A génese do FC Porto…

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Há cerca de 2 semanas, tive a oportunidade de ver a reportagem que Sporttv fez acerca da vida de José Maria Pedroto.

Aquela excelente reportagem resume tudo aquilo que esteve na origem do actual FC Porto. A génese do grande FC Porto como hoje o conhecemos, está muito bem espelhada naquela reportagem, com testemunhos de ex-jogadores como João Pinto e Inácio e, claro, um testemunho carregado de simbolismo de Jorge Nuno Pinto da Costa.

Há vários episódios contados naquela reportagem que, para além de me fazerem sentir ainda mais orgulho em ser Portista, retratam na perfeição o panorama do futebol português na altura de Pedroto, e consequentemente aquilo que se seguiu aquando da entrada de Pinto da Costa para a presidência do clube.

Pedroto, enquanto jogador, participou no mítico jogo de Torres Vedras em 1959 que valeu o título de campeão nacional ao FC Porto. Um mítico jogo em que os jogadores do FC Porto tiveram de esperar mais de 15 minutos para que o jogo do seu adversário terminasse. O resto da história todos sabemos, os vários penaltis marcados a favor de certo clube, as expulsões, o prolongamento do jogo, enfim, a transparência do futebol naquela altura era algo tão grandioso, quanto evidente em episódios deste tipo. Talvez por isso, Pedroto, “nem de roupa vermelha gostava”.

É impressionante a forma como são retratados aspectos sobre pensamentos e ideias de Pedroto nas décadas de 60 e 70 que têm uma aplicação evidente nos nossos dias. Pedroto defendeu a importância de academias de formação, defendeu que os jogadores aprendessem inglês e defendia o agora tão famoso “tiki-taka” tão bem traduzido pelo Barcelona de Pep Guardiola. Aquilo a que hoje se denomina “tiki-taka”, com estonteante troca de bola, privilegiando a posse de bola e pressão constante, já Pedroto defendia há 50 anos atrás. Como Pinto da Costa disse, “Pedroto estava avançado 50 anos”!

Paralelamente, Pedroto tornou-se o primeiro treinador português com curso superior, obtendo uma brilhante classificação num curso de treinadores efectuado em França. Para além do reconhecido trabalho de treinador no FC Porto, Pedroto fez brilhantes trabalhos em clubes como Setúbal, Boavista, Guimarães e Varzim.

Como é evidente, a dupla Pinto da Costa/Pedroto entendia-se de uma forma perfeita, lançando as bases para a construção de um clube grande não só em termos nacionais, como em termos internacionais. O discurso agressivo, aliado a grande capacidade técnica, era a grande imagem de marca de Pedroto. A capacidade de luta contra o centralismo ditatorial de Lisboa (Portugal era Lisboa e o resto paisagem) e a sua alergia ao vermelho, são marcas indeléveis do crescimento do FC Porto enquanto clube nacional e internacional. Como Pinto da Costa também disse nessa reportagem, “enquanto fomos bons rapazes, éramos os bombos da festa”.

A conclusão de tudo isto, eu resumo de forma muito simples: a marca FC Porto confunde-se desde a sua génese com pilares fundamentais tais como, COMPETÊNCIA, DISCURSO AGRESSIVO E RESISTÊNCIA! O FC Porto é isto e Pedroto representa-o na perfeição, porque era competente, resistente e agressivo no discurso. Aquela reportagem deveria ser de visualização obrigatória por parte dos actuais jogadores do plantel, porque a grandeza do FC Porto não se vê só nos recibos de vencimento que os jogadores recebem todos os meses, mas sobretudo em histórias como a de Pedroto, esse GRANDE HOMEM do FC Porto!