26 junho, 2011

Villas-Boas, a Floribela do futebol nacional

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

    «É verdade que os jogadores têm ambições individuais, mas não podem sobrepô-las ao objectivo colectivo. Eu já vivi experiências fora, mas o meu sentimento por este clube é fortíssimo. Não quer dizer que outros o partilhem. Eu não abdico desta cadeira por nada.»
    AVB, 12 de Novembro de 2010.

    "Até tu, Brutus, filho meu?".
    Na hora da morte, Júlio César reconheceu o filho entre os seus carrascos e proferiu esta frase, séc. I a.C
Se me permitem, queria começar esta crónica com um pedido de desculpas a todos os leitores deste blogue. Há duas semanas atrás, escrevi aqui uma crónica que se intitulava "Villas-Boas, mais um adepto portista em Dublin!". Na verdade, como hoje todos percebem, foi um excesso de linguagem da minha parte. Como é óbvio, esse título não só é mentiroso como representa um insulto para todos os leitores deste espaço de tertúlia. Estou arrependido por ter dito o que disse e só espero que me perdoem - chamem-me esquisito, mas eu ainda sou daqueles portistas que respeita a Família Azul e Branca.

Esta semana, Villas-Boas perdeu toda a sua inocência de "miúdo" e trocou a cadeira dos sonhos pela cadeira do ouro. Ao longo de toda a época, Villas-Boas foi muito atacado por ser um "miúdo", porém há muitas virtudes dos "miúdos" que devem ser perservadas, nomeadamente a honestidade e a pureza nos sentimentos.

Villas-Boas tentou, pois, ensaiar um número semelhante ao que Luciana Abreu fez há uns tempos. Diria mesmo que, neste momento, AVB é a Floribela do futebol nacional. Passo a explicar. Há cerca de dois anos, para se desligar da imagem de menina inocente, Luciana Abreu introduziu sacas de 200ml de silicone no peito e despiu-se para uma revista masculina a troco de uns euros. Na passada terça-feira, André Villas-Boas fez mais ou menos a mesma coisa: para mostrar que já não era um "miúdo", despiu a camisola do seu clube de sempre e, tal como a Floribela, esqueceu a dignidade em troca de uns patacos.

É curioso que, também à semelhança de Luciana Abreu, Villas-Boas assegure a sua estabilidade económica através de um casamento duvidoso com um homem do futebol. Vivam as coincidências! Bom, agora que penso bem nisso, as semelhanças entre a Floribela e o Villas são tantas que corro o risco de ficar entesoado da próxima vez que vir uma foto do nosso "miúdo" em fato de treino.

Usando uma analogia, aquilo que Villas-Boas fez ao FC Porto é o equivalente àquela história do namorado traiçoeiro que passa a vida a fazer juras de amor à sua companheira e depois, na hora de a levar ao altar, foge com uma galdéria qualquer só que porque esta é mais rica e tem as mamas maiores. No fundo, em ambos os casos, tudo se resume a uma questão de "mamas". Villas-Boas trocou o amor de uma vida por uma russa com "mamas" bem avantajadas. Villas-Boas esqueceu a História, a personalidade e o carácter por uma russa mamalhuda. E garanto-vos, se eu já não tivesse o meu priapisma a dar de si por causa de toda esta conversa sobre seios, poderia continuar nesta analogia com mamas pela noite fora.

Recentremos, então, a crónica.

Devo confessar que, ao princípio, desconfiei muito daqueles que comparavam Villas-Boas a José Mourinho. Achava isso um exagero e até bastante precipitado. Hoje, não tenho dúvidas: Villas-Boas é mesmo igual a José Mourinho. Não sei se tem tanta competência como José Mourinho, mas tem igual capacidade para trair o Nosso Clube. E isso é notável. Esse é talvez o maior recorde de Villas-Boas esta época. Faço, portanto, a devida vénia aos críticos que desde sempre os consideram clones um do outro.

Como calculam, estou contentíssimo com a saída de Villas-Boas. Tendo em conta esta tendência de Villas-Boas para copiar Mourinho em tudo, corríamos o risco de, na próxima época, quando ganharmos a Champions ter novamente um treinador a fazer birrinha na final - aliás, fazer birra é coisa bem típica de um "miúdo". Quanto a amuos de miúdos birrentos em finais da Champions, já chegou uma vez, em 2004.

Este caso só vem dar razão àqueles que defendem que a Escola Mourinho precisa de ter uma nova pedagogia. É urgente um Processo de Bolonha para a Academia Mourinho. Urge introduzir no curso Mourinho novas unidades curriculares com uma forte componente pedagógica, como, por exemplo, "Honestidade Para Com A Massa Adepta" e "Respeito Pela Mão Que Nos Deu De Comer". São cadeiras que me parecem essenciais e que, pelo vistos, fazem falta aos futuros caloiros da Academia Mourinho. A falta de lisura de carácter dos alunos e professores da Escola Mourinho é inadmissível.

Ao contrário da maioria, a saída de Villas-Boas não me apanhou de surpresa. Apesar de ser um ingénuo, não descobri esta semana que o amor à camisola é um sentimento quase extinto. Sou um palerma, mas este tipo de coisas básicas ainda consigo atingir.

E, antes que os sindicatos venham defender o proletário Villas-Boas, queria fazer aqui uma ressalva. Obviamente, é legítimo o direito de alguém querer trepar (principalmente se for no sentido brasileiro da palavra) na vida. Ninguém questiona isso. Passa-se, no entanto, que Villas-Boas não ganhava propriamente o salário mínimo nacional nem vivia num T1 em Ranholas. Dir-me-ão que, ainda assim, apesar de já ter um salário milionário, é igualmente legítimo que queira melhorar o seu ordenado. É verdade. Escusam de chamar o Carvalho da Silva para me explicar isso. No entanto, existe um coisa chamada ética e sinceramente não me parece correcto que um treinador passe uma época a fazer juras de amor eterno ao clube e depois bata com a porta a uma semana de começar a pré-época. Isso constitui não só uma falta de respeito pelo Clube, bem como pelos adeptos, pelos jogadores, pela direcção, mas sobretudo pelo seu sucessor - que terá assim menos tempo para planear a próxima época.

Não nego que me faz muita comichão aquelas pessoas que fazem a seguinte pergunta: "Achas o Villas-Boas um traidor?". Ora, a contradição entre os actos e as palavras é tão flagrante que torna esta questão ridícula. As evidências são tão gritantes que tornam qualquer discussão sobre o assunto inútil. Isto é, a menos que Villas-Boas tenha sido coagido a dizer frases como as acima citadas, os portistas tem todo direito de se sentirem traídos. Ele faltou à palavra dada. Logo, traiu toda a gente que confiou nele. A traição é um facto. Não há lugar para subjectividades. Agora, perante a traição que ocorreu, há aqueles que perdoam e aqueles que não toleram. Face à traição, cada um tem o direito de assumir a postura que bem entender. Ainda assim, traição está lá e é factual.

Bom, a crónica já vai longa e eu tenho uma panela de sopa ao lume. Deixo-vos, por isso, com a minha moral da história: ninguém pode querer ser Al Capone e, ao mesmo tempo, Robin dos Bosques.

Bem vistas as coisas, Villas-Boas tinha razão quando dizia que não era nenhum "miúdo" - infelizmente! Um grande bem-haja para os miúdos que não trocam o seu clube por nenhum chocolate oferecido por um estranho.

9 comentários:

  1. Simplesmente genial, nunca é demais zurzir no bastardo.

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  2. Caros e Ilustres Portistas,

    Bem sei que não há muito para falar nesta altura, mas por favor deixem de falar no judas, ele não merece mais atenção da nossa parte.
    Vão ver que a cs vai falar dele até à exaustão portanto esqueçam esse mercenário, há que passar frente.
    Deixo uma pergunta adianta alguma coisa falar de um verme que nos enganou a todos? esqueçam!!! isso não nos leva a lado nenhum a não ser dar-lhe importância, é como discutir o sexo dos anjos, já chega!!!

    F.C.PORTO SEMPRE

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  3. Miguel Monteiro26 junho, 2011

    Após ver o dramatismo que acompanhou a descida de divisão do River Plate, tirando obviamente as lamentaveis cenas de violencia, fico mais uma vez convencido que o futebol é mesmo muito mais do que um jogo de bola. É arrebatadora a paixão e amor que uma pessoa pode ter por um emblema e tudo o que ele representa.
    As imagens daqueles homens feitos a chorar copiosamente pela descida do clube que adoram é de uma força brutal...

    E ainda há quem consiga ver a saida da Floribela como uma coisa normal. Chamem-me naif, mas futebol é MUITO MAIS do que um negócio.

    Nota: Depois de ter ouvido há uns meses o Libras Boas dizer que gostava de experimentar o campeonato argentino e após ver o que lá se passou no final do jogo de hoje, acho sinceramente que era o sitio ideal para ele :-)))

    Abraço e boa semana para todos!

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  4. eSCREVINHADOR,

    muito, muito bom mesmo... parabéns!
    pena é que de facto, esta história não seja apenas uma questão de «peitos», porque se assim fosse, seria muito mais fácil para larga maioria de nós, aceitar com outro ânimo esta "facada à traição"... é pena, mas essa é mesmo a verdade!

    AVB, a mim, particularmente, fez parte de uma história bonita da nossa história, mas que já acabou e como tal, a partir daquele «adeus» tão próprio dos cobardes, hipócritas e falsos, quero mais é que vá F**** com as letras todas!!

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  5. mIGUEL mONTEIRO,

    "E ainda há quem consiga ver a saida da Floribela como uma coisa normal. Chamem-me naif, mas futebol é MUITO MAIS do que um negócio."

    como eu te compreendo, como eu te compreendo... é por essas e por outras que, tanto na questão AVB, como tantas noutras, determinados adeptos do (meu) fcPORTO, mesmo que tenha por eles o maior respeito que tenho e merecem, ficam a falar sozinhos... e por aqui me fico!!!

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  6. Boa noite!
    Antes de mais quero dar os meus parabéns ao autor do post que foi capaz de traduzir em palavras aquilo que eu e muitos outros sentimos!
    AVB traiu e traiu o clube que lhe tinha estendido a mão por três vezes e que lhe tinha proporcionado tudo para ele ser conhecido e admirado, mas mais do que isso, traiu o clube que dizia amar e a quem tinha jurado não trocar por nada! Mas resolveu sair a uma semana do início dos trabalhos da nova época, na pior altura possível para o fazer! Não contente com isso, ainda procura convencer o seu novo patrão a ir ao Dragão para se abastecer e criar ainda mais dificuldades ao clube!
    Acho piada aos que dizem obrigado ao ex-treinador! Mas obrigado porquê? Será que esteve no nosso clube de borla? Será que o Porto lhe ficou a dever dinheiro? Não, meus amigos! Ele veio trabalhar para o Porto porque era o clube que lhe pagava melhor e que lhe dava mais garantias de se projectar! Trabalhou bem, é certo, mas se não o fizesse também não tinha propostas para sair!
    Não meus caros! Villas Boas foi de uma insensibilidade e de uma falta de princípios que me enojaram! E com "portistas" destes nem precisamos de adversários para nada!

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  7. Ora aí está Miguel Monteiro, disse tudo, TUDO!

    Essas imagens do River são para refletir, isto para nós não é negócio nenhum, é um amor incondicional!

    Mas que bom seria ver o Libra$ Boa$ fazer o que nos fez... na Argentina ;)

    Abraço

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  8. Parabéns pelo texto :)

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