PRÓS E CONTRAS

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O assunto do momento é naturalmente a escolha do treinador para a próxima época.
Dossier sempre confidencial, a escolha de Julen Lopetegui não deixou de o ser, com as primeiras notícias a envolverem o seu nome a surgirem menos de 24h antes da sua apresentação. Este é um factor por si só interessante de registar, pois faz lembrar outros tempos de FC Porto, onde contratações só eram conhecidas “na hora”, ao invés de andarem a ser discutidas semanas a fio nas páginas de todos os pasquins que diariamente inundam as bancas.

Como sou intelectualmente honesto, não vou proferir qualquer palavra elogiosa ou desfavorável em relação ao novo Mister. Recordo-me de Lopetegui como jogador de carreira discreta, mas honestamente nem sabia que tinha carreira de treinador em curso. Assim sendo, dar uma opinião valorativa sobre esta escolha seria de um populismo barato no qual não me revejo. Desejo-lhe isso sim as maiores felicidades e que traga de volta a estabilidade que bem precisamos.

De qualquer forma, há alguns prós e contras que vislumbro nesta opção, sendo os mesmos naturalmente discutíveis.

VANTAGENS

• JORGE MENDES – O “regresso” aos negócios com o nosso clube daquele que é considerado o maior empresário do Mundo, é para mim um aspecto positivo. Se é sob o seu agenciamento que se encontram alguns dos melhores e mais promissores jogadores, então é importante mantermos relações normais com ele. Além disso, pode ser decisivo em vendas de elevado valor dadas as relações com os principais clubes mundiais. Acresce a isto o facto de ao retomar negócios connosco, retirar sempre alguma margem de manobra e\ou abertura a outros poderes instituídos no clube, naquilo que diz respeito às transacções de jogadores. Como diria o Octávio, “vocês sabem de quem é que eu estou a falar!”.


• ESQUEMA TÁCTICO – Sendo o 4x3x3 com um trinco e dois médios de construção o esquema preferencial de Lopetegui, significa que não vamos ter novo pesadelo à volta deste tema, depois da perda de identidade provocada por Paulo Fonseca (mas da responsabilidade de quem o escolheu, pois esse sempre foi o seu esquema). A posse de bola e a pressão alta (características bem à imagem do tiki-taka espanhol) são outras aparentes características do seu estilo que podem encaixar na perfeição naquilo que será a nossa matriz de jogo.


• AMBIÇÃO – As conquistas que detêm, prendem-se com competições de futebol jovem, sendo este o seu primeiro grande desafio. Esta característica (conforme mais abaixo se interpreta) poderá ser vista sob o ponto de vista positivo como negativo. Neste caso, sublinho a ambição que seguramente o basco terá em demonstrar o seu valor, garantindo conquistas num projecto de dimensão distinta daqueles que até agora abraçou.

DESVANTAGENS

• DESCONHECIMENTO DO FUTEBOL PORTUGUÊS –É sempre um problema associado a todo e qualquer treinador estrangeiro. Já o assumiu como sendo lacuna que pretende ultrapassar o mais rapidamente possível, mas a verdade é que a possui. Normalmente, a melhor forma de a superar é ter na sua equipa técnica um treinador adjunto da casa que seja bastante forte. A escolha recaiu sobre Rui Barros. Um homem da casa, de qualidades humanas ímpares, de simplicidade e trato fácil, mas que se calhar não era bem a altura para ter um perfil deste género com o novo técnico. Preferia ver alguém mais “duro” e com maior experiência de terreno.


• FALTA DE EXPERIÊNCIA DE TREINO DIÁRIO –Treinar uma selecção é ter ciclos muito intensos e outros “demasiado descansados”. Quando se treina todos os dias, e se joga com cadência semanal ou até bi-semanal, a exigência é outra, a capacidade de reacção à adversidade tem que ser redobrada, e a clarividência das ideias não pode titubear. A intensidade competitiva que um clube como o nosso tem, bem como a pressão de ter que ganhar sempre, são pontos que o novo treinador terá que se adaptar de imediato.


• LIDERANÇA – Não significa que não a tenha como característica da sua personalidade, mas não é obviamente um nome forte, daqueles que deixa o balneário em sentido. Com toda a honestidade, julgo ser este o ponto essencial do seu percurso no FC Porto. É que qualidade o jogadores já a têm... é preciso é saber liderá-los correctamente, e não permitir a bandalheira que assistimos este ano, esse sim o ponto fulcral para a época tão negativa que agora irá terminar. Uma escolha de maior nome e reputação, alguém já com percurso e estatuto, teria sido a meu ver um sinal de alerta bem mais forte para um balneário sem identidade que precisa de ser domado desde já. Ainda assim, desejo que o mesmo venha a ter essa capacidade, que naturalmente desconheço no presente momento.

Fica aqui a minha análise à escolha de Julen Lopetegui, com a certeza de que o faço sempre sem segundas ou terceiras intenções, sem a conjugar com outros interesses ou motivações. Para mim, o Futebol Clube do Porto continua e continuará a estar à frente de todo e qualquer outro interesse.

Até sábado, no sítio do costume!

PS – Com todas as dificuldades e limitações que temos, foi um orgulho ver como se bateu a equipa de hóquei em pleno Palau Blau Grana. Ficou a certeza de que temos todas as condições para ganhar o título nacional. Força rapazes!