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Madrugada de 18 de Março. Após um comprometedor empate na Madeira, cinco dias depois de uma inesperada eliminação da Liga dos Campeões, há uma equipa que é recebida no aeroporto com vaias e insultos. Cerca de um mês depois, essa mesma equipa perde a taça da liga e tem uma recepção semelhante, com tochas e pedras pelo meio, à chegada ao seu estádio.
11 de Maio. O champanhe já gelava no frigorífico, estava tudo preparado desde a vitória na Madeira festejada como se o campeonato tivesse ali acabado. As bandeiras e os cachecóis há muito que saído da gaveta para libertar o odor a naftalina que já lhes está entranhado. De Norte a Sul e até nas ilhas, tinham o país estava reservado. Em vão. O título que começava a escapar por entre os dedos na semana anterior frente ao Estoril era-lhes arrancado da mão no Dragão. Ainda assim, à chegada ao salão, são recebidos por uns anormais que os aplaudem como se aquele jogo épico tivesse acabado aos 90 minutos.
Pior. Quatro dias depois, outra vez nos malditos descontos, perdem a Liga Europa de forma inacreditável, frente a um adversário que não joga nadinha, nadinha, nadinha. Mas como diz o outro, “o que interessa é estar nas finais, não é ganhar”, eles, tolinhos, tolinhos, tolinhos, porque comem tudo aquilo que lhes dizem, vão a correr para o salão recebê-los, eufóricos e em festa, como eles tanto gostam, como se ali estivesse algum campeão.
Esta é a linha que separa os vencedores dos derrotados, os campeões dos lampiões. Porque se este filme que se passou em Carnide durante quatro dias rodasse aqui no Dragão, não seria uma comédia, mas uma verdadeira tragédia, por muito impensável que ela pudesse aqui acontecer. As palmas davam lugar aos assobios e às vaias, os incentivos aos insultos e as palavras “fica, fica, fica”, dirigidas aos treinador, não poderiam ser outras que não “rua, rua, rua”. Porque nesta casa, as derrotas nunca serão vistas como vitórias morais. Porque nesta casa, o treinador que se atravesse a dizer que fez uma época brilhante, depois de perder tudo em duas semanas, era despedido no exacto minuto a seguir. Porque nesta casa, se um presidente dissesse que ia renovar por “não por dois, mas por mais três anos” com um treinador que ganha um campeonato e três taças da liga em quatro anos e que acaba uma temporada como este acabou, tinha logo uma multidão de sócios à perna a exigir-lhe imediatamente eleições antecipadas.
A isto chama-se cultura de exigência que, por sua vez, se traduz numa cultura de vitória, que eles não têm e que nós temos para dar e vender. Eles preferem, porém, continuar a acreditar que perdem de forma sistemática contra nós, não porque somos melhores, mais competentes e muito mais profissionais, mas porque os árbitros estão comprados, porque nós somos sempre beneficiados e eles são sempre os prejudicados, coitados. É a cultura da desculpabilização há muito impregnada na pobreza de espírito daquela gente e que se traduz, fatalmente, numa cultura de derrota. Nem que seja nos descontos, para lhes doer mais, para fazê-los sofrer mais, como eles hoje estão a sofrer.
11 de Maio. O champanhe já gelava no frigorífico, estava tudo preparado desde a vitória na Madeira festejada como se o campeonato tivesse ali acabado. As bandeiras e os cachecóis há muito que saído da gaveta para libertar o odor a naftalina que já lhes está entranhado. De Norte a Sul e até nas ilhas, tinham o país estava reservado. Em vão. O título que começava a escapar por entre os dedos na semana anterior frente ao Estoril era-lhes arrancado da mão no Dragão. Ainda assim, à chegada ao salão, são recebidos por uns anormais que os aplaudem como se aquele jogo épico tivesse acabado aos 90 minutos.
Pior. Quatro dias depois, outra vez nos malditos descontos, perdem a Liga Europa de forma inacreditável, frente a um adversário que não joga nadinha, nadinha, nadinha. Mas como diz o outro, “o que interessa é estar nas finais, não é ganhar”, eles, tolinhos, tolinhos, tolinhos, porque comem tudo aquilo que lhes dizem, vão a correr para o salão recebê-los, eufóricos e em festa, como eles tanto gostam, como se ali estivesse algum campeão.
Esta é a linha que separa os vencedores dos derrotados, os campeões dos lampiões. Porque se este filme que se passou em Carnide durante quatro dias rodasse aqui no Dragão, não seria uma comédia, mas uma verdadeira tragédia, por muito impensável que ela pudesse aqui acontecer. As palmas davam lugar aos assobios e às vaias, os incentivos aos insultos e as palavras “fica, fica, fica”, dirigidas aos treinador, não poderiam ser outras que não “rua, rua, rua”. Porque nesta casa, as derrotas nunca serão vistas como vitórias morais. Porque nesta casa, o treinador que se atravesse a dizer que fez uma época brilhante, depois de perder tudo em duas semanas, era despedido no exacto minuto a seguir. Porque nesta casa, se um presidente dissesse que ia renovar por “não por dois, mas por mais três anos” com um treinador que ganha um campeonato e três taças da liga em quatro anos e que acaba uma temporada como este acabou, tinha logo uma multidão de sócios à perna a exigir-lhe imediatamente eleições antecipadas.
A isto chama-se cultura de exigência que, por sua vez, se traduz numa cultura de vitória, que eles não têm e que nós temos para dar e vender. Eles preferem, porém, continuar a acreditar que perdem de forma sistemática contra nós, não porque somos melhores, mais competentes e muito mais profissionais, mas porque os árbitros estão comprados, porque nós somos sempre beneficiados e eles são sempre os prejudicados, coitados. É a cultura da desculpabilização há muito impregnada na pobreza de espírito daquela gente e que se traduz, fatalmente, numa cultura de derrota. Nem que seja nos descontos, para lhes doer mais, para fazê-los sofrer mais, como eles hoje estão a sofrer.
Subscrevo na íntegra. Parabéns.
ResponderEliminarO nosso grau de exigência é realmente muito peculiar, mas por vezes é bem necessário um bocadinho de humildade e o final da pretérita época deve ter servido como exemplo para o futuro, pois no FCP não se devem efectuar festas antecipadas, mas trabalhar com afinco para tornar as mesmas possível com empenho, perspicácia e valor, enquanto outros são sempre os vencedores antecipados e uns fanfarrões sem respeito pelos adversários, nem por qualquer competição, esta diferença que está presente no ADN do nosso clube é uma das razões da minha admiração e paixão pelo mesmo.
ResponderEliminarFinalmente parabéns pelo seu lúcido e sagaz post.
Abraço
Porto Castle
O FC PORTO não precisa de comparações com equipas medianas. Somos grandes o suficiente para falar de nós e só de nós!!!
ResponderEliminaro perfeito resumo da nossa superioridade e da grandeza deste clube
ResponderEliminarSOMOS PORTO
Concordo em absoluto com este texto. É de facto incrivel como é que aqueles adeptos recebem em euforia uma equipa que falha consecutivamente nos momentos decisivos. Mais, como depois de uma época miserável como esta, em que nem a taça da cerveja vencem, ainda falam em renovar por mais dois ou tres anos! Isso no FCP seria impensável porque aqui não nos contentamos com o estarmos nas decisões, contentamo-nos em ganhá-las.
ResponderEliminarFarpas, como sempre, certeiro. Não escreveria melhor. Bibó Porto!
ResponderEliminarNão é apenas nas vitórias que se deve apoiar mas... sim nas derrotas também.
ResponderEliminarAssobiar, insultar, atirar pedras não é exigência, apenas alguma estupidez.
Imaginem que por um acaso o Porto fica alguns anos sem ser campeão, os adeptos deixam de ir ao estádio, deixam de apoiar a equipa, dos aplausos passam aos insultos. A equipa entra em "depressão" e com isso fica mais complicado ganhar títulos.
Peço desculpa mas post só diz que só se deve apoiar uma equipa só quando ela ganha, quando perde devem ser todos insultados.
Se assim fosse clubes como o Liverpool já tinham acabado há muito tempo.
Isto nada tem a ver com exigência.
Boa Tarde.
ResponderEliminarNem mais!
Cumprimentos
Ana Andrade
www.portistaacemporcento.blogspot.com
www.artigosonlineanaandrade.blogspot.com
Sinceramente, também acho que exigência não tem muito a ver com insultar tudo e todos quando se perde.
ResponderEliminarExigência é ter um sentido crítico mas acima de tudo apoiar a equipa. É demasiado fácil ir festejar para a rua em dias de título. É bem mais difícil quando as coisas não correm bem, ser construtivo e apoiar a equipa.
Agora também concordo que é ridículo festejarem-se derrotas. E neste particular concordo com o autor do post quando refere o ridículo dos festejos dos lampiões neste final da época… Basicamente o final de época deles foi um pesadelo e não há nada para festejar. Foram mais uma vez ridículos como é habitual.
Resumindo, acho que nos momentos menos bons nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Nem festejos “porque chegamos à final ou lutamos até ao fim”, nem insultos a tudo o que mexe. Acho acima de tudo, que se deve refletir sobre o que corre menos bem para tentar, remando todos para o mesmo lado, chegar a melhores resultados.
PS: Como é logico todos nós, mais ou menos, já nos exaltamos contra os nossos próprios jogadores, treinadores ou dirigentes. Com palavras menos simpáticas ou fatalismos exagerados. O que é bem diferente de ir insultar a equipa ao estádio aquando de um mau resultado.
ResponderEliminarexcelente!
somos Porto!, car@go!
«este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!
saudações desportivas mas sempre pentacampeãs a todas(os) vós! ;)
Miguel | Tomo II