10 agosto, 2012

O Dragão chama por quem quer o Tri

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1. Cá estamos então à porta de uma nova época, após uma pré-época atípica, em que nenhum tubarão financeiro do futebol internacional nos veio despojar das nossas maiores estrelas. Não sei bem se fique triste ou contente, excepto se falarmos de um ou outro personagem a quem não chamarei estrela e que não desdenhava ver pelas costas a troco de alguns euritos. Quanto às verdadeiras estrelas, é claro que gosto de as ter por cá e gostaria que vestissem a nossa camisola ao longo de mais algumas épocas, mas esse benefício pode acarretar custos significativos. E se é verdade que a transferência desses jogadores é fundamental para o equilíbrio das nossas contas época após época, pior do que isso é o custo de manter no plantel um jogador nuclear contrariado, como já nos aconteceu em épocas não muito remotas.

Já não se fazem Joões Pintos, Paulinhos Santos ou Jorges Costas, que, nas suas próprias palavras, "preferia ter dado cabo dos dois joelhos a ter sido obrigado a emigrar". Não. Hoje em dia, antes de mais, a maioria dos nossos jogadores nem Portista é, pelo que não se pode, à partida, esperar uma lealdade maior do que aquela que é devida por um funcionário ao seu patrão. E além disso há duas cruzes que, independentemente dos títulos, do prestígio e de todas essas coisas que nos enchem de orgulho, o nosso clube terá sempre de carregar: a inferioridade financeira relativamente a muitos clubes estrangeiros e o nível da liga que disputamos. Esses dois "detalhes" determinam que, por mais que cresçamos e vençamos - e que empreitada é crescer e vencer neste contexto; somos talvez a única equipa europeia que o consegue - nunca seremos o destino final de futebolistas estrangeiros sedentos de fama e fortuna. Seremos sempre um ponto de passagem.

O que não é necessariamente mau: nós cumprimos um papel na carreira deles, eles cumprem um papel na nossa história, a sua transferência cumpre um papel na nossa saúde financeira, e todos saímos a ganhar. Foi esta a estratégia que a direcção do FC Porto escolheu e é inegável que tem dado frutos. A necessidade de uma maior aposta na formação é conversa para outro dia, mas sobre os jogadores (sobretudo estrangeiros) contratados a realidade é esta: eles chegam, vêem, vencem e seguem o seu caminho. Como adepta, sei que é assim. Não crio ilusões sobre o seu futuro no clube, não lhes peço promessas nem juras de amor. Só lhes peço o que pedia o poeta: que seja eterno enquanto dure. Enquanto cá estiverem, estejam de alma e coração. Não se ponham a dizer que querem sair, que estão a pensar em outras ligas, que sonham voar mais alto. Ninguém vos proíbe de terem ambições, mas respeitem-nos o suficiente para não terem esse tipo de discurso. E mandem calar agentes, papás e todo o séquito de sanguessugas que vos rodeia. Dêem tudo por nós enquanto cá estiverem, e nós dar-vos-emos tudo o que temos também. E depois vão à vossa vida com a garantia de que terão sempre um lugar no nosso coração.

Ainda há mercado esta época. Mas se alguns dos que sonham sair acabarem por ficar, só espero que tenham a hombridade de ficar a sério. Que tenham orgulho em cá estar e vontade de lutar pelo Tri como se fosse o seu primeiro dia de Dragão ao peito.

Por outro lado, e para manter a nossa parte deste acordo de cavalheiros, do treinador espero uma aposta resoluta nos muitos jovens valores deste nosso plantel. Cortar-lhes as pernas é tão mau para eles quanto para nós.

2. Os Jogos Olímpicos têm o condão de me chamar a atenção para modalidades com as quais não tenho qualquer contacto fora desta época específica. O remo (modalidade muito bonita, por sinal) é uma delas: excepção feita aos Jogos Olímpicos, o remo só faz parte da minha vida quando vejo ocasionalmente os atletas a treinar na nossa belíssima paisagem património mundial. Mas devido aos Jogos Olímpicos e à excelente prestação dos atletas Pedro Fraga e Nuno Mendes, apercebi-me por alto da confusão que reina nesse desporto em Portugal. Posso cometer algum lapso por desconhecimento, mas pelo que percebo o que se passa, para além de vários problemas relativos à federação, é que o Sporting contratou estes dois atletas ao Sport Club do Porto, apesar de não ter secção de remo e, segundo o clube portuense, “nem barcos, nem treinadores, nem atletas, ou sequer remos”. Foi o Sport (sem "ing") quem fez todo o esforço de formação e preparação dos atletas (inclusive o investimento nos barcos), para que agora venha o clube de Lisboa contratá-los às vésperas dos Jogos Olímpicos e colher os louros do seu bom desempenho.

Fiquei surpreendida. É mesmo assim que as coisas se processam? Confesso que a única característica que admiro no Sporting é mesmo a sua aposta na manutenção do ecletismo, que o nosso clube infelizmente tem vindo a deixar cair progressivamente. Mas é disto que vive o ecletismo do Sporting (e, suponho, também o do seu vizinho do outro lado da estrada)? De contratar atletas de modalidades que nem tem, só para poder dizer que tem mais atletas olímpicos, campeões europeus, ou o que seja? Reforço que sei pouco do assunto e corro o risco de estar a ser injusta. Mas se é esta a realidade, o mais lamentável é mesmo que as federações compactuem com isto, em vez de protegerem os clubes que efectivamente formam e apostam nos atletas.

Sou defensora convicta das modalidades amadoras no FC Porto - aquela imagem da Sara Monteiro da Costa a dar aulas de ténis em 1907 até me arrepia. Mas se e quando voltarmos a dar atenção à nossa identidade ecléctica, que seja de forma séria e honesta, que chamar ecletismo a isto é gozar com as pessoas.

3. Só para terminar: "O Dragão chama por Tri" é muito bom. Mais um ponto para a nossa comunicação. Mas antes do Tri, o Dragão chama pela primeira taça da época. Até Sábado, em Aveiro!

4 comentários:

  1. Nós não queremos atletas, barcos, canoas e remos virtuais. Nem linhas de água virtuais! A nossa linha é outra: QUEREMOS O BASQUETE DE VOLTA.

    E de volta está o futebol. Afinal é aí que a roda gira…

    Abraço, Enid.

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  2. Mais do que querer vamos ter o Tri. Quanto ao basket.. espero mesmo que volte.

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  3. Cuidado, a procissão ainda vai no adro.

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  4. Vamos ter o TRI ? Sou Portista mas eu duvivo muito , voces ja viram a convocatoria pro jogo de amanha Iturbe e Kelvin nem sequer foram convocados

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