09 outubro, 2015

SANGUE AZUL.

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Nem todos os clubes são iguais. Há uns mais iguais que outros. Outros muito parecidos. Alguns semelhantes. E há um diferente de todos. Esse clube é o Futebol Clube do Porto.

Quando vi Gonçalo Paciência a festejar um golo no Dragão da mesma forma que o seu pai Domingos pensei nisso. Em algo indizível, algo espiritual, que só sente quem é portista. O mesmo agora com André André, filho do mítico António André.

Há alguns anos, aliás, Ricardo Sousa iniciou essa bonita coincidência de ver um filho envergar a mesma camisola que um pai. Não teve o mesmo sucesso que o António Sousa, mas ainda há pouco tempo vi um comentário seu no facebook bastante elucidativo. Era qualquer coisa do género: “Foram 3 anos, podiam ter sido 3 dias ou apenas 3 minutos. Uma vez Porto, Porto para sempre”.

E é mesmo assim. Há algo de místico na camisola do FC Porto, algo impossível de descrever em palavras. Só quem lá está, só quem ia às Antas, quem sentiu o que era esse FC Porto, quem percebe a transformação que o FC Porto sofreu, consegue perceber.

Curiosamente, vi há dias no Porto Canal, Domingos entrar na residência de atletas jovens do nosso clube e, meio envergonhado, dizer ao neto de Sousa que “eu até me custa dizer isto, mas eu joguei com o teu Avô. Não foi com o teu pai, foi com o teu avô”.

Todos os portistas têm o sonho de juntar vários jovens na mesma equipa em simultâneo: Ricardo Pereira, Rafa, Danilo Pereira, Ruben Neves, André André, Gonçalo Paciência, André Silva, entre outros.

Daí o entusiasmo com o envergar de braçadeira por Ruben Neves. Por que de facto se nota que ali está um homem diferente, um dos nossos. Nem sequer é na forma como corre, pois até corre pouco, nem na forma como faz carrinhos, pois até faz poucos. É no olhar, na pose, na forma como festeja os golos, num certo ar que descende dos históricos portistas. Sente-se nele algo como o peso de toda uma história. E isso sente-se no seu olhar, na sua postura, tão atípicas para quem só agora atingiu a maioridade.

Bem sabemos que amanhã ou depois de amanhã, Jorge Mendes pode pegar no rapaz e levá-lo para longe, onde enriquecerá mas nunca será tão feliz. Sabemos disso. E mesmo assim sonhamos, mesmo assim desafiamos o destino e o futuro. Mesmo assim ousamos e decidimos sonhar. Sonhar numa equipa com jovens formados no FC Porto, jovens formados na mística portista, sócios, filhos de homens que levantaram taças de Dragão ao peito.

É claro que vai haver sempre lugar para Brahimis, Coronas e afins. Mas um clube para ser grande tem que ter mística, não tem que ter jogadores. Esses vêm e vão e a mística, essa, tem que ser eterna.

Mística essa que Ruben e André carregam aos ombros. Não é que eles sejam mais fortes ou mais velozes ou mais tecnicistas. Possivelmente até são meio franzinos. Mas há uma espécie de força intrínseca, de alma que os caracteriza. Não sabemos bem o que é. Apenas podemos indagar que seja algo que vem de dentro, das profundezas. Talvez seja aquilo a que chamam de sangue azul. Sangue real que corre dentro das veias de um Dragão.

Rodrigo de Almada Martins

4 comentários:

  1. Isso era excelente se acontecesse.
    Voltar a ter uma equipa com Portistas em maior número.
    São destes jogadores que levam o Portista de bancada a ter um orgulho ainda maior.

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  2. E o André Miguel Valente Silva é mesmo como nós, portista até ao fim...

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  3. Viva.
    É verdade que os jogadores não são todos iguais.
    Basta comparar Andre com herrera.
    Mas discordo na referencia ao portismo. Apesar de obviamente não sentirem todos o clube da mesma forma, os actuais jogadores são (como tanto dizem) profissionais.
    E na minha opinião profissionalismo e Portismo são incompativeis.
    O André joga com raça pelo Maior, mas também jogou com raça contra nós. Porque é um bom profissional, mas um portista,como eu e como os que aqui leio diariamente, teriam tanta vontade de jogar contra o Porto como de ir prá cama com a irmã.
    Já no caso de Rubén, que nunca jogou contra nós, põe-se outra questão.
    Na eventualidade de uma proposta milionária para um gigante europeu ele aceita e toma a melhor opção profissional, ou rejeita e joga por amor á camisola sendo um Portista. A primeira parece-me mais provável.
    Não quero com isto criticar os atletas, as opções são corretas, mas muitos de nós não iriam para londres apoiar o chelsea por muito dinheiro que fosse, preferindo ficar cá, tesos mas perto do clube.
    Até porque seguramente muitos de nós já preteriram oportunidades mais vantajosas de emprego pela incompatibilidade com a nossa paixão. Não sendo bons profissionais mas bons Portistas. Não que se possa medir o Portismo, mas parece-me que já só existam nas bancadas.
    Abraço.
    Sergio.

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  4. Este tipo é de qual localidade?

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