‘Nortada' do Miguel Sousa Tavares
Decidir contra o FC Porto parece ser condição de subida na carreira.
Reconheço que ultimamente tenho andado um bocado repetitivo com este tema, mas a verdade é que são os factos e a sua repetição constante que a isso me obrigam. Refiro-me aos foras-de-jogo mal assinalados pelos nossos bandeirinhas que, de tendência, já passaram a praga. Tenho-os visto às dúzias em vários jogos, mas, em especial, nos jogos do FC Porto. Não por acaso e sim por razões concretas: porque o FC Porto é a equipa que mais ataca e mais golos marca no campeonato; porque tem um tipo de futebol que vive do passe em profundidade para as alas ou do passe de ruptura pelo centro da defesa; e porque, hoje, decidir contra o FC Porto parece ser condição de subida na carreira para árbitros e assistentes.
Nos últimos três jogos internos do FC Porto — contra Paços de Ferreira, Académica e Leixões — a tendência acentuou-se até chegar a um ponto que causa indignação. É verdade que, felizmente para a verdade desportiva, nenhum dos foras-de-jogo mal assinalados ao ataque portista nesses jogos colocou em causa o triunfo final. E é verdade também que, contra o Paços, o segundo golo do Porto nasceu de um off-side não assinalado e, contra o Leixões, talvez o segundo golo também tenha sido em fora-de-jogo. Mas, em contrapartida, em ambos os jogos o ataque portista foi travado inúmeras vezes por erros dos fiscais-de-linha, às vezes grosseiros.
Contra o Leixões, nos primeiros doze minutos de jogo, o fiscal-de-linha que acompanhava o ataque do Porto conseguiu assinalar três foras-de-jogo todos mal marcados e dois deles inacreditáveis. Não por acaso, todos três travaram jogadas de golo iminente, com um avançado a ficar sozinho só com o guarda-redes pela frente, porque todos nasceram de passes a rasgar a defesa leixonense pelo centro. Ao ver a tranquilidade com que aquele fiscal-de-linha conseguiu em apenas doze minutos anular indevidamente três jogadas de golo portista, pus-me a pensar que só havia três razões possíveis para tal:
a) o homem tinha uma clara embirração pelo azul e branco;
b) o homem sofre de necessidade de afirmação, gostando de dar nas vistas, ser focado pelas câmaras de televisão ou tornar-se objecto de embirração para milhares ou milhões de portistas no estádio ou em frente à televisão; ou
c) o homem é totalmente incapaz para a função (hipótese mais provável). Seja, pois, por parcialidade, por exibicionismo ou por incompetência, a mim parece-me que este fiscal-de-linha não pode e não deve voltar a pisar um relvado da primeira Liga. Com a sua leviandade de julgamento, ele poderia ter determinado o resultado do jogo e, com isso, interferido, por exemplo, na questão da permanência do Leixões na 1.ª divisão. E amanhã pode (o que agora não era, felizmente, o caso), interferir na atribuição do título ou da Taça de Portugal.
Nos últimos jogos do FC Porto, há sempre golos anulados por off-side, jogadas mal anuladas por pretenso off-side, e uma preciosa ajuda dos árbitros ao sistema castrador da defesa em linha. A questão só não se tornou ainda objecto de problemas sérios porque é o FC Porto e porque este traz de há muito o campeonato assegurado. Mas podia ter muitos mais golos marcados, que não tem (em especial, Lisandro López, a grande vítima dos off-sides inventados), e podia dar muito mais espectáculo, se o deixassem.
Mas há, mesmo assim, outras implicações a que a Comissão de Arbitragem não pode continuar indiferente. Jesualdo Ferreira explicava, no final do jogo com o Leixões, que a equipa passa a semana a treinar os passes em profundidade para as alas e os passes de ruptura pelo centro: é por isso que o FC Porto joga com dois extremos de raiz (uma raridade nos tempos que correm), e é para isso que mantém ao seu serviço, e a fazer uma época espectacular, o melhor «passador» e mestre das assistências para golo: Lucho González. Ora, como disse Jesualdo e com razão, o facto de o futebol ensaiado e desenvolvido pela equipa ser sistematicamente travado nos jogos pelos erros dos auxiliares, desmoraliza os jogadores e, em última análise, torna-os até descrentes do sistema de jogo adoptado. A questão é clara: o FC Porto joga o melhor e o mais bonito futebol do campeonato; a equipa trabalha todas as semanas para isso e não é aceitável que o trabalho feito e a qualidade do futebol exibido sejam altamente prejudicados pela incompetência de quem não pode tornar-se figura decisiva dos jogos e pelas más razões. É óbvio que há margens de erros inevitáveis e admissíveis e não é disso que falo. Mas ver o fiscal-de-linha levantar automaticamente a bandeirola logo que se apercebe do Lucho a rasgar um passe de morte pelo centro da defesa adversária e o Lisandro a antecipá-lo e a correr entre os defesas para o ir recolher à frente e ficar isolado, isso não é admissível. E, de tão frequente, de tão automático que parece o gesto, começa a nascer a suspeita de que há uma pré-determinação dos fiscais-de-linha (ao arrepio do que manda a FIFA), de, na dúvida — ou antes mesmo de qualquer dúvida — assinalar off-side ao ataque portista.
Duvido que estes fiscais de linha se lembrem de um alemão chamado Günter Netzer, que jogou no Nuremberg e depois no Real Madrid, aí pelo final da década de setenta, princípio da de oitenta. Ou, menos ainda, de um senhor chamado Hernâni, que jogou como número dez do FC Porto na década de sessenta. Qualquer dos dois ficou a dever o melhor da sua fama à extraordinária capacidade de passe à distância que revelavam. Eram capazes de colocar uma bola a trinta ou quarenta metros de distância à frente do avançado, deixando-o cara a cara com o guarda-redes, depois de o passe ter aberto a defesa de alto a baixo. E uma das coisas mais bonitas do futebol é o passe que opera a ruptura, que, por si só, é capaz de mudar num instante o sentido do jogo, desbaratando as defesas e as melhores tácticas defensivas. Porque sempre fui um apaixonado por esse tipo de futebol — em oposição ao futebol de progressão lenta em passe curto e lateralizado — sou também um defensor acérrimo de que todos os campos da primeira Liga deveriam ter as dimensões máximas. Creio mesmo que essa é uma das razões pelas quais o futebol que vemos das ligas espanhola, italiana ou inglesa, nos parece sempre mais espectacular que o nosso: porque usa o máximo de espaço permitido e não o mínimo, e o grande futebol é feito de espaço e movimento. Ao invés, sustento que é impossível ver-se bom futebol em campos como o do Nacional, do Paços ou do Estrela da Amadora. E se, às dimensões reduzidas de alguns campos, se junta ainda a defesa em linha da equipa mais fraca e se a estes factores vem também somar-se os off-sides mal assinalados à equipa que mais ataca, então é virtualmente impossível termos um bom jogo de futebol. Também por isso sustento há muito esta heresia: num Nacional-FC Porto ou num Estrela da Amadora-FC Porto, o favorito, à partida, não é o FC Porto, mas sim os anfitriões. Porque ali o bom futebol não é solução; a solução é a melhor equipa adaptar-se a jogar pior. Como portista, estes são os jogos do campeonato que eu mais temo.
Agora, já basta o que basta: os campos pequenos, os relvados mal tratados, as tácticas ultradefensivas, o público fanatizado, que tanto lhe faz que se jogue bem como mal, desde que a sua equipa não perca. Dispensava-se também a colaboração de fiscais-de-linha incompetentes para ajudar à degradação do futebol que temos.
Decidir contra o FC Porto parece ser condição de subida na carreira.
Reconheço que ultimamente tenho andado um bocado repetitivo com este tema, mas a verdade é que são os factos e a sua repetição constante que a isso me obrigam. Refiro-me aos foras-de-jogo mal assinalados pelos nossos bandeirinhas que, de tendência, já passaram a praga. Tenho-os visto às dúzias em vários jogos, mas, em especial, nos jogos do FC Porto. Não por acaso e sim por razões concretas: porque o FC Porto é a equipa que mais ataca e mais golos marca no campeonato; porque tem um tipo de futebol que vive do passe em profundidade para as alas ou do passe de ruptura pelo centro da defesa; e porque, hoje, decidir contra o FC Porto parece ser condição de subida na carreira para árbitros e assistentes.
Nos últimos três jogos internos do FC Porto — contra Paços de Ferreira, Académica e Leixões — a tendência acentuou-se até chegar a um ponto que causa indignação. É verdade que, felizmente para a verdade desportiva, nenhum dos foras-de-jogo mal assinalados ao ataque portista nesses jogos colocou em causa o triunfo final. E é verdade também que, contra o Paços, o segundo golo do Porto nasceu de um off-side não assinalado e, contra o Leixões, talvez o segundo golo também tenha sido em fora-de-jogo. Mas, em contrapartida, em ambos os jogos o ataque portista foi travado inúmeras vezes por erros dos fiscais-de-linha, às vezes grosseiros.
Contra o Leixões, nos primeiros doze minutos de jogo, o fiscal-de-linha que acompanhava o ataque do Porto conseguiu assinalar três foras-de-jogo todos mal marcados e dois deles inacreditáveis. Não por acaso, todos três travaram jogadas de golo iminente, com um avançado a ficar sozinho só com o guarda-redes pela frente, porque todos nasceram de passes a rasgar a defesa leixonense pelo centro. Ao ver a tranquilidade com que aquele fiscal-de-linha conseguiu em apenas doze minutos anular indevidamente três jogadas de golo portista, pus-me a pensar que só havia três razões possíveis para tal:
a) o homem tinha uma clara embirração pelo azul e branco;
b) o homem sofre de necessidade de afirmação, gostando de dar nas vistas, ser focado pelas câmaras de televisão ou tornar-se objecto de embirração para milhares ou milhões de portistas no estádio ou em frente à televisão; ou
c) o homem é totalmente incapaz para a função (hipótese mais provável). Seja, pois, por parcialidade, por exibicionismo ou por incompetência, a mim parece-me que este fiscal-de-linha não pode e não deve voltar a pisar um relvado da primeira Liga. Com a sua leviandade de julgamento, ele poderia ter determinado o resultado do jogo e, com isso, interferido, por exemplo, na questão da permanência do Leixões na 1.ª divisão. E amanhã pode (o que agora não era, felizmente, o caso), interferir na atribuição do título ou da Taça de Portugal.
Nos últimos jogos do FC Porto, há sempre golos anulados por off-side, jogadas mal anuladas por pretenso off-side, e uma preciosa ajuda dos árbitros ao sistema castrador da defesa em linha. A questão só não se tornou ainda objecto de problemas sérios porque é o FC Porto e porque este traz de há muito o campeonato assegurado. Mas podia ter muitos mais golos marcados, que não tem (em especial, Lisandro López, a grande vítima dos off-sides inventados), e podia dar muito mais espectáculo, se o deixassem.
Mas há, mesmo assim, outras implicações a que a Comissão de Arbitragem não pode continuar indiferente. Jesualdo Ferreira explicava, no final do jogo com o Leixões, que a equipa passa a semana a treinar os passes em profundidade para as alas e os passes de ruptura pelo centro: é por isso que o FC Porto joga com dois extremos de raiz (uma raridade nos tempos que correm), e é para isso que mantém ao seu serviço, e a fazer uma época espectacular, o melhor «passador» e mestre das assistências para golo: Lucho González. Ora, como disse Jesualdo e com razão, o facto de o futebol ensaiado e desenvolvido pela equipa ser sistematicamente travado nos jogos pelos erros dos auxiliares, desmoraliza os jogadores e, em última análise, torna-os até descrentes do sistema de jogo adoptado. A questão é clara: o FC Porto joga o melhor e o mais bonito futebol do campeonato; a equipa trabalha todas as semanas para isso e não é aceitável que o trabalho feito e a qualidade do futebol exibido sejam altamente prejudicados pela incompetência de quem não pode tornar-se figura decisiva dos jogos e pelas más razões. É óbvio que há margens de erros inevitáveis e admissíveis e não é disso que falo. Mas ver o fiscal-de-linha levantar automaticamente a bandeirola logo que se apercebe do Lucho a rasgar um passe de morte pelo centro da defesa adversária e o Lisandro a antecipá-lo e a correr entre os defesas para o ir recolher à frente e ficar isolado, isso não é admissível. E, de tão frequente, de tão automático que parece o gesto, começa a nascer a suspeita de que há uma pré-determinação dos fiscais-de-linha (ao arrepio do que manda a FIFA), de, na dúvida — ou antes mesmo de qualquer dúvida — assinalar off-side ao ataque portista.
Duvido que estes fiscais de linha se lembrem de um alemão chamado Günter Netzer, que jogou no Nuremberg e depois no Real Madrid, aí pelo final da década de setenta, princípio da de oitenta. Ou, menos ainda, de um senhor chamado Hernâni, que jogou como número dez do FC Porto na década de sessenta. Qualquer dos dois ficou a dever o melhor da sua fama à extraordinária capacidade de passe à distância que revelavam. Eram capazes de colocar uma bola a trinta ou quarenta metros de distância à frente do avançado, deixando-o cara a cara com o guarda-redes, depois de o passe ter aberto a defesa de alto a baixo. E uma das coisas mais bonitas do futebol é o passe que opera a ruptura, que, por si só, é capaz de mudar num instante o sentido do jogo, desbaratando as defesas e as melhores tácticas defensivas. Porque sempre fui um apaixonado por esse tipo de futebol — em oposição ao futebol de progressão lenta em passe curto e lateralizado — sou também um defensor acérrimo de que todos os campos da primeira Liga deveriam ter as dimensões máximas. Creio mesmo que essa é uma das razões pelas quais o futebol que vemos das ligas espanhola, italiana ou inglesa, nos parece sempre mais espectacular que o nosso: porque usa o máximo de espaço permitido e não o mínimo, e o grande futebol é feito de espaço e movimento. Ao invés, sustento que é impossível ver-se bom futebol em campos como o do Nacional, do Paços ou do Estrela da Amadora. E se, às dimensões reduzidas de alguns campos, se junta ainda a defesa em linha da equipa mais fraca e se a estes factores vem também somar-se os off-sides mal assinalados à equipa que mais ataca, então é virtualmente impossível termos um bom jogo de futebol. Também por isso sustento há muito esta heresia: num Nacional-FC Porto ou num Estrela da Amadora-FC Porto, o favorito, à partida, não é o FC Porto, mas sim os anfitriões. Porque ali o bom futebol não é solução; a solução é a melhor equipa adaptar-se a jogar pior. Como portista, estes são os jogos do campeonato que eu mais temo.
Agora, já basta o que basta: os campos pequenos, os relvados mal tratados, as tácticas ultradefensivas, o público fanatizado, que tanto lhe faz que se jogue bem como mal, desde que a sua equipa não perca. Dispensava-se também a colaboração de fiscais-de-linha incompetentes para ajudar à degradação do futebol que temos.
Bela crónica de MST com a mira apontada aos árbitros q teimam em apitar contra o FC Porto, apesar de haver ainda cartaxanas a dizerem o contrário.
ResponderEliminarEu acho que não deve haver coisa pior do que ser-se bandeirinha... o árbitro ainda corre, fala com os jogadores quanto estes refilam, impoe respeito com os cartões...
ResponderEliminarAgora, o bandeirinha ?!! O homem tem de estar limitado a correr sobre uma linha, com uma bandeira na mão que quando se lembra de a levantar é insultado pelos adeptos ali tão perto... Ninguem os respeita... coitados :D
Eu acho-lhes imensa piada, mas "importam-se de nos deixar jogar futebol ?!!"
Heliantia será esta imcompetência uma espécie de protesto por parte dos bandeirinhas para que tambem se comece a reparar neles?? lol ;)
ResponderEliminarHoje, sim, gostei de ler do principio ao fim... Quando não fala do plantel, MST é soberano!
Beijinhos azuis e brancos da Ta_8
new post! http://www.bullet-blue-sky.blogspot.com
Viva,
ResponderEliminarParece-me que Miguel Sousa Tavares focou um aspecto muito importante : os campos pequenos. Sim, estes prejudicam muito o Porto.
Reparei que no Estádio do Mar ( mal talvez fosse uma ilusão óptica por estar a ver o jogo num ecrã ) as publicidades luminosas estavam muito perto do campo. O que pode ser trágico.
Na Croácia, em 28 de Fevereiro, morreu um jogador electrocutado. Escorregou e a cabeça partiu e ficou presa no painel eléctrico provocando não só um curto-circuito como também a morte instantanea.
Foi uma notícia trágica que, aqui, foi muito comentada na imprensa futebolística ( Para realçar que certos campos não têm condições).
E Viva o Porto !
Olha o MST a ganhar juízo... ainda bem, ainda bem!!
ResponderEliminarAssim, sim... como nos bons velhos tempos.
Oi, Ta :)
ResponderEliminarQuer-me parecer que o MST falou e "bem" do Lucho ...
É como eu disse, tem dias em que acorda bem disposto, outros menos bem....
beijinhos