21 setembro, 2008

Assobiar com educação…

...em Vila do Conde ganha o Dragão!!!

Recém-promovido, o Rio Ave é o senhor que se segue, após duas épocas a militar no patamar inferior do futebol profissional e após as épocas de 03/04 e 04/05, onde sob a batuta de Carlos Brito, obteve um sétimo e um oitavo lugar.

Os Vila-condenses regressam ao convívio da principal Liga Tuga, e nem se pode dizer que o inicio de calendário tenha sido favorável, ao cimentar das pretensões e anseios de permanência. Com um ponto no alforge, fruto do resultado final frente às Gaivotas encarnadas, ocupam na tabela classificativa e ao fim de duas jornadas o 14º posto, logo acima da linha de água, a par de Belenenses e Paços de Ferreira.

Parafraseando os entendidos do meio futebolístico, as estatísticas valem o que valem, a resenha histórica dos embates caseiros entre os emblemas em confronto no Estádio dos Arcos, dita dezasseis jogos em análise, onde consta uma vitória caseira, seis empates e nove derrotas, com clara supremacia na diferença de golos marcados (6/27), em favor dos Portistas. Nos últimos sete confrontos o Rio Ave apenas perdeu dois, sendo que do total dos dezasseis apenas venceu um, em 2004, um zero foi então o resultado final.

A visita ao Estádio dos Arcos surge na ressaca europeia do Dragão. Dessa partida ecoam assobios acossadas diatribes da revolução no sector defensivo Azul, e aparente debacle física da zona intermediária portista. Para quem entende um pouco dos meandros tácticos do futebol, pode bem correlacionar os factores e perceber o porquê deste Porto ainda não apresentar consistência capaz de suportar altos índices nas dinâmicas da partida e controlo dos ritmos de jogo.

Frente aos Vila-condenses não auguro nem prevejo uma defesa porfiada por parte dos donos da casa, até porque o seu timoneiro é adepto da marcação zonal em detrimento da individual, mas estou certo que escudados na habitual tenacidade das gentes do mar, (afinal Vila do Conde é terra de pescadores), o Porto de Jesualdo vai viver com a dúbia sensação de falta de ar, as zonas de pressão serão intensificadas sob o miolo e, ou muito me engano, ou os pupilos de João Eusébio vão parecer ser mais de onze. Ninguém espera por parte do Rio Ave uma atitude que não a de complicar a vida ao adversário, secundados pela ideia de pontuar, sem darem o corpo às balas, mas ávidos de dar o corpo ao manifesto. O sentimento de roubar pontos ao campeão nacional norteia a equipa, pois tudo o que seja para lá da derrota é bom resultado.

Para dar expressão a estas premissas importa lembrar que no plantel verde estão jogadores experientes, mantendo a base de outros anos constam no grupo jogadores como Niquinha, Evandro, Mora, Rogério Matias, Gaspar e André Vilas Boas, estes últimos com passagens inclusive pelo FCPorto.

Antever no adversário muito mais que isto confesso ser hercúlea tarefa, organizados ao ponto de terem agendado uma sessão de trabalho para as 21h, espécie de apuro nocturno afim de se adaptarem à iluminação artificial do estádio, metódicos na utilização da velocidade que põem no futebol pelas alas, existe normalmente um bom antídoto para estas armas adversárias. Marcar cedo!...

Voltando um pouco atrás e ao deficit físico, nesta fase da época os tempos de recuperação e capacidade de regeneração do organismo permitem pelo menor índice de fadiga acumulada que o cansaço não se reflicta de forma tão evidente nos jogadores, no entanto e contrariando o pressuposto anterior fisiologicamente nesta altura da época o corpo convive pior com a sensação de cansaço provocado pelas cargas. Talvez por isso este Porto viva de coração nas mãos muito por força do binómio na relação do controlo dos tempos/ritmos de jogo.

Se opta pelo controlo de jogo, com os jogadores mais reféns do sentido posicional, a dinâmica parece de burguês, entregando o domínio territorial para depois saírem em elevados ritmos onde a moralidade e a superior iniciativa atacante, leva ao êxtase as bancadas do Dragão.

Se não veja-se os Azuis há muito que nos habituaram a ser uma equipa de posse de bola e de rápida incidência pela conquista da mesma, não variadas vezes sobem as suas linhas de pressão para a zona 3/4, o problema começa logo nessa vertente da reconquista da bola. Lisandro é um lutador nato, Rodriguez um ala de natureza incisiva na procura do um para um e mormente pela conquista da linha de fundo, mas tudo isto se desarticula como um fole de uma concertina mal tocada, pois se no flanco esquerdo reza assim a táctica, à direita manqueja.

Mormente a basculação entre sectores, fica vezes sem conta refém dos inúmeros espaços entre linhas, a zona nevrálgica do sector intermédio carece do poder de síntese e morte da posse de bola adversária, que Fernando ainda não acrescenta ao futebol Azul e branco. Se na direita Mariano invectiva por ser um apoio a Sapunaru, o romeno espartilhado pelo fantasma de Bosingwa, vê-se ultrapassado vezes sem conta pelo opositor nomeadamente quando a intenção deste é cruzar na área, obrigando ao desdobrar múltiplo dos mecanismos de compensação por parte dos centrais, também eles acometidos pelo hiato competitivo que lhes dificulta o entrosamento permitindo deste modo veleidades na cara do golo, outrora omissas.

Calafrios à parte, outra das incidências de jogo que não vejo ninguém referir é marcação à zona, nas bolas aéreas feitas pelo último reduto portista, com laterais que se posicionam e obstam mal aos cruzamentos a reacção as bolas cruzadas quer em cantos quer em bola corrida é deficitária, apanhando quase sempre em contra pé os defensores Azuis.

Este é um Porto de novas sinergias, onde apesar de tudo não se perdeu a herança das transições rápidas e fluentes, o futebol aveludado onde pontifica Lucho e os seus movimentos de ruptura configuram um futebol de cariz e pendor marcadamente ofensivo, mas onde o cartel sul-americano denota dificuldade de apreensão dos movimentos trabalhados, os 25m iniciais da noite europeia provam que apesar de um futebol ainda prematuro para noventa minutos existe capacidade para, com pulmão com trocas ininterruptas posicionais, deslocar qualquer densidade de jogo e de jogadores adversários.

E como vai ser voraz essa densidade sob o relvado, com os espaços sobredimensionados em função dos pares que se vão criar, vai imperar o futebol de barba rija no sempre difícil terreno dos Vila-condenses, é necessário pois que o coração não se sobreponha a razão. Domingo no Estádio dos Arcos apoiados por certo por uma franja enorme de adeptos, certos de uma equipa de corpo são em mente sã, capaz de amealhar três pontos tão ou mais importantes para o objectivo máximo da época, é de importância maior encurtar distâncias para o topo da Liga sob pena de a perigosidade de ver-mos afastarem-se rivais comece a corroer psicologicamente a dimensão de líder que normalmente ostentamos, até porque se o andamento do campeonato levar o curso normal daqui a duas jornadas novos mil dias de liderança se iniciarão…

Na noite de Vila do Conde e no que concerne ao onze apresentar julgo não ser de todo errado apostar na equipa que defrontou os turcos, contudo Fucile poderá regressar aos eleitos após cumprir castigo uefeiro, seja para que flanco se equacione a sua entrada, Lino também espreita a titularidade, sendo também previsível e face a todas as nuances tácticas ao dispor do Mister que Guarin, Tarik e Tomas Costa tenham fortes possibilidades de serem acrescentados como soluções. Com todo o plantel a disposição eu apostaria em Helton, Sapunaru, B. Alves, Rolando, Fucile, Fernando Meireles, Lucho, Rodriguez, Mariano e Lisandro.

Não será propriamente um dérbi, não terá sequer a conotação de clássico, mas para os Dragões na Liga Sagres!!!... o resultado tu já sabes!!!

Lista de convocados:

Guarda-redes: Helton e Nuno.
Defesas: Sapunaru, Bruno Alves, Rolando, Pedro Emanuel, Lino, Fucile e Benítez.
Médios: Lucho González, Raul Meireles, Fernando, Tomás Costa e Mariano González.
Avançados: Lisandro López, Cristian Rodríguez, Candeias, Farías e Hulk.

10 comentários:

  1. http://maisfcporto.blogspot.com/

    Leandro por VUK???

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  2. Bruno,

    Não tarda nada entras na linha de sucessão de Jesualdo, quando este fizer as malas. Carago, aprendo mais sobre futebol em dois artigos teus do que a ler o Luis Freitas Lobo:)

    Hoje, num reduto difícil, é para vencer. Confesso que a debace física vista e sentida contra os turcos me preocupou, veremos como a equipa reage no Estádio dos Arcos...

    Jesualdo, convencional, não modificará a estrutura base, mantendo o onze inicial da Champions. Por isso, hoje existirá tempo para aquilatar qual o grau de maturidade de Fernando, ele que se portou bem na prova de fogo.

    Por muitas loas que se teçam a Mariano, continua a ser uma espinha na garganta. Se reconheço que a opção pelo argentino permite uma maior segurança no flanco direito, pela revelada inexperiência de Sapunaru, também é verdade que isso retira alguma agressividade e poder ofensivo ao FCP.

    Quando aos asoobios, não sendo adepto deles, não acho que seja caso para amuos ou avisos na imprensa. Os jogadores devem sim sentir-se preparados e motivados para jogar, concentrando-se nesse objectivo...

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  3. Sem queixinhas e sem lamúrias...ganhar e mais nada!
    É nestes jogos, ganhando estes jogos, que se conquistam campeonatos.
    Um abraço

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  4. Bruno

    Excelente post.

    Até que enfim, alguêm aborda a problemática da defesa do Porto, quando esta só tem defendido e defende, à zona.

    No golo dos turcos, o Fernando ao verificar que o avançado turco entrou na zona do Bruno Alves, deixou-o saltar à bola à vontade, pois julgava que o Bruno o tinha visto. Este como seguia a trajectória da bola sem verificar quem entrou na sua zona, foi surpreendido pelo avançado.

    Estas situações demoram a ser trabalhadas, e não sei se o FCP, não irá sofrer mais alguns calafrios.

    Uma vez que os nossos 2 centrais são rápidos, acho que está na hora de manter o triangulo defensivo nas mãos de B.Alves, Rolando e Fernando, fazendo marcação directa, aos avançados adeversários.
    Ou faz isto , ou avança no terreno a linha defensiva, para fora da grande área, deixando o guarda-redes com a função de atacar sozinho o avançado que furar a barreira. E nisto o Helton é muito bom.

    Infelizmente, o Prof. não admite que as linhas se percam ou as peças se desequilibrem, e não haja ocupação dos espaços.

    Equipe que tem extremos que façam diagonais das linhas para o interior da área, e cujos avançados façam o movimento contrário do interior para as linhas, provocam muitas dores de cabeça ao FCP. Como não existe marcação homem a homem, na área de um determinado defesa, podem aparecer 2 jogadores adversários em sentido contrário. Qual deles devemos atacar?

    Vamos assistir a esta situação hoje no Rio Ave, pois é esta a arma do Sborting contra o FCP.

    Encosta 2 avançados nos centrais e como os médios do FCp não entram na grande área para defender, os médios do Sborting ficam sozinhos na área do FCP.

    Há que construír e trabalhar outra dinámica defensiva, pois a que deu resultados nos anos passados, já foi descoberta pelos adversários.

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  5. mas porque o sapunaru?
    ja enterrou bem mais que o benitez mas nao e argentino... logo toda a gente gosta dele!
    para mim jogava o fucile na direita e o benitez ou o lino na esquerda, o sapunaru e comido muito facilmente!
    de resto.. completamente de acordo c a equipa!
    ps: 20e um bilhete pa ir a vila do conde... sinto-me roubado, paguei 22e para ir a luz e pago 20 para ir a um estadio sem condicoes nenhumas, depois querem os estadios cheios!

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  6. Bruno Rocha:

    tal como diz o Paulo Pereira, ao ler estas tuas antevisões vamos todos acabar a época com o curso de treinador nas mãos, este Bruno Rocha transpira futebol:)

    Pois meus caros, só nos resta ganhar mas aqui «na minha» Vila do Conde nunca foi fácil ganhar.

    Eu vou estar nas bancadas a sofrer como sempre e espero um Porto de ataque logo de início.

    Temos q ganhar para na px jornada aproveitarmos em pleno o derby da 2ª circular.

    Ontem o 1º golo do sporting é um off-side claro... e assim se levam as equipas ao colo...a comunicação social voltou a branquear a situação, normaL...

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  7. Acho que vamos a Vila do Conde ganhar.

    Na questão da marcação à zona ou directa, não concordo com o que foi dito pelo dragon4. Tirando as bolas paradas, em que um misto de marcação zonal e directa me parece a melhor solução, no jogo corrido sou completamente contra a marcação directa, de forma geral, claro está. Por exemplo, no golo do Fenerbahçe, não se tinha perdido nada se o Fernando acompanhasse o movimento do homem que cabeceou, mas ele não pode ser responsável. A responsabilidade maior é dos centrais, pois aquela zona é deles, são eles que têm de a defender. O Bruno Alves não pode estar apenas com os olhos na bola e descurar os adversários que penetram na sua zona. Por princípio, defendo a marcação à zona, um jogador que sai da sua zona para perseguir um adversário, pode desequilibrar fatalmente a equipa na sequência do lance.

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  8. Viva !

    Belo artigo.

    Concordo com o esquema apresentado.

    Creio como disse o Dragão Vila Pouca ( e como também sempre referi) que estes jogos são importantíssimos.

    A defesa à zona pode ser um tema de debate interessante. Vamos ver.

    Espero poder ver o jogo !

    E Viva o Porto !

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  9. Bruno Sousa:

    Pá, desculpa lá, mas quem te anda a pagar royalties para nos deixares aqui estas prosas todas da técnica da táctica ou vice-versa?

    Para quem percebe como eu apenas da táctica "tudo ao molho e fé em Deus", se no final desta época continuar a não captar as tuas geometrias tácticas, bem, o problema é meu, só pode :D

    O teu onze é tb o meu... estiveste bem :D

    Ahhh, e este título tá 5 estrelas... muita bom, muita bom mesmo :D

    Logo, em Vila do COnde, até os comemos, mai'nada!!!

    TRIaBrAçO,

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  10. Uma revelação,

    O Bruno Rocha é perito em títulos. A sério. Já no MundoAzuleBranco ele tinha títulos originalíssimos...

    Acho até que ele tira dias de férias só para pensar nos títulos para os artigos:)

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