14 maio, 2011

Józef MLYNARCZYK

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Em vésperas de mais uma final europeia lembro um jogador que foi responsável pela nossa baliza nas primeiras grandes vitórias internacionais em 1987 e 1988 do Futebol Clube do Porto e que depois seria considerado por muitos como um dos grandes responsáveis pela enorme evolução daquele que é o jogador com mais títulos do planeta: Vítor Baía.

Josef Mlynarczyk nasceu em Nowa Sol, na Polónia, em 20 de Setembro de 1953. Na Polónia, depois do clube da terra, o Dzamet -Nowa Sol, passou pelo modesto BBTS Bielsko-Biala seguindo-se o Odra Opole chegando depois a um dos maiores clubes polacos, o Widzew Lodz, onde foi bi-campeão polaco. Titular indiscutível da selecção polaca nos mundiais de 1982, em Espanha (onde ajudou a conquistar o 3º lugar) e no México, em 1986 (onde derrotou a selecção portuguesa) só em 1984, já com 31 anos, conseguiu obter autorização para emigrar (devido às restritivas políticas do regime comunista) tendo rumado a França para jogar no Bastia. Em Janeiro de 1986 (a meio da época 1985-86) chega ao Porto para fazer concorrência a Zé Beto mas rapidamente é lançado por Artur Jorge num decisivo Benfica - Porto, em 15 Janeiro de 1986, e Mlynarczyk corresponde mantendo o resultado em branco e ajudando a equipa a ganhar confiança depois de 3 derrotas consecutivas fora de casa. Depois desse jogo o Porto volta aos bons resultados e consegue ser campeão ultrapassando os vermelhos na penúltima jornada depois destes perderem em casa com o Sporting e o Porto ter ido ganhar 1-0 a Setúbal com um monumental golo de Paulo Futre que arrancou do meio do campo e fintou todos os adversários.

"Mly" era um guarda-redes tipicamente da escola de leste. Alto, muito calmo e uma personalidade muito forte. Tinha como ponto menos forte a saída aos cruzamentos pois apesar dos 1,87 m de altura calculava bastante mal o tempo de saída da baliza o que também era uma característica dos guarda-redes da esola de leste. Também por isso, era um guarda-redes que normalmente ficava entre os postes. Curiosamente, apesar da sua idade, ainda conseguiu evoluir nesse parâmetro e foi precisamente quando deixou de jogar aos 36 anos fruto de uma grave lesão que estava bem mais forte nas saídas aos cruzamentos.

A sua chegada ao Porto a meio da época foi vista com alguma desconfiança pois já tinha 32 anos mas a verdade é que a sua qualidade permitiu ao Porto readquirir a confiança que faltava e iniciar o arranque rumo ao bi-campeonato que chegou a estar muito complicado. Curiosamente, depois de ser decisivo na conquista do Campeonato Nacional 85/86 foi ainda titular na Selecção polaca no Mundial do México em que defrontou a congénere portuguesa e venceu por 1-0 permitindo que a Polónia passasse à fase seguinte e os portugueses regressassem a casa depois do famoso e muito feio episódio Saltillo. Começou a época seguinte atrás de Zé Beto de tal forma que o seu primeiro jogo na caminhada para Viena foi apenas na 2ª mão dos quartos de final, em Brondby a 18 de Março de 1987, em que ajudou a equipa a conquistar um sofrido empate a um golo (golo de Juary) que servia como uma luva depois da vitória por 1-0 na 1ª mão, nas Antas, golo marcado pela estrela argelina, Rabah Madjer.

A partir desse jogo, conquistou a titularidade e foi fundamental até à conquista da 1ª Taça dos Campeões Europeus em Viena frente ao Bayern de Munique. A época de 1987/88 foi a sua melhor época ao serviço do Porto, já sob o comando de Tomislav Ivic, pois ajudou não só a reconquistar o campeonato e a Taça de Portugal como também a conquistar a Supertaça Europeia contra o Ajax com duas vitórias por 1-0 (golos de Rui Barros em Amesterdão e Sousa no Porto) e a Taça Intercontinental, em Tóquio, no jogo mais incrível e épico da história do Futebol Clube do Porto. Sob uma neve intensa o Porto venceu o Peñarol de Montevideu por 2-1 após prolongamento com golos de Gomes e Madjer e Mlynarczyk foi um dos heróis com várias defesas importantes.

Na brilhante época de 87/88 assumiu um protagonismo muito especial nos quartos de final da Taça de Portugal. O Porto recebeu o Boavista e não foi além de um empate a 2 golos pelo que teve de haver novo jogo agora no Estádio do Bessa. Como o empate sem golos se manteve nos 90 minutos e depois nos 30 minutos de prolongamento, a passagem às meias finais teve de se decidir nas grandes penalidades. Depois de vários acertos chega-se ao quinto pontapé e Mly defende o remate do jogador do Boavista e marca ele mesmo o penálti decisivo carimbando o passaporte para as meias finais onde eliminámos os Vermelhos (Onde é que eu já vi este filme?) e fomos ao Estádio de Oeiras (Jamor) derrotar o Guimarães (onde é que eu vou ver isto?) por 1-0 com golo de Jaime Magalhães muito perto do fim.

Depois de uma grave lesão pendurou as chuteiras no final da época 88/89 passando a integrar a equipa técnica do Porto como treinador de guarda-redes onde teve como principal discípulo Vítor Baía que ajudou a crescer e a tomar bem conta baliza. Regressou depois à Polónia para, também como treinador de guarda-redes, integrar a equipa técnica da selecção polaca primeiro e do depois. Um grande guarda-redes que só não deixou mais saudades porque ele próprio tratou de preparar o seu sucessor.

Obrigado MLY!

4 comentários:

  1. Ricardo Abreu14 maio, 2011

    Impressionante este guarda redes.

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  2. k grande guarda redes teve o porto nessa altura.um dos melhores do mundo na altura.

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  3. Foi por esta altura que começei a seguir o Porto com mais amor e dedicação. Grande Guarda Redes sempre o adorei.

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  4. Um dos meus guarda-redes preferidos, e não digo o preferido, porque tivemos o Vitor Baía, mas que foi um GRANDE SR. na nossa baliza foi!!!!

    BIBÓ PORTO

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