19 maio, 2014

O QUE FAZ FALTA?

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Terminada a época desastrosa do Futebol Clube do Porto, no que à secção de futebol diz respeito, é altura de fazer um balanço da mesma e perceber o que falhou. Como, quem segue os meus textos certamente já terá percebido, revejo-me no Porto idealizado por Pinto da Costa e Pedroto. Claro que não foram os únicos, mas foram estes os rostos mais visíveis da revolução que permitiu que o Futebol Clube do Porto seja aquilo que é hoje. Chamem-me romântico, purista, o que quiserem. Em meu entender, há coisas que são a essência do nosso clube e as quais nunca poderemos ignorar, sob pena de perdermos toda a nossa força.

Durante a última semana, os brilhantes textos do “CATIVO DAS ANTAS” e do “RAM” foram amplamente divulgados pelas redes sociais. E porquê? Porque são textos que nos mostram a nossa essência, o nosso ADN, são textos onde os Portistas se revêem, pois sentem que é esta fibra que nos ajuda a conquistar tantas vitórias. Querem outro exemplo? As célebres declarações de António Oliveira num programa desportivo. Não foi só o conteúdo a provocar tanto alarido, foi, essencialmente, a forma como António Oliveira falou que despertou os Portistas.

Posto isto, é fundamental que os responsáveis do Futebol Clube do Porto entendam tudo isto e sejam os primeiros a dar o exemplo. Pegando numa frase de Pedroto, “Na equipa do FC Porto não há contestários maricas, nem os problemas se levantam, porque nunca chegaram a existir.” Foi com estes que vencemos Taça Uefa e Liga Europa, foi com estes que fomos Campeões Europeus. Assim sendo, o que faz falta? Talvez um pequeno ajuste à realidade actual do país, talvez dar sinais de maior aproximação aos sócios do Futebol Clube do Porto.

Note-se que este aproximar aos sócios não significa que tenhamos de abdicar dos tais valores fundamentais, dos valores da nossa essência. Aproximar não significa colocar uma foto numa rede social, após uma época desastrosa, em clima de festa no balneário do Estádio do Dragão. Ainda sobre o balneário, posso dizer que cresci sem conhecer o balneário do Futebol Clube do Porto. José Maria Pedroto ousou “fechar o balneário”, lembram-se? Pois bem, prefiro viver na ignorância de nunca conhecer o balneário, se isso significar que isto é mais um ponto de união entre todos. Faz parte da tradição, da MÍSTICA. Augusto Inácio conta que, um dia, entra no Estádio das Antas de calças vermelhas. Ao passar pelo Mestre Pedroto, este cumprimentou-o e avisou que Inácio nunca mais ali entrava de vermelho. Inácio sorriu, pensando que se tratava de uma brincadeira, tendo sido alertado pelos jogadores da casa que Pedroto falava verdade e o melhor mesmo era respeitar esta tradição. Hoje em dia, não só vemos metade da equipa jogar de chuteiras vermelhas, como ainda vemos o CAPITÃO do Futebol Clube do Porto jogar com botas desta cor, como foram os casos do exilado Lucho e também de Mangala. Perguntar-me-ão se a cor das chuteiras impede os jogadores de jogarem bem. A minha resposta é negativa, obviamente. Claro que não os impede de jogar bem, mas significa que não absorveram minimamente a cultura do Porto.

Não gostei de ver vários jogadores fazerem um balanço positivo da época. “A época até nem correu bem a nível colectivo mas joguei muito e consegui ser convocado para o Mundial”. Primeiro eu, depois eu, depois eu e, só no final, eu. Será preciso dizer que, uma vez mais, isto contraria o nosso ADN? Será preciso dizer que contraria 120 de anos de história do clube e muitos mais anos de história da cidade Invicta e da região Norte?

Então, o que faz falta? É lógico que precisamos de reforçar o nosso plantel. É notória a falta de qualidade em alguns sectores. Como sabem, evito falar de aspectos técnicos nos meus textos, deixando isso para quem realmente sabe, quem trabalha no nosso clube. Assim sendo, retirando esta parte da necessidade de reforçar e equipa em alguns sectores, é importante devolver a mística ao Futebol Clube do Porto. Podemos estar a ser vítimas do nosso modelo, pois não conseguimos manter cá por vários uma base de jogadores da casa que transmita aos mais novos o que é o Futebol Clube do Porto. Os piores números de assistências da história do Estádio do Dragão mostram duas coisas. Primeiro, que há muitos Portistas de vitórias, o que não é novidade nenhuma. Segundo, mostram um completo divórcio dos sócios com a equipa e, mais grave que isso, com o clube. É fundamental unir os Portistas, é fundamental mostram que estamos todos a remar no mesmo sentido. É fundamental mostrar que... damos TUDO POR TODOS!

P.S. 1 – Escrevi o texto antes das partidas de hóquei em patins e de andebol. Chegado a casa, não posso deixar de partilhar que o sentimento Porto está bem vivo em atletas e adeptos. Uma grande tarde de Portismo. Grandes ambientes, quer no Dragão Caixa, quer em Braga. Nota positiva ainda para a presença de Julen Lopetegui, que até já ensaiou o “Mágico Porto”...

P.S. 2 – Num dos próximos textos, procurarei fazer uma análise à Slmerda TV e à compra de jogos de clubes da I Liga, como o recém-promovido Boavista (que muitos Portistas têm pena e ainda vão engolir essas palavras todas…) e à publicidade estática no jogo da final da taça da liga.


1 comentário:

  1. William Wallace19 maio, 2014

    Concordo com o que diz, nada a acrescentar.

    Só um aparte acerca das botas vermelhas ou fluorescentes, é o marketing das marcas a funcionar e nada mais, aliás para mim a melhor camisola do FCP tinha e teve os números dos jogadores a vermelho e não veio nenhum mal ao mundo PORTISTA embora a actual com números dourados também me agrade.

    Quanto a tv do 5lb, epá não sei os gajos devem ter mesmo um poço de petróleo até carros de rally já patrocinam - ver vencedor do rally SATA deste fim de semana.

    O Major não dorme e agora que o Boavista vai voltar á liga já interessa novamente estar ligado ao clube já para não falar que o anterior Presidente foi director do 5lb.

    Alguém tem de explicar muito bem a quem está e a quem chega ao FCP o facto de não sermos um mero adversário em campo mas sim um alvo abater sem dó porque incomodamos muito os instalados desta vida e aqueles que se acham vencedores por direito sem sequer precisarem de jogar e quando perdem é por causa do árbitro ou porque o guarda redes se mexeu.

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