Estamos prontos.

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Confesso que já não estava a contar. Acreditar ainda acreditava, no sentido em que ainda não dava o título por perdido, mas sinceramente as esperanças já não eram muito grandes. Sobretudo depois da capelada, duvidava seriamente que fosse dado espaço de manobra a qualquer dos adversários do clube do regime para que houvesse uma real possibilidade de algum lhes roubar pontos. Mas aconteceu! Surpreendentemente, a duas jornadas do fim e precisamente antes de os recebermos no nosso estádio, voltamos a depender apenas de nós.

Nem é preciso dizer que a situação actual não é motivo para euforias. Motivo para euforias era já termos o campeonato no saco há duas jornadas, como estamos habituados. Infelizmente não é o caso. Temos duas montanhas pela frente e precisamos de todo o empenho e toda a concentração para as ultrapassarmos e podermos carimbar o tri. Vai ser muito difícil e é preciso que tenhamos essa consciência.

Partidas como esta exigem dos jogadores um equilíbrio delicado. Por um lado, serenidade, cabeça fria. Por outro, um espírito guerreiro, pronto a lutar até à exaustão. Sabendo bem o quanto está em jogo: o título, é claro, mas não só. Está em jogo o título contra um clube que nos odeia, e que, entranhado nos media e nas instituições nacionais, manifesta através deles esse ódio, convocando-os para uma guerra permanente às nossas cores. Acredito que os jogadores leiam jornais, conversem entre si, ouçam os adeptos na rua, e por isso saibam que a rivalidade é grande, que eles são o clube do regime e que é fundamental ganhar-lhes. Mas mais do que saber, têm de sentir! E entrar em campo electrizados até aos ossos, a transbordar de vontade de vencer. À Jorge Costa, à João Pinto, à Paulinho Santos. Com a noção de que, ao longo daquela hora e meia, não há mundo para lá das bancadas do Dragão. Sobretudo este ano. E é aqui que o nosso papel é mais determinante. Somos nós quem tem de lhes passar essa mensagem, do primeiro ao último minuto. O nosso coração e os nossos pulmões são as nossas armas, a luta vai ser dura mas a vitória é possível.

Tudo pode acontecer, estou perfeitamente ciente disso. Mas sei o quanto valem o meu clube e a minha gente quando chega a hora da verdade. Quando muitos já nem contavam com ela, essa hora chegou. Estamos prontos. De Dragão ao peito, sem temor, com esperança, garra e determinação. Força Porto!!