01 novembro, 2007

E se adaptassem este?

A noite de 31 de Outubro é marcada, nos calendários de parede, pelos míudos anglo-saxónicos. A noite, uma das mais importantes do ano para os petizes, tem ainda pouca tradição em Portugal. Halloween. Sempre que me deparo com o nome, a minha mente associa o termo a um fabuloso filme de terror, de finais da década de 70.

A noite de 31 dará, logicamente, lugar ao dia 1 de Novembro. Data essa celebrada no mundo cristão, numa sentida homenagem aos que já partiram e deixaram saudades. Por terras lusas, convencionou-se, já a algum tempo, que as 5ª feiras são dias de estreias cinematográficas. E este dia 1 de Novembro de 2007 não foge à regra. Em muitos calendários, a data foi inclusivé assinalada a vermelho, com uma rodinha perfeita em volta do número. Para que não se esqueça. Dia 1 assinala o fim, ou o início, da perfídia. Aquilo que muitos congeminaram, durantes anos a fio de frustrações difíceis de ultrapassar, terá lugar, numa tela enorme, para gáudio da turba que frequentará, por certo, as salas de cinema. A vida de um homem será desvirtuada, pela obra e graça de gente mesquinha, que encontrou no celulóide o escape ideal para o fel, como se de uma caça às bruxas se tratasse.

Essa transição entre o dia 31 e o seu sucessor será assinalada convenientemente aqui, no blog Bibó Porto, carago!. Considero este blog, como alguns outros, um baluarte, onde a opinião veiculada pode fugir às malhas asfixiantes de uma comunicação social cada vez mais parcial na mensagem que passa. Pode ser até uma espécie de último reduto, onde os verdadeiros paladinos das cores azuis e brancas se encontram, na defesa do seu ideal. Por isso, por esse punhado de indefectíveis, resolvi colocar mãos à obra. Chamar a isto que hoje oferecemos um livro soará, por certo, demasiado pretensioso.

Apelido-o, antes de tudo o mais, de argumento. Incipiente, talvez, mas que retrata, ficcionadamente, o mundo do futebol português, com todos os estereotipos a ele associados. Repito, para que não subsistam dúvidas. É uma obra de F-I-C-Ç-Ã-O!

Por lá vegetam o presidente de um clube que procura, a qualquer preço, a vitória. O dirigente da classe com os tiques de autoritarismo, a investigadora policial, o capanga para todo o serviço, numa galeria de notáveis que aguardam apenas pela boa vontade de um realizador para transformar a obra numa curta-metragem. Fiquem com um pequeno excerto:


"- “Murcon dum raio, são lá horas para ligar! Que queres?”, ripostou o Tenente-Coronel, pouco preocupado em camuflar a má disposição.
-“Ó Tenente-Coronel, era só um favorzinho…”, pedinchou o presidente do clube da 3ª circular, num tom melífluo.
-“Foda-se, Presidente, outro? Ainda nem começou a época…”, constata um espantado Tenete-Coronel.
O seu interlocutor solta uma risadinha de escárnio. Já se encontra habituado à verve nortenha do ex-militar.
-“Veja lá se desta não está sob escuta. Ia-me metendo num sarilho dos diabos, da outra vez…”, recomendou o Presidente, com a voz a denotar o receio que o invade, lembrando-se da conversa mantida com o Tenente-Coronel, tempos atrás, integralmente desnudada nas páginas dos jornais."

capítulo 2

Mas nem só dos meandros do podre futebol português trata esta obra de ficção. Existe espaço para o romance, com o amor entre duas das personagens a colorir o cinzentismo tradicional do português típico, com o fervilhar da paixão a ser uma parte integrante da história [mas antes de começarem a salivar, não, não há cenas de nús, sexo a rodos ou alternadeiras sob o efeito de psicotrópicos]. Ora apreciem o amor à antiga portuguesa, puro e quase imaculado:


"De olhos fechados, o Fiscalista deixa-se enlevar no tema, trauteando o refrão, recordando-se de tertúlias antigas, onde a política era debatida de forma apaixonante. Respira fundo, sentindo a pele eriçada de emoção. Limpando subtilmente uma lágrima teimosa, atende. Do outro lado, longe da imagem asceta que gosta de transmitir, a voz rouca e apaixonada da sua amada, a Doutora dos telejornais.
-“Olá meu salgadinho…”, ronrona ela, numa voz pletórica de amor e paixão..."

capítulo 5

Garanto, no entanto, a pés juntos, se for preciso, que este livro não sofreu qualquer tipo de edição. Juro que o número de páginas e capítulos não cresceu desmesuradamente, por obra e graça do Espírito Santo ou de uma qualquer funcionária zelosa e diligente da editora.

Assim, o que têm em mãos é algo genuíno. Escrito com o coração, resultado de sentimentos avassaladores, sempre que o nome do FC Porto é posto em causa. Foi escrito como escape, mas procurando dar-lhe umas pinceladas de ironia, caricaturando os protagonistas, divididos na eterna dicotomia entre o bem e o mal. Divirtam-se. Façam o download do ficheiro e imprimam, refastelem-se num sofá, ao fim da noite, e deliciem-se. Se gostarem, podem aproveitar a época natalícia que se aproxima a passos largos para oferecerem aos vossos amigos de mau gosto clubista um exemplar.

Clicar no botão 'FREE' que aparece na janela nova ao fundo à direita.
Na página nova, colocar o código de segurança no quadro a meio depois do 'here:' e clicar no botão 'Download via...'

ps - Por falar em pinceladas de magia, tenho que obrigatoriamente referir os nomes do Estilhaço e do Blue Boy, pelo apoio, paciência e know how, ajudando [e de que maneira], a que esta mais do que previsível sequela do "Corrupção" visse a luz do dia. A ambos, o meu mais sincero agradecimento.

12 comentários:

  1. Este Paulo Pereira é como o algodão: NÂO ENGANA!! Bem sabia que o meu legado ficava bem entregue :)) já fiz o download e vou já por a impressora a "funceminar", e vou-lhe dar prioridade de leitura mesmo com o "Rio das Flores" do MST ali fresquinho :D

    Parabéns Paulo Pereira, mas que brilhante ideia.. tenho a certeza que até vais conseguir por o Blue Boy a ler, logo ele que não vai à bola com os livros loooooooool

    Psd - Como hoje estou bem-disposto decidi passar a Katita e deixar o sr_antonio em casa ;)

    Um bem-haja a todos os amigos Blues

    ResponderEliminar
  2. Paulo Pereira parabens esta fantastico, já li e também já esta a imprimir, este vai para o meu arquivo e para mostrar a uns quantos que eu cá sei.

    Saudações Azuis.

    ResponderEliminar
  3. Muito bom, muito bom!

    Brilhante!

    Parabens!

    ResponderEliminar
  4. Paulo Pereira :

    Há , por aí , muita coisa publicada que não chega aos calcanhares desta tua obra ficcionada .

    PARABÉNS !

    ResponderEliminar
  5. Viva !

    O meu fornecedor de acesso impede qualquer gravação do site citado. Vou ter que fazer o Download a partir doutro lugar. E eu que estou mega curioso !

    Mas paciência !

    E Viva o Porto !

    ResponderEliminar
  6. O Paulo revela ser um escritor em potência.

    O texto está muito bem escrito e merece ser tratado em filme.

    Mas meu caro, lamento informar, tal desiderato está condenado ao fracasso.

    Neste país de medíocres faltam-te alguns defeitos para seres considerado.

    Não és alternadeira! Não és toxicodependente! Não és ignorante! E o maior dos defeitos, não és lampião!

    Com todos estes defeitos como podes aspirar à passadeira vermelha, à mediatização e ao endeusamento?

    Gostei! Está curto mas incisivo! Merece divulgação.
    Parabéns.

    ResponderEliminar
  7. Está fenomenal. Estou sem palavras. Parabéns Paulo.

    ResponderEliminar
  8. Paulo Pereira, como já sabes, depois de tanta e tanta troca de emails entre os '3' envolvidos, esta é uma OBRA DE ARTE.

    SUBLIME!!!

    ps - Katita, que é feito de ti, carago? nem dizes nada... não respondes aos sms... não apareces aos jogos... não mandas mails... vê lá se mandas novidades carago!

    ResponderEliminar
  9. Tenho de dar os parabéns aos autores desta peça, ou filme, ou guião, como lhe queiram chamar.

    Está excelente, excelente mesmo, muito, muito bem escrito. Aconselho até, em vez da curta metragem, a fazerem uma longa metragem, acredito sinceramente que fosse um caso sério para uma editora pensar publicar.

    Mais uma vez, parabéns aos autores.

    Um abraço.

    ResponderEliminar
  10. Já agora, BlueBoy, arranja um banner alusivo a esta obra para o pessoal a podermos divulgar nos nossos blogs.

    Um abraço.

    ResponderEliminar
  11. Viva !

    Caro Paulo Pereira:

    Consegui ,finalmente, gravar e ler o teu texto. Embora fora do meu fornecedor de acesso.

    Penso que gostas de escrever e que tens gozo em escrever porque escreves muito bem.

    Eu não consegui compreender tudo. Penso que utilizas muito bem a ironia. Mas ,para compreender esta, há que estar dentro do assunto. Eu não estou !

    Eu, aqui, nem sempre leio a imprensa diária Portuguesa, estou um pouco longe.

    "E eu no deserto e o Porto aqui tão perto" ! Pois é !

    Mas sei, porque leio a imprensa Francesa, que o FC PORTO é a única equipa de futebol Portuguesa digna de nome aqui em França.

    Tentarei dar a ler e a conhecer o teu texto junto daquelas e daqueles que entendem o Português.

    Caro Paulo Pereira : Creio que tens verba de escritor porque sabes que sem forma não há conteúdo Tal como, da mesma maneira, uma estátua sem forma não tem conteúdo.

    E não levem a mal : O único Presidente de clubes Portugueses que, até agora, ouvi a saber cavalgar e a manejar a língua Portuguesa é o Presidente do Porto !

    Caro Blue Boy : Já pensaste que, cada vez mais, o teu blog está um autêntico site ?

    Muitos Parabéns a todas e a todos !

    E Viva o Porto !

    ResponderEliminar
  12. Cuidado que aqui há escritor.
    O tema por sis dá pano para mangas, mas esta escrita é de uma qualidade.
    Os meus parabéns Paulo.
    Um abraço.

    ResponderEliminar