RAZÕES E EMOÇÕES.

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É logo à noite? Amanhã? Sábado? Domingo? Segunda? Triste expectativa essa com que muitos olhos vão ver os próximos compromissos com Rio Ave e Boavista. Temível fantasma esse que assombra o balneário azul e branco. Tudo a perder e muito pouco a ganhar.

O FC PORTO SOMOS TODOS NÓS!

A idade das trevas instalou-se pelo Reino do Dragão. Onde outrora todos se uniam por um emblema, vemos agora agrupamentos de termos como carneirada, pipoqueiros, antis e prós-Lopeteguis ou, no esgoto da escala, portistas a torcer pela derrota do Porto. Penosos tempos.

Ao contrário de algumas linhas de opinião, não tenho dúvidas que todos sofrem pelo FC Porto. Todos são portistas, e decerto, todos querem o melhor para o clube. Contudo, tal como em muitos campos da vida, entre o querer, e o ser, vai por vezes uma grande distância.

Simplificando, podemos agrupar os adeptos em 2 grandes grupos. Para não ferir susceptibilidades, vou apenas distingui-los pelos que agem pela Razão e os que agem pela Emoção.

Os que agem pela Emoção querem simplesmente a cabeça do treinador, como se com ela, todos os males do mundo ficassem automaticamente resolvidos. Basta Lopetegui entrar num avião para o país Basco para milagrosamente os centrais se tornarem muros intransponíveis, o Herrera ter uma epifania e se converter no Iniesta ou Aboubakar transformar-se num serial killer à frente da baliza.

Os que agem pela Emoção, acham que amanhã, qualquer treinador que surja no Olival vai numa semana conhecer a fundo os jogadores, conseguir implementar novas metodologias de treino e de jogo, e no meio disto tudo, ainda vai GANHAR TODOS OS JOGOS, de preferência a jogar um futebol fantástico.

Como para mim, os efeitos especiais são para Hollywood e os milagres para a religião, prefiro acreditar na Razão.

E para quem acredita na Razão, gostar ou não de Lopetegui é irrelevante. O importante é o que é melhor, ou pior, para o FC Porto neste momento.

Quem age pela Razão, acha que Lopetegui, num ambiente sadio, é a melhor hipótese do momento para lutar pelos títulos em que o FC Porto está envolvido, nomeadamente campeonato e taça.

Porque os jogadores são dele. Porque a estratégia é a dele. Porque bom, ou medíocre, o único modelo de jogo possível até Maio, é o dele.

Qualquer pessoa lúcida o suficiente, saberá que tirar o mentor deste projecto tão personalizado, significará 99% de probabilidade de insucesso.

Quem age pela Razão, sabe também, e lamenta, que com a massa adepta de costas voltadas à equipa, o abismo é inevitável.

Aproveito para vos deixar 2 tópicos para reflexão:

1. «Quando referi o mau ambiente referia-me à relação dos adeptos com o treinador. Era evidente que as pessoas não estavam satisfeitas com o treinador anterior. Acontecesse o que acontecesse, as pessoas pediam a sua saída. Quando tens de jogar, essa situação não é fácil, porque o treinador é o que comanda o barco e tínhamos de jogar sob pressão, não era fácil jogar em casa com esse ambiente»
   Este comentário é da autoria de Rodrigo, jogador do Valência, referindo-se ao ex-treinador Nuno Espírito Santo. Não deverá ser muito diferente do que se passará actualmente na mente dos jogadores Portistas. Contudo, como ouço e leio muitos por aí, os adeptos não têm culpa de nada...*


2. Defensivo, atacante, bom, mau, excelente, assim assim, apaixonante, sonolento. Estes e muitos outros adjectivos podem ser ser colados a determinado estilo de jogo, consoante a visão pessoal de cada um.
   O que já não será tão subjectivo, será o estilo de jogo de Lopetegui. Ele quer posse! Entre os centrais, os centrais e os laterais, os centrais e pivot ou laterais e extremos, Lopetegui tem um estilo de jogo que é dele.
   Do conhecimento que tenho pela imprensa, não foi o espanhol que andou a implorar um lugar de treinador no FC Porto. Foi sim alguém do clube, mais concretamente o seu presidente, que foi ter com Lopetegui e quis que ele aplicasse o seu modelo de jogo na equipa de futebol.
   Logo, desta premissa tiramos a conclusão de que o treinador está somente a fazer aquilo para que foi contratado. Se é, ou não, adequado às exigências da massa adepta, talvez seja importante, no momento em que se contrata o treinador, pensar o estilo de jogo que se quer que o FC Porto jogue. Não é apostar em algo, e depois assobiar para o lado.

* Apenas como referência, o Valência não voltou a ganhar qualquer jogo após a saída do técnico português. Mas isso são contas da La Liga... Ou talvez não.