12 setembro, 2008

O Comandante de Luxo

Lucho, o maravilhoso Lucho González é daqueles jogadores que deveriam ser eternos, não deveriam acabar nunca. Um dia, quando fizerem a história do futebol, ele vai lá estar, num lugar privilegiado. Ver jogar Lucho González é uma das melhores coisas que me aconteceram enquanto adepto do FC Porto e apaixonado pelo desporto-rei. Fico, por vezes, extasiado com a excelência do seu futebol. Daqui a 50 anos, se for vivo, irei dizer, com orgulho e vaidade, que vi jogar este jogador de luxo. Exagero? Acham mesmo?

Lucho é o cérebro da nossa equipa. Assim como o cérebro humano regula, controla e gere todos os nossos comportamentos, Lucho é quem comanda o FC Porto sobre o relvado, qual 'El Comandante'. Ele não é um jogador normal. Não é especialmente rápido, como o Bosingwa ou o Rodríguez. Não tem uma habilidade prodigiosa, como o Quaresma ou o Cristiano Ronaldo. Não é particularmente combativo, como o Lisandro ou o Derlei. Não tem a intensidade do Lampard ou do Essien. Não é um rematador brilhante, como o Roberto Carlos. Não marca livres como o Deco. Não é temperamental como a generalidade dos sul-americanos. Não tem as características que, imediatamente, saltam à vista do espectador. No entanto, ao fim de algum tempo de contemplação, começamos, paulatinamente, a perceber, que a inteligência soberba que possui é o seu grande dom, é o que o faz ser, sem discussão, um dos melhores jogadores do mundo. Não exterioriza as suas emoções, mas quer ganhar como poucos. Não berra com os companheiros, mas é o líder natural da equipa e impõe-se pela personalidade e qualidade.

A simplicidade com que executa cada lance e coloca todos à sua volta a jogar e a perseguir um objectivo comum chega a ser obscena! Quantas vezes, ao vê-lo jogar, não nos julgamos capazes de fazer o que ele faz? Ilusão! Ele é o verdadeiro médio do futebol-arte. Baseia o seu jogo na visão periférica arrebatadora, na progressão que confere à equipa, no seu genial último passe, nos apoios sem bola que dá aos companheiros, como que a dizer: 'Estou aqui, é por aqui o caminho'. E eles percebem que o percurso mais curto para o golo é entregar a bola a Lucho e seguir as suas directrizes. Sempre com uma elegância ímpar, uma leveza encantadora e uma graciosidade de movimentos irresistível.

Quando ele for embora, chorarei. De tristeza. É um grande campeão e jogadores como ele jamais deveriam deixar de envergar aquela camisola azul e branca. Mas ficarei feliz por ele. Se há homens que merecem construir uma carreira de sucesso, o argentino é um deles, e a ambição de jogar num campeonato melhor, longe das trapalhadas medíocres habituais do nosso, é perfeitamente legítima. Ficar-lhe-ei eternamente grato, não só pelos momentos de classe pura com a bola no pé direito, mas também pela conduta que sempre demonstrou para com o clube e os seus adeptos. É um executante fabuloso e tem essa consciência, mas é humilde, fala sempre em nome do colectivo e não procura os louros individuais. Além disso, é um jogador que respeita os adversários e que entra em campo apenas para fazer o que melhor sabe.

Viajando pelo seu trajecto de dragão ao peito e, não raras vezes, envergando a mágica braçadeira de João Pinto, Vítor Baía, Jorge Costa e outros grandes embaixadores do portismo no mundo, os seus números são insuspeitos quanto à sua categoria. Na época de estreia, em 2005-06, marcou 10 golos na liga portuguesa, tendo ganho o título nacional, a Taça de Portugal e a Supertaça. Na temporada seguinte, em que foi eleito o melhor médio-ofensivo do campeonato, ganho pelo FC Porto, apontou 9 tentos nessa competição e 3 na Liga dos Campeões, entre eles, o espectacular remate de fora da área num jogo em Hamburgo. Já em 2007-08, marcou apenas 3 golos na liga doméstica e mais 3 na Champions, em que, apesar de menos goleador, fez a sua melhor temporada de sempre e renovou o título português.

O futebol precisa destes jogadores, cada vez mais escassos. Classe, génio, elegância, inteligência, liderança, são algumas palavras que definem Lucho González, o nosso número 8. É com jogadores como ele que se vai escrevendo a letras de ouro a gloriosa história do FC Porto. Terá um lugar na galeria dos imortais, junto de Vítor Baía, Deco, Madjer, Jardel e alguns outros de igual craveira. Ficará, aconteça o que acontecer, para sempre no nosso coração.

14 comentários:

  1. Luuucho, Luuucho, Luuucho Gooonzaaaalezzzz....

    Um senhor, um campeão!

    dos melhores centrocampistas que vi jogar pelo porto. só não digo o melhor porque tive o prazer de ver jogar o mágico que acima de tudo é um grande portista.

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  2. Bruno,

    Belíssima ode ao melhor jogador do FCP. Um artigo que exalta as virtudes técnicas, transformando o argentino no rosto deste Porto moderno. Um jogador de eleição, longe do estereotipo do jogador sul-americano. E, como dizes, será sempre com orgulho que diremos, um dia mais tarde, que vimos jogar El Comandante.

    Tal como muitos outros, Lucho deixará uma marca, indelével, na história do clube. E, como verdadeiro embaixador do azul e branco, merece bem estes tributos dados por adeptos anónimos...

    ps: Ah, e eu, que nem sou adepto da personalização nas camisolas que compro, tenho uma, estampada com o nome dele atrás. Porque será?

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  3. Sem dúvida que é um dos melhores jogadores que algum dia passou pelo nosso clube. Mas deixem-me acrescentar ao rol os nomes de Pavão e Cubillas, que se calhar, devido à idade alguns nunca viram jogar.
    Abraço

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  4. «Quando ele for embora, chorarei. De tristeza»

    Lindo, empolgante, brilhante texto de adoração ao EL COMANDANTE, este que o Bruno Pinto nos presenteou.

    Em final de 2004 o Porto garantia a aquisição (para jogar na px época) de Lucho e eu nessa altura começei a frequentar a blogosfera e nick foi logo esse de «LUCHO» pq tive um instinto, tive a esperança q ali estava um senhor jogador.

    Tem duas potencialidades q se destacam, o último passe e a ocupação de espaço em campo sempre mt inteligente. É um fantástico jogador.

    E realço as tuas palavras, Bruno:

    «Quando ele for embora, chorarei. De tristeza». A sério.

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  5. Tanta classe e inteligência reunidas num único jogador

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  6. http://reflexaoportista.blogspot.com/2008/09/20-anos-parabns-campeo.html

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  7. As tuas palavras são bonitas e justas, mas é como diz o Zepelin, quem viu jogar Pavão, Cubillas, Oliveira, Futre, Frasco, Madjer, Deco e tantos outros, já não fica tão impressionado, mesmo, como é óbvio, considere o Lucho um grande jogador.
    Um abraço

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  8. Boas pessoal. Fosse o LUCHO um jogador de outro clube e seria idolatrado todos os dias na C.S. lisvoeta, panasca e subsverciente. Já repararam ke o Postiga desde ke mudou lá pra baixo já apareceu mais nas capas do rascord ke os anos todos ke esteve por cá? .. O outro burro do cartaxena até tradutor chamava ao Mourinho, agora lambe-lhe os péses.. hehe

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  9. Excelente texto a servir de homenagem a este grande jogador que ficará para sempre na nossa memória.

    Obrigado Lucho González!

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  10. Pois é meus amigos este sábado temos andebol . O nosso F.C.PORTO vai a Aguas Santas pelas 18 h , pois quem acha que o jogo vai ser fácil engana-se porque o ambiente no pavilhão por parte dos adeptos do Aguas Santas é muito forte .
    Temos que dar apoio a nossa equipa , vai ser concertesa um grande jogo de ANDEBOL
    Como não a jogos este fim de semana é uma boa oportunidade de ver um bom jogo e apoiar a NOSSA EQUIPA .



    Abraço

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  11. Lucho é realmente um grande jogador, quando a bola toca os seus pés ganha uma dinâmica diferente e solta-se redonda, plena de beleza e poesia...Mais um para figurar no Memorial do Clube ao lado de ilustres nomes que vestiram e honraram a nossa querida camisola...Mas este estará sempre no cantinho dos predestinados, faz a diferença ver jogar pessoas como Gonzalez, que mais não seja, pelo brilhantismo que acrescentam ao magnífico espectáculo que é um bom jogo de Futebol. Lucho é uma personalidade cativante, simples, elegante, sem grandes tiques de vedeta. Enriquece-nos conhecer pessoas assim, mostram-nos o lado bom do ser humano, espero que nunca me desiluda e mesmo que vá embora um dia se mantenha assim...Para assim ser recordado. -É daqueles a quem eu agradeço -sinceramente- ter-me dado o privilégio de ver jogar! Hasta Siempre Comandante Lucho!

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  12. simplesmente fabuloso...

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  13. Viva !

    Belo texto Bruno Pinto !

    Lucho é sem dúvida um fora de série.

    Como os grandes fora de serie, não simula ! Talvez seja essa a diferença entre o grande jogador e o jogador banal ! Entre quem simula e não simula. Entre quem joga e entre quem faz de conta.

    Como qualquer fora de série, Lucho sabe evitar os golpes baixos, evitando lesões. O que é uma arte !

    Efectivamente, não é um jogador temperamental como o podem ser, na maior parte das vezes, os jogadores portugueses.

    Vejam-se os casos de João Pinto, agressão (soco) a árbitro ,aquando dum campeonato do mundo ; ou Figo que atira com a camisola da selecção para o chão, aquando dum campeonato da Europa.

    Quem é temperemental ?

    Espero que Lucho que fique o máximo de tempo no Porto.

    Eu também vi jogar Pavão e Cubillas.

    Os tempos mudam e há que aceitar o presente, para melhor conservar o passado do amanhã !

    Acho que hoje devemos mesmo muito ao Lucho !

    E Viva o Porto !

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  14. completamente de acordo.
    El Comandante é o melhor jogador do Porto desde que saiu o Deco. Para mim, ele já está na «galeria» dos eternos simbolos do Dragão...

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