25 março, 2011

Carta aberta a André Villas-Boas

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

Confesso que quando foi anunciado como o novo treinador deste nosso grandioso clube, não fiquei particularmente entusiasmado. Não por alguma vez ter duvidado das suas capacidades e do talento que hoje vejo que lhe sobram. Não. Questionei-me, sim, sobre os riscos inerentes à contratação de alguém com uma carreira que contava pouco mais de duas dezenas de jogos como treinador principal e que passaria a liderar uma equipa em fim de ciclo e revoltada com tudo aquilo que lhe foi feito na época passada. Sim, admito que fiquei surpreendido, não preocupado. Porque se há algo que eu nunca ousei questionar é a inteligência, o saber, a perspicácia e a coragem daquele Homem que fez deste o maior clube do Portugal democrático.

As dúvidas sobre uma aposta tão arriscada, é verdade, deixaram-me em sobressalto até aquela manhã 4 de Junho em que o vi entrar, pela primeira vez, naquela casa como treinador do clube que é nosso desde criança. Aquele discurso fluido, impressionantemente seguro, assertivo e ambicioso, aquele discurso tão místico, “tão Porto” encantou-me. E aquelas palavras tão sábias e ao mesmo tempo tão certas que eu não mais esquecerei – “Neste clube vence-se desde 1893 e eu quero deixar a minha marca, quero vencer” – conquistaram-me.

E nem a pré-época longe do brilho dos outros que andavam diabólicos com as goleadas a feijões abalou toda confiança que me inundou a alma desde então. Eu sabia que no banco estava um predestinado e aquele jogo da Supertaça, aquela soberba lição que deste ao mestre da táctica, deu-me razão. Tudo o que veio a seguir, todas as vitórias que brilhantemente não parámos de somar, foi apenas a consequência natural daquilo que estava escrito nas estrelas, como disse aquele asno com bigode que manda no clube do regime.

Estava, pois, escrito nas estrelas que iríamos viver momentos únicos esta época, que em relação à anterior mudou, de facto, como do dia para a noite. Ainda hoje, quando vou ao Dragão ou a qualquer outro lado uma das mais nobre das missões que tenho na terra, questiono-me: Quem é este Sapunaru de hoje que sabe defender e que não tem medo de atacar? Quem é este Fernando que hoje não só destrói, mas também constrói? Quem é este Belluschi que hoje defende, pressiona, joga e faz jogar? Quem é este Guarín cada vez mais disciplinado tacticamente, que até já decide jogos? Quem é este Hulk ainda mais incrível, menos individualista, mais colectivo e com muitos mais golos esta época do que nas duas anteriores? Hoje já me compreendem porque lhe chamo pequeno mestre.

É verdade que este ano já vivemos momentos únicos, como aquele memorável 7 de Novembro de 2010 que se tornou num dos dias mais felizes da vida de todos aqueles que fazem parte desta nação. É verdade que estamos a viver uma época que pode ficar marcada como a mais brilhante de sempre da história deste clube. É verdade que, depois disto tudo, não devia pedir mais. Mas vou cometer esse abuso, como portista doente e irracional. Sim, quero muito ver o Hélton a imitar em Dublin o que fez o Jorge Costa no Olímpico de Sevilha. Sim, gostava muito, mesmo muito, de ver-nos terminar o campeonato sem ter que suportar a dor da derrota. Sim, também não me importo de fazer o sacrifício de ir a Oeiras àquele estádio execrável e ganhar mais uma Taça de Portugal. Mas há um desejo imenso que preciso de partilhar consigo, Mestre André, um sonho enorme que tanto gostaria de cumprir antes de partir deste mundo: ser campeão em pleno Estádio da Luz.

Saudações portistas,
Farpas

11 comentários:

  1. Não podia eu, estar mais de acordo com este post.

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  2. Ainda bem q te rendeste ao mestre André;)

    Já antes de cá estar o desejava para nosso técnico e qd falavam q poderia ir para o scp aquilo angustiava-me. Queria-o cá, com as minhas (nossas) cores.

    E o feeling estava certo;)

    Força Porto! Força AVB!

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  3. O melhor treinador do mundo, é o nosso!

    Villas-Boas allez!

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  4. Não sei se o risco de apostar era assim tão grande.

    Um técnico que mostrou qualidades e bom futebol na Académica (com um plantel remendado), um conhecedor da nossa liga, mesmo estando muitos anos nos bastidores e um homem da casa.

    Eu só acho que é um risco porque não tem curriculum, também não teve o tempo suficiente para o fazer, aqui é o único risco.

    No futebol riscos correm-se sempre, seja com quem for, porque são quer queiramos quer não os resultados que fazem o balanço final, um super treinador com derrotas e inicio difícil pouco tempo dura.

    Fico muito satisfeito por ter o André no comando, é um espetaculo vê-lo festejar os golos como nós.

    Em boa hora vieste rapaz, em boa Hora vieste.

    Já agora ainda vamos festejar muito num futuro próximo, coisas que se calhar nunca imaginamos possível num tão curto espaço de tempo.

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  5. O trabalho de AVB, independentemente da forte estrutura mística do nosso clube, é verdadeiramente excepcional.
    Incluo-me no grupo daqueles que nunca duvidaram muito das grandes capacidades de AVB. O futebol, por muito que comentadores e paineleiros queiram fazer crer o contrário, é de simples compreensão e não exige grandes analises tácticas para se perceber a qualidade de um jogador ou treinador.

    Não era muito difícil perceber que um treinador que colocou a Académica a jogar um futebol tão agradável e positivo, e que a retirou do último lugar, colocando-a a meio da tabela num confortável lugar, tinha algo de especial. Pinto da Costa percebeu-o, e mais perspicaz que todos os outros, foi buscar um treinador que muitos títulos nos irá dar…

    Na primeira época ao serviço do clube, o balanço é excelente, e os vários cenários possíveis são bastante positivos:

    - vencer a Supertaça e Campeonato será muito bom;
    - juntar ao campeonato e Supertaça, a final da LE será excelente;
    - vencer campeonato, Supertaça e LE será épico;

    Portanto, independentemente de tudo o que possa acontecer até final da época, será sempre uma época muito boa coroada com o principal objectivo que será a conquista da Liga, com uma grande vantagem para a super-equipa dos milhões que no inicio da época tudo iria ganhar em Portugal e na Europa.

    Um facto muito curioso, é AVB já ter sido mencionado por variadíssimas vezes na comunicação social estrangeira, sendo apontado como treinador de vários colossos europeus. Mais uma vez a prova de que o FC Porto é uma “máquina de fazer bons profissionais”!!!

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  6. É verdade tudo o que foi dito sobre o AVB, mas mais do que as vitórias, e os jogadores que parecem outros o que me conquistou foi a maneira de ele festejar os golos e as vitórias, tal como nós o fazemos nas bancadas.
    Acredito que o coração dele só tem uma cor: azul e branco! ;)

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  7. Aquando da escolha de AVB para nosso treinador, as minhas dúvidas e temores em muito se assemelharam ás do Farpas.

    Confesso que as mesmas não se dissiparam tão rapidamente...pelo contrário, adensaram-se após um horrível torneio de Paris onde estive presente.

    A supertaça em Aveiro marca indesmentivelmente a carreira de AVB no clube. Uma exibição poderosa contra aquele adversário, uma vitória concludente, com bom futebol e muita raça, demonstradora de trabalho de campo e de balneário, lançaram definitivamente o André para a ribalta, e de lá até agora, a história é de todos conhecida.

    Não haja dúvida que os desejos formulados, certamente acolheriam unanimidade no universo azul, mas devemos ter cuidado para não elevar demasiado a fasquia.
    Independentemente daquilo que venha a acontecer, esta terá sido sempre uma grande época, pelo que a exigência não deve atingir níveis com os quais depois nos possamos desiludir...não seria justo com o grupo de trabalho.

    Mas André...faz-nos sonhar!

    Um abraço ao Farpas

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  8. A última frase reflecte o pensamento da Nação azul e branca.


    E outra coisa, preferia ganhar este jogo do que passar à final da taça.

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  9. Melhor que tudo era ser Campeão na Luz e espetar 3 secas no jogo da taça para irmos mais uma vez ao Jamor...

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  10. Jorge Almeida (Facebook)26 março, 2011

    Não poderia eu estar de mais acordo, do que aquilo que aqui foi escrito pelo Ricardo. Sou novo neste Blog, sou novo na amizade com o Ricardo, mas sou de nascença adepto do melhor clube do mundo. Habituado a grandes feitos, conquistas e glórias sinto-me na necessidade de manifestar o meu contentamento e satisfação por pertencer a tão nobre familia portista. Como já o disse aqui, "graças a deus que sou portista!" Confesso tal como no artigo do Ricardo, que de inicio a ideia do AVB treinar o FCP deixou-me algo reticente e apreensivo. Não pela sua inteligência e metodo de trabalho, mas por toda a inerencia do ano passado, pela exigência dos adeptos deste clube habituados a ganhar, pela "tenra" idade deste pequeno mestre. Entrou bem, sabe falar, sabe estar, defende o grupo de trabalho e as ideologias desta casa. Praticamente conseguiu convencer toda a nação e um pais centralista, que vinha de um regime que durava há um ano. Dá uma das maiores lições de futebol no jogo da supertaça ao dizem "catedrático" do futebol e conquista assim de vez o coração de todos os portistas! A partir daí, foi só um começo para o inicio de muitas conquistas e que não têm limite! Conotado muitas vezes como o clone de Mourinho, até isso pôs de lado e abdicou de tal estatuto. Muita seriedade no seu trabalho, incansavel no banco a dar instruções quando decorrem os jogos, chegando mesmo a fazer kms, tal é o entusiasmo com que segue a equipa. E então eu pergunto, até aonde vai este pequeno Mestre??? Qual é o teu limite André??? Se duvidas havia e que muitos fartaram-se de rir no inicio do anunciar do novo treinador, elas estão dissipadas há muito tempo! Conto contigo para continuar a ter muitas alegrias. Deixo um abraço a toda a familia portista.

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  11. Farpas gostei muito!

    A unica diferença, é que quando se falava quem seria o treinador que iria substituir o Jesualdo Ferreira, a minha escolha foi sempre André Villas Boas!

    BIBÓ PORTO

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