04 julho, 2013

Do 8 para o 80...

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

É muito comum no adepto de desporto em geral, e do futebol em particular, viver entre a tremenda depressão da derrota e a loucura da vitória. Esses estados anímicos, oscilam igualmente de acordo com a confiança ou desconfiança que este ou aquele jogador, treinador ou dirigente possam transmitir ao adepto.
Especificamente em período de pré época, é a constituição do plantel, tanto em função das entradas como das saídas, que provoca esses altos e baixos das emoções apaixonadas dos aficionados.
Confesso que já pouco me deixo ir abaixo com as saídas, da mesma forma que encaro com normalidade e prudência as entradas.

No entanto, ao longo dos últimos dias, tenho lido um pouco por toda a parte, uma euforia entre a generalidade dos portistas, em função da constituição do plantel deste ano, traçando um cenário de vitória galopante e imparável, com títulos e mais títulos na forja, com conquistas, algumas delas, possíveis mas de um grau de dificuldade tremendo.
Ora, este estado anímico em período de pré-época, é habitual nos nossos adversários mais a sul e nem tanto nas nossas paragens. É algo com o qual não me identifico, não simpatizo e não está de acordo com a nossa cultura e passado recente. Poder-se-á dizer que essa euforia não passa para o interior do grupo, mas o que é facto é que ela é uma realidade, e uma realidade que direta ou indiretamente acaba por ter influencia sobre todo o que rodeia o clube.

É inequívoco que um dos grandes problemas da temporada passada, foi o facto de termos um plantel curto em opções, o que forçou jogadores a terem que jogar mesmo em condições físicas deficientes. Simultaneamente, é óbvio que quem aspira a fazer uma época marcada por títulos, tem que reforçar alguns sectores e ter mais opções válidas que permitam uma maior rotatividade e crescimento de jovens com talento e valor.
Genericamente, as contratações efectuadas até ao momento são igualmente do meu agrado, mas com a prudência e cuidado de quem sabe que envergar o manto azul e branco é totalmente diferente de envergar outra qualquer camisola.
Assim sendo, e reforçando a minha concordância, parecem-me naturais algumas escolhas que estão a ser feitas para 2013-2014, reforçando as opções para o meio campo (veremos o que acontece a Fernando) e linha mais ofensiva, tanto na zona central como nas alas.
Se me perguntassem opinião, eu diria que se não sair mais ninguém (excepção feita aqueles que todos já damos de borla como Rolando ou Atsu) e adicionando Ghillas, Quintero e Bernard, então “não mexe mais, senão estraga”! E isto porque teríamos finalmente uma opção válida para Jackson, e teríamos reforços importantes para as alas, mesmo Quintero não sendo um ala puro (James também nunca o foi). Ainda assim, se estes 3 jogadores tiverem outros quaisquer nomes, manterei a mesma concordância e prudência...importante é que essas posições sejam ocupadas por atletas que sejam mais valias para o plantel e que não sirvam apenas para o engrossar e aumentar a folha salarial.
No entanto, se por um lado estes 3 nomes ainda não estão confirmadas, e seguramente só o serão no dia em que estiver tudo “preto no branco”, há igualmente outra característica importante que não pode ser esquecida, que é o facto de estarmos a falar de jovens sul americanos (exceptuando Ghillas), aos quais é preciso dar tempo para o seu crescimento, desenvolvimento e ambientação a um estilo totalmente diferente, e a uma cultura de exigência diária a que seguramente não estão habituados.

Perante tudo isto, não podemos passar da depressão do ano passado em que todos achavam que não tínhamos alternativas e que como tal a época estava desenhada para o insucesso, para uma excitação tremenda apenas porque aparentemente estamos na eminência de ter um plantel mais equilibrado e recheado de bons praticantes em todos os sectores...não deveria ser afinal sempre este o desiderato procurado aquando da constituição de um plantel como o do FC Porto?

Para finalizar, não queria deixar de dizer o seguinte: referi anteriormente que se no plantel actual perdermos Rolando e Atsu e ganharmos Ghillas, Quintero e Bernard, então eu não mexeria mais. Não mexeria, pois acho que precisamos de “um Fucile”, isto é, um jogador que dê opção para ambas as laterais. Mas “um Fucile” que não este. Julgo que o uruguaio não merecia qualquer outra oportunidade no nosso clube. Desejo que faça uma excelente época, mas tal não mudará a minha opinião, pois nós temos que nos guiar por valores e os valores não oscilam em função do melhor ou pior desempenho desportivo....Fucile já deu provas demasiadas de que não conhece os valores do FC Porto!

Um grande abraço,

6 comentários:

  1. Concordo contigo... olha, pode ser que essa euforia se traduza em venda de lugares anuais. Mas tenho muitas dúvidas. Acho que é mais euforia virtual.

    Abraço

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  2. Tudo dito... e "muito bem dito"! Não podia estar mais de acordo.

    Abraço.

    Luís Marques "sdvaladares"

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  3. Faço minhas as palavras do anónimo que muito gosta de gravatas de uma cor pouco recomendável. Mais uma crónica excelente ao nível que nos habituou o seu autor.

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  4. Pois, temos um Clube cada vez mais caracterizado por "estados de alma"...

    Por um lado é pena, mas acaba por ser fruto das vitórias e de cada vez sermos um clube de "quantidade" e menos de "qualidade".

    Quanto ao resto parece que teremos mais soluções e um plantel mais equilibrado (finalmente!) mas há que aguardar pelos ajustes finais e pelo início da época para se ver o que vale este FC Porto 2013/14.

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  5. Pese embora hoje ser dia de trabalho, ontem estive quase até ás 4h da manhã a ver a meia final da Libertadores, para ver em acção Bernard.

    Foi naturalmente apenas um jogo, mas passou completamente despercebido...
    Isto nada diz sobre o jogador, a não ser a prudência que é preciso ter, pois nem ele nem ninguém, poderá ser o salvador da pátria...convém não esquecer que Bernard e Quintero, são miúdos.
    Recordam-se da 1.ª época de James?? Chegou-se a falar em ser emprestado em Janeiro...

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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