09 janeiro, 2016

DEPOIS DAS “FÉRIAS”, O VENDAVAL.

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

No meu último texto, em que referia o meu desencanto com o alargado período de férias de Natal em vésperas de partidas importantíssimas para a estabilidade do FC Porto, terminei com “Resta-nos desejar que pelo menos regressem concentrados e com a motivação em alta”

Não podia ter corrido pior o meu desejo. Derrota, seguida de derrota, com mais um empate que também sabe a derrota precipitou o já anunciado fim do percurso de Lopetegui no FC Porto.

Decisão acertada para alguns, fruto da crença de que com tanto desgaste era impossível que Lopetegui pudesse ainda ser ainda solução para lutar por títulos, para outros foi uma espécie estranha de festa.

Sinceramente desconheço os motivos para tanta alegria, mesmo que tal sentimento possa ser mais de alivio do que alegria para alguns Portistas que até sei que são bem-intencionados. No entanto em que bases é que assenta esse alivio/alegria?
  • Nunca na nossa história a troca de treinador proporcionou alegrias e resultados imediatos, isto se não formos do tempo da troca de Otto Bumbel por Bela Guttmann. Em parte Bobby Robson e a meia-final da Liga dos Campeões mais Taça de Portugal talvez tenha representado algum sucesso imediato, no entanto a troca de treinador no FC Porto costuma significar que o campeonato seguirá para outras paragens, mesmo que se trate de Artur Jorge e José Mourinho, dois dos melhores da nossa história. Ou seja, quando se verifica uma chicotada o sentimento deveria ser mais de “fim de festa”, quase que uma assunção de que a época muito provavelmente estará comprometida.

  • Lopetegui é o 2º treinador falhado seguido, algo nunca visto no reinado de Pinto da Costa. Sinal muito preocupante de um tempo diferente, em que as regras rígidas que levaram o Presidente a segurar Fernando Santos, Co Adriaanse, Jesualdo Ferreira ou mesmo Vitor Pereira em situações mais complicadas desportivamente (socialmente talvez não fossem, mas isso é outra conversa) estão completamente enterradas. Se por um lado o toque de midas parece infelizmente a enferrujar, por outro lado esta instabilidade faz lembrar outras paragens, sendo que o cemitério de treinadores deixou de ser na luz ou alvalade para se fixar no Dragão. Por outro lado fica sempre a ideia de que assim que a contestação sobe de tom e ameaça propagar-se a outras paragens logo surge o chicote. Lei de sobrevivência poder-me-ão dizer, no entanto esta postura de seguir pelo caminho mais fácil costumava ser mais típica de líderes fracos e incapazes de se colocar no mesmo barco daqueles que escolheram…

  • A ideia de que a estabilidade nos planteis ou que a existência de jogadores âncora num grupo de trabalho é coisa do passado tem-se verificado uma péssima base de gestão desportiva. Se em termos de negócio os últimos defesos foram óptimos (se tal se repercute mais no FC Porto ou em alguns agentes é outra conversa…), em termos desportivos tem sido a grande razão para os solavancos que temos vivido. Durante alguns anos continuamos a ganhar e esta gestão foi passando mais ou menos incólume, no entanto estes últimos tempos foram reveladores dos riscos que corremos e da impossibilidade de termos sucesso continuado a arriscar tanto. O ano passado recrutamos em quantidade e praticamente do zero formamos uma boa equipa, que ainda estava no entanto longe de estar consolidada, sendo que para esta época recomeçamos de novo, sem a base que Danilo, Alex Sandro, Casemiro, Oliver ou Jackson Martinez proporcionavam. Por mais méritos ou deméritos que o treinador tenha, convenhamos que estas mudanças bruscas não parecem a melhor forma de procurar o sucesso.

  • Lopetegui teria sido campeão no FC Porto se por cá andasse nos anos 90. O rácio de pontos conquistados assim o diz e o facto dos adversários directos serem mais fortes hoje do que nessas temporadas faz com que hoje seja bem mais difícil ser campeão no FC Porto. As “baldas” nos Tirsenses ou Felgueiras já não podem ser dadas com tanta frequência, os custos de erros arbitrais são quase inultrapassáveis, principalmente quando não se consegue ganhar em momentos chave como sucedeu por diferentes ocasiões no ano passado. Estas são as novas regras do jogo, que temos de conhecer e aceitar, combatendo o que podemos combater (o que não temos querido/sabido fazer) e elevando a qualidade de um trabalho de suporte estrutural que era a base do sucesso e hoje parece a razão principal para tantas contrariedades.
Em resumo, o tempo é tudo menos para festas, por mais acertada que tenha sido a decisão de prescindir do treinador neste momento. O caminho que nos trouxe até esta decisão é o que mais importa, perceber onde se falhou e porque é que estamos a viver este estranho tempo, em que nos sentimos na antítese do que fomos durante 30 anos, é para mim a chave para almejarmos voltar a ser o que fomos num passado ainda recente.

E, já agora, há que tentar salvar a época o melhor possível, honrando o mais possível os pergaminhos de um Clube que, mal ou bem, está a 4 pontos do líder do campeonato, tem francas possibilidades de chegar ao Jamor e vencer a Taça e tem o prestígio a defender na Liga Europa.

6 comentários:

  1. Caro MM,

    Não compreendo que defenda a estabilidade pela estabilidade. Já reparou no percurso desportivo que o FCP teve na 1ª liga no ultimo ano e meio? Sabe seguramente que o FCP apenas foi lider isolado por uma jornada. A estabilidade é para manter quando se ganha, quando se perde é necessário uma crise para mudar as coisas. Lamento mas sou daqueles que não via alguma hipotese de mudança nos metodos, exibições e resultados. Não sei se comunga da ideia que Lopetegui fez magia para reerguer a equipa como diz um jornal espanhol. Lamento não ter sido capaz de ver a magia em o reerguer da equipa. Mais do que não ganhar titulos a grande falha do Lopetegui foi não conseguir por a equipa a jogar um futebol minimamente atraente. Isso sim vai prejudicar fortemente as perspectivas profissionaisdo Lopetegui. Quem quer um treinador que além de não ter titulos não consegue por a equipa a jogar um futebol aceitável?
    Só deixo mais uma questão se o convencerem a comer entremeada todos os dias sob o pretexto que emagrece, vai continuar a comer até engordar quantos quilos?
    Saudações Portistas.

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  2. A continuidade de Lopetegui era impossivel não por causa do ambiente criado mas sim pela falta de soluções que ele não encontrou para pôr a equipa a jogar melhor. Porque ai està , eis o trabalho dele! resolver problemas. Quém não sabe com o Porto joga? o modelo de jogo nunca foi alterado! demasiados previsiveis! Mas também digo aqui que não fico feliz por este despedimento por um homem que sofria no seu banco e que dava a cara! teremos muito de dizer da politica de contrataçao por parte da direção! E todos aqui culpamos o treinador mas foda-se (desculpe do termo), os jogadores também não são culpados????? Quando o marcano comete dois penaltis falgrantes de forma inconsciente e infantil na choupana, é da culpa do lopetegui? Quando aboubakar falha na cara do GR é da culpa do Lopetegui? Quando brahimi ateima nas suas fintas e perde tempo num lance ofensivo é da culpa do Lopetegui? Ele tem muita culpa na maneira aborrecida de jogar mas nem tudo foi da culpa dele. Uma ultima coisa, achei mesmo feio aquela faixa a dizer (mais ou menos isso) "espanhol demita-se". A nacionalidade dele tem que ser exposto assim de forma tao estupida e racista sabendo que a nossa maior figura (cartaz) do plantel(casillas)é espanhol? enfim pode-se protestar mas com o minimo de inteligencia no meu ver!!!!!!

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  3. A alegada alegria dos portistas não advém da saída do treinador, ninguém gosta de mudança por mudança, este sentimento chama-se esperança. Os Portistas querem ver lógica nas convocatórias, decisões fortes nas substituições. Perder é algo que pode acontecer, mas perder justamente, sem haverem campo uma tática que os adeptos, mais, que os jogadores interpretem, isso é que não! O que se via era jogadores desmotivados, porque não sabiam que lugar ocupavam no campo e nas intenções do timoneiro, fosse qual fosse o desempenho, facilmente voltavam à prateleira ou eram convocados apesar do "mau" desempenho. Desejamos sorte a Lopetegui, sorte para que aprenda a ver o que está por escrever no desenho tático e estático de uma equipa no papel, que aprenda a ler quando há movimento.

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  4. Caro João Russo,

    Se ler o texto mais atentamente verá que ele se trata de uma tentativa de enquadramento das chicotadas no FCPorto e sobretudo de análise critica da política desportiva do clube.

    Tem também um parágrafo a constatar que o futebol português actual já não é o mesmo dos 90s e, no inicio, tudo começa com a questão do porquê de um certo clima de festa quando o momento actual devia ser visto com muita apreensão, mesmo que esta solução de saida do treinador se tenha tornado inevitável. Refiro também que o percurso dos últimos 3 anos e o falhanço de 2 treinadores seguidos devia ser objecto de uma ampla reflexão interna.

    Sendo assim onde é que defendo a estabilidade? Pelo contrário, a estabilidade defende-a quem acha que apenas mudar o treinador é a solução para todos os nossos males (não estou a dizer que seja o seu caso!).

    Normalmente não venho "contracomentar" comentários, todos tem direito à opinião sem necessidade de serem "envangelizados" a seguir, no entanto fica a nota porque não me parece que as questões que me colocou tenham ligação directa àquilo que escrevi.

    Cumprimentos

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  5. Se o Presidente Jorge Nuno pretende contratar o AVB, ou o Marco Silva, o Leonardo Jardim, ou o Sérgio Conceição no final da época, então o melhor agora, é colocar o professor Luís Castro à frente dos destinos da equipa.
    Este é muito competente e conhece bem os jogadores do MEU, do TEU, do NOSSO FCPORTO.


    Luís (O do Nuno Espírito Santo, Pedro Martins, ou Lito Vidigal)

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  6. "Em resumo, o tempo é tudo menos para festas, por mais acertada que tenha sido a decisão de prescindir do treinador neste momento. O caminho que nos trouxe até esta decisão é o que mais importa, perceber onde se falhou e porque é que estamos a viver este estranho tempo"

    Das melhores ideias expressas, que li na "bluegosfera".

    Não ser tempo de festas.
    Decisão forçosamente acertada de momento.
    Mais importante: perceber o que falhou e corrigir.

    Por fim o que mais retenho nestes últimos meses:

    - A estranheza de viver um estranho tempo do Futebol Clube do Porto.

    Mesmo quando algumas "estranhezas" aconteceram - sim o FCP não é "o mais maior" aquele que trucida os adversários antes de se bater com eles (pelo menos, foi com estas premissas que me apaixonei pelo Futebol Clube do Porto), em curto espaço de tempo, o Clube deu a volta por cima, lutou, mostrou a sua raça. E, mística ! (essa coisa que se sente e não se vê... será assim?)

    Não sou sócio. Sou adepto apaixonado do Futebol Clube do Porto
    Apenas tive o previlégio de estar nas Antas 3 vezes e outras 3 no Dragão.
    Sempre com o meu filho.
    Tanto quero viver, ter saúde e folga financeira para ir com o meu neto.

    Temos que ter esperança que, quem de direito e Obrigação, consiga decidir e fazer bem.

    Viva o Futebol Clube do POrto

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