Dragão em Olhão... 3 pontos na mão!!!

Há muito que o Sol Algarvio deixara o futebol na sombra. Anos a fio, o escalão maior do futebol nacional terminava à beira Sado, esmorecendo os que lançavam sementes de revolução, em busca de um conjunto de realidades alternativas.

Oito anos depois, o FC Porto regressa a terras Algarvias, (Faro foi a última estação, o “moribundo” Farense, o contendor). 34 temporadas passadas, os “rubro negros”, reencontram os Dragões, reeditando velhas memórias e históricos desafios.

No futebol, tudo ou nada é cronológico, se os de Olhão tentam fazer deste regresso algo mais que uma simples e efémera passagem na Liga, os azuis e brancos vêem no desafio algarvio, nova etapa de evolução e consolidação comportamental, sobretudo a nível táctico.

Em Olhão, mora uma equipa de “bichinhos”, laboriosos e credenciados tecnicamente, não fugindo de um futebol agradável, com linhas de pressão que não ultrajantes como blocos baixos, jogo positivo onde o desenho 4x3x3 é a melhor expressão de um conjunto que procura ter a bola como elemento garante de uma identidade que não se furta a um veio condutor, procurando jogar em todo o campo.

Se a pré-temporada havia deixado agradáveis sensações, a entrada forte na Liga valeu pontos e o reforço da mentalidade ganhadora, algo que nem as 2 derrotas nas jornadas anteriores escamoteie. Não será surpresa que o jogo do José Arcanjo, apareça colado à ideia de um Olhanense mascarado à Porto, muito por força dos vários sectores “rubro negros” estarem dotados do talento de jovens Dragõezinhos.

À luz nua e crua dos números, são pelo menos 7, que juntamente com Jorge Costa, dão ao clube algarvio o elixir do virtuosismo, acrescentando matéria-prima à experiencia de outros nomes, o que os aproxima de uma larga margem de crescimento.

Frisando questões meramente tácticas, o Olhanense tenta perpetuar passos lentos mas decisivos, a irreverência torna-os auto-suficientes, Ucra é um cérebro que oferece saída a alguns labirintos, Castro e Rabiola fazem da arte do remate, arma capaz de provocar crash nas muralhas contrárias.

Rui Duarte confina grande parte das amarras, fazendo gravitar, juntamente com as alas defensivas (Miguel Garcia, Carlos Fernandes), a equipa entre futebol elástico e inconsistência de pautar ritmos.

Acreditem ou não, por entre ávidas realidades e a facínora da complexidade, por muito que os resultados não me turvem a vista, a alquimia de jogo de Jesualdo, atira-me para uma pergunta.

Quantos de nós não seremos demasiado dogmáticos no opinar???

Constantes mutações, o moldar estrutural na consolidação da mesma identidade que promulgou o TETRA, põe a nossa mania pela perfeição, paredes meias com a acidez da crítica.

A contenda da sétima jornada, não a antevejo como o fim de um ciclo, mas como um enlear de densa capacidade, onde se assista a menos momentos bipolares de uma equipa de modelo intermitente, mas credível no apresentar de índices físicos, capazes de aniquilar a desinspiração de uns e a catadupa de desacertos e sucedâneo de erróneos passes de outros, que minam uma continuidade de jogo.

O último terço do jogo na Champions, comprometeu o Dragão. O Atlético alvitrou uma certificação internacional já conhecida, compatibilizando um futebol que não sendo ópera, pôs a orquestra azul e branca a mostrar música de qualidade, mesmo por entre notas desafinadas e meios tons. Como tal, Olhão obriga o futebol portista a voltar a um ponto sem retorno, o do futebol explosivo altamente competitivo e eficaz, sobretudo fora de portas.

Se muitos questionam o pêndulo Meireles como compasso desalinhado e fonte dos transfigurados desenhos no triângulo central, parte desse problema, que ofusca o Neon das luzes da liderança, reside nos diálogos surdos que se observam sob o relvado.

Se Fernando reequilibra a equipa, preenche vazios e anula equívocos, ajudando no definir dos tempos de um futebol de contenção, Belluschi é no seu talento, o estratega de adágios e passes de ruptura, onde apenas se pede a Meireles, que seja como noutras épocas, o moderato das trocas de bola, do passe curto e transição regrada, sem lugar a défices inter-sectoriais, capaz de traduzir verticalidade e largura a um futebol de outra dimensão.

Não há mal nenhum que Hulk seja a solução pródiga, a cooperação nunca será contestatária dos seus lampejos de autonomia, potenciados nas arrancadas insistentes e imparáveis, carrilando jogo, explodindo em diagonais eloquentes de um qualquer allegro ofensivo, a que se junta um vivace Falcao que tanto segura bola, como rasga e tabela no espaço central, mostrando inevitável conexão com o golo.

A defesa parece ter cicatrizado as feridas de alguma intermitência exposicional, o que pode alavancar Fucile e Álvaro Pereira, para maior incidência de acções pelos flancos, como sinal de profundidade ofensiva feita de mais metros e preponderante inquietude na defensiva rival.

Os azuis e brancos manifestam-se algo avessos a vitórias fora de portas neste inicio de época, desempenho claramente antagónico com um passado recente e que põe em causa o estreitar das diferenças para o topo da tabela.

Pontos precisam-se, e como corolário uma boa exibição, do outro lado uma equipa que por tudo tentará, dar azo a uma pequena “traição”, espera-se pois que o Dragão, não tenha na nova geografia do futebol nacional, nenhum tropeção...

LISTA DE CONVOCADOS
Guarda-redes: Helton e Nuno.
Defesas: Fucile, Rolando, Bruno Alves, Maicon e Álvaro Pereira.
Médios: Tomás Costa, Guarín, Raul Meireles, Fernando, Prediger, Valeri e Belluschi.
Avançados: Mariano, Hulk, Falcao e Farías.