03 junho, 2011

Capítulo 4: 1931 a 1940 – À conquista do futuro; Bicampeão!

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FCPorto – Dragões de Azul Forte
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto


Capítulo 4: 1931 a 1940 – À conquista do futuro; Bicampeão! (Parte XV)

Carlos Pereira - Carlos de Jesus Pereira (n. 3 Set.1910 [ou 1911] – m.??), médio-centro que se revelou jogador de altíssima qualidade ao serviço do FC Porto, foi contratado ao Boavista depois de ali ter jogado na época 1932-33. A transferência, pelo valores que envolvia, foi rodeada de polémica e quase que provocou uma revolta no plantel azul-e-branco.
• Formou com Pocas e António Baptista uma linha média que espalhou bom futebol pelos campos do país. Possante, com excelente técnica e concentrado, era um jogador de eleição. A sua importância na conquista do Bicampeonato (1938-39/1939-40) é inegável pela consistência que dava à equipa. Fê-lo, também, com galhardia pela excelência com que ocupou a posição de defesa-direito, em que foi utilizado como recurso na primeira daquelas épocas.
• As estrelas da equipa eram mesmo ele e Pinga, com Costuras e Carlos Nunes a marcarem que se fartavam…
• Foi 13 vezes Internacional-A. Iniciou os jogos pela Selecção Nacional defrontado a Espanha, no empate 3-3, em 5 Mai.1935 (Lisboa). Marcou um golo ao mesmo adversário em 12 Jan.41 (2-2). Despediu-se da camisola das quinas no confronto vitorioso com a Suíça (3-0), em 1 Jan.1942, (já alinhava no clube Unidos de Lisboa). Nos 13 jogos que efectuou, só num é que não teve o colega no FC Porto, Pinga, a fazer-lhe companhia. Este, que representou a “equipa de todos nós” durante 12 anos, disse adeus à Selecção no mesmo jogo que foi o último para Carlos Pereira.
• Em Março de 1941, Carlos Pereira terminou contrato com o clube e recusou-se a jogar mais pelo FC Porto. O médio-centro da equipa, então a sua estrela mais refulgente, rumou a Lisboa, para jogar no Unidos. A troco de 1500 escudos por mês, o dobro do que ganhava no FC Porto, e de mais 30 contos de luvas! Aí jogou uma época e terminou a sua carreira.
Carreira no FC Porto
1933-34 a Março de 1941
Palmarés
3 Campeonatos Nacionais (1934-35, 1938-39, 1939-40)
1 Campeonato de Portugal (1936-37)
7 Campeonatos do Porto (34-35-36-37-38-39-41)

“Pocas” – Manuel dos Anjos (n. Chaves, 18 Mar.1913 [ou 1914] – m.??), em Chaves descobriu o FC Porto uma vedeta, “chamava-se Manuel dos Anjos, mas como Pocas se afamaria. Muitos anos depois outra estrela encontrariam os portistas a nordeste, que famosa ficaria, igualmente, pelo apodo e, sobretudo, pelo modo trágico como deixou o futebol e a vida”: Pavão.
• Pocas, estreou-se pelo FC Porto com uma valorosa vitória (4-2), em 7 Jul.1935, sobre o Campeão de Espanha, o Real Bétis de Sevilha que veio jogar ao Porto. Na época 1936-37 conquistou o 4.º Campeonato de Portugal do Clube, ao lado dos excelentes jogadores da linha média que eram Carlos Pereira e Francisco Ferreira.
• Depois, Pocas, médio de recursos apreciáveis (técnica apuradíssima e excelente no jogo “aéreo”), formou com o consagrado Carlos Pereira e o aplicado António Baptista, um brilhante trio centro-campista com uma quota-parte relevante de mérito na conquista do Bicampeonato 1938-39/1939-40. Nesta última época jogou todos os 18 encontros do Campeonato Nacional.
• Alinhou pela Selecção Nacional em 16 Mar.1941, num Espanha-Portugal (5-1), Bilbao, em que o golo luso foi marcado pelo também portista Pinga.
• Manuel dos Anjos, Pocas, um jogador que deixou a sua marca, indelével, no FC Porto.
Carreira no FC Porto
1935-36 a 1946-47
Palmarés
2 Campeonatos Nacionais (1938-39, 1939-40)
1 Campeonato de Portugal (1936-37)
10 Campeonatos do Porto

António Baptista – António Baptista da Costa (n. Macieira de Cambra, Vale de Cambra, 4 Jul.1914 - m. 1949), médio-centro, começou a jogar no clube da sua terra, o Sporting Club de Cambra, defendendo depois, consecutivamente, as cores do Vale de Cambra SC, Salgueiros e FC Porto onde ingressou na época 1938-39.
• No FC Porto, onde se manteve durante seis épocas, formou com o popular Pocas e o consagrado Carlos Pereira uma linha média que brilhou a grande altura e que contribuiu, sobremaneira, para a conquista de Bicampeonato Nacional (1938-39 e 1939-40). No primeiro daqueles títulos cumpriu os 14 jogos do Campeonato, em que também revelou um entendimento quase perfeito com o argentino Reboredo.
• Alinhou quatro vezes pela selecção do Porto, contra Lisboa, e duas vezes pela de Aveiro contra Lisboa e Viseu.
• Terminou a carreira de futebolista na sua terra e na Associação Desportiva Valecambrense.
• António Baptista defendeu a camisola azul-e-branca do FC Porto com dedicação e denodo. A sua postura em campo é algo que não se esquece e o FC Porto honra-se de tão dilecto filho.
Carreira no FC Porto
1938-39 a 1943-44
Palmarés
2 Campeonatos Nacionais (1938-39, 1939-40)
4 Campeonatos do Porto

Vítor Guilhar - Vítor Augusto da Veiga Guilhar (n. Trindade, S. Tomé e Príncipe, 12 Out.1913 – m.??), defesa-central e defesa-esquerdo, esteve no Boavista antes de ingressar no FC Porto onde, logo na primeira época (1938-39), foi Campeão Nacional da 1.ª Divisão. E foi Bicampeão na época seguinte.
• Na temporada 1939-40 foi um dos únicos 4 jogadores azuis-e-brancos que marcaram presença em todos os encontros (18) a contar para o Campeonato Nacional.
• Vítor Guilhar, profissional de seguros, que se constituiu esteio da defesa portista durante dez anos consecutivos, tinha elevada estatura e o seu porte atlético conferia segurança ao sector recuado da equipa. Teve um final de carreira atribulado no FC Porto pois, em 1946, num jogo com a Olhanense, fracturou um pé o que o impossibilitou de dar o seu contributo à equipa durante algum tempo.
• As suas qualidades de futebolista não passaram despercebidas e levaram-no à Selecção Nacional por 2 vezes, ambas em jogos com a Espanha, em 1941: em 12 Jan., 2-2, em Lisboa, com os colegas portistas Carlos Pereira (marcou um golo) e o consagrado Pinga; em 16 Mar., com Pocas e novamente Pinga.
• Vítor Guilhar, um jogador são-tomense, que foi bastião na linha defensiva, um grande nome do FC Porto!
Carreira no FC Porto
1938-39 a 1947-48
Palmarés
2 Campeonatos Nacionais (1938-39, 1939-40)
7 Campeonatos do Porto

Lopes Carneiro – Armando de Lopes Carneiro (n. 14 Jun.1913 – m.??), destemido e irrequieto avançado que alinhou no FC Porto durante toda a década de 1930.
• De origem minhota (?) era um fenómeno de popularidade nos meios desportivos e sociais. Irreverente, prosélito do vedetismo, dele aqui ficam pedaços de trecho inserido na revista desportiva “Stadium”: “Filho de Juiz do Tribunal da Relação, tinha uma facilidade espantosa para perder anos de liceu, por mais que se zangasse o velhote. Era para uns ‘o ponto e vírgula’, para outros ‘o contra peso’. Uma vaidade sempre presente: o sorriso ao entrar em campo”.
• A mesma irreverência levou-o, na época 1939-40, a ver-se inibido dos seus direitos de jogador e suspenso de toda a actividade no FC Porto. Faltou a um treino sem motivo justificado e foi multado em 50 escudos. "Mas se devia acatar, com respeito, a decisão dos dirigentes", preferiu responder em termos insultuosos o que, inevitavelmente, lhe agravou a pena. Já lá ia o tempo em que, emproado, dizia a Siska, treinador da equipa, quando este lhe dava instruções ou o chamava à ordem pelo seu feitio indisciplinado: “Olha, Miguel! Troca-me isso por miúdos”.
• Trabalhou sobre as ordens de treinadores que, para além da astúcia que com ele usavam, foram mestres a orientá-lo em campo: Szabo, Magyar, Biri, Gutskas e Siska.
• Jogou ao lado de grandes futebolistas no ataque do FC Porto: primeiro, com Waldemar Mota, Acácio Mesquita, Norman Hall e Francisco Castro com os quais conquistou o Campeonato de Portugal de 1931-32; depois, sucessivamente, com Artur Sousa “Pinga”, Carlos Nunes, António Santos, José Monteiro “Costuras”, Gomes da Costa, Kordrnya e Petrak. Com estes conquistou mais 1 Campeonato de Portugal e 3 Campeonatos Nacionais, incluindo o “Bi” de 1938/1940.
• Contribuiu para grandes feitos da equipa azul-e-branca. Esteve e marcou na célebre goleada de 8-0 ao Benfica (em 28-5-1933), na de 10-0 ao Sporting (em 22 de Março de 1936) e participou na famosa vitória, por 3-0, sobre o First de Viena FC (em finais de 1933).
• Lopes Carneiro, sempre na peugada do golo foi, apesar da irreverência, um jogador que se destacou ao serviço do Clube que amava. Uma glória do FC Porto!
Carreira no FC Porto
1930-31 a 1939-40
Palmarés
3 Campeonatos Nacionais (1934-35, 1938-39, 1939-40)
2 Campeonatos de Portugal (1931-32, 1936-37)
9 Campeonatos do Porto

Francisco Reboredo – Francisco Reboredo Mosquera (n. Buenos Aires, Argentina, 3 Set.1914 – m.??), médio ou avançado com grande espírito de luta e muito difícil de driblar, estreou-se na equipa do FC Porto a 1 Mar.1937, alinhando a médio-centro, num jogo em que os azuis-e-brancos bateram o Leixões por 5-0. O encontro contava para o Campeonato Nacional da época 1936-37 e nele também se estreou o treinador austríaco François Gutskas.
• Se no Campeonato Nacional o FC Porto não foi feliz, já no Campeonato de Portugal o argentino teve a oportunidade de se sagrar Campeão de Portugal. Participou em todos os jogos e marcou quatro golos ao lado de avançados como Lopes Carneiro, António Santos, Artur Sousa “Pinga” e Carlos Nunes.
• Na época 1938-39 foi um dos protagonistas do magnífico Campeonato Nacional da 1.ª Divisão conquistado pelo FC Porto, já com Miguel Siska a orientar a equipa. Nesta pontificavam, com Reboredo, além dos já citados: Carlos Pereira, Pocas e Baptista (no meio campo), Costuras (no ataque).
• Durante o tempo em que envergou as cores do FC Porto, Francisco Reboredo fê-lo com empenho e paixão. Na época 1941-42 ingressou no Desportivo da Corunha que tinha ascendido à Primeira Divisão Espanhola. Permaneceu no clube galego até 1947 e pendurou as chuteiras no ano seguinte.
• Como treinador regressou ao FC Porto para, durante várias épocas, ter a seu cargo a preparação dos juvenis. Chegou ao comando técnico da equipa principal, para uma breve passagem, no decurso da temporada de 1949-50. Em Janeiro de 1962 sucedeu ao húngaro Jorge Örth que tinha falecido repentinamente. Acabou a época 1961-62 obtendo o 2.º lugar no Campeonato a apenas 2 pontos do Sporting. Depois rumou a Setúbal onde dirigiu o Vitória, até ser convidado para formar equipa com Anselmo Fernandez na orientação do Sporting, tendo assim feito parte da equipa que ganhou o único troféu europeu da história daquele clube, a Taça das Taças.
• Francisco Reboredo parecia ter nascido na Constituição, tal a dedicação ao FC Porto! Um grande nome do Clube!
Carreira no FC Porto como jogador
1936-37 a 1938-39
Palmarés
1 Campeonato Nacional (1938-39)
1 Campeonato de Portugal (1936-37)
3 Campeonatos do Porto
Carreira no FC Porto como treinador principal
Abr. a Out.1950; Jan. a Jul.1962.
  • No próximo post.: Capítulo 4, 1931 a 1940 – À conquista do futuro; Bicampeão! (Parte XVI) – Taça de Portugal 1938-39 (a 1.ª disputada); a meia-final com o Benfica; na 2.ª mão, em Lisboa, a equipa portista abandona o campo; os castigos a jogadores e o presidente Ângelo César na fogueira da FPF; Coimbra é... Norte; Andebol de onze – FC Porto vencedor da 1.ª edição do Campeonato Nacional.

8 comentários:

  1. Os futebolistas à Porto vêm de longe, desde longas eras, como a fama de um velho brandy ou wisky envelhecido em bons cascos - ou boas cascas...
    Esta noite, com a alegria do título de basquetebol e a procura de dados sobre o jogo, nem dá para escrever muito, mas também já se sabe que nem vale a acrescentar mais palavras, pois continuamos a gostar e pronto.

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  2. Mais uma página para a posteridade, com magníficas fotos a ilustrarem tanta coisa que nós desconheciamos.
    Um clube com passado que não envergonha, antes pelo contrário, com um presente eum futuro fantásticos.

    Abraço

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  3. Grandes nomes da história do FC Porto que uma vez mais aqui nos trazes Dragão Azul Forte. Daqui por uns anos vais estar a falar de Marçal, Stempin e outros q uma grande alegria nos deram ontem no basquetebol tb;)

    abraço

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  4. Grandes nomes, grandes glórias do enorme FC Porto.

    Na verdade, jogadores "à Porto".

    Num momento alto do nosso Clube, é bom conhecer outros momentos deste FC Porto que honra o Norte e o País. Nem todos os reconhecem, mas a isso já estamos habituados...

    Obrigada. Um beijo. BIBÓ PORTO!

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  5. A vencer desde 1893. E isso é mesmo verdade.
    Vivemos no presente vitórias fantásticas mas não podemos esquecer, quem no passado, levou o nome do F.C. Porto à glória.
    Mais um excelente trabalho do Fernando Moreira.

    Abraço

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  6. Amigo, apenas para lhe segredar que António Baptista é natural da freguesia de meu Pai - Macieira de Cambra. Provavelmente meu Avô o terá conhecido muito bem. Este foi o primeiro atleta do concelho de Vale de Cambra a envergar as cores azuis-e-brancas.

    Abraço

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  7. 10 Campeonatos! É obra! DECACAMPEÕES! Duas mãos cheias!

    Parabéns aos jogadores, à equipa técnica, a todo o “staff”. Parabéns ao grande Ilídio Pinto. Parabéns aos adeptos indefectíveis que acompanharam a equipa ao longo de toda a época. Enfim, PARABÉNS A TODOS NÓS, ao FC PORTO!

    Abraço. BIBÓ POOOOORTO!

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  8. Mais um excelente post da nossa maravilhosa história!

    Obrigado Dragão Azul Forte!


    BIBó PORTO

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