09 outubro, 2009

Carlos SIMÕES

Lembro hoje mais um jogador fundamental no novo Futebol Clube do Porto que reconquistou o campeonato na época de 1977/78 depois de 19 anos de travessia do deserto no que respeita a títulos nacionais.

Carlos António Fonseca SIMÕES, nasceu em Coimbra em 28 de Julho de 1951. Foi na Associação Académica de Coimbra que se iniciou no futebol e foi nesse clube que fez o primeiro jogo na 1ª Divisão na época 1969/70 então com 18 anos. Apesar de também actuar como defesa lateral é a jogar como defesa central que se sente mais à vontade e, depois de algumas épocas a crescer como futebolista, afirma-se definitivamente como titular da Académica na época de 1973/74. Começa então a ser alvo da cobiça dos 3 grandes do futebol português. Na época de 1974/75 é então contratado pelo F.C. Porto para ajudar a preencher o centro da defesa e actua ao lado de Rolando e Adelino Teixeira. Afirma-se como um valor seguro para o futuro. A época seguinte, apesar de ser a época da sua afirmação, não corre bem ao clube e, por isso, novo treinador se aproxima.

Entramos na época 76/77 com José Maria Pedroto ao leme e inicia-se então a verdadeira mudança no Futebol Clube do Porto e no futebol nacional. Começa por fazer dupla com Teixeira mas depressa Pedroto descobre o parceiro ideal para Simões: Freitas, o rapidíssimo e possante “colored” contratado ao Belenenses. Nessa época, apesar de 3º no Campeonato o Porto conquista a Taça de Portugal com uma vitória por 1-0 sobre o Braga em jogo disputado no Estádio das Antas com o golo a ser apontado por Fernando Gomes. Simões é um dos titulares e conquista assim o seu primeiro troféu.

Nas 2 épocas seguintes, o Porto conquista o bi-campeonato e Simões confirma-se como titular indiscutível da defesa do Porto quase sempre ao lado de Freitas com quem forma uma dupla magnífica. Aliás não seriam só os centrais a ficarem na memória mas toda a defesa que, por certo, ainda hoje, os mais velhos se recordam: Fonseca, Gabriel, Simões, Freitas e Murça. Era uma defesa de enorme qualidade com a particularidade de 4 dos 5 defesas usarem um belo bigode (só o Freitas não o tinha). Simões fez uma dupla brilhante com Freitas pois tinham estilos bem diferentes e, por isso, completavam-se. Simões era um jogador tecnicista com bom domínio de bola e que jogava sempre de cabeça levantada enquanto Freitas era pouco dotado tecnicamente mas compensava com uma enorme disponibilidade física e uma velocidade fantástica que lhe permitia recuperar muitos lances.

Simões foi também um dos protagonistas, ainda que não pelas melhores razões, do célebre Porto-Benfica da época 77/78. A 3 jornadas do fim, o Porto seguia à frente do campeonato com mais 1 ponto que o Benfica que recebia nesse domingo. Era um dia de Sol (o jogo foi às 16h, se não me engano) e lembro-me bem que entrei nas Antas 2 horas antes do início do jogo e já só arranjei lugar nas últimas filas. Mas era para ver os futuros campeões e, sendo assim, todos os sacrifícios valiam a pena. Depois de 2 horas de “seca” e de grande nervosismo eis que chega a hora do jogo. O jogo começa e, com cerca de 5 minutos jogados, para espanto e horror de todos os portistas, o Simões marca um auto golo num desvio infeliz. O Porto lançou-se em busca da igualdade mas os minutos iam-se passando e nada. Começa a 2ª parte e tudo na mesma com o Porto a atacar e nada. E as unhas já não existiam. Até que, a pouco mais de 5 minutos do fim, Ademir marca o golo do empate de livre provocando uma das maiores explosões de alegria no Estádio das Antas. Quando o árbitro apitou para o fim do jogo, lembro-me de olhar para o Simões que estava no centro do relvado e de o ver de joelhos a chorar durante um bom pedaço de tempo.

Depois do bi-campeonato, o Porto só conquistaria mais um troféu com Simões no plantel. Foi uma Supertaça em 81/82 sob o comando de Herman Stessl. Depois de ter perdido a 1ª mão na Luz por 2-0, o Porto venceu o Benfica nas Antas por 4-1 num dia memorável para Jacques autor de 3 golos. Ainda ficou no Porto até 82/83. Entre 1979 e 1982, Simões veste por 13 vezes a camisola da Selecção Nacional actuando ao lado de, entre outros, Humberto Coelho, Laranjeira, Eurico Gomes e o seu companheiro Freitas.

Na época 1983/84, e depois de 9 temporadas de azul e branco, vai para o Portimonense onde fica 4 anos ainda com grande sucesso. Em 87/88 regressa a Coimbra onde termina a sua carreira depois de quase 20 anos a jogar futebol ao mais alto nível.

4 comentários:

  1. Pois esse jogo de 1978 é daqueles que deixam inveja por ter apenas 3 anos e por isso não ter estado lá.

    Fez-se história nessa tarde. Começou um novo ciclo no futebol Luso e o Simões de joelhos no fim do jogo agradecia aos Deuses o facto do seu auto-golo ter sido anulado pelo tiraço de Ademir...

    Simões, ao q dizem era um excelente central.

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  2. Não me lembro do Simões pois sou da colheita de 77 :)

    Soa-me mais o Fonseca, que chegou a treinar o Vila Real, o Freitas, o Gabriel e o Murça... mas pelos vistos este Simões também faz parte da nossa história magnífica!

    Obrigado por nos ires avivando a memória!

    Saudações

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  3. off topic

    hóquei...acabou agora

    fcporto-5
    candelária-3

    :)

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  4. Não pude ver esse jogo, por razões que agora não me recordo, mas assisti ao jogo que nos deu o campeonato 77/78 numa vitória soberba contra o Braga (4-0) e estavam lá todos. Duda , Murça, Freitas, Simões, na baliza o Fonseca, Seninho, Octávio Machado, e os inesquecíveis Fernando Gomes, Oliveira e o capitão Rodolfo. Inesquecível esse plantel e as emoções que nos proporcionaram pois como devem saber vinha-mos de um jejum de 19 anos.

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