assistência: 31.212 espectadores.
árbitros: Félix Brych (Alemanha), Thorsten Schiffner e Mark Borsch; Guido Winkmann.
FC PORTO: Helton; Fucile, Rolando, Bruno Alves e Alvaro Pereira; Mariano, Fernando e Raul Meireles; Hulk, Falcao e Rodríguez.
Substituições: Rodríguez por Guarín (68m), Falcao por Farías (87m) e Raul Meireles por Sapunaru (90m).
Não utilizados: Nuno, Maicon, Alex e Dias.
Treinador: Jesualdo Ferreira.
APOEL: Chiotis; Satsias, Broerse, Grncarov e Elia; Michail e Nuno Morais; Charalambides, Hélio Pinto e Kosowski; Mirosavljevic.
Substituições: Kosowvki por Breska (38m), Michail por Alexandrou (60m) e Satsias por Papathanasiou (78m).
Não utilizados: Kissas, Kyriakou, Jean Paulista e Zewlakow.
Treinador: Ivan Jovanovic.
disciplina: cartão amarelo a Satsias (23m), Grncarov (37m), Breska (57m), Broerse (83m) e Helton (90m); cartão vermelho a Mariano (74m).
golos: Alvaro Pereira (21m, a.g.), Hulk (33m e 48m, g.p.).
Caramba, nem o dia cinzento, prenunciador de umas bátegas de água fortíssimas, me impediu de sentir, logo pela manhã, aquele frémito de emoção e ansiedade, característico da antecipação dos grandes jogos.
Haverá quem, ao ler “grandes jogos”, faça um esgar de desdém, ao ver que o cartaz para hoje, no imaculado Estádio do Dragão, apresenta um Porto-Apoel. A sobranceria, muitas vezes, anda de mãos dadas com a ignorância. O Apoel não é um colosso europeu? Não. Claro que não. Mas é uma equipa capaz de se apurar para a mais elitista prova de clubes do velho continente. “Sorte”, murmurarão alguns, ainda vivendo presos a um passado não muito distante, quando as bolinhas do sorteio, colocando no caminho das equipas portuguesas adversários de Malta ou Chipre, eram prenúncio de goleada das antigas.
Esse tempo faz parte de um saudoso passado. Não regressa. Chipre soube evoluir, tanto a nível de clubes, através da importação maciça de estrangeiros, quer na Selecção principal, capaz de ombrear sem desonra com adversários tecnicamente mais evoluídos.
Por isso, sim, este jogo tem cheirinho de Champions, a que nem a chuva que tem fustigado a Invicta consegue afastar o interesse.
Antes do apito inicial, as contas são extremamente fáceis de fazer. Ao Porto só interessa a vitória, com a consequente angariação de 3 preciosos pontos. Não conseguindo, com os mesmos, uma qualificação matematicamente carimbada, mas abrindo de par em par a janela de apuramento, com 5 pontos de avanço dos cipriotas e, previsivelmente, dos madrilenos do Atlético.
A partida foi marcada por algumas ausências. A Varela juntou-se Belluschi, cuja crescente subida de forma se vê assim, abruptamente, cerceada por uma arreliadora lesão.
Jesualdo, habituado a construir equipas e plantéis em condições complicadas, não deverá ter perdido o sono pela ausência do argentino, pese a sua notória preponderância no jogo portista. O esquema táctico, assim, não surpreendeu ninguém. Rodriguez, regressado à titularidade, no lado esquerdo do esquemático 4-3-3, com a banda direita por conta de Hulk, transformada numa espécie de recreio para o divertimento do brasileiro.
No meio-campo, coadjuvando o regressado Fernando, já de castigo cumprido, Meireles e Mariano Gonzalez, com este a tomar conta do lado direito, deixando a esquerda da zona central para o médio louro, coberto de tatuagens.
O Apoel foi honesto na abordagem ao encontro. Trouxe, da ilha, um autocarro. E colocou-o bem na frente do seu guardião, procurando com a densidade populacional, naquela zona, complicar a vida aos comandados de Jesualdo. A estratégia era de uma simplicidade desarmante. Defender, defender e defender. Depois, se der e se Deus ajudar, num contra-ataque, pode ser que se consiga mais alguma coisa. Deve ter sido esta a receita estipulada no balneário.
O Porto tinha duas opções, como forma de ultrapassar as barreiras defensivas, erigidas na sua frente:
a) Optar por uma postura mais prudencial, jogando de forma pausada, numa abordagem mais inteligente, sabendo que a maior valia técnica haveria de cumprir a sua função;
b) Jogar de forma rápida, apostando em transições velozes, desarmando o ferrolho táctico cipriota.
Com o terreno escorregadio, algo pesado, os azuis e brancos entraram no jogo a cumprir o objectivo prioritário. Controlar as operações. Com Meireles a empunhar a batuta de maestro, tentando sair da penumbra exibicional que o tem acompanhado, os Dragões rapidamente encostaram o adversário às cordas, aproveitando a ausência de qualquer pressão e alguma ingenuidade na forma como o opositor procurava partir para o ataque, em malogradas tentativas.
Se Meireles comandava as tropas, na zona central, Hulk elegeu a zona de ataque como cenário para as habituais arrancadas demolidoras, começando a criar enormes dificuldades aos atarantados defesas contrários. Era, no entanto, um Porto limitado, desaproveitando as ofertas, quase constantes, do Apoel, no seu último reduto.
Se há coisa que transforma a Champions numa competição mítica, é o seu carácter volúvel. Tanto se transforma numa disputa excitante, eufórica, como logo de seguida mergulha os adeptos num mundo de frustração e desespero.
O tímido ataque cipriota, na primeira vez que cruzou a linha divisória do meio-campo, conseguiu o impensável. Um golo. Aliás, um auto-golo, mas suficiente para fazer explodir de felicidade a horda vinda da ilha. O tento, uma espécie de soco no estômago do Dragão, não teve o condão de despertar os portistas de uma apatia quase generalizada.
Novamente veio ao de cima o aspecto caprichoso e inconstante da Liga dos Campeões. Viviam os cipriotas inundados de satisfação, controlando o jogo sem grande dificuldade, quando o tapete lhes foi retirado debaixo dos pés. Um erro, infantil, permitiu que Falcao recuperasse o esférico numa zona privilegiada. E o colombiano, fazendo gala dos seus recursos, ofertou a bola, num passe açucarado, a Hulk. O brasileiro não enjeitou a oferta. Empatou o encontro, realizando o seu primeiro golo de sempre na mais mediática competição de clubes. O suspiro de alívio, audível, era também prenunciador de uma vitória que não escaparia, por muitas dificuldades que surgissem. E elas apareceram…
O intervalo permitiu que o treinador portista corrigisse posições. E as alterações efectuadas resultaram em pleno. Rodriguez, inadaptado como extremo, recuou para médio mais interior, deixando o flanco livre para Hulk explorar. Mariano passou para a banda direita, no lugar anteriormente ocupado por Hulk. Foi um Porto transfigurado, que rapidamente ganhou vantagem, através da marcação de uma grande penalidade, castigando uma mão dentro da área cipriota. Implacável, Hulk bisou. Tudo convergia para uma vitória mais robusta…
O brasileiro, pouco depois, tem [mais] um lance genial, galgando metros até à oferenda, espécie de retribuição, a Falcao. O 3-1, que sentenciaria de imediato qualquer dúvida quanto ao vencedor, foi ingloriamente desperdiçado pelo colombiano. Era um Porto com mais espaço, mercê da subida do adversário no terreno, capaz de gizar jogadas rápidas de ataque, mas cometendo um pecadilho: a ineficácia na finalização.
Quase como se o jogo correspondesse a um guião de um filme de suspense, com o argumentista sempre criativo no aguçar dos receios e temores dos espectadores, surgiu mais um factor capaz de potenciar a reviravolta no jogo. A expulsão de Mariano, a mais de 20 minutos do final, adensando dúvidas e deixando a equipa da casa em inferioridade numérica.
Também aqui Jesualdo soube estar à altura das circunstâncias. Os azuis e brancos demonstraram fibra de campeões, peito feito enfrentando as adversidades. Num improvisado 4-3-2, com Hulk subindo para junto de Falcao [mais tarde substituído por Farías], o técnico portista não deixava a equipa encolher-se, temerosa. Antes enfrentava o inimigo, mantendo dois avançados em campo, confiando num tridente central que passara a contar com Guarin. Calmo, o colombiano aportou doses elevadas de serenidade, sossegando o jogo, privilegiando a posse de bola, deixando o cronómetro a correr. E, verdade seja dita, os sobressaltos mantiveram-se suficientemente longe da baliza de Helton, até ao derradeiro apito do árbitro.
Análise final: Exibição sofrível, na primeira metade, rectificada por Jesualdo com a mudança de Rodriguez, permitindo que o uruguaio explanasse melhor o seu futebol, numa 2ª parte bem mais consentânea com os pergaminhos portistas. No cômputo geral, uma excelente resposta dos azuis e brancos, enfrentando a intempérie, o golo inaugural do adversário e a expulsão de Mariano. Muitos obstáculos, não impeditivos da conquista dos 3 pontos. Com 5 pontos de avanço, actualmente, o jogo seguinte, em Chipre, será porventura decisivo. Ambiente feérico, próximo da insanidade, num encontro que será tremendo, nos níveis físicos, mas em que a superior capacidade portista poderá [e deverá] sentenciar em definitivo a passagem para os oitavos.
Melhor do Porto: Hulk. Primeira parte assumindo-se como uma espécie de todo o terreno, criando inúmeros desequilíbrios. Dois golos, para figurarem no álbum de recordações como os seus primeiros na prova, que permitiram a reviravolta. E um sem número de iniciativas, com os pecadilhos habituais. Continua a necessitar de uma maior clarividência na leitura das jogadas, mas é declaradamente uma arma de destruição maciça.
Arbitragem: Num jogo sem grandes casos disciplinares, jogado com correcção, esteve bem na marcação da grande penalidade e na expulsão de Mariano. O argentino, de forma gratuita e dispensável, agrediu o adversário, sem qualquer margem para dúvidas. Incerteza maior, na 2ª metade, em nova bola na mão, na área cipriota, ficando a ideia de que ficou por marcar uma grande penalidade, favorável aos portistas.
Fernando esteve sublime!
ResponderEliminarO essencial foi conseguido. A equipa sem Bellushi e com Mariano joga só com 10. E qd ele foi expulso continuou com 10.
ResponderEliminarGanhamos! Uma vitória muito importante e q Falcao poderia ter tornado + fácil...
Penalty por assinalar e q poderia ter dado o 3-1.
E agora venha a Académica.
Ufa! Já cá cantam os três pontos. Agora vou mas é dormir para carregar as baterias.
ResponderEliminarbiboPortoCarago!
Bem... Fernando, o melhor, bem acompanhado pela raçudo Fucile.
ResponderEliminarFalcão falhou o 3-1 mas trabalhou bastante.
Hulk no melhor no pior quando não é clarividente.Lá chegará.
Confesso que me irrita ouvir os assobios para com o pobre Mariano...Não é super, complica mas é abenegado e disciplinado tacticamente, não merece os assobios e a embirração e há quem faça igual ou pior, essencialmente no passe e nada lhes é cobrado!!!Podia ter feito o 2-1 num bom remate.Seria um herói!!!
É tempo de não sermos nós a colocarmos o Porto a jogar com 10 tal a pressão que exercemos sobre ele.
E sim, notou-se a falta do Belluschi.
De resto, no bom caminho, mas em Apoel vai ser difícil embora confie que podemos bem ganhar.
Hulk esteve muito bem, sendo que com Mariano a interior significa realmente jogar com dez.
ResponderEliminarNo final os três pontos estão do nosso lado e o tão esperado apuramento ali tão perto.
Abraço
O jogo não foi brilhante e faltou entrar mais decidido no jogo. O Apoel acreditou e mesmo sem rematar esteve a ganhar por 1-0. Hulk foi, para mim, o melhor juntamento com Falcão (apesar de não ter marcado assistiu Hulk no primeiro e criou outras jogadas) e Fernando (o melhor do meio campo).
ResponderEliminarA defesa esteve razoável apesar de alguns excessos de confiança de Bruno Alves. Fucile foi ultrapassado algumas vezes, Álvaro meteu um golo na própria baliza e Rolando precisa de se antecipar mais ao adversário.
No meio campo Mariano foi mauzinho (mas os portistas não devem assobiar os seus jogadores) e terminou da pior forma com a expulsão. Meireles tem dificuldades quando não tem um colega com qualidade.
Rodriguez esforçado mas fraquinho melhorou um pouco quando trocou com Mariano e recuou para o meio campo. Hulk foi o jogador que mais fez pelo jogo sendo às vezes um pouco individualista mas sempre muito perigoso e tirando faltas e cartões aos adversários. Impressionante a quantidade de arrancadas feitas por Hulk no jogo de hoje!
No entanto o importante era ganhar e agora é necessário voltar a ganhar em Chipre para arrumarmos com a qualificação. Não vai ser fácil porque o Apoel é uma equipa arrumadinha apesar de os jogadores da defesa, quando apertados, perderem muitas bolas.
PORTO SEMPRE!
Concordo em pleno com o Jorge Araújo. Oportunas considerações, excelente comentário.
ResponderEliminarApenas quero, com muito agrado, acrescentar: tenha sido ou não o melhor em campo, adorei ver jogar Falcão. Não restam dúvidas: é um extraordinário avançado. Hoje não marcou mas é uma delícia vê-lo recepcionar a bola (bem) e endossá-la ou levá-la para a área! Joga e faz jogar.
Fernando Moreira
Não havia necessidade...
ResponderEliminarNa primeira-parte, perante um adversário que só defendeu e que sem fazer um remate à baliza se apanhou a ganhar, o F.C.Porto foi lento, previsível e esteve desinspirado, apenas reagindo depois de ter sofrido o golo. Na segunda-parte, com a alteração de Mariano na frente e Rodríguez no meio-campo, a equipa melhorou deu a volta, teve 20 minutos de grande fulgor, mas depois e mesmo antes da expulsão do Mariano, já estava na fase do conformismo. Com a expulsão do argentino as coisas pioraram, sofremos, mas acabamos por vencer com toda a justiça.
Com a vitória do Chelsea frente ao A.Madrid, temos um pé nos oitavos. Espero que em Nicósia coloquemos os dois.
Um abraço
A questão do Mariano passou para teimosia do treinador. O homem voltou a cair psicologicamente, não acerta uma e JF insiste no erro. Não assobio, defendi qd devia mas não sou parvo. Jogar melhor q o Mariano actual até eu.
ResponderEliminarLá consegui ver a primeira parte aos bocadinhos... não apanhei nenhum dos golos dessa 1ªparte e perdi o início da 2ª porque me disseram que o jogo havia sido interrompido devido ao mau tempo (só pra mim, mesmo...). Realmente, na televisão a chuva era mais que muita no Dragão e apenas filmavam os adeptos :) Ao telefone, perguntei como iria ser com o jogo interrompido, ao que do outro lado me dizem, "Interrompido ?! Apenas está no intervalo!" Adiante: "Como vai o meu Porto?" " O teu Porto está a jogar com 10 + o Mariano!" eheheheh Pobre Mariano :) Assobiadinho na expulsão, isso não fica nada bem...
ResponderEliminarTivesse o Falcao feito o mais provável e teria sido o meu 4-1... mas o que conta é a vitória mesmo, cada vez mais "pintada" de azul :)
Ponto prévio,abordar um jogo sem um médio claramente criativo,não é fácil.
ResponderEliminarNa Champoions não há jogos fáceis mas o Porto deveria ter tido uma vitória mais tranquila ontem,bastava que tivesse concretizado mais uma ou outra opurtunidade que criou.No Chipre,não pode ser assim!Eu adoro ver o Porto a jogar em ambientes complicados,é quando joga o melhor;já vimos que somos claramente superiores a esta equipa do chipre,mas não podemos facilitar!
Viva !
ResponderEliminarMais uma Vitória mais uma Alegria !
Somar três pontos era o essencial.
E Viva o Porto !
PortoMaravilha
Gostei do jogo. um bom ritmo, foi pena não existirem mais golos!
ResponderEliminarEstamos lá quase!
Gaspar
Dificil em parte, sofrido qb (mto por culpa da expulsão de MGonzalez)... mas justo, aliás, justissimo!!!
ResponderEliminarCom maior ou menor dificuldade, conseguimos afinal o principal objectivo... ganhar e com isso, os 3 pontos... e para ajudar à festa, era mesmo só esperar pela ajuda dos «blues» de Londres para a noite fechar em beleza... no final, missão cumprida!!
No final do jogo, só me lembrei d'uma pessoa... o quanto tem sido injustiçado o Prof. Jesualdo Ferreira, que com todas as virtudes (muitas) e defeitos (alguns bem dificeis de compreender e entender) que se lhe são mais que conhecidos, o que é certo, é que ano após ano, vai levando o cântaro à sua fonte... enquanto um tal de «Special», limita-se a viver da opolência d'um passado que já vai longínquo (e vai continuar, vai uma aposta?!) no que à Europa do futebol diz respeito... bom, bom, é o Jesualdo... o outro, o tal, vai-se entretendo com o «rewind memorial» dos bons velhos tempos, porque agora, mesmo com milhões e bilões à sua disposição, ano após ano, clube milionário atrás de clube miliónário, vedetas atrás de prima-donas, bem tem que se cingir à sua mediocridade... Tenho dito!!!