Amanhã, o Big Brother paga-te o segundo copo!

Não deixa de ser curioso que a maioria da imprensa desportiva Francesa nada ou pouco escreva, salvo raras excepções, a propósito dos novos recintos que estão em projecto ou a nascer, quer em França quer por essa Europa fora.

E por causa!

Tomemos, como exemplo, o futuro estádio da cidade do Mans que, em teoria, será inaugurado em 2010-2011. Este estádio será o primeiro, em França, a ter o nome duma empresa o que, em si, pode não ser chocante. Já mais questionante é saber que só tem 25.000 lugares entre os quais, 2.000 lugares são apelidados “lugar privilégio” e 250 são reservados aos camarotes privados. O recinto englobará, também, 3.500 m2 destinados a um restaurante com vista panorámica, a espaços de “atendimento”, a um hotel e a um centro de “talasso-terapia”.

Os clubes querem transformar os adeptos em actores do espectáculo. Estando conscientes que a televisão oferece melhores condições que as bancadas, os clubes procuram propor, cada vez mais, produtos para atrair o público. No MMArena do Mans os espectadores poderão enviar sms (com facturação elevada é claro) que aparecerão nos vários ecrãs gigantes, para eleger o homem do jogo, para difundir uma mensagem pessoal, para responder a quiz, etc.

O aumento duma possibilidade de lucro passa pelo conforto dos espectadores. Facilidade de estacionamento, boas ligações quanto aos transportes colectivos, escadas e tapetes rolantes, cadeiras confortáveis, proximidade do campo, etc.

Mas o aumento duma possibilidade de lucro passa, também e sobretudo, pela diminuição do tempo de pagamento. E, para reduzir o tempo de pagamento em relação aos cartões bancários, o futuro passa pelos “smart cards”. Estes últimos podem ser, simultaneamente, um “bilhete desmaterializado” ou um porta moedas electrónico. Acabaram-se as bichas ou os princípios de segunda parte falhados. Os vendedores passam o “smart card” no terminal e o consumo é dessicado em tempo real. Ao adepto que, por exemplo, bebeu duas bebidas ser-lhe-á proposta uma terceira, com desconto, por sms. O número de telemóvel é dado aquando da compra do “smart card”.

O “smart card” irá, progressivamente, desvendar quais são os hábitos do adepto. A que horas chega ao estádio. Se é um adepto assíduo ou ocasional? O que consome? Em quanta quantidade? E, sem dúvida, muitas mais informações cujo objectivo é de construir planos de mercado adaptados, como por magia, ao cliente.

Eu quero continuar a ser adepto e não cliente. Talvez seja diante da televisão que a minha intimidade é protegida?

Deixo o debate em aberto

E Viva o Porto !

ps - para mais e melhor informação, podes consultar o eurostaf.