22 janeiro, 2016

A HORA DO PRESIDENTE E DA ESTRUTURA.

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1. Após chegar à liderança às portas do Natal, o FC Porto encetou uma triste saga de autodestruição pouco consentânea com os pergaminhos do Clube Português de maior sucesso dos últimos 30 anos.

O mal-amado Lopetegui já é passado (quem diria que Pinto da Costa e Florentino Perez podiam ser tão parecidos na forma como descartaram treinadores depois de fazer a respectiva defesa 15 dias antes) e agora é a hora de José Peseiro, como antes foi a de Paulo Fonseca ou mesmo a de Luís Castro.

O melhor e mais sólido clube português, capaz de criar campeões quase do nada, transformou-se numa espécie de mini-cemitério de treinadores, onde até alguns dos últimos vencedores foram bastante criticados por adeptos e até por alguns elementos da estrutura, Presidente incluído, como no caso de Vítor Pereira e respectivas criticas ao seu estilo de futebol. E agora Peseiro. Apesar de rimar, não é de certeza um milagreiro e sozinho pouco poderá fazer, ainda mais atendendo a que chegará por meio do ano e num cenário pouco favorável.

Mais do que a hora de Peseiro é, no entanto, a hora do Presidente e da administração. Acredito que o sucesso e insucesso neste momento dificilmente voltará a ser personificado num treinador como o foi com Lopetegui, situação que o próprio Presidente alimentou hoje na entrevista. Neste momento, mais do que o treinador, quem está em exame é a própria imagem da estrutura que tanto ganhou, mas que por estes dias arrasta consigo uma imagem de menor fulgor. Pinto da Costa está e estará na história e será provavelmente inigualável, mas, como o próprio ainda hoje o disse, o presente e o futuro são sempre o mais importante numa instituição da grandeza do FC Porto.

2. O Presidente falou ao Porto Canal, numa entrevista aguardada com expectativa pela situação actual e até por algumas picardias públicas entre um antigo capitão e símbolo dos anos de sucesso e a sua própria mulher.

Cada um terá a sua opinião, começo por saudar o facto de ter acontecido em directo e por termos visto serem feitas algumas perguntas sobre assuntos mais incómodos, mesmo que naturalmente não se tenha tratado de um Crossfire (nem faria sentido que assim fosse num canal do Clube).

Com momentos melhores e outros piores na minha modesta opinião, não vou no entanto escalpelizar até porque escrevo este texto imediatamente após o final da entrevista.

Como principais notas ficam o anuncio da recandidatura, nada surpreendente porque dificilmente Pinto da Costa deixaria de se candidatar num cenário destes, e a mensagem da completa associação do insucesso desportivo ao antigo treinador Lopetegui.

Após um inicio focado na recandidatura e em indirectas ao Vitor Baia, o foco voltou-se depois para o ex-treinador e na passagem por algumas ideias que foram vincadas pelo Presidente de forma insistente.

As tácticas, os métodos de treino e a postura perante o grupo e o país foram atacadas pelo Presidente, que também empurrou para o antigo treinador as responsabilidades sobre alguns casos polémicos como o “Ferrari” Imbula ou Adrian Lopez (de salientar aqui também uma “boca” ao super empresário Jorge Mendes…). De forma algo surpreendente, Pinto da Costa traçou uma imagem de poder quase absoluto de Lopetegui sobre toda a política desportiva, quase à imagem de um Manager britânico.

Nunca no FC Porto de Pinto da Costa tal situação pareceu possível, excepção feita a Pedroto, cujas características e enquadramento eram, como todos sabemos, bem diferentes de qualquer um dos seus sucessores. Nem com Artur Jorge, Mourinho ou Villas Boas tal situação ocorreu, sendo que nos maiores sucessos a estrutura nunca se “demitiu” de envergar também os seus méritos. Algo natural, porque ninguém ganha sozinho e se estes nomes fizeram o que fizeram também o devem ao FC Porto e às suas direções, que lhes proporcionaram as melhores condições para executarem o seu trabalho com sucesso.

Desta feita, e contrariamente ao normal, o ónus da culpa foi atirado quase em exclusivo a Julen Lopetegui. Nada habitual em Pinto da Costa, que assim também se mostrou quase como um observador, apenas “um adepto mais”, quase capaz de assobiar a equipa de cujo futebol não gostava. Perante este cenário nada habitual, fica a expectativa para descobrir qual será a postura do Presidente nos próximos tempos.

Num período de menor fulgor, onde a contestação tem atingido níveis parecidos com os de 2002, resta saber se o Presidente ainda terá mais uma vida e se será com ele que daremos a volta por cima.

Pinto da Costa fechou a entrevista a recordar Mourinho, invocando um “bom augúrio” para a estreia de Peseiro com o Marítimo, um paralelismo curioso com essa época igualmente difícil na sua longa carreira de Presidente.

A ver vamos se se trata de uma convicção forte e segura de um renascimento em pleno do FC Porto ou se toda esta situação e o queimar de Lopetegui em fogueira pública não se tratou apenas de uma fuga para a frente de um Homem que, aconteça o que acontecer, será muito provavelmente para sempre a figura nº 1 da história do FC Porto.

6 comentários:

  1. Estava à espera de mais do Presidente e nunca o tinha visto queimar um treinador como queimou. Nada em relação aos critérios dos árbitros e nada dos vouchers que dá descida de divisão. Deveria ter dito que se não fosse a roubalheira que foi ano passado tinhamos sido campeões com o Lopetegui. Como disse que não tem nada de saude o que é de saudar, esperemos que não continue com esta postura de avestruz e não se revolte com as roubalheiras constantes. Mantém-se a Presidente e não referiu objectivos desportivos apenas disse que queria fazer uma academia e mais nada. Uma pena que o melhor Presidente do mundo não queira de facto voltar a ser Porto no verdadeiro sentido da palavra e que agora tenha adoptado esta politica de desresponsabilização do próprio quando 2º diz, é ele quem manda??

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  2. A entrevista de ontem, ao contrário de me sossegar, só me preocupou ainda mais.

    Primeiro, pela farsa da explicação do timming da contratação do José Peseiro.

    Segundo porque o grande Jorge Nuno Pinto da Costa do passado, não precisava de andar a escudar-se em bodes expiatórios para esconder as próprias asneiras. Como já tive oportunidade de escrever neste espaço em artigo próprio, não foi Lopetegui que veio bater desesperado à porta do Dragão à procura de emprego. Alguém o contratou. E também não era Lopetegui que passava cheques no Dragão. Alguém os assinava. Pelos vistos, tal como aconteceu no BES ou na PT, o vírus da amnésia ataca fortemente, sempre que a porcaria chega às cúpulas.

    Terceiro, presumo que PdC esteja bastante satisfeito com a perseguição e roubos que tem sido feita ao FCP, quer na temporada passada, como na presente. Exceptuando uma tímida e vaga referência a Marco Ferreira, até houve tempo para elogiar ex-árbitros.

    O que vejo é um presidente preso. Pelos que o rodeiam e pelo exterior.

    Aguardo ansiosamente melhores dias para o Futebol Clube do Porto.

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  3. Espero estar enganado mas parece-me que como diziam na guerra dos tronos o "inverno" está a chegar ,veremos por quantos anos...

    Saudações Portistas
    Paulo Almeida

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  4. Esta entrevista teve muito conteúdo, mas que não se consegue dar toda a razão ao Presidente.
    1º Que raio é isto de não aceitar um pressuposto candidato a presidência, vindo de um jornalixo/canal hóstil ao Clube, quando a meses vimos uma personagem que só destilou ódio contra o nosso Clube ao longo dos anos a entrar na gala dos Dragões de Ouro.
    2º Quando se questionou o assunto das arbitragens vimos um Presidente muito cauteloso no assunto.
    3º Contratações - Se o Adrian foi um péssimo negócio, porque é que se foi atrás de alguém como Imbula. Será que a experiência do Presidente não valeu para evitar isto.
    4º Se Lopetegui era teimoso porque é que só agora é que veio um novo treinador.
    5º Afinal interessa o FC Porto ou o grupo que lhe relance à candidatura?

    Enfim, uma entrevista em que se expôs um grande número de falhas, que ao que parece-me na minha opinião se notou uma enorme falha na gestão do Clube ao longo destes últimos anos.

    Não sei se irá haver mudanças de atitudes a partir de agora, mas se houver, que sejam eficientes e da forma mais eficaz possível.

    A partir de agora a faca está muito junta ao pescoço.

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  5. A culpa morreu solteira mais uma vez.

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  6. Bom texto, sereno, equilibrado. Muito dito!

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