29 outubro, 2009

Assobios, Aplausos ou... Assoplausos!

Com mais ou menos dificuldade, a Calçada lá se vai construindo, tendo sempre na sua guarda pedras do sucesso bem solidificadas, apetrechadas, claro, só por aqueles que possuem o ADN da glória. Trilhar o caminho da supremacia nem sempre é fácil e o comum adepto azul e branco, por força das circunstâncias dos últimos anos, carrega no seu código genético a força, a raça, a mística dum clube, a sede de vencer (desde 1893) e sentimentos variados, que cada vez os tornam mais em austeros juízes do que em meros e estáticos treinadores de bancada.

O estádio do Dragão, torna-se portanto, perante um atento e exigente público, num tribunal, ora de massa assobiativa, ora de massa educativa.

O caso de Mariano González é um bom exemplo, daquilo até onde pode ir o adepto (neste particular caso, o adepto portista), em que num mesmo jogo, este se vê como que numa encruzilhada entre o descontentamento e agradecimento.

Muita foi a contestação em torno da substituição de Cristian Rodriguez, no encontro do passado fim-de-semana, já que o tribunal do Dragão exigia a saída do médio fetiche (Mariano) do professor Jesualdo Ferreira. O assobio fazia-se ouvir e massa adepta também, ao qual o comportamento de descontentamento de Cebola, co-adjuvado pelo público, também daí resultar, com uma saída repentina para os balneários.

Ora, volvidos alguns minutos ao episódio, eis que el assobiado Mariano, lá consegue desatar o nó do jogo, como um golo de cabeça, e os assobios dão lugar aos aplausos. O tribunal faz-se ouvir, desta feita resultando em palmas comedidas de alguns, onde destaco uma comemoração emotiva daquele a que chamo o Assopaludido (Assobiado/Aplaudido) da noite, apadrinhado com um grito de guerra de Raul Meireles a pedir paciência e reconhecimento aos juízes menos convencidos do Dragão.

Mais uns minutos volvidos e eis que novamente o argentino volta a brilhar, desta feita com uma assistência para golo. Novamente aplausos e o tribunal decide, agora e “quase” unanimemente com nova sentença, diferente da primeira da noite, desta vez, transitando para a absolvição do condenado de outrora.

Com isto não se pretende sair em defesa deste ou aquele jogador, o exemplo acima descrito serve apenas para evidenciar, que a massa associativa e adeptos em geral, que tão bem todos os fins-de-semana compõe o anfiteatro azul e branco, antes de criticar tem também o dever proteger os seus profissionais e aqueles que defendem um clube que também é seu, educando-os e reconhecendo-os quando merecem.

Torna-se relevante saber reconhecer que jogadores como Mariano também são importantes, mesmo que tecnicamente não sejam nem as primeiras, nem as segundas, nem talvez a terceiras estrelas que compõem o estrelato azul e branco. Pois os mesmos que o assobiaram primeiro e aplaudiram efusivamente depois, são os mesmos que o continuam a querer de fora no próximo jogo, mesmo com um Belushi e Varela lesionados e um Cebola em muito baixo de forma, onde o argentino se torna na única opção viável, nem que seja pela disponibilidade e profissionalismo que sempre evidenciou e pela polivalência de lugares e cultura táctica que possui, relegando e esquecendo, em pouco espaço de tempo, o reconhecimento do pouco mérito que este até tenha.

Terá, então, este imenso tribunal, tempo e paciência suficiente para, a ver actuar jogadores da nossa formação, como forma de alargar, até, opções, em jogos com maior grau de dificuldade e responsabilidades?

A facilidade de assobiar quando tudo está mal e aplaudir quando tudo está bem não será certamente a única nem a melhor opção, para adeptos inteligentes como são os do Futebol Clube do Porto!

A exigência duma plateia antes de ser crítica deve ser compreensiva e reconhecedora.

Abraço e fiquem por aí… que eu fico!

11 comentários:

  1. Assobios, aplausos, críticas...não se pode mudar o público, mas pode-se mudar a qualidade de jogo.

    Coitados daqueles, que no F.C.Porto, não estiverem preparados para lidar com a pressão...

    Um abraço

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  2. Bom texto, João, mas em relação aos assobios sou um bocado mais complacente. Julgo que, muitas vezes, os mesmos são fruto do nervosismo e frustração. Encaro-os como normais em qualquer manifestação desportiva. E, como diz o Vila Pouca, os jogadores têm que aguentar a pressão...

    Mariano, já o provou, tem uma polivalência que o torna necessário e merecedor de alguns elogios. Mas, há que dizê-lo, o argentino exaspera, bastas vezes, que o vê jogar. Reconheço que mantenho com ele uma relação de amor/ódio. Sem tirar nem por.

    Julgo, posto isso, que a plateia do Dragão até tem sabido, em inúmeras ocasiões, acarinhar os seus "meninos". Fidelidade é coisa que não falta, para aquele lado...

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  3. Estou com o PP, tenho por ele uma relação de amor/ódio. Já me deu muitas alegrias (Manchester por exemplo), mas continuo a achar que o que lhe sobra em abnegação falta-lhe em qualidade técnica!

    Em todo o caso, respeito para com um dos nossos capitães!

    Saudações

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  4. OS assobios saem sempre a quente...é o reflexo de uma massa adepta muito habituada a ver o seu clube vencer,e bem.
    Tenho para mim que somos os adeptos mais exigentes que por aí andam e,por vezes,exagera-se no assobio.
    Mas lá esta,são mentalidades...dificilmente se mudam...

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  5. Boa análise.
    Concordo no geral.
    Eu, pessoalmente nunca assobiei um jogador do FC PORTO e acho que não conseguiria fazê-lo.
    Para que servem? O jogador vai melhorar se ouvir o assobio ?
    O assobio só serve para ainda enervar mais o jogador e a equipa.

    Há certas coisas que não percebo. O Mariano é uma delas, mas daí a assobiar um jogador que veste a nossa camisola vai uma grande distância. Se fosse por falta de empenho ainda compreenderia mas não o é, portanto reprovo os assobios.

    Concordo com a Orgulhoazulebranco,
    Somos os adeptos mais exigentes deste pequeno país.

    Abraço

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  6. A questão dos assobios já foi aflorada. Quem não gostar do que vê, tem bom remédio, deixa de ir ver os jogos. Simples. Não gosta, não vai.

    Por outro lado, em regra geral, as exibições são medianas ou fracas. É o que o Jesualdo tem para oferecer. Portanto, haverá alguém que vá a contar com uma grande exibição? Haverá alguém que pode dizer que foi enganado com mais uma má exibição?

    Se eu for a um restaurante e não gostar da comida, reclamo. Mas não ponho lá mais os pés. Se lá voltar e continuar a não gostar da comida, vou reclamar de quê? De ser otário?

    Não gostam, não vão. Que moral têm para assobiar? Porque pagaram para lá estar? Se já sabiam que não iam gostar porque pagaram? Ninguém os manda ser ótarios.

    Como diz o outro: «Abre a pestana, tana».

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  7. Se no desempenho do V/trabalho diário o V/chefe vos chateia constantemente a cabeça com repreensões, vocês desepenham melhor e mais motivados as vossas tarefas?
    Quantos de nós que chegam a um exame mesmo sabendo da matéria, engasgam-se e nada lhes corre como estavam preparados, só porque não aguentam a pressão?

    Será que Mariano é assim tão parvo e não percebe o que lhe chega da bancada?

    Será que o homem quando entra em campo não pensa que tudo lhe pode correr mal, e que a plateia lhe chame impropérios? Quêm gostaria de estar no lugar dele, olhando para o lado e vendo colegas a fazer borradas piores do que ele faz, e a plateia a ser complacente.

    Para que se conste, Mariano é talvez um dos melhores jogadores técnicamente e tácticamente, mais perfeitos que se encontra no plantel do FCP. O problema é que não aguenta muito a pressão quer do jogo, pois é ele que têm que o resolver, quer pela pressão de alguns que se gostassem do seu Clube como afirmam, em vez de o insultar deveriam acarinhar e incentivar.

    Vejam as imagens a seguir ao 1º golo contra a académica e vejam se o homem, não escondeu as lágrimas da revolta para com esses assobiadores injustos. Eu se estivesse no lugar dele, teria dito o que Maradona disse aos jornalistas...

    Nunca percebi, porque raio alguns ficam ofendidos quando os jogadores à menor oportunidade se colocam a milhas do Dragão!

    Como alguêm disse...Se não gostam ponham na beira do prato e não sejam otários.

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  8. Kostadinov ... assino por baixo.
    E lembro uma conversa que tive há muitos anos com um antigo treinador, o Prof. Nery - alguém se lembra dele? - meu colega numa escola e quando refilei sobre uma jogada precisamente do ... Kostadinov que foi expulso num jogo nas Antas contra o Benfica ( 0-0) por mão na bola já com um amarelo, ele me disse:
    " Gostava que todos no seu local de trabalho fossem tão exigentes consigo próprios como são implacáveis para os jogadores ... ".
    Claro que o futebol é um jogo de emoções mas reflecti sobre isso, concordei e passei a ter uma opinião e atitude de julgamento diferente, mais construtiva e racional.

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  9. Kostadinov estou tambem deacordo em tudo!os adeptos do FCP é e deve manter exigentes,mas sem perder a ecencia do "ser adepto"!!!assubios e insultos dos adverssários normalmente motiva os jogadores,mas dos proprios adeptos desmotiva e no caso do Mariano ele fica "paralisado" é triste!

    ps: está a ficar mais fácil aturar os benfiquistas que certos adeptos Portistas!mimo a mais que o nosso CLUBE nos dá...

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  10. Kostadinov, estou completamente de acordo contigo!

    Sem mais nada a acrescentar!

    BIBÓ PORTO

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  11. O caso do Mariano faz lembrar outros tempos, caso do Semedo e do Secretário.
    Muitas vezes eram assobiados, no entanto mudavam-se os treinadores e eles jogavam sempre.
    Algum motivo deve haver.

    Abraço Azul

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