27 outubro, 2015

QUANDO O PRINCIPAL ADVERSÁRIO DE UMA EQUIPA É ELA PRÓPRIA.

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

O caminho mais fácil de um adepto é ir do 8 ao 80 em apenas uma semana. O caminho mais fácil de um adepto é quando a sua equipa ganha ao benfica ou ao Chelsea considerar que os jogadores são o máximo, que o treinador afinal já aprendeu todos os seus erros e que este ano é que é.

Já são alguns anos que levo de participação no BiBó PoRtO, posso muitas vezes fazer erros de análise, avaliar mal o jogador A, B ou C, criticar excessivamente o treinador A ou B ou até ser considerado um cego defensor da SAD por defender o treinador Z. Mas se há característica que quase obsessivamente procuro respeitar em todos os posts que aqui escrevo, essa característica chama-se HONESTIDADE INTELECTUAL. Por outras palavras, para mim honestidade intelectual é ter uma opinião séria, ou seja, não ir ao sabor do vento, ir do 8 ao 80 em apenas uma semana, considerar o treinador bestial numa semana, e apenas uns dias depois considerá-lo uma besta. Defendo que uma opinião construtiva tem que ser baseada num equilíbrio mental que não se pode compadecer com o caminho mais fácil do adepto, ou seja, o adepto eufórico que quando ganha acha tudo o máximo versus o adepto deprimido que quando perde considera tudo horrível desde o tratador da relva até ao roupeiro.

E creio, em abono da tal honestidade intelectual de que vos falei acima, que o caminho mais fácil neste momento seria enveredar pelo papel do “adepto deprimido” que dispara em todas as direções, barafusta contra tudo e todos e chama os piores nomes ao treinador, jogadores e até dirigentes. A perda de 2 pontos numa jornada de dérbi lisboeta, em que podíamos ter ganho de pontos a um rival direto na luta pelo título (que poderia ficar já a 5 pontos, ficará provavelmente a 3!) seria motivo mais que suficiente para começar a dissertar sobre o bloqueio mental que a equipa tem e que parece vir desde a época passada: sempre que há a possibilidade de ganharmos vantagem sobre um rival direto, a equipa falha redondamente.

Apesar de tudo isso, e passadas algumas horas e a respetiva azia que um empate do meu clube me provoca sempre, a frieza de análise e a racionalidade necessária a uma opinião construtiva que permita boa reflexão de quem me lê levam a que a minha opinião sobre o jogo de domingo não seja tão negativa como à priori tudo poderia indicar.

É verdade que o FC Porto continua como equipa, e por responsabilidade essencialmente do treinador, a ter os mesmos problemas de sempre, nomeadamente, lentidão na fase inicial de construção ofensiva e falta de objetividade no último terço do campo. É verdade que o tempo passa e o treinador parece continuar a não perceber que por vezes tem de abandonar a sua ideia de jogo, de futebol apoiado em passes curtos e muito paciente, e jogar de forma mais rápida e direta, se possível arranjando alternativas diferentes daquilo que habitualmente é o modelo predileto do treinador.

Mas em minha opinião a equipa no domingo demonstrou uma boa atitude ao longo dos 90 minutos, atacou pela direita, pela esquerda, pelo centro, através de cantos, livres, etc. Não posso apontar aos jogadores o mesmo que por exemplo em Moreira de Cónegos, onde perante o ultimo classificado da tabela (que depois do empate connosco conta por derrotas os jogos realizados!) parecia que estávamos a jogar com o Real Madrid tal a forma amedrontada como abordamos o jogo após ter ganho vantagem no jogo.

O Braga que nos visitava no Dragão é, sem qualquer dúvida, a 4ª melhor equipa do campeonato. Mas tal como todas as equipas nacionais quando se deslocam ao Dragão (sim, o slb do jesus ganhou no ano passado jogando “à equipa pequena”) colocou um autocarro de 2 andares, praticamente uma tática de 1x6x3x1, abdicando por completo de atacar (Casillas = 0 defesas) e até de passar o meio campo, tentando até ao máximo possível perder tempo com reposições de bola do GR e as habituais simulações de lesões (algo que foi compensado por Soares Dias com 3 minutos de tempo extra). Não foi nada mais do que isto que o Braga fez no Dragão, um miserável jogo de “equipa pequena”, em que houvesse mais eficácia e argúcia do nosso lado poderia acabar com 3 ou 4 golos no saco bracarense.

E sinceramente é isto que me irrita no atual FC Porto. Desde que JL assumiu o comando técnico há uma sensação que me percorre várias vezes, sobretudo nos momentos decisivos: o FC Porto é o principal adversário de si próprio. A capacidade que parecemos ter de transformar equipas com um joguinho miserável, todas cagadas e retrancadas de medo lá atrás em equipas organizadas que por vezes ate nos conseguem roubar pontos é algo inimaginável. Alguma vez o FC Porto de Mourinho deixaria a oportunidade de ganhar com autoridade a um braga destes? O FC Porto de AVB deixaria de esmagar uma equipa que se pusesse a defender e fazer antijogo os 90 minutos? O FC Porto de VP perderia tantas oportunidades em momentos chave de aproveitar deslizes dos principais rivais?

Bem sei que o presente campeonato será uma intensa luta de 34 jornadas, onde os percalços e obstáculos irão surgir quando menos se espera. Não existem vitórias antecipadas, nem títulos de campeão por decreto. Mas de uma coisa não tenho grandes dúvidas, com a qualidade do plantel que temos não podemos continuar a dar tiros nos pés em alturas cruciais.

7 comentários:

  1. Viva,

    O Porto rematou 18 vezes à baliza do Braga, o que da' uma média de um remate todos os cinco minutos. Em contrapartida, não tenho dados quanto aos remates à baliza e os remates ao lado.

    Gostei do texto, ja' que tenta analisar calmamente a evolução duma equipa que, este época, a par do Bayern e do Real Madrid ainda não perdeu.

    E acrescento que pessoalmente não compreendo a avalanche de criticas a um treinador que colocou, novamente, apo's três ou quatro anos de esquecimento, o Porto no topo do futebol Europeu e, logo, Mundial. A pré-qualificação, o ano passado, para a Liga dos Campeões era imensamente importante. Eu que assisti em directo (na TV) à final de Viena (mas não é por isso que sou do tempo de Ramsés II) fiquei, por vezes, a pensar se, para a vida do clube, não foi também um marco histo'rico a qualificação perante o Lille (duas vito'rias e sem golos sofridos). Não foi so' o confronto entre duas equipas: Foi também o confronto entre dois projectos idênticos. Talvez, tenha havido, por isso, uma enorme pressão media'tica contra o Porto, transformando-se o esta'dio Pierre Mauroy em pavilhão com o fecho total do tecto do esta'dio. Como desfecho, o Porto chegara' aos quartos de final e nunca uma equipa com uma média de idade tão jovem tinha ficado entre as oito melhores equipas Europeias. Em comparação, o Lille afundou-se (infelizmente porque é uma equipa de que gosto) lamentavelmente na Liga Francesa.

    E' a avalanche de criticas contra o treinador a expressão do sentimento de que o Porto se deve retirar das competições Europeias? Percorri va'rios blogues e verifico que, aquando da vito'ria sobre o Chelsea, não existem nem elogios nem comenta'rios em demasia.

    Qual o destino do Porto se tivesse sido eliminado prematuramente da Liga dos Campeões? Pode o Porto existir nacionalmente sem existir internacionalmente, no contexto da imprensa Portuguesa?

    Mesmo se todas as equipas vêm ao dragão so' para defender, havera' sempre mais mérito em empatar contra 11 do que ganhar contra 10 uma boa parte dos jogos do campeonato, sem contar os pénaltis assinalados.

    E Viva o Porto!

    Nuno Porto Maravilha

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  2. Boas,

    Compreendo perfeitamente esta crónica e concordo com a forma correcta com que ela foi escrita.
    Mas, sem ofender nem ferir susceptibilidades,deixemos-nos de demagogias baratas e vamos dizer o que realmente algumas pessoas pensam só não têm coragem de dizer só porque o homem é espanhol ou porque o presidente confia nele como unhas e dentes. . . Eu espero estar redondamente enganado muito sinceramente, mas com este treinador o nosso Porto não me parece que vá ganhar alguma coisa mais um ano. A falta de coragem e confiança que este treinador demonstra é abominável.
    É uma vergonha como em todos os jogos importantes (aqueles que poderiamos ganhar pontos aos rivais directos) JL consegue complicar e inventar sem deixar a sua ideia de jogo de fora.. Não é nem nunca será as estatísticas que ganham jogos (posse de bola ou remates) são as bolas que entram na baliza do adversário. As constantes trocas do onze inicial não é de todo,como muitos pregam,rotativida, não, chama-se falta de confiança, medo do adversário,medo de perder. E isto não pode acontecer a uma equipa como a nossa. Mudar uma equipa que ganha o jogo anterior e sem desgaste aparente para o próximo jogo é incompreensível, é erro de principiante,porque como diz o ditado, em equipa que ganha não se mexe!!!
    É só uma opinião!
    Saudações portistas!

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  3. Luis Gonçalves Vieira27 outubro, 2015

    Estou plenamente de acordo com a sua análise e sobretudo com a coerência (peculiar) que transcreve em tudo que lhe merece indução.
    De facto a HONESTIDADE INTELECTUAL é imperiosa e indispensável; na observação e na acção.
    - E por lhe reconhecer esse veredicto; venho aqui com frequência.
    Como é óbvio, também pertenço "á ralé" dos que estão fartos das notícias engendradas e tendenciosas pela imprensa mourisca.
    Em suma, este Blog merece ser consultado e considerado... para reflectirmos melhor no que se passa no futebol,
    nomeadamente no que concerne à nossa equipa. PARABÉNS.

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  4. Já o disse e volto a repetir sem qualquer tipo de problema: em 2 anos, com os recursos que teve à sua disposição e tendo em conta o contexto (por exemplo, desmantelamento do slb bicampeão em termos de plantel) que apanhou, se o FC Porto de JL em dois anos não ganhar rigorosamente nada será provavelmente o maior feito de um treinador do FC Porto em toda a sua história. Mas nesse caso será um feito pela negativa, um trabalho que terá sempre de ser considerado dececionante e frustrante para todos os adeptos e para o clube.

    Sem qualquer tipo de rodeio, nem palavras simpáticas, a verdade é que este ano é EVIDENTE que JL está obrigado a ganhar alguma coisa e no campeonato é impossível admitir que sejam cometidos os mesmos erros do ano anterior. Isto parece-me óbvio.

    Independentemente de tudo isso, a verdade é que não nos podemos esquecer que estamos á 8ª jornada, ainda falta praticamente tudo, quer em termos de campeonato, quer nas outras competições. Histerismos e juízos definitivos também não ajuda nada ao debate construtivo neste momento.

    Deixo o homem trabalhar, mas não vou deixar de apontar-lhe defeitos e problemas quando achar necessário. A conversa do “isto só lá vai com o treinador para a rua” é uma conversa que ouço já há muitos anos e que já nem vale a pena comentar. É reduzir a discussão a uma base demasiado simples e não acrescenta nada de útil à discussão.

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  5. De facto com este treinador e pelo que se tem visto, repetindo erros anteriores, a conclusão é só uma: vai ser mais um ano com o credo na boca e a ter decepções como a de Domingo. Com este plantel era para ganhar os jogos com uma perna às costas e o que se vê? Tremer e perder pontos com a superpotência do Moreirense. Haja paciência.

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  6. Como os jogos estão a ser jogados, temos tudo, em termos futebolísticos para sermos campeões!
    O único problema/mal/ponto fraco na minha opinião é a nossa finalização.
    E pelo que se tem visto, temos futebol prático para dar goleadas.
    Os jogadores tem de ter 100% de confiança em si próprios e atacar as balizas adversárias com mais convicção e força.

    Não se vai mandar um treinador agora embora porque é estragar tudo.

    Abraços.

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  7. Caros companheiros Portistas,

    Obrigado pelas vossas palavras elogiosas ao post.

    Neste momento penso que há quase unanimidade numa coisa: é necessário o FC Porto de JL adaptar-se ás especificidades do campeonato português.

    Não duvido dos méritos do modelo que JL defende obsessivamente, não duvido da ideia de jogo que o espanhol pretende dar às suas equipas, nem duvido dos princípios do espanhol, algo em que ele é efetivamente coerente em toda e qualquer situação de jogo.

    A grande questão tem a ver com o seguinte: será o modelo de JL o mais apropriado em jogos frente a equipas que abdicam completamente de jogar futebol, remetendo-se por completo à sua defesa como foi o caso do Braga?

    Dá a sensação que é muito fácil anular este FC Porto. Basta para isso colocar um autocarro de 2 andares, fazer anti-jogo, simular lesões e demorar 2 minutos em cada reposição de bola para tornar a vida do FC Porto difícil. E tal não pode acontecer, porque a verdade é que há 30 anos que as equipas vêm com o autocarro de 2 andares e não foi por isso que deixamos de ganhar tantos campeonatos e competições europeias.

    Também não deixa de ser verdade que o modelo de JL frente a equipas que se preocupam em jogar algum futebol funciona melhor. Mas não vale a pena pensarmos em cenários irrealistas, vamos encontrar em 90% das vezes equipas que simplesmente apenas querem fazer anti-jogo e todas as manobras possíveis e imaginárias para mamar mais uns minutinhos sem jogar futebol. A questão é que nos teremos de adaptar à realidade tal como ela é. Perder dois campeonatos exatamente da mesma maneira, tendo o melhor plantel de todas as equipas da Liga é que será no mínimo... estranho...

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