17 maio, 2008

Um olhar de fora…

Eu não sou portista, mas tal facto não me impede de encarar os factos com seriedade e de os tratar como tal; factos e não convicções. Presentemente tenho que confessar que já não consigo calar a minha revolta e estupefacção pelo momento que atravessa Portugal.

Assistimos, neste momento, ao assassinato social de uma personagem pública, em absoluto frenesim mediático e perante o gozo, finalmente alforrio, de três quartos do país. Pinto da Costa é o seu nome e atrás dele arrasta-se pelo chão o nome do clube a que ele preside – o Futebol Clube do Porto.

Na entrega dos Globos de Ouro, onde o Jesualdo Ferreira recebeu o galardão de treinador do ano, as vaias e apupos que se ergueram só não foram mais explícitas na transmissão televisiva por causa das palmas pré-gravadas; esta reacção fez-me corar de vergonha como se tivesse sido eu o alvo. Perante a audiência das elites mediáticas sufragou-se o nojo do país por tal clube e presidente.

No dia seguinte a um outro espectáculo mediático, este o da leitura da sentença da Liga de Clubes, publicaram-se notícias sobre a perda de sigilo bancário de Pinto da Costa em relação a contas de empresas suas, vítimas de denúncias de Carolina Salgado. Quando o inimigo cai no lodo não se deve cometer o erro estratégico de o deixar levantar; as solas das botas servem para alguma coisa.

Mas afinal qual a causa que levou, finalmente, à condenação, não dos tribunais – que estes são o que sabemos – mas em sede da opinião publica (desportiva?), do homem por causa de quem foi formada a segunda equipa especial de investigação do Ministério Público em toda a história da terceira república em Portugal. Antes desta só uma foi criada e foi-o para investigar um outro fenómeno de "proporções equivalentes": as FP 25 de Abril.

O que está aqui em causa não é se ele é corrupto ou não. Eu disso não sei e se o for não sei se é muito diferente dos que o perseguem, inclusive dos que dirigem o meu clube. O que está aqui em causa são duas acusações específicas, ocorridas numa determinada data, envolvendo determinadas pessoas. Acusações que são o corolário de anos de investigação por parte da mais cara e mais "independente" equipa de investigação em Portugal e que continuamos a pagar como se não houvesse problemas mais graves a resolver neste pais. Por mais que alguns queiram, não se trata de absolutamente mais nada.

Todos os que comentam este caso confessam, em privado ou na televisão, o seu desconhecimento do processo, mas no entanto louvam a coragem da condenação. Como é possível? Que estado de loucura é que nos atingiu?

De certeza que não é por causa das escutas telefónicas que Pinto da Costa será condenado, porque se for, não se compreende por que é que as escutas que mostram Luís Filipe Vieira, João Rodrigues e Veiga a escolher árbitro e pedir favores, e que foram publicados nos mesmos jornais, não deram origem a processos.

De certeza que não é por causa do testemunho de Carolina, porque em qualquer parte do mundo ela não seria considerada uma testemunha credível. Não por causa do seu passado de alterne, mas porque é uma companheira desavinda e com pronunciada e notória intenção de denegrir o antigo companheiro. Para além disso nunca conseguiu apresentar qualquer prova do que afirmou, exibindo apenas testemunhos contraditórios. E testemunhos valem o que valem. Todos podemos dizer mal ou bem de quem nos apetecer.

Pinto da Costa é condenado porque existe uma generalizada convicção de culpa. De que é corrupto e que arquitecta os resultados do clube a que preside à mais de vinte e cinco anos e que portanto este não os merece e que lhes deviam ser retirados. Esta convicção continua a ser uma convicção e não uma certeza, depois do falhanço da toda-poderosa equipa de Morgado em apurar factos novos e emancipados da Carolina. Neste momento a equipa da eminente magistrada investiga transferências de jogadores do FCP e mais recentemente empresas de Pinto da Costa para apurar fugas ao fisco. Tudo com base nas informações de Carolina. Já não se trata de futebol. É a procura de um ponto fraco, do calcanhar de Aquiles. Trata-se de um inimigo que urge abater a qualquer custo. Se doer melhor. Eu nisto não me revejo.

E quem possui, então, esta convicção tão forte que até se confunde com uma certeza? Esta convicção que desmobiliza qualquer interesse sobre aspectos legais ou morais e apenas direcciona para o pelourinho. Os adeptos do Porto não a têm, claro. Têm-na os adeptos dos seus dois clubes realmente rivais, os quais constituem perto de três quartos dos adeptos em Portugal.

E como é possível que massas tão colossais de pessoas tenham crenças tão parecidas ou tão diferentes?

A explicação não me parece difícil. Todos se lembram do campeonato ganho pelo Sporting em 1999/2000? Pois o Sporting chegou ao último jogo com dois pontos de vantagem sobre o Porto, depois de o segundo ter sido "roubado" de uma forma – mesmo eu tenho que admitir - inacreditável, por Bruno Paixão em Campomaior. Os meus amigos portistas ficaram cabalmente convencidos da corrupção desse campeonato que lhes roubou o "Hexa".

No ano seguinte o mundo do futebol escandalizou-se com a benevolência com que o "sistema" permitiu ao Boavista molhar a sopa em praticamente todos os relvados do país, deixando uma esteira de mortos e feridos nas fileiras adversárias.

Em 2001/2002 o Sporting ganhou um campeonato em que os adeptos contrários se indignaram com o número de jogos resolvidos com penaltis. As suspeitas foram como de costume descomunais.

Em 2004/2005 o Benfica arrecadou um campeonato invulgar, pisando com pezinhos de lã o que se convencionou chamar de "passadeira vermelha". Mais uma vez foi grande e generalizada a revolta e a suspeita.

Ora, este curto parágrafo contém a descrição de todas os campeonatos ganhos por equipas adversárias do Porto desde 1994 e isto é que constitui o cerne do problema. Basta aplicar a fórmula explicada em cima para se perceber o porquê do ódio ao Porto e da convicção, por parte dos adversários, da sua culpa e da do seu presidente que tem permanecido o mesmo.

Neste país ninguém ganha por merecimento. Tudo ganha na batota. Ganhasse o Porto dois campeonatos por década e era um clube simpático e o presidente um tipo culto que até declama poesia, passe a pronúncia.

É claro que existe corrupção no futebol. Ninguém é ingénuo. No futebol e na politica, nas modalidades amadoras e sociedades recreativas. A corrupção existe onde existem interesses. Nas mesas de café, por entre cervejas e tremoços, os amigos e conhecidos repartem amigavelmente estas histórias e convencimentos, riem-se do golo que marcaram com a mão e ofendem-se com a vista grossa feita à bola que bateu em pelo menos 15% do ombro e portanto deveria ser penalti.

Falta apenas o catalisador de todas estas energias, positivas e negativas e o catalisador são os media. No momento em que escrevo este texto não sei quantas pessoas o vão ler, mas se o fizer na televisão sei que vai ser escutado por milhões. Os dirigentes dos clubes que não ganham o suficiente, ou então velhas comadres desavindas, extravasam os seus ódios e dissimulações nos meios de comunicação e catalisam todas as frustrações dos adeptos que conduzem da mesma forma que os políticos gerem os povos nos comícios e mesas de voto.

Temo que o processo tenha ido longe demais e apenas a justiça civil tenha oportunidade de repor o estado de direito que permanece na aparência mas que foi suspenso de facto. Nesta sociedade, quem acusa tem que provar, não o contrário. Nesta sociedade, perante a justiça, causas iguais originam processos iguais. Não pode haver descriminação. Não pode haver perseguição.

Aquilo que está aqui em causa é apenas demonstrar se os dois acontecimentos de que Pinto da Costa é acusado são provados ou não. O resto é política, mediatismo ou clubite.

Quando a chacina de uma pessoa por causa de campeonatos ou outra coisa tão mesquinha como esta, é permitida - gostemos da pessoa ou não da pessoa, e eu não gosto - mais vale passarmos mudarmos de vida. No fim, o trago será sempre amargo. Assim não vale a pena.

# autor desconhecido

9 comentários:

  1. Caros amigos que Domingo estarão na final do Jamor:
    Perante este texto de elevado sentido de justiça e isenção, não calem as vossas vozes e gritem até que a camada de ozono abra mais uma brecha e que queime todos akeles que por ignorância ou clubite aguda tentam denegir a imagem do nosso mágico FCP e do nosso presidente Jorge Nuno Lima Pinto Da Costa.

    P.S. Já agora apoiem incondicionalmente os nossos bravos heróis para assim darmos um murro em cheio no focinho de todos esses animais que se acham gente.

    Saudações Azuis e Brancas,
    Vitor "Bitinha" Alves

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  2. a verdade nua e crua do nosso pequeno Portugal... uma sugestão e porque não enviar este texto para todas as pessoas que conhecemos, jornais, revistas, televisões etc...

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  3. Tá bem , tá certo , eu envio tudo !
    Mas antes vamos mas é votar no Lixa porque esta-se a dar um tal milagrito cibernético com o Vi-Ga, e haverá que contra atacar por aí !
    (Por mim já votei. E tu votaste?)

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  4. Blue eis a verdade que alguns teimam em não ver.É pena que muitos portistas não tenham sido capazes de ver tudo que está por trás do apito.
    Acho que este post é fundamental, pela clareza com que explica toda esta sujeira, toda esta pouca vergonha.
    Isto meus amigo vai muito para além de P.da Costa e tem a ver com futuro do F.C.Porto.
    Eu sei o que tivemos de ultrapassar para aqui chegarmos, mas sei também que se baixarmos a guarda,corremos o risco de ter grandes desilusões no futuro.
    Até logo em Matosinhos.

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  5. acho interessante que todos os portistas vejam este link dpo Jornal Sol e vejam um comentário sobre tudo o que se passa e passou no apito dourado...

    http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Desporto/Interior.aspx?content_id=93596&tab=community

    texto intyegral do apito encarnado

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  6. Lutar pela nossa honra...
    Lutar pelos direitos que nos querem ser retirados...
    Lutar pela perseguição de que temos sido alvos...

    Como diz o poeta Manuel Alegre - «A mim ninguém me cala...»

    Podemos ser menos nesta luta, mas temos de ser bravos, afinal menos tropas e menos recursos nunca significaram derrotas...

    Um exemplo que me vem sempre à memória é a «Winter War» entre a Finlândia e Rússia que com uma desproporção de 4-1 em soldados de 300 para 1 em tanques ou de 30 para 1 em aviões deram tamanha tareia nos Russos que eles foram embora com o rabinho bem enfiado entre as pernas...
    Essas são mais ou menos as desproporções que temos em número de adeptos, de peso na comunicação social ou em lugares de decisão. Mas podemos ser fortes, bravos e ganhar também a nossa batalha!!!


    Lutemos pelo bem do FCP e do seu presidente que tantas alegrias já nos deu.
    Nos momentos mais dificeis não se pode abandonar ou deixar a deriva um barco que nos levou tantas e tantas vezes «a bom porto»...

    Facemos passar esta e muitas outras mensagens daquilo que nos vai na alma.

    Localizem-se e descubram-se os timoneiros desta perseguição e faça-se que os mesmos paguem 100 vezes mais do que aquilo que nos querem fazer pagar. Os mesmos não são santos e rabos de palha, existem em todo o lado.

    Invstigue-se quem investiga e chegue-se a conclusões, pois esses têm muito por onde se lhe pegar.

    Não concordo que tudo isto chegue ao fim com uma atitude passiva por parte de adeptos e de clube pelo que o apito têm de se fazer soar em todos oa lados e não apenas no Norte de Portugal, nem ser dirigido de uma forma vergonhosa especificamente contra os clubes da Cidade do Porto e o presidente da maior instituição da Cidade. (Digo isto sem fundamentos pró-regionalistas da guerrilha Norte-Sul)

    Mostremos de raça e de que fibra é feito um Dragão...

    Sempre pelo FCP
    Saudações azuis e brancas
    Carlos Pinto

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  7. E que tal um telegrama antigo, emitido, pelo clube dos 6 milhões?
    Rezava assim:
    BENFICA -0-FCPORTO 5
    Jogo para a supertaça....
    Descodificando o telegrama,
    B - Brito (Ex dirigente do dito)
    E - Esta
    N - Noite
    F - Foi
    I - Impossível
    C - Comprar
    A - Árbitro

    Já tenho uma garrafa no frigorifico.

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  8. Este artigo foi publicado originalmente no blog 'Reflexão Portista'

    http://reflexaoportista.blogspot.com/2008/05/
    um-inimigo-que-urge-abater.html

    Acho que não ficava mal dizê-lo e referenciá-lo.

    Saudações portistas

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  9. Sr. José Correia,

    Porque me merece todo o respeito, e para que não restem dúvidas, aconselho-o a ir ler a caixa de comentários deste post, e datado no dia 16 de Maio (!!!) no blog Bibó Porto, para perceber então de onde foi raptado o teor da tal carta.

    Espero que este esclarecimento seja mais que suficiente...

    Sempre que vou «roubar» algo a alguém, nunca, mas nunca deixei de mencionar a fonte... nunca!!

    Agora, não sou é obrigado a saber que um determinado blog, na imensidão de blog's, afinal, tb já publicou o mesmo e afinal, o mail, o comentário ou outro que recebi (sem dizer a fonte do texto), foi de determinada fonte que raptaram a ideia.

    Se há alguém que aqui tem que se queixar disso, sou eu meu caro Amigo... eu tenho clones do blog, eu tenho clones do perfil, nós temos post's completos postados noutros blogs, etc etc etc... e se alguma vez quiser saber onde, como e quem, eu explico-lhe com os links todos completos para perceber que neste mundo virtual, há muita gente sem honra... nem glória!

    Sabe o valor que dou a isso? aos tais clones, copys, etc? actualmente, ZERO!!!! Já dei no inicio, agora, pouco me importa!

    A mim, apenas me importa defender com unhas e dentes o meu clube... sei de onde venho, onde estou e para onde pretendo seguir caminho.

    De uma coisa pode estar certa e ciente, se alguma vez lhe for roubar alguma coisa, pode apostar que a fonte vai ser identificada, não tenha quaisquer dúvidas disso.

    Agora, não me peça é para referir a sua fonte, quando a verdade não é, nem foi essa.

    O post é de 16 de Maio... o comentário da nossa colaboradora Heliantia, é de 16 de Maio... as pessoas que pedem para postar esse texto no blog, são datadas de 16 de Maio... o post depois no blog é efectivamente de 17 de Maio... e o seu post, tb é datado de 17 de Maio.

    Portanto, como vê... acho que não é preciso dizer mais nada. Ou é?

    aKeLe aBrAçO,
    bLuE bOy

    ps - ahhh, e já agora, aproveito mais uma vez para lhe endereçar os meus mais sinceros parabéns por tão brilhante trabalho no v/ blog. Não desistam nunca... todos juntos, nunca somos demais na defesa do bom nome e da honra do nosso FC PORTO!

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