Amores e Desamores de um Dragão

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Confesso que hoje foi a primeira ocasião desde que escrevo neste blog, que estive na eminência de pedir “escusa” ao bLuE bOy. Nem sempre as coisas correm como nós queremos, e esta era uma daquelas ocasiões em que só me apetecia estar fechado em casa, isolado, sem falar com ninguém, sem telemóvel para atender. Apenas reflectir sobre a vida. Ainda assim, como este grande Amigo não me merecia esta desfeita, decidi escrever.
Mas tal como sempre o faço, vou escrever sobre o que me vai na alma. Só sei escrever com alma e com paixão, retratando o que me vai cá dentro, retratando aquilo que está num lugar que às vezes eu próprio desconhecia existir.
Foi isso que fiz quando dirigi críticas internas a diversas áreas do clube, foi o que fiz quando a revolta que sentia pelas blasfémias de que o nosso clube é alvo me dominavam, é o que vou fazer hoje. Ainda assim, peço antecipadamente desculpas por se calhar ser algo pouco interessante para todos vós.

A dedicação à causa azul nem sempre é compreendida, talvez porque se calhar muitas das vezes, nós próprios nos deixamos domar por ela.
Já levo muitos milhares de km's nas pernas, centenas de estádios visitados, vários países em que estive presença, muitas horas de sono perdidas, muitas refeições mal feitas, milhares e milhares de euros gastos, tudo para acompanhar o FC Porto.
De facto, o amor a esta causa é algo tão abstracto como qualquer outro amor. Não sabemos bem o que nos move, não sabemos bem o que procuramos, até porque nada pedimos em troca, pois até mesmo se perdermos, na semana seguinte estamos lá outra vez. Nada explica esta devoção, a não ser algo que nos vem de cá de dentro (aceitam-se melhores explicações).
Eu tenho uma forma muito intensa de amar, não conseguindo por vezes controlar os meus sentimentos, deixando que eles me levem porventura a ser irracional. Sou assim com quase tudo, atirando-me “de cabeça” às coisas, entregando tudo de mim.
Dentro dessa lógica, às vezes pergunto-me o que se ganha com todo este ardor clubístico, com todo este amor incontrolado, com esta paixão assolapada. Pouco, muito pouco na maior parte das ocasiões!
Não venho para aqui fazer o papel do bom samaritano, pedir racionalidade, pedir contenção ou limitação da forma de amar o nosso clube. Não, não sou um bom exemplo para isso. Mas quando às vezes paramos e olhamos para outros exemplos, percebemos que “perdemos” muitas horas da nossa vida a lutar por um ideal, por uma causa, e que muitas das vezes, nem pelos nossos próprios comandantes somos reconhecidos, pois basta uma palavra de desacordo para já sermos rotolados disto e daquilo. Nessas alturas, parece que afinal não valemos nada. Questiono eu: quem e como é reconhecido todo este esforço, empenho e dedicação? Grande parte das vezes, nem um agradecimento condigno num final de jogo existe por parte dos atletas.

E então o que nos resta? A alegria das vitórias, sem dúvida!!
E essas justificam tudo o resto? Sei lá!!

Esta lamechice como alguns devem estar a pensar, tem naturalmente uma razão: o sentimento de “perda” de pessoas próximas, que se calhar teriam merecido mais da nossa atenção e certamente não mereciam ter ficado em tantos e tantos momentos para segundo plano em nome do clube.
Não meus Amigos, não me dêem as condolências porque felizmente ninguém faleceu.

O sentimento de perda nem sempre é despertado apenas pela morte. Ele é também despertado pelos sinais que vamos tendo ao longo da vida e que não são recuperáveis. Esse sentimento é sem dúvida o único que supera o Amor, pois quando se “perde” alguém não há volta a dar... ao amor ainda há!

Com tudo isto apenas vos quero dizer o seguinte: amem o que quer que seja controladamente, principalmente se isso for algo que fuja da vossa necessidade de sobrevivência. E por muito que nós queiramos, apenas há algo essencial à nossa sobrevivência: a família, seja ela a existente ou aquela que pretendemos criar.

Um abraço a todos!

PS – Sublinho que este texto não se trata de um manifesto “anti-clubite”. Trata-se apenas de um desabafo, um alerta, um soar de campainha para que não deixem que as vossas prioridades se invertam, pois ninguém nos agradece e reconhece verdadeiramente. Fala-vos apenas a voz de alguma experiência.