ADDIO, ADIEU, AUF WIEDERSEHEN, GOODBYE…

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(DESALOPETEGUIZAÇÃO)

... amore, amour, meine liebe, love of my life!
Se o nosso amor findar,
Só me ouvirás cantar,
Addio, adieu, auf wiedersehen, goodbye,
Amore , amour, meine liebe, love of my life."
(José Cid, «Um Grande, Grande Amor», 1980 DC)

Sei reconhecer quando erro. Sinto em mim arreliadoras coceguinhas que me tiram qualidade de vida. Sei também reconhecer quando erro, me engano estrondosamente. Custa-me manter a espinha dorsal direita, as pernas vacilam e parecem gelatina, ganho aftas na boca, choro como uma Madalena Arrependida, e fungo desde a primeira até à última luz do maldito dia. É assim que me sinto. É assim que me vêem por estes tempos. Iludi-me, enamorei-me... escrevi prosas, tácticas incríveis de 4-4-3, 4-4-2 e 3-5-2 e poemas de estrofes de quatro versos para só nós dois vermos. Juntos falávamos de jogadores, costumávamos ir de mãos dadas ver o sol a pôr-se na praia no culminar de mais um dia cheio de promessas e de hipotéticos lances magistrais de ataque envolvente e golos de mais ou menos bandeira. E os horizontes eram de glória. E os títulos. Tantos. Os aviõezinhos deixavam mensagens escritas a branco no azul do céu que nos foi prometido.

Quando tudo eram ainda rosas de mil cores, quando tudo era Inocência.

Mas as coisas são o que são e as coisas são assim mesmo e o que era paixão ora pueril e inocente, ora deslumbrada e arrebatada, rosas de mil cores, magnólias, pétalas de jasmim e rutilantes partículas de perfume floral atiradas à brisa fresca da verde alvorada transformou-se... assim... Nisto. O que hoje (não) temos e (não) fazemos e (não) somos e (não) jogamos.

Julen, fofo, não adianta. Não vamos forçar. A coisa não ia mesmo resultar. Lembras-te do primeiro amuo? Daquela primeira zanga a sério, quanto não resisti e te assobiei para só tu ouvires a partir do meu sofá, daquele canto que tu sabes que é tão especial para mim? Recordas o momento infame em que te insultei para só tu ouvires depois do 2-2 em Moreira de Cónegos? Perdi-te definitivamente o respeito. Partiu-se aí o feitiço em que me mantinhas ainda presa mesmo após a calamitosa época passada, seis na pá e tudo, cataclismo total na Luzinha e tudo. Desde então foi um caminho de maus, anedóticos episódios e de algumas boas, tão poucas, paragens. A ruptura há muito que se anunciava. Claro que dói ver. Sentir. Ouvir o som dos sonhos a ruir. Os teus (que eram muitos) e os meus (que se acumulavam há épocas de desatino).

Julen, fofo, convenhamos: errei, errámos. De predestinado tens pouco. Não percebes pevas de futebol. És um nabo. Basco, altivo, dedicado, estudioso, bem-falante, mas nabo. Ainda que fofinho e que vistas bem um fato. Não faças essa cara. E confirma-se: sinto terror, medo, drama pelo que há-de vir. Temo o amanhã que é quase sempre um martírio, um arrastar da cruz, cada vez mais pesada e tu cada vez mais desgastado. O próximo jogo é já e é sempre um long brrrrrrrrrrrrrrrr. No último, frente aos lagartos, esperava no mínimo uns 0-3. Porque sabia que não íamos ganhar. Assim não. Sem lobotomia pré-frontal ao teu cérebro não.

Não faças essa cara. Erras pecaminosamente, asneiras barbaramente, polvilhas de doce inferno e agonia os minutos dos nossos jogos, metes água a todo o sagrado nanossegundo e de toda a escabrosa forma e escandaloso feitio e sacodes sistematicamente a imensa tromba de água do sempre imaculado capote enquanto jogas num 4-7-0. Julen, querido, querido Julen, não tens perfil para treinar o grande FC Porto que não perde nem a feijões, lentilhas, bagas de goji ou rebentos de soja.

De desilusão em desilusão, esta foi para mim a última, ENORME, TSUNAMIESCA gotinha. Esgotei o stock de pachorra e de santa paciência. Que foi esticada até ao limite.

LOPETEGUI: TU ÉS O ELO MAIS FRACO. ADEUS.

P.S. Mas não é um adeus com efeitos imediatos. Somos ou não adultos? Arruma as tuas coisas. Todas. Ainda vais precisar de algum tempinho, imagino. Tamanhas as asneiras. Tamanhos os teus subterfúgios, as desculpas esfarrapadas, os pedacinhos de todas as coisas preciosas que partiste e fizeste com que partissem, a tua gigantesca falta de critério, os teus flops, a imbecil da tua rotatividade, a dose industrial e generosa e sempre (haja coerência!) egoísta de obtusidade. Casmurrice e autismo. Pelo meio, só terás de ganhar o campeonato e a Taça. Da outra, dos peaners, prescindimos e já vamos inclusive no bom caminho para isso mesmo. Vês como não exijo muito de ti? Ficas até ao final da época, superas-te, recuperas ganas e ilusión e mentalizas de uma vez os teus indolentes e sensíveisinhos muchachos e nem que seja à chapada, cumpres a tua obrigação e sais. Simples! Eu? Eu fico com o meu Clube de sempre e para sempre e com os alguns momentos do bom futebol com que nos brindaste ocasionalmente que pairam e ecoam nas escuras galáxias da minha desilusão. (WOW! Esta foi profunda. Como tu, afinal, Julen).

Te echaré de menos.

*Texto revisto e aumentado (em tamanho e em sentimento) a 4/Jan./2016 de um outro que dediquei ao ex-treinador Co Adriaanse no longínquo ano de 2006 D.C. O Julen Lopetegui duplicou em “amor” e desilusão o que sentia então. Esta é somente e APENAS a minha visão. Não acreditando (muito ou nada e apesar de estarmos neste momento a dois pontecos do primeiro classificado) na conquista do campeonato, desejo-lhe óbvia e naturalmente a maior das sortes, sendo certo que contará com o meu respeito - na sua condição de profissional correcto e aplicado que sempre foi - e total apoio.

Aos 7 de Janeiro do Ano do Senhor de 2016:
P.S. Ts, ts, ts. Tinhas de me contrariar e mostrar a tua casmurrice até na saída, não era, Julenzinho? Não podias ter ganho o campeonatozeco e a taça... Não, tinhas de teimar, queimar mais pontos e sair sem títulos. Enfim. Lá orgulhoso és tu. Nisso foste sempre coerente. Vai lá à tua vida. Levas ao menos contigo a torre do Olival? Aquela onde nunca te vi? Na falta de algo mais glorioso, lá terá de servir como recuerdo da tua passagem por cá. Instala lá na terrinha. Recomendaciones, chiquito. AGUR!