram em paralaxe com as notícias dos pasquins da capital.
É verdade que certas medidas da SAD do FCP parecem não ter nexo e algumas depois no futuro (jogar no totoloto no dia seguinte é fácil) provam que não foram o mais corretas, no entanto à que ter em consideração.
1º A SAD do FCP no passado provou ser a mais competente do mundo
2º Neste negócio entram para além da questão (que tem muito com o tempo/oportunidade) económica os fatores imponderáveis (humanos) das vontades dos jogadores/famílias/empresários….
3º Para quem ler os relatórios do último trimestre (eu li o do FCP e o do 5LB) fica claro várias coisas: desde logo são das SAD e não são conciliados, isto é não se sabe o que acontece com as contas dos clubes.
4º O 5LB apresenta uma contabilidade mais engenhosa para cumprir o artº 35 do POC, isto é apresentava uma SL positva quase nula e se considerarmos que apresenta uma venda do frangueiro de quase 9 M, dá para perceber que a CMVM deve estar a dormir,
5º O FCP tinha uma situação de tesouraria complicada mas os chifrudos apresentam um passivo bancário do tamanho da Torre dos Clérigos
6º Aliás parece que os clubes da capital devem ter descoberto o petróleo, pois que para os lagartos (falência técnica) e para um orelhas que dizia que ter contenções (perto da falência técnica) estão com muita facilidade nas aquisições,
7º Os lagartos têm apresentado compras a “custo zero” quando tonos nós sabemos que não almoços grátis e que está a ser julgado o caso JP que dito custo zero e envolveu 5 milhões,
Isto é uma pequena resenha para dizer que o que se escreve e a verdade é uma ficção
Saudações
Caro Silva Pereira
ResponderEliminarPeço desculpa mas no seu comentário existe uma confusão. O tal RC do 3º Trimestre, refere-se à SAD. Esta apenas consolida as sociedades Porto Comercial, Porto Multimédia, Porto Estádio, Porto Seguro e uma nova sociedade Dragão Tour Agência de Viagens. Pode ver no referido relatório (pág. 20).
O FCPorto/Clube não é uma sociedade da Porto SAD, logo não pode nem deve “entrar” na consolidação. A seu tempo, o clube apresentará as suas Contas. Provavelmente o meu caro quer referir-se ao Grupo Futebol Clube do Porto, do qual o Clube é o expoente máximo, assim como existe o Grupo SLB e o Sport Lisboa e Benfica
São coisas diferentes. O Clube é uma Associação Desportiva. A SAD é uma Sociedade Anónima, da qual o primeiro detém 40%. Quando se fala, por exemplo, dos mais de 500 milhões de Passivo do Benfica, estamos a englobar o conjunto de todas as empresas, sociedades e clube relacionados. O Passivo da SAD deles, por enquanto, é de “apenas” um pouco mais de 400M€.
Mas não há problema, percebeu-se o que quis dizer. É um engano frequente, misturar-se as Contas do clube com as da SAD. Quando ao art. 35º nenhum dos 3 grandes o cumpre.
Abraço
PS - Desculpe outra vez mas os artigos do Jorge Fiel são excelentes.