27 fevereiro, 2015

NOTAS SOLTAS DE AZUL E BRANCO - HORA DA MUDANÇA.

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De onde se fala de "Pinga", do actual estado do futebol português, de um certo adormecimento e altivez portista e da necessária e urgente hora de mudança:

Começo com nota pessoal curiosa: o meu Avô de 90 anos canta-me, não raras vezes, um alegre cântico de exaltação ao famoso atleta do FC Porto Artur de Sousa “Pinga”. Decidi registá-lo, pois então, para memória futura:

"Oh meu Porto oh meu coração,
és a alma do Norte em desporto.
Nao te fies em falas patetas, sao tretas sao tretas
e o Porto é Porto!
O Catolino quando vai com uma avançada
às vezes perde o tino e nao consegue nada.
O Correia Dias tem tardes de glórias e outras de arrelias.
Mas quando entra o Pinga a bola é certa.
Fica o rival assim de boca aberta.
Ouve-se um eco aaaahhhh e a palmaria
e toda a gente canta e salta e grita de alegria.
Oh meu Porto oh meu coracao,
és a alma do Norte em desporto.
Nao te fies em falas patetas, são tretas sao tretas,
porque o Porto é PORTO!"


Também o meu outro Avô, que infelizmente já não está neste mundo, me dizia que o famoso “Pinga” foi o mais brilhante jogador de futebol que viu jogar, em sua opinião até melhor do que Eusébio. Lembro-me perfeitamente, aliás, de o ouvir deliciado descrever os seus famosos golos de canto directo: “ele batia a bola com força e, quase a chegar à pequena área, ela desviava-se e entrava…os guarda-redes não atinavam com aquilo... era formidável, era formidável”.

Pinga não dirá muito aos portistas mais recentes. Mas convém que se tenha noção que a dimensão histórica de Pinga apenas se comparará à de Hernâni Ferreira da Silva, José Maria Pedroto, Fernando Gomes e a poucos mais, onde poderemos talvez incluir João Pinto e Vítor Baía. São atletas que, por uma razão ou por outra ficarão para sempre na história azul e branca como baluartes míticos do portismo e da cidade Invicta.

Não obstante, faça-se notar que Pinga era madeirense, tendo nascido para o futebol no Marítimo. A sua transferência para o Mágico, pormenor delicioso, dá-se envolta em grande polémica entre os dois clubes. O normal, aliás, nas transferências entre o FC Porto e o clube insular, como ainda hoje sucede. Pinga acabaria por fazer o último jogo da sua carreira com a camisola do FC Porto, no Estádio do Lima, a 7 de Julho de 1946, após ter recuperado com sucesso, aos 36 anos, de uma complicada cirurgia ao menisco. Conta-se que, no dia da sua despedida, a cidade portuense se encheu de lágrimas. Tudo isto serve de mero alerta: o FC Porto não nasceu ontem nem anti-ontem, mas sim em 1893, tendo anos e anos de história e estórias. É por isso que largos dias têm 100 anos.

Viremo-nos agora para assuntos mais mundanos. Assim de repente dei comigo a pensar que os anos passam mas as coisas não mudam assim tanto. O Sporting acaba de ser eliminado prematuramente da Europa, pelo que o FC Porto é, mais uma vez, o único clube português em provas internacionais. Não deixa de ser curioso que, ano após ano, o clube que mais tem prestigiado o luso futebol além fronteiras nas últimas cinquenta décadas, continue a ser menosprezado no circuito político-corrupto lisboeta.

Fica difícil falar do actual estado do FC Porto. Deplorável é a palavra que me surge. Outras: Lodo. Lamaçal. Pântano. Mário Figueiredo e Vítor Pereira, um na liga e outro na arbitragem, destruíram por completo o futebol nacional, povoando-o de episódios vergonhosos e indignos. Fernando Gomes, na FPF, um ex-atleta e homem que sempre julguei portista, devia ter vergonha de tudo aquilo que se hoje se vive nos relvados portugueses. Sairá da Federação como o homem que não conseguiu conter a mentira e a expansão totalitária que Vieira e Moniz encetaram nos últimos anos nos meandros da bola lusitana. A Liga 2014/2015 ficará para sempre manchada como a mais vergonhosa competição de que há memória, à beira da qual Inocêncio Calabote seria um mero aprendiz de feiticeiro. É por isso que digo que ainda acredito num FC Porto campeão, mas sei que isso é uma missão quase impossível. A máquina lisboeta está tão bem montada que controla totalmente todas as vertentes da competição, desde as expulsões dos adversários nos jogos do seu clube aos convenientes amarelos e vermelhos que impedem os futuros adversários de os defrontar na semana seguinte, passando pelo domínio total sobre a classificação dos árbitros, das suas notas e dos seus escalões, sem esquecer a influência que exerce em grande parte dos clubes pequenos, impedindo jogadores emprestados e não só de alinharem contra o clube do regime, privando-os dos seus melhores jogadores (vide caso Miguel Rosa e Deyverson). Competição? Onde? Trata-se de um mero jogo de dados total e despudoradamente viciado.

É bom que se tenha noção que o FC Porto é humilhado semanalmente em todos os estádios nacionais. Já ninguém respeita o FC Porto e é hoje bem claro para quem anda no futebol que o domínio do mesmo está situado no sul, em plena segunda circular. Basta ver, aliás, as mais recentes e inacreditáveis declarações de Bruno de Carvalho sobre a proposta que lhe fez Vieira acerca de viciar os futuros campeonatos nacionais. Veremos que consequências terá.

O FC Porto é humilhado a cada dia que passa. No Bessa, mais uma vez, vimos a falta de respeito que existe pelo clube nos dias que correm. Exemplos disso tem Hernâni: o penalty que sofreu e não foi assinalado e a tremenda varridela de que foi alvo, sancionada apenas com amarelo. Mas o problema é que para a semana será assim contra o Sporting, pois duvido muito da arbitragem do Sr. Soares Dias. E assim sucessivamente.

A meu ver está na hora da mudança. O FC Porto, é bom que se tenha noção, pode ser um clube organizado e bem estruturado, mas não tem hoje uma Direcção que assuste e que imponha respeito. Essa é a dura realidade que custa ouvir a grande parte dos portistas. Temos um clube polido e bem educado, nada rude, nada... nortenho. Nada portuense! O Presidente tem andado longe daquilo que já lhe conhecemos e já sabemos como são as coisas: quando adormecemos e nos pomos a dormir à sombra da bananeira, a máquina lisboeta volta a desenvolver as suas maquinações pérfidas. Que ninguém se engane! Para lutar contra esta gente não chegam apenas ter os melhores jogadores e treinador. É preciso mais. Não se pode ser altivo e desdenhoso. É preciso pegar em armas e lutar contra eles, andar nos locais onde eles andam, ser vigilantes, apertá-los, expor-lhes as manhas e as vergonhas e não os deixar à solta a fazer o que bem lhes apetece. Esse é um erro que o FC Porto tem cometido nos últimos anos: ter deixado de jogar sujo e de pôr as mãos na *#$&€. É que quando o rival é baixo, reles e nojento só assim se lhe consegue fazer frente.

A presente rúbrica tem o seguinte nome, escolhido por mim: “A Camioneta a Passar a Ponte”. Alusão à mítica expressão de José Maria Pedroto, quando se referia ao facto do nosso clube já estar a perder 2x0 quando passava a ponte. Hoje em dia já falta pouco para isso voltar a suceder. A falta de respeito por nós é tanta que já se torna muito difícil vencer um qualquer jogo fora de portas, tal é a quantidade de dados viciados em cima da mesa. "Enquanto fomos bons rapazes, nunca ganhamos", disse um dia o Mestre.

Para mim o limite chegou: hora de mudança.

Rodrigo de Almada Martins

4 comentários:

  1. Grande artigo Rodrigo. Mais um.

    Só tenho um pequeno reparo. O lance sobre o Hernani, que merecia um cartao alaranjado, nem amarelo foi, nem tao pouco assinalada falta.

    Um abraco

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  2. E ainda andam os lampiões a dizer que o Jackson deveria ter sido expulso, mas seguindo o critério do árbitro nas faltas que o Hernani sofreunem amarelo é!!!

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  3. Excelente "post"!
    Está aqui plasmada a alma do FCPorto e a dos seus associados e simpatizantes.
    Apenas me ocorre perguntar se esta deriva, de sermos agora "bons rapazes," não se deve a uma concepção algo ingénua, para não dizer mais, do director de comunicação do nosso Porto.
    O facto é que, desde que este Sr. se tornou o responsável pela comunicação do nosso Clube, esta tem sido a atitude normal e habitual no que respeita ao nosso FC Porto, passe-se o que se passar! Diga-se o que se disser! Escreva-se o que se escrever!
    Seja qual for o autor, o papagaio ou o escrevinhador.
    Será que é este Sr. que dita a estratégia comunicacional do Clube?
    Se assim é, já foi por demais demonstrado que não corresponde à tradição recente de rebeldia e desassombro que fizeram a História do Clube ser o que é, de há trinta e tal anos a esta parte.
    Tenho para mim que este Sr. Cerqueira, de seu nome, tem de rever os seus critérios e corresponder ao sentir das gentes, que são a alma deste Clube.
    Poderá ser "politicamente correcto" mas, paulatinamente, vai retirando o "elan", a galhardia, a frontalidade e acutilância e tornan-mo-nos como que envergonhados, com medo que nos atirem à cara com a farsa do "apito dourado". Deixamos de dar "troco"!
    Fomos atropelados e esmagados por uma comunicação social absolutamente abjecta e lacaia.
    Todos os directores de informação desportiva, sejam as televisões, sejam os jornais, tem como responsáveis (irresponsáveis) elementos verdes ou vermelhos, mas seguramente anti-portistas. O que parece ser indispensável para se progredir na carreira de jornalista.
    Não interessa a verdade dos factos, ou uma possível visão comparativa e relativa dos mesmos, o que interessa é vender, cativar audiências; com toda a promiscuidade e abjecção que isso significa: Prostituição da Verdade.
    O que importa é o "arame"! O resto que se lixe!
    Os parolos do Norte que se aguentem, e se não aguentarem... tanto melhor!
    C. Torres

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  4. Mais um Post excelente.
    Parabéns.Força Porto.
    Força Rodrigo.
    Com verdades assim havemos de lá chegar.

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