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bra.ça.dei.ra
[brɐsɐˈdɐjrɐ]
Nome feminino: Sinal distintivo em forma de faixa usado no braço
[Em primeiro lugar e só para ficar desde logo definido, não vou falar do senhor nosso treinador Julen Lopetegui Argote. Ele que se toque e que pondere se acha bonito empatar tantas vezes. Se se diverte a entregar de bandeja aos adversários todas as santas primeiras partes dos jogos para apimentar a coisa. Se tira prazer de estar a desbaratar os doces sonhos e a perfeita ingenuidade da sua não muito secreta admiradora. Não vou falar dele, pois. Recuso-me. Era só quem lhe… %#%*&#*%#$#*!]
Do Rúben Neves já podemos falar. Para além de ser o puto giro e ultra-fofinho e Portista desde pequenino de que vos falei no início da época, diz a lenda que se tornou Capitão de equipa aos 18 anos. Diz a wikipédia que um capitão “tem a função de dirigir a equipe dentro de campo e de conversar com o árbitro sobre as regras do jogo, não tendo obrigatoriedade de falar outros idiomas. No caso da equipe se tornar campeã de um determinado torneio, como a Copa do Mundo FIFA, cabe ao capitão também a função de LEVANTAR O TROFÉU”.
Mas é bem mais do que isso. Pelo menos no nosso clube (Não falo dos outros clubes, assim como não falo do nosso treinador). Aqui no Porto, no Futebol Clube do Porto, o que está em cima da mesa para um jogador ocupar o cargo de capitão de equipa não se resume ao dom da oratória, conhecimento de línguas ou força de braços ou berros. Aqui no Porto, tudo é SENTIMENTO. Um sentimento avassalador que nos domina e nos mantém cativeiros. E o Capitão é aquele por quem o nosso coração mais palpita. Aquele em que nos revemos, aquele em cujas características revemos o clube que amamos acima de tudo. Aquele que, em campo, assume as rédeas da equipa e consegue vencer o inimigo. Apenas armado com uma faixazita de tecido em redor do braço.
Todos o sabem: temos no clube uma grande e dourada história de capitães e é tremendamente honroso para um jogador fazer parte do quadro histórico de capitães do Futebol Clube do Porto. Nele pontuam nomes como os de Rodolfo, Fernando Gomes, Lima Pereira, João Pinto, Aloísio, Vítor Baía, Jorge Costa, Bruno Alves, mesmo o Pedro Emanuel e o Lucho… Uma Escola de oficiais e cavalheiros, espécie de panteão à moda da casa, Olimpo dos nossos Deuses. Todos fantásticos exemplos de brio, estirpe, dedicação, liderança, responsabilidade, garra, raça e Portismo. [Só até aqui já me vieram as lágrimas aos olhos]. Como que escolhidos a dedo por um Alguém que coordena os nossos destinos por sintetizarem em si os grandes pilares do nosso Ser: Tradição, Honra, Disciplina, Mística e Excelência. Um Alguém que os nomeou e tornou as suas vidas extraordinárias. Um Alguém que os fez passar ainda além da Taprobana, em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana e entre gente remota edificaram novo reino, que tanto sublimaram. E também as memórias gloriosas… [Ah? *] Alguém que permitiu que pelas obras valorosas se fossem da lei da morte libertando.
Rúben Neves. O Escolhido, The Chosen One. Our Precious.
Recordista, Predestinado, Puto-Maravilha, Filho do Dragão.
Muitos rótulos, muitos adjectivos, muita responsabilidade, enorme bruá, demasiado peso em frágeis ombros.
Saibamos mantê-lo e preservá-lo durante muitos e bons anos. Será excelente sinal.
Saibamos mimá-lo, honrá-lo e valorizá-lo. Saibamos robustecer-lhe os ombros, temperar-lhe o coração e fortalecer-lhe os braços. Há muito troféu para erguer nos próximos anos e tempos. Não sei quanto pesam os trofeuzitos cá do nacional burgo, mas a Orelhudinha pesa 8 quilos em prata e a Gorda da UEFA Europa League 15. Talvez o Maicon Roque o possa coadjuvar nesta.
* Como assim, alguém já escreveu isto antes?!?! Quem?! Ah... não conheço.
Que crónica! Que momento simbólico! A mística adormecia a voltar, aos poucos.
ResponderEliminarTenho a certeza que haverá muita gente que é capaz de não ligar estes detalhes. Braçadeira de capitão? Pode ser um qualquer, é jogador do clube, logo, tem o dever de dar tudo por ele e estar á altura disso. Sim, ok, até pode ser, até pode ser que na teoria isso seja mesmo assim. Mas não é. Pelo menos para mim não o é definitivamente. É lógico que sempre que um jogador do Porto envergue a braçadeira terá toda a consideração do mundo e mais alguma mas e quando é alguém que para além de ser formado na própria casa é acima de tudo um Portista desde pequenino? Um dos nossos? É um momento sublime, mágico e arrebatador. Ok, pode ser que eu seja um pouco antiquado, talvez seja um daqueles que gostaria de ter vivido na época do futebol romântico, aquele futebol que só existia por amor á camisola, fruto se calhar das estórias que me foram contadas por aqueles que o presenciaram e que eu bebi e, como que por feitiço, fiquei completamente refém de um futebol que não presenciei nem, infelizmente, irei presenciar. Ok, posso ser tudo isso, chamem-me o que quiserem, mas para mim, o momento em que Ruben Neves subiu ao terreno de jogo com a braçadeira aninhada no seu braço, foi, sem o menor tipo de dúvida um dos maiores momentos que presenciei enquanto Portista, mesmo estando ciente que será provavelmente um procedimento condenado a vida curta. Parabéns, muitos parabéns pelo artigo, está excelente, fantástico como sempre!
Obs: I knew it! :)
Obrigada, Rui. Portistas como nós, emocionais, românticos, ingénuos, de lágrima fácil já quase não se fabricam. Parabéns, muitos, pelo teu comentário. Está excelente, fantástico como sempre. :)
ResponderEliminarBoas,
ResponderEliminarExcelente crónica, como habitual. Penso que para além do Rúben Neves, temos também o André André. Acho que vai dar um excelente capitão pois, tal como o Rúben, sabe o que é ser Porto, sabe o ar que o nosso clube respira, sabe o que representa o símbolo.
Abraço,
Pedro Moreira.
Obrigada, Pedro. sem dúvida que esta época, nesse aspecto estamos bem mais aconchegados. O que é óptimo. E não esquecer o Sérgio Oliveira, que ainda nem uma oportunidade mereceu.
ResponderEliminar“Cesse tudo o que a musa antígua canta que outra cronista mais alto se alevanta”. Pois! Vale sempre a pena esperar 2 semana para ler um texto destes. E que orgulho vai ter o Rúben “quando for grande” ao recordar esta prosa. Parabéns a ambos.
ResponderEliminarMiss BlueBay,
ResponderEliminarMuito bem, mil vezes. Já não é a 1ª. vez que leio com muito prazer os seus posts. É impossível superá-la.
Pena é que a liderança do nosso FCPorto da actualidade já não seja o que foi.
E por aqui me fico...
Excelente prosa,eu também delirei ver o "puto" subir ao relvado com a braçadeira de capitão,e,se gostava que aquele fosse o seu lugar durante muitos anos,mas a realidade é cruel,e,a realidade diz-me que Rubem Neves não é o "capitão",foi-o de forma circunstancial,é apenas e só a quarta/quinta escolha,espero vê-lo ser a primeira,é a minha opinião,e nada mais do que isso!
ResponderEliminarPor falar,não querendo falar no treinador,Falar(escrever) em Rúbem Neves é a melhor homenagem/elogio que se pode prestar a Julen Lopetegui,digo eu,e vocês devem perceber porquê?
Dos exércitos lá se nasce uma luz jovem, cintilante e reluzente.
ResponderEliminarPronta para combater e levar com as espadas afiadas e frias na carne.
Realmente ver Rúben Neves capitanear uma equipa em que também tem um grande capitão |era noutro clube| de uma outra grande equipa europeia, é de se fazer uma ovação.
Quem diz que os capitães têm de ser sempre os "velhos" trintões?
Vê-se num jovem uma maturidade de se louvar.
Com o tempo o guerreiro se transforma.
Com o tempo temos um dragão com uma chama ainda mais forte.
ENORME, mais uma vez o post.
Abraços!
Era só quem lhe… %#%*&#*%#$#*!]
ResponderEliminarSe era...
Excelente texto, corresse esse sangue nas veias de quem nos dirige.