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Quintero é um caso difícil de analisar.
Comecemos pelo óbvio: Quintero é um talento.
Mas daqueles talentos raros. Aquele seu ar bonacheirão e até meio “gordito” não deixava antever um rigor absoluto na colocação de bola, especialmente com o pé esquerdo, um repentismo completamente desconcertante, uma capacidade de decidir – e, mais do que isso, de tomar boas decisões – num limitado espaço e tempo.
Quintero, no entanto, não gosta de correr para trás e, não obstante ter capacidade para cobrir os espaços, não imprime agressividade no momento defensivo do jogo. Aliás, talvez na ânsia de demonstrar evolução nesse capítulo, por vezes confunde agressividade sobre a bola com entradas disparatadas, fora de tempo e desproporcionais e relação ao perigo da jogada, as quais redundam em faltas e consequentemente em livres complicados para o FCPorto.
Em função das suas características, Quintero acaba, assim, por ser lançado:
Feliz ou infelizmente, parece-me que, neste FCPorto 2014/2015, a resposta tende a ser afirmativa.
Antes do mais, julgo que Quintero rende muito mais se jogar no meio. Encostado à ala, Quintero perde margem e terreno para influenciar a partida, passando longos momentos do jogo sem bola e, por isso, sem aparecer. Quintero não é um jogador para aparecer na desmarcação ou para receber um passe em profundidade – é antes o jogador que identifica e fabrica a desmarcação do colega de equipa e que executa, como poucos, o dito passe em profundide (ou não!).
Nesse sentido, para Quintero jogar no meio, a equipa precisaria de dois jogadores atrás de si mais posicionais, que ocupem bem os espaços e que, mediante uma perda de bola ou um contra-golpe, consigam abafar rapidamente as investidas da equipa adversária. Ora, este FCPorto joga com Casemiro, um desses jogadores, mas também joga com Herrera.
E Herrera rende muito menos se jogar amarrado ao círculo central, sem poder dar largas as suas cavalgadas e ao seu futebol de transição e de progressão.
E é aqui que a porca começa a torcer o rabo.
Jogar com Herrera e Quintero poderá significar que, em muitos momentos do jogo, o ataque do FCPorto seja composto por Jackson, Tello, Brahimi (ou Quaresma) e Quintero, ou seja, quatro jogadores que não participam, de forma qualificada, no processo defensivo, e por Herrera que fica sem saber se vai, se vem, se sobe, se desce. O desequilíbrio é notório e, ante equipas mais poderosas, o resultado poderá ser desastroso.
Uma solução poderia passar por testar Rúben Neves e Casimiro com Quintero na frente, vagabundeando no apoio a Jackson. Mas Casimiro parece não se dar bem com outro colega no seu raio de acção e, neste cenário, Herrera ficaria de fora. Por outro lado, a única lacuna no plantel do FCPorto que me parece mais ou menos consensual é a falta de um centrocampista com este tipo de características – diria, pendular.
Em conclusão, Quintero vai aparecer muitas vezes e vai deliciar-nos a todos com o seu futebol espetacular, mas talvez não tantas vezes quanto o seu talento impunha. Mas isso pode não ser necessariamente mau. Significa apenas que, este ano, o FCPorto tem soluções que dão resposta a quase todas as necessidades e cenários que, ao longo da longa época, certamente surgirão.
PS - Saudades de Europa.
Pedro Ferreira de Sousa
Comecemos pelo óbvio: Quintero é um talento.
Mas daqueles talentos raros. Aquele seu ar bonacheirão e até meio “gordito” não deixava antever um rigor absoluto na colocação de bola, especialmente com o pé esquerdo, um repentismo completamente desconcertante, uma capacidade de decidir – e, mais do que isso, de tomar boas decisões – num limitado espaço e tempo.
Quintero, no entanto, não gosta de correr para trás e, não obstante ter capacidade para cobrir os espaços, não imprime agressividade no momento defensivo do jogo. Aliás, talvez na ânsia de demonstrar evolução nesse capítulo, por vezes confunde agressividade sobre a bola com entradas disparatadas, fora de tempo e desproporcionais e relação ao perigo da jogada, as quais redundam em faltas e consequentemente em livres complicados para o FCPorto.
Em função das suas características, Quintero acaba, assim, por ser lançado:
- ou no decorrer do jogo para servir de “abre latas” quando as coisas estão difíceis (cfr. Shakhtar vs FCPorto, FCPorto vs Braga, Estoril vs FCPorto);
- ou de início em jogos aparentemente mais acessíveis e em que a tarefa defensiva da equipa se mostra, à partida, facilitada (cfr. Arouca vs FCPorto e FCPorto vs Nacional).
Feliz ou infelizmente, parece-me que, neste FCPorto 2014/2015, a resposta tende a ser afirmativa.
Antes do mais, julgo que Quintero rende muito mais se jogar no meio. Encostado à ala, Quintero perde margem e terreno para influenciar a partida, passando longos momentos do jogo sem bola e, por isso, sem aparecer. Quintero não é um jogador para aparecer na desmarcação ou para receber um passe em profundidade – é antes o jogador que identifica e fabrica a desmarcação do colega de equipa e que executa, como poucos, o dito passe em profundide (ou não!).
Nesse sentido, para Quintero jogar no meio, a equipa precisaria de dois jogadores atrás de si mais posicionais, que ocupem bem os espaços e que, mediante uma perda de bola ou um contra-golpe, consigam abafar rapidamente as investidas da equipa adversária. Ora, este FCPorto joga com Casemiro, um desses jogadores, mas também joga com Herrera.
E Herrera rende muito menos se jogar amarrado ao círculo central, sem poder dar largas as suas cavalgadas e ao seu futebol de transição e de progressão.
E é aqui que a porca começa a torcer o rabo.
Jogar com Herrera e Quintero poderá significar que, em muitos momentos do jogo, o ataque do FCPorto seja composto por Jackson, Tello, Brahimi (ou Quaresma) e Quintero, ou seja, quatro jogadores que não participam, de forma qualificada, no processo defensivo, e por Herrera que fica sem saber se vai, se vem, se sobe, se desce. O desequilíbrio é notório e, ante equipas mais poderosas, o resultado poderá ser desastroso.
Uma solução poderia passar por testar Rúben Neves e Casimiro com Quintero na frente, vagabundeando no apoio a Jackson. Mas Casimiro parece não se dar bem com outro colega no seu raio de acção e, neste cenário, Herrera ficaria de fora. Por outro lado, a única lacuna no plantel do FCPorto que me parece mais ou menos consensual é a falta de um centrocampista com este tipo de características – diria, pendular.
Em conclusão, Quintero vai aparecer muitas vezes e vai deliciar-nos a todos com o seu futebol espetacular, mas talvez não tantas vezes quanto o seu talento impunha. Mas isso pode não ser necessariamente mau. Significa apenas que, este ano, o FCPorto tem soluções que dão resposta a quase todas as necessidades e cenários que, ao longo da longa época, certamente surgirão.
PS - Saudades de Europa.
Pedro Ferreira de Sousa
porto
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