24 outubro, 2015

O MESTRE E O ZÉ.

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Muito se fala do Sr. Pedroto e do que ele significou para o FC Porto. É hoje em dia considerado unanimemente como a maior figura mítica do FC Porto, muito mais do que a mera extensão por assim dizer de Jorge Nuno Pinto da Costa no relvado. É verdade que os dois fizeram o FC Porto moderno, unidos e com as mesmas ideias e conceitos-chave. No entanto, um e outro não se confundem, têm autonomia, são figuras próprias e independentes, cada um com o seu lugar próprio na história do nosso clube.

Não deixa de ser curioso que o Sr. Pedroto, O Mestre ou O Zé do Boné, pese embora nos tenha deixado há bastantes anos, continue a servir de referência da mística do portismo, do apelo dos seus adeptos e simpatizantes ao grito mais profundo do Dragão, muitos deles nascidos já depois da morte do Mestre. É comum ouvir e ler, nos cafés ou na internet que, perante tal situação, Pedroto seria inflexível. Ou que, perante tal facto, Pedroto responderia assim e assado, faria isto e aquilo, que hoje em dia somos uns brandos e uns frouxos.

Pedroto vive, assim, no coração e na alma dos portistas. Começa a adquirir contornos de lenda. Uns adicionam-lhe citações, atribuem-lhe novas atitudes, novos pensamentos, coisas que disse ou que poderia muito bem ter dito. O Mestre surge assim como a figura de combate a diversas entidades: ao portismo da pipoca, ao centralismo, ao assobio, à FPF, às arbitragens, às manigâncias do poder de bastidores, ao adormecimento do ADN de luta e resistência do FC Porto.

Bem diferente, por exemplo, do Zé. O Zé é um grande treinador, de grande categoria e ambição, que deu ao FC Porto um renovado estatuto internacional, com as conquistas de Sevilha e Gelsenkirschen. Bem sabemos que comparando com Pedroto, portista indefectível, Mourinho sairia sempre a perder. Mas poderia ter feito as coisas de outra forma, poderia ter sido agradecido com o clube que tudo lhe deu a ganhar e a aspirar. Não o foi e sabe disso. Na última visita do seu Chelsea a terras invictas, tentou desculpar-se, visitar o Museu, orgulhar-se, dizer que faz parte da História, etc. Contudo, as suas frases na saída, a comparação da cidade do Porto com Nápoles, uma certa indiferença e distanciamento face ao Porto que fez questão de mostrar (quando as coisas lhe corriam bem lá fora…) só podem querer significar que estamos mesmo na presença de um Zé e não de um Senhor ou de um Mestre.

As gentes do Porto têm, entre outras, duas qualidades: sabem perdoar e sabem reconhecer. O Zé ainda terá muito que fazer para ser perdoado.

E é por isso que, pese embora o passar dos anos, a figura de Pedroto vem ganhando novos contornos e novas interpretações. Surge como o grande impulsionador do FC Porto vencedor dos tempos modernos, que joga em qualquer campo para ganhar, seja em casa seja fora, jogando á defesa ou ao ataque, em posse em ou contra-ataque, mas sempre, sempre com o fito da vitória na mente de cada atleta. Pedroto pois que vive na alma e nas camisolas dos jogadores portistas, incute-lhes alma, raça, ambição, querer, paixão, vontade. Só assim se explica o sucesso do nosso Porto além-fronteiras com a frequência e recorrência detectada.

Hoje, mais do que nunca, o espírito de José Maria Pedroto tem que ter lugar nos corredores, nos balneários, nos treinos, no estádio e nos adeptos portistas. O seu legado será o garante das vitórias e dos sucessos futuros.

Rodrigo de Almada Martins

2 comentários:

  1. O que me lembro de Mourinho foi de estar a procura dele em Gelsenkirchen e nao o ver em lado nenhum... fui de carro desde Londres apoiar o meu clube e o Mourinho nem teve o respeito de dar uma volta ao estádio com a equipa para podermos bater-lhe palmas... podia ter saído como herói mas saio como um bandido fugindo.

    Nao se pode comparar Mourinho com o Ze do Bone porque nao era portista de criança... o AVB era assumido Portista e tinha mais "obrigação" de ficar na sua "cadeira de sonho" mas foi a procura das libras na sombra do Mourinho. Foi o cataliso para a saída de Falcão entre outros e o que mais me decepcionou. Depois de ser perdoado e Dragão de Ouro voltou a dar uns grandes peidos na "cadeira de Sonho" ao ir buscar o nosso treinador de guarda redes sem ter a cortesia de falar com a direcção. AVB tinha tudo para ser a estatua de treinador predilecto no museu e nos nossos corações mas agora esta na Russia querendo regressar a Portugal so que a "cadeira de sonho" já tem um dono Basco. E bem feito porque Lopetegui mostra mais entrega e lealdade ao FC Porto do que o AVB mostrou.

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  2. A diferença entre Pedroto e Mourinho era que Mourinho só quis saber da sua carreira e Pedroto importou-se com tudo menos a sua carreira.

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