09 outubro, 2009

3 comentários:

  1. Erre de ranking
    Eu gosto de rankings. Na verdade, sou doido por estrangeirismos, mas os rankings são muito mais do que simples estrangeirismos. Os rankings são aquilo que separa os homens dos miúdos, o trigo do joio, os uns dos outros. E, depois, os rankings são mais ou menos como os resultados eleitorais: há sempre uma forma de olhar para um resultado eleitoral e ver uma vitória retumbante onde os outros apenas conseguem ver uma derrota vergonhosa. Mais do que isso, podemos usar os rankings apenas quando nos dá jeito e ver neles apenas aquilo que queremos ver. Ora, pelos vistos, nos últimos dias deu jeito ressuscitar um desses rankings que jazia morto de desinteresse e arrefecia na sombra há alguns meses apenas porque uma determinada equipa subiu várias dezenas de lugares de um momento para o outro. No rodapé da notícia, a contragosto, escrevia-se que, afinal, a primeira equipa portuguesa nesse ranking era outra, a do costume. Mas claro que isso já não é notícia.

    Jorge Maia n' O Jogo.

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  2. RUI MOREIRA (ABOLA)

    1 O campeonato vai parar. Apesar de ter muitos dos seus atletas envolvidos nos trabalhos das respectivas selecções, este intervalo será útil ao FC Porto, se servir para recuperar algumas lesões que têm limitado as opções de Jesualdo. Tem-se visto que Mariano não está à altura de Varela ou Rodriguez no lado esquerdo do ataque, e Hulk, apesar de ser esquerdino, joga melhor do lado direito.

    2 Depois das derrotas em Londres e em Braga, o FC Porto conseguiu três vitórias e, apesar das limitações impostas pelas lesões, a equipa dá sinais de ter amadurecido e começa-se a esquecer Lucho e Lisandro, que foram pedras fundamentais no xadrez do tricampeão.

    3 No meio-campo, Belluschi parece ter agarrado a titularidade, depois de ter ficado de fora nas duas derrotas. Não quer isto dizer que tenha sido pela sua ausência que as coisas não correram tão bem, mas, neste momento, ele é o único médio do FC Porto que pode fazer transições e servir o trio atacante. Além do mais, tem grande precisão no passe e nas bolas paradas, o que é uma velha pecha da equipa. Falta-lhe ainda uma maior capacidade para jogar sem bola, o que terá sido a razão pela qual foi preterido nesses dois jogos. Essa é uma característica típica do futebol sul-americano, que só o treino e a experiência permitirão colmatar.

    4 Na frente, Falcao confirmou os atributos que lhe eram apontados. Claro que se Belluschi «não é um Lucho», também Falcao «não é um Lisandro». Falta-lhe a capacidade de vaguear pelo campo e o arreganho de lutar por todas as bolas, como fazia o argentino, mas, em contrapartida, é um jogador inteligente, que antecipa os movimentos dos seus companheiros e adversários, descobrindo espaços onde eles pareciam não existir. Tem, ainda, uma técnica apreciável, combina bem com Hulk e Belluschi e consegue uma notável taxa de aproveitamento das oportunidades que é, seguramente, superior à do seu antecessor.

    5 O que parece faltar, ainda, é um maior apuro de forma de alguns dos jogadores mais importantes. Meireles é um dos atletas que não tem estado bem. Não sei se o problema é físico, porque isso não explica alguns erros técnicos que lhe têm sido apontados. Creio que Raul é o maior órfão de Lucho, que orquestrava os movimentos pendulares da equipa, o que explica a razão por que tem jogado melhor em posições mais recuadas.

    6 É esse o problema de Jesualdo, porque Belluschi está de pedra e cal e Fernando é indispensável na equipa. Ainda por cima, Guarín tem sido capaz de jogar melhor do que Meireles na posição habitual deste. Compreende-se, é claro, que Jesualdo não queira condenar Raul ao banco mas, com a concorrência acrescida de Valeri, vai ter de tomar algumas opções difíceis.

    7 Sabe-se que é esse o maior dilema dos treinadores, quando têm plantéis de qualidade, mas, lembrando o contraste com o Sporting, a verdade é que mais vale ter excesso de escolhas do que falta delas.

    Problema de visão
    HÁ muitos anos que leio os comentários do Senhor Cruz dos Santos sobre arbitragem. Em 90% dos casos, concordo com ele. Concordo, por exemplo, que o FC Porto terá sido beneficiado no jogo com o Atlético de Madrid, por o árbitro não ter assinalado penalty na falta de Álvaro sobre Aguero. Mas, admira-me que Cruz dos Santos tenha omitido, certamente por esquecimento, que o árbitro penalizara o FC Porto com dois foras-de-jogo inexistentes, e que uma dessas jogadas até resultara em golo mal invalidado. Agora, quando escreve que viu uma cotovelada de Álvaro na cara de Ukra, no jogo de Olhão, fico com a certeza que o problema, afinal, não é de memória. É, porventura, de raiz oftalmológica.

    (CONT...)

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  3. CONT... (RUI MOREIRA)

    Quem fez falta?
    TAMBÉM em Olhão, a crítica foi unânime em afirmar que Bruno Alves fez falta na grande-área sobre Rabiola e que, por isso, ficou um penalty por assinalar. Ora, já me dei ao trabalho de rever o lance uma série de vezes, e é evidente que Bruno Alves impede o irrequieto avançado de dominar a bola. Mas, se olharmos ao princípio da disputa física entre os dois jogadores, verifica-se que, num primeiro tempo, é Rabiola quem agarra a camisola do defesa portista. Depois, é a corpulência física que acaba por desempatar o corpo-a-corpo. Terá Pedro Henriques entendido, com o seu critério largo, que esse duelo era legal? Só ele o saberá. Mas eu sei quem cometeu a primeira infracção.

    A crise verde e branca
    HÁ nuvens negras no Sporting. Os resultados não aparecem, as exibições são pálidas, as desculpas não convencem os adeptos. Alvalade nunca teve tantas clareiras e os corajosos que comparecem só aguentam até ao fim do jogo para protestarem. Há uma crise financeira, desportiva e de identidade, que nem Paulo Bento consegue ocultar. Seria uma calamidade para o nosso pobre futebol se o Sporting deixasse de fazer parte dos seus grandes. O FC Porto esteve assim, antes de aparecer Pinto da Costa, e é por isso que os portistas nunca esquecerão o que ele fez para tirar o clube do abismo. Veremos se Bettencourt é dessa fibra, e se tem arte e engenho para congregar os adeptos e salvar o seu clube.

    O fim do ciclismo
    AINDA me lembro da trágica morte de Tom Simpson na Volta a França de 1967, na subida do Mont Ventoux, onde aliás lhe foi dedicado um memorial. Quatro décadas depois dessa vítima mortal, o doping no ciclismo parece ter-se generalizado a tal ponto que há quem julgue que o factor determinante no desporto passou a ser a capacidade de esconder a utilização de fármacos proibidos. Fica-se assim sem saber se ainda existe algum mérito desportivo e atlético em quem ganha, ou se as vitórias são fabricadas em laboratórios. Os ciclistas podem sobreviver aos fármacos apesar das sequelas que estes lhes causam, mas o desporto vai morrer, porque não haverá quem queira patrocinar uma batota química.


    Rui Moreira n' A Bola

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