14 março, 2009

Tramas...

Pinto da Costa jura inocência "perante Deus"

O presidente do F. C. Porto, Pinto da Costa, considerou a acusação do "caso do envelope" do "Apito Dourado" uma "tramóia" e jurou inocência perante a juíza do processo e "perante Deus".

Pediu mesmo "que caiam todos os males" sobre quem esteve na origem da "tramóia" e da "maquiavélica" suspeição levada a julgamento. Numa declaração ao tribunal, após as alegações finais, o dirigente portista disse ser "totalmente falso" que tenha dado "o que quer que fosse" ao árbitro Augusto Duarte "com envelope ou sem envelope".

Renovou a sua tese de que no jogo em questão - o Beira Mar-FC Porto da época 2003/004 - o seu clube é que foi prejudicado ao ser perdoado um penalti sobre o avançado Benni McCarthy.

Nas alegações finais, o advogado de Pinto da Costa, Gil Moreira dos Santos, disse que "não há certezas, nem indícios" de corrupção e que espera "justiça".

"Chegamos ao momento da decisão, da verdade, em que não há certezas, nem indícios. Apesar da paixão da defesa, espero que a justiça venha da sua pena, Sua Excelência", disse Gil Moreira dos Santos dirigindo-se ao tribunal.

O advogado referiu ainda a "imprudência" de Pinto da Costa em receber em casa o árbitro Augusto Duarte, mas salientou que é preciso provar que houve acto ilícito.

"Receber Augusto Duarte em casa é algo imprudente, mas é preciso que se prove que houve acto ilícito", referiu.

"Prova nenhuma se fez de nada", disse, por seu turno, o advogado do árbitro Augusto Duarte, Marcelino Pires, que classificou os testemunhos de Carolina Salgado (ex-companheira de Pinto da Costa) sobre a matéria "um chorrilho de contradições" e pediu a absolvição dos três arguidos.

"Mentiu para se vingar", disse também, numa linha de argumentação similar à de João Machado Vaz, advogado do empresário António Araújo, que pediu igualmente a absolvição dos três arguidos.

Antes, o Ministério Público já tinha pedido a condenação dos três arguidos, considerando terem ficado provadas as suspeitas de corrupção.

O procurador José Augusto Sá desvalorizou as contradições nos depoimentos de Carolina Salgado, mantendo que o seu testemunho deve ser considerado.

"Até pode ser [que se quisesse vingar de Pinto da Costa], mas isso não significa que estivesse a mentir", disse, considerando que as escutas telefónicas confirmam a sua perspectiva.

Já quanto à tese defendida pelos arguidos em audiência quanto às razões "pessoais e familiares" que terão levado o árbitro Augusto Duarte a casa de Pinto da Costa, o procurador afirmou: "Isto é mentira para mim. Mas a quem compete acreditar, ou não, na sua peta é à senhora juíza".

Por isso, concluiu, "devem ser dados com provados todos os factos e condenados os arguidos".

O "caso do envelope" reporta-se ao encontro Beira-Mar-FC Porto (0-0), da 31.ª jornada da Liga de 2003/04, realizado em 18 de Abril.

Pinto da Costa e António Araújo estão pronunciados pelo crime de corrupção desportiva activa, enquanto ao árbitro Augusto Duarte é imputado o crime de corrupção desportiva passiva.

O processo é um apêndice do megaprocesso "Apito Dourado" e tem como génese casos de alegada corrupção e tráfico de influências no futebol profissional e na arbitragem portuguesa.

A leitura do acórdão foi marcada para 03 de Abril às 14:00.

# fonte: JN on-line em 13Mar2009

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