Valentes, determinados e corajosos!

assistência: --- espectadores.

árbitros: Konrad Plautz (Áustria), Bernhard Zauner e Raimond Buch; Thomas Steiner.

Dynamo Kyiv: Bogush; Betão, Diakhate, Mikhalik e Nesmachniy «cap.»; Eremenko, Vukojevic, Ghioane e El Kaddouri; Aliyev e Milevskiy.
Substituições: Ghioane por Bangoura (60m).
Não utilizados: Shovkovskiy, Sabljic, Shatskikh, Cernat, Romanchuk e Zozulya.
Treinador: Yuri Semin.

FC Porto: Helton; Sapunaru, Rolando, Bruno Alves e Pedro Emanuel «cap.»; Fernando, Lucho González e Raul Meireles; Sektioui, Lisandro Lopez e Rodríguez.
Substituições: Sektioui e Hulk (46m), Sapunaru por Pele (68m) e Pedro Emanuel por Lino (78m).
Não utilizados: Nuno, Stepanov, Mariano Gonzalez e Tomás Costa.
Treinador: Jesualdo Ferreira.

disciplina: Cartão amarelo a El Kaddouri (31m), Pedro Emanuel (57m), Hulk (58m), Rodriguez (84m) e Lucho González (87 e 90m).

golos: Milevskiy (21m), Rolando (68m) e Lucho González (90m).

Em dia de aniversário cá do «je», que melhor prenda poderia esperar do que uma (b)itória do FC Porto em terras gélidas da Ucrânia, num jogo que era catalogado de crucial para as nossas cores, pelos motivos já mais que conhecidos e discutidos nas últimas semanas, umas vezes de forma bastante cordial e sensata, noutras, com muita emotividade à flor da pele, ao bom estilo, “mais com o coração do que com a razão”?

Admito que eu próprio, ainda antes do jogo se iniciar pelas 19:45, há muito que já não me lembrava de aguardar tão tranquilamente que os ponteiros do relógio atingissem o princípio de uma daquelas noites com carimbo da Liga dos Campeões. Estava demasiado «calmo» para o meu gosto… seria um prenúncio de «sobremesa» indigesta? Bem, havia que aguardar para o saber mais tarde.

O FC Porto partia para este jogo com vários objectivos em mente: rectificar a derrota de há 15 dias atrás em pleno Dragão, com o mesmo adversário, e com isso, relançar a candidatura aos oitavos-de-final, mas tão ou mais importante, procurar afugentar os «maus-espiritos» dos resultados e futebol jogado num passado muito recente. Tornava-se imperativo injectar oxigénio no balão, caso contrário, a «crise» iria agudizar-se e provavelmente, atingir proporções inimagináveis até há bem pouco tempo atrás.

O Prof. Jesualdo Ferreira, muito acossado negativamente pelo «tribunal» azul-e-branco, voltava a fazer mexidas no onze em relação à última partida jogada na Figueira da Foz, para a liga Sagres, com 3 mudanças no onze. Hélton regressava ao seu posto na baliza, Pedro Emanuel há muito ausente dos relvados, ocupava a defensiva esquerda e Tarik Sektioui tomava a vaga deixada pelo desta vez ausente, Tomás Costa.

Talvez com alguma surpresa à mistura, foi o FC Porto a entrar melhor no jogo, procurando desde o primeiro minuto, tomar as rédeas do controlo da partida; afinal, era preciso conquistar os 3 pontos em disputa. Fruto dessa pressão e domínio inicial, Raúl Meireles desfere um forte remate que leva a bola a embater com estrondo no poste da baliza defendida por Bogush… (mais uma vez) não entrou, elevando a conta desta época para 10 tiros certeiros nos postes das balizas adversárias.

Sempre com o domínio de jogo, o FC Porto ia conseguindo empurrar os ucranianos para a sua defensiva, até que, numa jogada que não parecia levar de todo qualquer perigo à baliza defendida por Hélton, na primeira vez que encontraram espaço para rematar, Milevsky inaugura o marcador aos 21 minutos, fazendo o 1-0 para os da casa.

Nesse momento, senti o céu a desabar por cima de mim, pensando já que a noite ia ser longa, muito longa, demasiado longa. Não interessa como, quando, nem porquê, mas c’um raio, nos últimos jogos, somos nós com uma embirração doentia pelos postes e são os outros que cada vez que rematam à nossa baliza, marcam golos? Será só azar? aselhice? coisas do além? Sei lá… dassseee!!!

Este golo, teve o condão de provocar nos nossos jogadores, uma natural perca de discernimento, calma e qualidade no futebol praticado. Por esta altura, a realização ia mostrando um Prof. Jesualdo Ferreira sentado no banco, preocupado, muito preocupado com o desenrolar dos acontecimentos, até que chegou o intervalo.

Faltavam 45 minutos para ir em busca de um destino mais colorido, alegre e totalmente satisfatória para as nossas pretensões. Hulk rendeu entretanto Tarik Sektioui, tendo trazido ao jogo, uma maior dinâmica à frente de ataque do FC Porto, ainda que por vezes (muitas vezes!), com um jeito de jogar que chegava a mostrar-se irritante… e enquanto isso, lá me vinham à cabeça todos os impropérios possíveis e imaginários.

Mesmo assim, oportunidades de golo, nem vê-las, mesmo com um claro domínio do jogo, mas sempre com uns ucranianos atentos ao contra-ataque. Pelé entre para o lugar de Sapunaru, obrigando com esta mexida a que Fernando derivasse para o lado direito da defensiva, tendo até conseguido atingir uma boa performance naquela posição ainda mais recuada (a rever!).

A pressão ia-se intensificando pela baliza à guarda de Bogush, até que na sequência de um livre na direita executado por Raúl Meireles para o interior da área, surge Rolando nas alturas a fuzilar autenticamente a baliza adversária, empatando o jogo a uma bola. Estavam decorridos 68 minutos de jogo, faltando ainda muito para o seu término.

O cenário por esta altura, estava melhor, muito melhor, mas não ainda satisfatório. Havia que continuar em busca da vitória e consequente conquista dos 3 pontos em disputa. Se o assim devia ser, assim continuou. O pendor mais ofensivo da partida continuava a pertencer aos azuis-e-brancos.

Quando o jogo já se aproximava dos minutos finais, desta vez (já merecíamos, ora que carago!), tivemos os deuses da fortuna a nosso favor, quando em novo remate por parte dos ucranianos, a bola embate no poste esquerdo da baliza de Hélton e perde-se a jogada. Poderia ter sido ali o fim, a «morte do artista», mas c’um carago, também já era altura de termos o «santo protector» a nosso favor, ou não?

Até que a minha prenda de aniversário, estava guardada para o minuto final, já no último minuto dos descontos, com Lisandro a fugir pela direita do ataque e em esforço, com um adversário a marcar em cima, consegue cruzar a bola para o interior da área, onde aparece Lucho Gonzalez (El Comandante) a desviá-la para o fundo da baliza defendida por Bogush.

Foi o delírio, foi o êxtase, foi uma coisa qualquer como há muito não sentia, sei lá o que mais foi… sei apenas que naquele momento, soltei cá para fora toda aquela raiva por todas as injustiças e calúnias com que o meu (nosso) FC Porto tem sofrido nas últimas semanas… esta noite, era de glória e porque não até, de muitos enterrarem definitivamente os «machados de guerra», mas nunca, jamais perdendo o sentido crítico das coisas.

Lucho Gonzalez, acaba expulso na sequência dos festejos, depois de ter tirado a camisola, vendo com isso o 2º amarelo. Não havia mais tempo para nada, senão aguardar que os últimos segundos (que pareciam imensos) passassem e com isso arrecadar os 3 pontos em disputa.

Acabado o jogo, e descomprimido de todas as emoções associadas ao momento, dizer apenas que estamos novamente na luta… pelo 1º lugar! Quem diria?! Na frente, continua o Arsenal com 8 pontos, seguido pelo FC Porto com 6 pontos, Dínamo de Kiev com 5 pontos e os turcos do Fenerbahçe com 2 pontos apenas.

Dia 25 de Novembro, voltaremos às emoções da Liga dos Campeões na Turquia, quando defrontarmos o Fenerbahçe para a 5ª jornada da fase de grupos. Até lá, é tempo de ir domar «gatinhos» ao WC XXI já no próximo domingo para a Taça de Portugal, onde, com a minha habitual fé e crença num clube e (com) adeptos “the best”, voltarei a marcar presença naquelas bancadas na vã e secreta esperança de (continuar a) ser feliz, muito feliz!