20 março, 2011

ALOÍSIO

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Numa altura em que o campeonato está praticamente ganho é bom lembrar que muito se deve à extraordinário eficácia da defesa que em 23 jogos apenas sofreu 7 golos e somente 2 fora de casa o que mostra muito da organização da equipa. Desde sempre ouvi dizer aos grandes treinadores que uma equipa se constrói a partir da defesa (o Barcelona de hoje é a excepção que confirma a regra). No Futebol Clube do Porto, e desde que vejo futebol, os grandes títulos foram sempre construídos com base em defesas sólidas que permitem à equipa ganhar confiança para atacar com mais qualidade. Por isso, hoje lembro aquele que foi, para mim, entre os que vi actuar, o melhor central a jogar no Porto (a par de Ricardo Carvalho): Aloísio Alves.

Aloísio Pires Alves nasceu em Pelotas (Estado do Rio grande do Sul - Brasil) em 16 de Agosto de 1963. Começou a sua carreira profissional num dos mais importantes clubes do Brasil, o Internacional de Porto Alegre, transferindo-se em 1988 (depois de ajudar o Brasil a conquistar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Seul) para o Barcelona onde jogou durante 2 épocas tendo conquistado "apenas" uma Taça das Taças e uma Taça do Rei sendo treinador o mítico Johan Cruyff. Em virtude de uma menor utilização na época 89/90 Aloísio decidiu aceitar o convite do Porto e, assim, chega ao clube azul e branco por empréstimo na época 90/91 sendo treinador Artur Jorge.

Apesar de nessa época não ser campeão o Porto não deixou de perceber o grande jogador que era Aloísio e adquiriu o seu passe. Foram 11 anos que representou o Futebol Clube do Porto sempre com uma qualidade impressionante. Até aos 37 anos Aloísio teve ao seu lado, entre outros, os brasileiros Geraldão, Zé Carlos, Paulo Pereira e os portugueses Fernando Couto e Jorge Costa com quem formou duplas fantásticas.

Sendo um defesa central Aloísio era um jogador de enorme qualidade técnica, bastante veloz e com uma notável capacidade de antecipar as jogadas dos adversários. Tinha ainda uma qualidade que eu aprecio muito num defesa central que é o de cometer apenas as faltas estritamente necessárias não pondo, por isso, em perigo a sua baliza com faltas desnecessárias tão características dos defesas centrais. A sua calma e qualidade foram sempre uma mais valia para a equipa do Porto e contrastava normalmente com um colega de sector mais agressivo e duro. Aloísio era "classe pura".

Nas suas 11 épocas de azul e branco ressaltam os 7 títulos de Campeão Nacional sendo um dos seis únicos "pentacampeões" de 94-99 juntamente com Jorge Costa, Rui Jorge, Rui Barros, Folha, Paulinho Santos e Drulovic. Aliás, Aloísio foi o jogador mais utilizado na saga do "pentacampeonato e tornou-se também no jogador estrangeiro com mais jogos realizados no Campeonato Nacional com umas impressionantes 332 partidas sendo o capitão em muitas delas. Conquistou ao serviço do Porto mais 5 Taças de Portugal e 7 Supertaças. Não era um defesa de marcar muitos golos mas lembro-me bem do penálti convertido no prolongamento na finalíssima da Taça de Portugal 93/94, sobre o Sporting, que nos deu a vitória e provocaria uma fúria enorme nos adeptos adversários.

No final da época 2000/01, com quase 38 anos, e apesar de alguns convites para continuar a jogar, Aloísio preferiu ficar no quadro de técnicos do clube. Esteve depois na equipa técnica de José Mourinho e comandou a equipa B até ao seu fim em 2006 saindo do clube ao fim de 16 anos. Foi ainda treinador do Vila Meã e adjunto de Jorge Costa no Braga. Hoje vive no Brasil mas continua ligado ao futebol em Porto Alegre.

Um grande OBRIGADO ao Aloísio por tudo o que deu ao clube e pelo muito que ensinou aos colegas com quem jogou.

P.S. Queria deixar aqui uma homenagem a todos os PAIS pois são eles, em grande parte, os responsáveis por transmitir aos filho(a)s toda a grandeza e história do Futebol Clube do Porto e tenho a certeza que o meu pai (apesar de já não estar entre nós) continua a vibrar com as vitórias do nosso Porto.

12 comentários:

  1. Muito e muito merecido este reconhecimento!

    Um senhor, uma referência, um exemplo de classe e profissionalismo!

    Quem o viu jogar, não o esquece.

    Maldito principio de noite em Abril de 1994, quando Bobby Robson de lembrou de o colocar a defesa esquerdo em Barcelona, perante um dos melhores jogadores do Mundo da altura: Hristo Stoitchkov.

    Sempre e para sempre nos corações de todos os portistas...um grande abraço ao Aloísio!

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  2. Justíssimo destaque! Também para mim o melhor de todos os grandes centrais que tivemos/temos;
    - só uma nota: Aloísio não é estrangeiro, Aloíso é Porto, e sempre o será. Esteja aqui ou em porto alegre...
    (num à parte, e comparativamente, tenho que dizer que o nosso porto, cidade, é mais alegre que o porto deles...)

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  3. Um grande jogador, "à Porto". A ideia, fomentada no FC Porto do tempo de Aloísio, que "uma equipa se constrói a partir da defesa" foi implementada por Carlos Alberto Silva, que mal chegou ao aeroporto de Pedras Rubras afirmou ser esse o seu princípio, e que se confirmaria no título de Campeão Nacional de 1991/92, no qual o Porto apenas sofreu 11 golos em 34 jogos, com Vitor Baía a ter um record de mil e tal minutos sem sofer golos, para a qual contribui a segurança defensiva dada por Aloísio.
    Ainda me lembro de o ver jogar pelo Barça, mas o Aloíso não foi dispensado do clube catalão pelo facto de ter sido pouco utilizado em 89/90, pois foi titular na final da Taça do Rei em 90, na qual o Barça ganhou por 2-0 contra o Real Madrid, mas sim porque houve quezílias disciplinares e uma expulsão no jogo contra o Real Madrid, e como o treinador era um holandês - Cruyff - e é comum um conflito de personalidades entre brasileiros e holandeses, Aloísio seria dispensado, também convêm recordar que foi antes da aplicação da Lei Bosnan e havia um limite de estrangeiros, sendo assim Aloísio não ficou em Barcelona, e ainda bem para nós.

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  4. Um SENHOR!! Dos centrais mais marcantes que vi jogar, não pela raça mas pela classe! Um grande bem-haja!

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  5. Não posso deixar passar esta oportunidade para, também eu, deixar aqui o meu reconhecimento pela fantastica carreira do Aloísio no nosso clube, simplesmente fabuloso. Foi uma década a dar cartas na arte de bem jogar a central. Um esteio do Penta e um verdadeiro campeão.

    Obrigado por tudo

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  6. Pés de Veludo, um jogador de uma classe extraordinária, um patrão da nossa defesa quer a nível de conhecimento quer a nível de experiência.

    De Lembrar que até hoje deve ter sido o unico central que chegou ao FC Porto e no primeiro ano assume na totalidade o título de titular indiscutivel.

    Foi dos tais jogadores que já no seu primeiro jogo com a camisola do FC Porto me convenceu para sempre.

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  7. Acho que a quarta fotografia diz muito de quem era Aloisio... Humilde e trabalhador. Um Senhor. Espero que continue a ter sorte na vida sempre na senda do sucesso. Elogio mais que merecido.


    ps: Aquele moço que anda ali no meio da defesa do Porto actualmente e que ninguém sabe dele e o porque dele ser sempre titular, em alguns aspectos, (simplicidade humildade) lembra-me muito este "velho" Senhor.

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  8. Aloisio e Jorge Costa, a minha primeira dupla de centrais!

    Grande classe tinha o brasileiro, inesquecivel. Categoria de central.

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  9. Um dos meus centrais preferidos, dava prazer vê-lo jogar, tinha uma postura e control no jogo fantásticas, um autêntico SENHOR!

    Obrigado Aloísio!;)


    BIBÓ PORTO

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  10. Para termos uma noção do valor do Aloísio, na altura em que chegou ao FC Porto, ele disputou 57 jogos oficiais pelo Barcelona, em duas épocas.
    Foi 49 vezes titular, 4 suplente utilizado e 4 substituído.

    Em boa hora o Barça abriu mão dele.

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  11. Aloísio, o Senhor classe!!!

    não há muito mais pa dizer, senão este ENORME elogio de quem muito cedo aprendeu a admirar toda aquela tranquilidade e sabedoria.

    ENORME, ENORME ALOISIO!!!

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  12. Um dos meus centrais preferidos, dava prazer vê-lo jogar, tinha uma postura e control no jogo fantásticas, um autêntico SENHOR!...saudades de um amigo tambem

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